Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 1

Capítulo 35: Uma Caverna Grande Demais

O grupo inteiro entrou calmo, armas em mãos e sentidos focados na batalha. A caverna era grande; o chão, na maioria das vezes, liso, onde somente pedras pequenas atrapalhavam.

Escolheram ascender as lanternas guardadas; sabiam que monstros apareceriam a qualquer hora, então preferiram chamar a atenção e enfrentá-los, ao invés de serem pegos em uma armadilha.

Tudo permanecia calmo; ecos de pingos ou pedregulhos passavam ocasionalmente, mas livre de monstros. O nervosismo crescendo, Clay, — por ordem de Gus — foi em frente.

Antes de entrar nas sombras, San conseguiu ver seu corpo mudando de cor, adaptando ao redor. Surpreso, coçou os olhos, só para ter certeza de estar vendo certo. Nesse momento, Gina veio ao seu lado e disse:

— Esse é um dos poderes dele, camuflagem. Ótimo ter um batedor assim.

Esperando o companheiro retornar, San percebeu algo: era o único dali sem saber as habilidades dos integrantes, enquanto contou a sua. Nisso em mente, falou:

— Esqueci de perguntar, quais são os seus poderes? Só eu contei até agora.

Mutantes não gostam de conversar sobre suas habilidades; afinal, uma pessoa inteligente poderia deduzir a fraqueza, e nenhum do grupo se animou. Soltando um suspiro, Samanta disse:

— Sentido aguçado e hipermobilidade. É tipo, movimentos ágeis.

— Telecinese e consigo energizar minhas flechas. — Gina falou.

Resmungando e soltando alguns insultos, Gus falou:

— Ossos de ferro e força aumentada. Clay é camuflagem e passos silenciosos.

Sorrindo nas sombras, San pensava melhor em seus planos. Em todo o percurso juntos, se perguntava a forma de matar Gus. No início até tinha bons planos; porém, durante tanta caminhada e cansaço, suas ideias foram se tornando malucas.

Dando uma batida na cabeça, forçou a concentrar; se quisesse dar um fim nele nessa missão, precisaria de um plano de verdade. Após minutos de espera, Clay retornou. Recostando na parede, falou:

— São Pelostridors, uns bichos feios que doem e usam bastões de armas. Vi uns cinco; pode ter mais escondidos.

— Nos diga o caminho. — Gus falou assumindo a liderança.

Sem discutir, se ajeitaram e voltaram à marcha à procura dos monstros. Perto de Clay, San o tocou no ombro e disse:

— Bom trabalho, cara.

Era novo em elogiar, San tava desconfortável. Clay se afastou do toque rapidamente.

Parando de andar, San encarou a mão, incrédulo. Gina se aproximou e disse baixo:

— Ele fica desconfiado com gente nova, desculpa.

Recompondo a postura, respondeu:

— De boa.

Voltando ao normal e sozinho, San se preocupou, porque ao tocá-lo, não sentiu a energia entrando. “Tenho certeza, vi seu poder e o toquei. Fiz errado?”

Tentando pensar em uma resposta, nada vinha; até se assustou, com medo de ter perdido a habilidade. Forçando sua mente a mudar o foco, se concentrou na missão; encontraria o motivo disso depois. Falando baixo, perguntou a Sacro:

— Me diga dos Pelostridors.

— Sempre em grupos, suas principais armas são bastões de madeira e vivem perto de humanos para os sequestrar. Se reproduzem em uma velocidade surpreendente e são extremamente violentos.

Entendendo brevemente dos inimigos, tiveram de ir em frente e acharam quatro. Tinham a mesma altura de um humano; em uma mão seguravam um bastão de madeira grande. Seus corpos eram cobertos de pelos grossos; a boca aberta, revelando dentes mal cuidados e pontudos. Os olhos, totalmente bestiais, numa fome e malícia enormes.

San estremeceu ao ver aqueles olhos, forçando sua mente ao presente, se preparou. Gus, sendo o tank, ergueu o escudo e assegurou os ataques. Samanta, com sua lança, foi em frente e empalou o inimigo.

Querendo mostrar um pouco das suas habilidades, San desembainhou a cimitarra e escolheu o primeiro visto. Sendo igualmente avistado pelo inimigo, o monstro atacou mirando na cabeça.

Usando a parte curvada da lâmina, a levou até o pé e cortou, o forçando a perder o equilíbrio e errando o golpe. Em seguida, cortou para cima, atravessando o peito, garganta e acabando no rosto.

Sequer teve tempo de comemorar, outro ataque vinha no seu braço. Estando perto demais para desviar, usou a parte curvada da cimitarra e mudou a direção, acertando-o de raspão no braço. Ainda faltava treinamento se quisesse desviar completamente utilizando esse modo.

Dando o primeiro passo e erguendo a espada, uma flecha acertou a besta no olho, matando-o na hora. Dando uma olhada rápida, viu Gina com o arco estendido já puxando a próxima flecha.

Em boa velocidade e ferimentos mínimos, o grupo ganhou dos Pelostridors. Vendo um morto, a sensação era estranha. Matar para sobreviver, esse era seu jeito de viver ideal? Gostava?

Diante desses questionamentos, mataria sem hesitar. Ter piedade de monstros que sequestraram pessoas e as matavam era tolice; na verdade, sentia estar realizando um favor.

Ao ver os parceiros vasculhando os cadáveres, perguntou:

— Há partes que valha dinheiro?

Decepcionados, negaram. Duvidoso se haviam eliminado todos, decidiram continuar. Independente da constante caminhada, as paredes não apertavam e o chão era liso; a caverna era exageradamente grande.

Ao virarem à direita, depararam-se em seis Pelostridors. Assumindo formação, se prepararam.

Gus indo em frente, avançando com o escudo e por vezes o machado. Samanta, na sua lança, executava movimentos ágeis, desviando e acertando o inimigo.

Clay se camuflava e usava um par de adagas, auxiliando quem precisava, cortando as articulações dos monstros. Gina disparava suas flechas, energizando-as e ocasionalmente ajustando sua trajetória no meio do caminho.

San desviava de dois inimigos simultaneamente, ambos com flechas cravadas em seus corpos e sangrando no chão. Um à sua frente e o segundo às suas costas, aguardou a hora certa. Quando o de trás derrubou o bastão, ele se lançou ao lado.

Desviando, fez o da frente ser acertado diretamente na cabeça. Aproveitando o momento, cravou a cimitarra em seu peito, encerrando sua vida instantaneamente. O outro, desorientado, teve o peito cortado facilmente.

O restante do grupo também foi derrotado. Soltando um suspiro cansado, balançou a espada, limpando o sangue escuro dela. Indo dar um tempo para descansar, San arregalou os olhos.

Apontando o dedo, disparou um tiro de energia, iluminando o rosto dos parceiros, roçando na bochecha de Gus e ultrapassando Gina.

Todos ficaram surpresos. O primeiro a falar: Gus, sua testa pulsando de veias. Assegurando o machado e chegando a passos pesados, ecoando na caverna, gritou:

— Tá doido seu merdinha?

Prestes a responder, nem conseguiu:

— Ah, você vai ver, quer brigar? Vem…

Antes de o ameaçar novamente e talvez fazer algo, um tronco de madeira rolou na sua direção. Paralisados, Clay usou a lanterna e iluminou, revelando um Pelostridor caído e uma marca de tiro na cabeça.

Após analisar a carcaça, falou:

— Ele se esgueirou por trás e quase atacou a Gina. — Virando para San. — Seu poder acertou perfeitamente.

Suspiraram de alívio. Se fosse um ataque a um dos membros e resultasse em uma briga, seria extremamente complicado, sem leis ou autoridades para dizer o certo.

San encarou friamente Gus e falou com um pouco de raiva:

— Ela ia ser emboscada. Por sorte, vi a tempo. O certo seria ter alguém a protegendo contra esse tipo de coisa.

Os dois, cara a cara, sem desviar o olhar ou recuar, preparados para uma luta. Samanta apareceu e os separou, dizendo:

— Está certo, San, é até vergonhoso termos cometido um erro desses. Clay, ficará com ela ao atacarmos.

Concordando, Samanta pegou Gus pelo braço e o levou a um canto, impedindo os companheiros de ouvirem, e disse:

— O que foi isso?

— Achei que o garoto tivesse se rebelando.

— E decide ir confrontá-lo? Você viu que de perto ele é bom na espada.

— Duvido que quebrasse um osso meu. — falou desdenhando.

— Tá certo, mas esqueceu que a sua pele é normal? Um corte na garganta e deu. Fica frio, aja conforme a sua idade.

Se afastando, o deixou ali, observando San receber os elogios, cerrando os punhos fortemente. Voltando às suas posições, prosseguiram andando. Clay e Gina lentamente vieram na direção do novo parceiro e disseram:

— Obrigado, salvou minha vida.

— Fez bem. — Clay estendeu a mão.

Repetindo o gesto, apertou a mão, sentindo uma energia percorrer suas veias e ir até o cérebro. Afastando-se, pensou: “Curioso, agora copiei o poder.” Considerando, criou uma teoria: “Quando toquei no seu ombro, tava coberto pela armadura, na próxima vez, foi na mão. Será que precisa ser na pele?”

Considerando a teoria, lembrou das vezes anteriores em que copiou um poder, tocou diretamente na pele. “Pelo menos descobri assim, só tenho de ficar esperto. Bem, consigo me camuflar, como o usar?”

Considerando questões diferentes, Gus constantemente dava uma olhada de raiva e logo desviava. Abrindo um sorriso, já ia provocá-lo, talvez pudesse sugerir se separarem.

Nesse momento, escutou Sacro dizendo:

— Rápido, olhe as suas costas.

Parou e virou a cabeça. Por algum motivo, uma sensação estranha vinha das sombras. Os outros, ao vê-lo imóvel, fizeram o mesmo.

— Aconteceu algo? — Gina perguntou.

Hesitando, fez um sinal de silêncio e ergueu o dedo novamente, disparando um tiro de energia. Passando as pedras, iluminou tudo ao redor. Onde a luz passava, Pelostridors surgiam.

Eram muitos, impossíveis de contar ou lutar. Quando o grupo viu aquilo, seus corpos se petrificaram na hora, abrindo a boca e tremendo. Gus foi o primeiro; com a lanterna, indo à frente.

Replicando, o seguiram. O medo de serem pegos só piorava, os fazendo tropeçar nos mínimos obstáculos na sua frente.

Nas suas costas, sons de passos eram ouvidos, mais alto e aproximando. Ninguém queria virar o rosto, com medo que se o fizesse, perderiam todas as esperanças.

À esquerda em uma passagem, passaram uma tocha pegando fogo na parede. Sem pensar nisso, só a ultrapassaram. Aprofundando do interior, as tochas só aumentavam, voltar seria impossível, então foram em frente.

Correndo, alcançaram o fim, um círculo enorme, dando espaço a vários Pelostridors, uma fogueira grande no meio e sentado em um trono feito de pedra, seu líder, do tamanho de um gigante e ao lado do trono, um tronco do tamanho de uma árvore.

Abrindo um sorriso bestial ao vê-los, na hora, se viraram querendo fugir, infelizmente, seus perseguidores chegaram.

Encurralados, os outros Pelostridors no lugar se animaram e pularam animados.

Sabendo seus destinos, ergueram suas armas, preparados em lutar até a morte se necessário. Mas suas motivações eram mínimas, um exército e um líder pra enfrentar, a chance de ganhar era baixa.

Sussurrando a Sacro, San perguntou:

— Podemos sobreviver?

A resposta veio imediatamente.

— Sim, deixam prisioneiros, se soltarem as armas, terão um tempo.

Em dúvida quanto a isso, ia questionar, no entanto, o líder levantou do trono e pegou sua arma, apontando a eles.

— Deve querer que soltemos os nossos equipamentos.

— O quê! — Todos falaram.

— A raça desses merdas tem prisioneiros, vão fazer isso.

Antes que pudessem protestar, o Pelostridor chefe balançou seu tronco, impaciente.

— Escolham! Lutar, ou tentar a sorte?

Um a um, deixaram cair no chão. Gus o último, tendo esperança de lutar, porém, ao ver os monstros vindo, babando e sedentos de sangue, soltou e levantou as mãos.

O chefe, vendo isso, grunhiu. Sendo empurrados e conduzidos ao fundo, uma área de pouca luz, onde sombras de outras pessoas eram avistadas em celas.

Levados a uma, os jogaram dentro, logo Pelostridors empurraram uma rocha os tampando dentro.

Presos, o desespero começou, gente tremendo, andando de um lado ou chorando. Poderiam ser mortos facilmente e o ânimo era péssimo. Sem nada a fazer, San sentou no canto e esperou.

***

Passaram horas, a cada certo período, gritos eram ouvidos, altos e suplicando. Isso mexeu com o grupo, quando um Pelostridor passava, tremiam por medo de ser a sua vez.

Só conseguiam manter de pé na esperança de serem resgatados, depois de um dia após uma missão de exploração, se os participantes não retornassem, eram enviados mutantes melhores.

Os pedidos de ajuda eram tantos, que San teve de tampar os ouvidos, homens e mulheres eram arrastados das suas celas, soltando gritos enormes, ecoando sobre os ouvidos mesmo tampados.

Só para piorar, um membro do grupo foi escolhido.



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