Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 102: Novo Grupo

Era uma segunda tranquila, as ruas silenciosas e pedestres dos bairros pobres vigilantes, preocupados sempre nas suas costas. Em um apartamento simples, San focava o olhar na tomada.

Esfregando as mãos continuamente, buscava coragem para fazer isso novamente. Carregado de animação, enfiou o dedo no meio da tomada, e rapidamente sentiu a descarga elétrica correndo na sua mão.

Todos os pelos do corpo arrepiaram, seja dos braços aos cabelos subindo. Em menos de cinco segundos, San tirou o dedo e recuou, respirando aceleradamente.

Focando no membro, esperou um pouco, e então viu uma pequena eletricidade passar entre os dedos, fraca e quase invisível, mas tava lá, só para sumir em segundos.

Soltando um suspiro longo, balançou a cabeça em negativa. Já havia perdido as contas de quantas vezes fez isso, encostando um dedo na tomada e sendo eletrocutado.

Na primeira vez foi completamente sem querer, e de repente tomou um choque, bem mais forte que deveria, quase o fazendo desmaiar.  Depois de alguns testes, descobriu ser um efeito do seu poder. Involuntariamente ele puxava energia para si, querendo absorver.

Levado pela curiosidade, começou a fazer alguns testes, e nisso descobriu algumas coisas interessantes do seu novo poder. Uma delas é que ele não produz raios e dispara, na verdade, absorve e deixa guardado no seu corpo, usando quando quisesse.

Isso foi interessante, e um pouco decepcionante. Na hora que roubou o poder, o seu primeiro pensamento foi lançar vários raios nos seus inimigos, os paralisando e matando facilmente, só para descobrir ter um limite.

Também explicou o porquê de Francis economizar tanto nos seus golpes, preferindo ir de frente e mal usando aquele raio poderoso, tinha um limite, e ficar descarregado no meio de uma luta é uma péssima ideia.

No momento, San tava tendo problemas em absorver a energia e manter guardada, sempre sentindo uma dor e queimando o dedo. Manter contato direito com a sua fonte era realmente um método complicado para recarregar as suas baterias.

“Seria tão fácil se eu simplesmente pegasse do ar e guardasse. Bem, quem sabe um dia, talvez a habilidade evolua comigo, tomara.” Devido à dor e machucados acumulando, San teve de desacelerar seu progresso de absorver, pegando de pouco em pouco, e por isso, nem tendo a chance de ativar de verdade o seu poder.

Decidido a encher as suas reservas para testar completamente, decidiu continuar a armazenar, sabendo que tinha um tempo limite, afinal de contas, esse era o dia da missão junto a Max e um grupo.

“Um pequeno sacrifício a fazer, bem, é a vida, vai ser legal.” Prosseguindo no seu treinamento, passou meia hora, até decidir parar. A ponta dos seus cinco dedos já escuros, o braço formigando e até apertar a mão dificultou.

Deixando quieto isso, viu a hora e saiu do seu apartamento, trancando a porta e caminhando nas ruas tranquilas dos bairros pobres. “Impressionante, imaginar um dia que eu pensaria que essas ruas seriam tranquilas.” No seu ritmo relaxado, chegou no objetivo.

Uma cafeteria simples, poucos clientes na manhã, os funcionários trabalhando no seu ritmo e conversando com os clientes. Ao passar as portas, foi recebido por acenos e comprimentos alegres.

Faz um tempo desde que gostou de vir à cafeteria, o lembrava um pouco do seu trabalho de bartender barra garçom na sua cidade natal. Era uma época mais simples, suas únicas preocupações sendo arrumar dinheiro para Eugene e o dia do seu despertar. Mudar disso para roubar uma esfera de energia forte o suficiente para armazenar energia e capaz de sustentar uma cidade inteira.

Sentando em uma cadeira no canto e pedindo um café, teve uma ideia estranha. “Durante uma luta, me recarregar será impossível, mas se eu carregasse a esfera de Dyson, as minhas preocupações sumiriam, seria praticamente uma bateria enorme e eficiente.” Soltando uma pequena risada, dispersou esses pensamentos, sabendo que a academia teria um jeito de rastrear uma concentração de energia tão grande, e mais, tem Eugene de preocupação.

Recebendo o seu café, bebia bem de boa, trocando algumas conversas de vez em quando, até de repente alguém passar a porta de vidro. Uma garota jovem olhava ao redor, preocupada, o seu gorro tampando a cabeça inteira, as roupas sujas de poeira ou terra misteriosamente tendo um cheiro tranquilo.

Clara, a sua mais nova informante, conseguida no meio de uma luta com um traficante adolescente, o descobrindo, e San a enviou em uma missão para testar as suas habilidades, a mandando descobrir sobre Floki.

Depois disso, evitou contato, dando o seu número e mandando ela ligar quando acabasse. Passando mais de uma semana, Clara lutou bastante atrás das informações do seu alvo, usando dos seus contatos nas ruas e amigos.

Sendo sincera, ela conseguiu a maior parte em poucos dias, o nome de Floki crescendo bastante, conhecido por mutante maluco, roubando tudo que podia de Francis depois da sua morte.

Independente de ter descoberto isso, preferiu esperar, ir mais fundo, tinha de ser persistente, estava trabalhando para o seu ídolo, o causador do fim das drogas no seu bairro, a sua mãe tendo uma pequena recuperação, e por isso teria certeza de dar o seu melhor.

Olhando San, evitou o analisar, porém, deu uma breve olhada no seu sorriso tranquilo e posição relaxada. Engolindo em seco, pensou: “Incrível! Ouvi falar que o Diabo se machucou bastante na luta, e agora, o vendo de frente, não vejo nem um ferimento.”

Dispersando os pensamentos conflitantes na sua mente de admiração, começou:

— Floki Matos, um traficante ganhando fama recentemente. A sua droga é uma alucinógena, causando visões nos seus compradores e os deixando serenos. Tem ganhado fama e poder depois da queda de Francis. A sua origem é desconhecida, a sua força também.

San escutava o relatório crescendo, falando dos mistérios envolvendo as habilidades de Floki, seu poder, conexões, influência, componentes da droga e muito mais.

Sempre mantendo um sorriso, balançava a cabeça em concordância, admitindo ter sido uma boa ideia ter aceito Clara na sua força. As informações foram abundantes, e conhecendo pessoalmente seu alvo, sabia estar uma boa parte certa.

Terminado o relato, a olhou nos olhos e disse:

— Parabéns, provou ser capaz de conseguir informações boas.

Abrindo um sorriso bobo, tentava conter um sorriso animado.

— Isso não é nada, o seu trabalho é mais importante, acabando com aquele merda do Francis. — Erguendo os olhos, hesitava. — Floki será seu próximo alvo?

Preocupada de ter feito uma pergunta inapropriada, seu rosto mostrava preocupação.

San só ria internamente, achando graça nisso.

— Floki é… um cara complicado, por enquanto, estou em bom termo com ele.

Entendendo rapidamente, balançou a cabeça em concordância.

— O senhor, tem outra missão para mim?

“Olha só, que produtiva.”

— Exatamente, mas antes.

Estendendo a mão, passou por cima do pulso da Clara, vendo seu rosto erguer as sobrancelhas e arregalar os olhos. Em segundos, cem créditos foram transferidos. Uma boa quantia considerando um trabalho de uma semana.

Surpresa demais, procurava as palavras para se expressar.

— E-eu, não precisa me pagar, fiz isso por acreditar em você.

— E eu agradeço, no entanto, tenho que te recompensar pelas informações, e outra, enquanto poderia estar trabalhando, gastou seu tempo nos meus assuntos, merece.

Sorrindo timidamente, acenou, agradecendo do fundo do seu coração. San se sentiu estranho ao receber esse agradecimento, por algum motivo gostando de ter feito algo legal.

— Certo, dessa vez preciso que escute os rumores do diabo que ri, qualquer coisa, desde sussurros ou fofocas, quero saber, ok?

Sentindo animada, ficou em uma posição ereta, semelhante a um soldado recebendo uma ordem do seu superior.

Conversaram por um tempo, San dando algumas dicas, sabendo das dificuldades de morar nesses bairros, tendo crescido praticamente sozinho.

Clara ouvia atentamente, obviamente também sabendo de muitas coisas, tendo crescido na pobreza, contudo, descobriu umas dicas novas, a fascinando imensamente.

Depois de uns vinte minutos, tendo terminado a sua conversa, San foi embora, tendo pagado a conta e caminhando de boa nas ruas. Ocasionalmente virava a cabeça, fazendo caretas confusas. Se vissem de fora, imaginariam ser um maluco.

Porém, San usava a parte da sua habilidade de escutar os sons da eletricidade no ar, e descobriu algumas coisas interessantes. Entre essas eram câmeras espalhadas escondidas.

Isso o deixou um pouco preocupado, com medo de ter sido gravado alguma hora. Enquanto caminhava, cuidava a localização de cada uma, curioso para saber quem as colocou ali, o governo ou vizinho enxerido.

Fazendo seu percurso inteiro até em casa, soltou um suspiro de alívio. A maioria das câmeras ficavam em lugares de muita gente, e San evitava esses ao sair para caçar.

Outro fator era estarem somente na parte do chão, uma segunda vantagem a San, tendo se especializado em correr pelos telhados, escondido dos olhares de curiosos.

Abrindo um sorriso, se orgulhava do seu progresso na habilidade de detectar os sinais de eletricidade no ar, já sendo capaz de discernir de onde vem.

Na sua casa, tirou a roupa normal e pegou sua armadura no armário. Tava inteira, os antigos amassados cobertos e reformados. San usou das conexões de Floki para consertar, tendo custado uma careza.

Vestindo por completo, considerava seriamente comprar um novo par, a cor diferente e tipo, preocupado de o ligarem ao diabo. Claro, ele não é o único a ter dessa, entretanto, só uma pequena suspeita nele e começariam a ligar os pontos.

Equipado e pronto, apoiou a mão no cabo da cimitarra, abriu a porta e desceu, dessa vez indo direto à base dos mercenários.

Ultrapassando o seu bairro, entrou nos ricos, claramente mais cheio. Em minutos de caminhada, avistou o prédio grande dos mercenários. Ainda sob a proibição de pessoas saírem da cidade, eles eram diferentes.

Poderia ter um assassino em série caminhando na cidade, mas os monstros continuavam no lado de fora da cidade. Ainda que tenha armas nos muros, feitos para impedir de aproximação, às usar sempre acabaria com a floresta, tornando o lugar um deserto, e por isso, os mercenários ainda têm o direito de caçarem.

Passando a porta da frente, o lugar tava cheio. Mercenários escolhendo suas missões ou só sentados nas mesas, conversando alegremente, despreocupados.

Nem recebendo um olhar, San procurou ao redor, seu olhar varrendo as inúmeras pessoas ali. Finalmente encontrou seu amigo, Max, sentado de frente e sendo fácil ver seu rosto, misturado ao corpo treinado dele.

De costas, outras duas pessoas, um homem magrelo vestindo uma armadura de couro, arco nas costas, cabelos escuros e baixo. A mulher recostava as costas na cadeira de madeira, pele bronzeada, armadura de metal para facilitar a movimentação ágil e as suas armas escondidas no manto.

Dando de ombros, caminhou em frente, e em segundos foi avistado por Max, abrindo um sorriso selvagem, seus olhos brilhando em animação.

Levantando da cadeira, abriu bem os braços e disse:

— Meu amigo, bom te ver, e bem na hora, já estamos indo. Aqui, vou te apresentar nossos companheiros.

Os parceiros viraram as cadeiras, querendo ver o seu novo integrante, e os dois se surpreenderam, incluindo San, o seu sorriso virando nervoso.

O garoto era Jack, o mutante que o ajudou na sua antiga cidade para fugir do lobo gigante, seu poder sendo de fogo, bastante poderoso e destrutivo.

A mulher, Sonea, dona do livro da dança da serpente, filha bastarda de uma das grandes famílias, e estando igualmente na cidade atacada. San teve um vislumbre da sua técnica em inteira capacidade, eliminando um grupo inteiro de monstros.

Jack sorriu animadamente e falou:

— San! Cara, que bom te ver, e vamos em uma missão juntos, legal!

Sonea o encarava, sempre curiosa do estilo de San, só por causa de usar uma cimitarra também. Duas vezes sugeriu irem em missões juntos, até mandou mensagens.

San conseguiu a dispensar todas às vezes, dando desculpas da academia, a maioria mentira, e aqui estavam eles, indo em uma missão juntos.

Os olhos verdes de Sonea era a definição de animação, ansiosa de finalmente ver as capacidades da pessoa que a dispensava.

— Vai ser um prazer irmos nessa missão.

Engolindo em seco, San escondeu o desconforto e falou:

— Digo o mesmo, vai ser divertido.

— Verdade, e a nossa missão é legal, vamos ter bastante ação. — Max entrou na conversa, nem apresentando os participantes.

Por um segundo, San imaginou que Max sabia que eram seus conhecidos. “Foi proposital?” Ainda em dúvida, acreditava ter pago um preço caro demais pela cura, e indo nessa missão, sentia com certeza que algo aconteceria.



Comentários