Volume 1

Capitulo 9: A Invasão Começa

A batalha se desenrola de forma brutal, homens e mais homens caiam, mas não os Homens Livres da Armada e sim os Homens do Sul. Gori e Baru destroem as frentes inimigas, machado e espada lutando como um só. O desespero tomava conta dos Homens do Sul, os poucos corajosos que se mantiveram firmes eram logo esmagados pelas forças da Armada.

Escondido nas sombras, observava Vidares, seus corvos grassam temerosos. Vendo suas forças caindo, desapareceu na escuridão, se transformando em um bando de corvos e sobrevoando os céus. 

Nos céus, os corvos se reagruparam e Vidares retornou a sua forma física. Seus olhos se arregalaram de medo e surpresa. Conseguiu pousar, ainda sem entender como sua magia falhou. 

— É sempre doloroso sentir sua magia sendo arrancada de você — disse Tritan se revelando. — É como perder sua habilidade de falar, de ver, de ouvir.

— Como está fazendo isso? — indagou.

— Basta olhar em volta.

Vidares observou ao redor, notando os rastros de magia no ar, forçando mais o olhar, percebeu insetos agrupados em árvores ao seu redor em forma de runas. Espantado tentou fugir, porém foi impedido por cobras se enrolando em suas pernas.

— Que tipo de magia é essa? — indagou novamente.

— Não vejo necessidade de explicar — Tritan se aproximava com passos calmos. — Mas resumindo, é como se toda floresta fosse sua inimiga.

Uma raiz de árvores se contorceu e saiu do chão, e se enrolou em Vidares, começando a esmagá-lo.

— Maldito, maldito! — Gritava e se debatia.

Com um simples movimento de mão, as raízes desenvolveram espinhos, perfurando o mago de Dracena. Tritan desapareceu em meio a floresta, enquanto Vidares dava os seus últimos suspiros. 

Em meio ao campo de batalha, Kanala ofegava, coberta de sangue. Desesperadamente, um guerreiro Draceniano avança para atacar, sendo logo parado pela lança da garota atravessando a garganta do homem, um ataque preciso como muitos outros que a menina já desferiu.

O sangue espirrou em seu rosto, porém manteve a expressão tranquila. Com o recuo dos poucos soldados de Dracena, a Armada os perseguiu. Kanala pensou em segui-los, contudo, relembrou de Ky. Guardou sua lança e se dispôs a correr. Em meio à floresta, procurava pelo garoto, pelo menos pelo seu corpo, não pensava que o acharia vivo, mas ainda tinha uma pequena esperança.

Encontrou Ky no chão, sente sua respiração pesar, seus olhos ficam arregalados, já esperava encontrá-lo morto, mas o vendo assim sente o choque da verdade. Se aproximou do corpo do garoto, notando seu respirar. Um alívio toma conta de seu corpo, abraçou Ky chorando em seu ombro.

— Ky, Ky — balançou o menino. — Acorde, deixa de ser preguiçoso. 

Os olhos do garoto se abriram lentamente, gemeu, sentindo dor ao ser abraçado.

— Calma, calma, eu estou acordado — Ofegou. — Acho que quebrei algumas coisas.

Kanala o ergueu com firmeza em seus braços, o fazendo corar.

— Você vai ficar bem — Começou a correr em direção ao acampamento. — São só ossos e parece que você tem uma sorte assustadora.

— Eu não diria isso — grunhiu. — Essas últimas semanas têm sido uma queda livre.

Se encaminharam logo para o acampamento, adentrando na tenda médica assim que chegaram. O curandeiro analisou Ky e passou uma pomada de ervas em seus machucados.

— Uma costela parece quebrada — Supôs o curandeiro. — Basta descansar, verei se encontro algum mago com poder de cura — O curandeiro se retirou, deixando Ky e Kanala sozinhos.

— Peço desculpas — disse Kanala. — Eu não deveria ter deixado você lá.

— Posso não entender muitas coisas, mas numa guerra é necessário certos sacrifícios — disse com seriedade. — Não precisa pedir desculpas.

— Mesmo assim, acho que deveria ter ficado e lutado.

— Se você tivesse feito isso, levaríamos um ataque surpresa e a batalha teria sido perdida. — Sentou-se na cama com dificuldade. — Você fez bem.

Pela manhã, o acampamento foi desmontado e a Armada retornou a sua jornada. Ky era carregado nas costas de Kanala devido aos seus machucados.

A caminhada se estende por três dias, dias calmos comparados às batalhas anteriores. Ky se recuperou e já começava a andar novamente. O grupo chegou a uma vila recém-queimada, eles adentraram a vila com cautela, enfim avistando a capital ao longe.

— Sei que está aí, Mavet — Disse Baru.

Um grupo de dez homens encapuzados se revela, suas roupas eram impregnadas com cheiro de sangue de antigos massacres. Uma mulher aparece de forma imperceptível, tinha uma face melancólica, com olheiras profundas e marcas de queimaduras por toda sua pele. Ela estava sentada em um tronco caído, olhando para uma boneca de pano suja.

— Vocês estão atrasados — disse a mulher com voz rouca.

— Tivemos um contratempo, mas pelo visto você não perdeu tempo — disse incomodado. — Vocês malditos não têm piedade nenhuma.

— Você é fraco, Baru. Tão, tão, tão, tão fraco — A mulher se levantou, jogando a boneca no chão. — Quanto tempo meu incêndio durou? Dez, quinze minutos? Rápido, na minha opinião. É quase injusto comparar os dias sendo queimada lentamente — Ficou a centímetros de Baru, olhando profundamente nos seus olhos.

— Isso não é desculpa para matar inocentes. — Baru virou o rosto.

— Não existem inocentes.

Kanala observava de perto ao lado de Ky que suava frio com a presença da mulher.

— Quem é aquela? — indagou Ky.

— Mavet, ela lidera Os Filhos da Queimadura, a divisão de assassinatos da Armada — Kanala sussurrou. — Pelo menos eram, depois viraram quase que um grupo próprio, massacrando vilas e matando famílias nobres de formas cruéis.

— Como o Baru permite isso?

— Você mesmo disse, isso é uma guerra e não podemos desperdiçar forças.

Os olhos de Mavet focaram em Kanala, um pequeno sorriso se formou em sua face enquanto se aproximava para abraçá-la.

— Olha, se não é a pequena Kanala — A apertou em seus braços. — Continua com a pele tão macia.

— Obrigada, senhorita Mavet — Forçou um sorriso, apesar do desconforto.

Mavet se afastou do abraço, notando Ky ao lado da garota, porém ignorou. Ela se virou para Baru.

— Meus filhos avistaram as outras divisões se aproximando, chegando em menos de um dia — Caminhou de volta ao tronco e se sentou. — Só espero que isso não seja uma perda de tempo.

O tempo passa e cada vez mais chegam grupos de todos os lados. Guerreiros que se espalharam por Dracena para enfraquecê-los e agora finalmente se reúnem para o golpe final. Ao anoitecer, os mais de 20 mil homens e mulheres se unem frente a uma gigantesca fogueira, onde Baru e os líderes discutiam os planos na presença de todos.

— O primeiro grupo um atacará os portões principais, a ideia é atrair o máximo de cavaleiros possível — começou Baru.

— O grupo dois liderado por mim vai se infiltrar na arena e libertar os magos dos selos — Continuou Tritan.

— E eu vou liderar o terceiro grupo para a invasão no castelo — finalizou Mavet.

— Hoje iremos acabar com a tirania de Dracena! — declarou Baru — Peço que lembrem de toda dor, toda marca que carregamos, não prometo que elas irão cicatrizar, mas prometo que nossos filhos e os filhos de nossos filhos nunca irão às conhecer. Somos fogo e pedra, não se acorrenta fogo e não se oprime pedra!

Um grito de esperança e vontade se espalha pela noite, Ky observa em silêncio, impressionado pela habilidade de inspirar as pessoas.

Enquanto a Armada se preparava para o ataque de amanhã, Ky se encontrou com Tritan.

— Quero ir com seu grupo — disse com seriedade. — Estou mais forte, eu posso ir, eu devo ir.

— Imaginei que diria isso — comentou Tritan. — E se encontrar somente ossos? Vai apenas desistir e abandonar seus companheiros?

— Sei que minha Nair está viva — declarou com certeza. — Mas mesmo se não estiver, ela sempre me ensinou que temos um dever com o mundo e o que essa nação faz é um crime contra tudo de bom nesse mundo.

— Fico feliz que pense assim — comentou com um leve sorriso — Amanhã, lutaremos lado a lado, Ky de Nair.

O amanhecer na capital é calmo, os plebeus acordam cedo para iniciar seus trabalhos árduos, os nobres permaneciam dormindo enquanto seus empregados e escravos trabalhavam para tornar seu dia mais confortável.

Os guardas permaneciam protegendo o portão, quando foram cobertos por uma sombra que cobria os céus. Olhando para cima, se deparam com um rio de flechas que os acertam precisamente.

Com os guardas mortos, a Armada avança com fúria, soltando berros que podem ser ouvidos por toda a capital. Os sinos de alerta são balançados, os soldados começam a se agrupar, indo em direção ao portão principal. 

Enquanto o desespero se alastra pela cidade, o segundo e o terceiro grupo se infiltraram pelos esgotos abaixo da cidade. Os dois grupos se separam, o segundo indo em direção à arena e o terceiro em direção ao castelo.

Ky caminhava ao lado de Tritan, ansioso para reencontrar sua guardiã, se indagava como ela reagiria, ela notaria suas mudanças? Ela estaria bem? Essas perguntas entupiram sua mente.

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