Volume 1
Capitulo 4.5: A Capital
O balançar da carruagem cessou, acordando Nair. Já não recordava quanto tempo estava naquela prisão com rodas; a tontura embrulhava seu estômago e confundia sua mente.
Ela se ergueu para observar os arredores. Seu corpo estava frágil e mais magro que o normal, além da falta de equilíbrio, devido ao seu braço a menos. Seus olhos foram deslumbrados pela imensa muralha, branca como a lua e tão alta que parecia afrontar os céus.
Os portões se abriram e a carruagem se moveu, reacendendo o enjoo de Nair. A dama se sentou, olhando para as estruturas e casas, anormais para ela. A companhia seguia em direção ao grande castelo, no centro da vasta cidade.
Nair podia notar os olhares de desprezo voltados para ela e para os outros prisioneiros — desde as áreas mais humildes até as mais ricas, todos mantinham o mesmo olhar de superioridade.
Na entrada do castelo, Nair foi separada dos outros. Seus tornozelos foram algemados, e seu braço amarrado para trás.
Ao ser conduzida pelos reluzentes salões do castelo, Nair se deparou com luxos e belezas nunca vistos. Pensava em como aquele povo vivia: parecia confortável, porém não natural. O cheiro da falsidade e do egoísmo impregnava aqueles salões.
Eles adentraram uma sala repleta de livros empilhados. O teto era de vidro, deixando os raios de luz penetrarem no ambiente. No local, uma figura se levantou de sua poltrona vermelha. Usava uma máscara branca, decorada com desenhos de seis olhos negros. Sua presença parecia quase inexistente.
Travos e Errand desdenharam em silêncio, saindo de lá logo após deixarem Nair e Astagry.
— Grão-mestre — se curvou Astagry, instruindo o pequeno Yuni a fazer o mesmo.
— Me alegro por retornarem em segurança — comentou o Grão-mestre. Sua voz era profunda e distorcida, como se várias vozes tentassem falar ao mesmo tempo. — Minhas visões estavam corretas?
— Sim — confirmou. — Terras férteis e vastas, como o senhor previu.
— Excelente — aprovou, com orgulho na voz. — E quem é essa maga?
— A capturamos naquelas terras. Sua magia é aceitável — disse, com desprezo na voz. — Tinha também um garoto.
— E onde ele está?
— Ele sumiu. Parece que usou alguma magia de teleporte — respondeu. — Seu corpo virou um raio e desapareceu nos céus. Eu nunca tinha visto algo assim.
— Raio? — indagou. — Isso é interessante... — permaneceu pensativo por alguns segundos. — Quanto à mulher, leve-a para as arenas. Não tenho nenhuma utilidade para ela.
A dama demonstrou um olhar feroz, decorando a face de seus inimigos. A fúria foi sentida pelo Grão-mestre, porém ele não se abalou. Nair foi arrastada para fora da sala, deixando Astagry e Yuni sozinhos com ele.
— O que faremos agora? — Astagry perguntou, de cabeça baixa.
— Vamos nos preparar — o Grão-mestre finalmente voltou seu olhar para o menino. — Duas pontes? Isso é incomum. Realmente, é um dia de surpresas.
— Seu potencial é grande — mencionou. — Encontrarei uma utilidade para ele.
Yuni manteve a cabeça baixa, não querendo desobedecer à maga. Ela gentilmente o conduziu para fora da sala, guiando-o entre os corredores deslumbrantes até áreas mais profundas. Abaixo dos luxos, onde a luz já não chegava, eles adentraram o calabouço.
O local era úmido, com uma estufa de cogumelos e ervas desconhecidas. Um círculo de runas antigas se encontrava no centro. Ao canto, uma estante guardava frascos com líquidos roxos e vermelhos.
A criança tremia perante o local escuro. Seus medos faziam brotar lágrimas em seu rosto. Seus pedidos incessantes pelos pais começaram a estressar Astagry. A mulher suspirou, irritada, aproximou-se da estante e pegou um frasco com líquido vermelho.
Agarrou Yuni, segurando seu rosto, e despejou o líquido nos olhos castanhos do menino, causando ardência e queimação. Ele se ajoelhou, pondo as mãos nos olhos, gritando em agonia.
A dor diminuiu. Em alguns minutos, Yuni conseguiu reabrir os olhos. O castanho havia sido substituído por um amarelo dourado. Astagry apenas lhe ofereceu um espelho, para que o menino visse suas mudanças.
— Por que fez isso? — indagou ofegante e lacrimejando.
— Seus olhos eram feios — revelou, com desprezo. — Eram olhos de selvagens. Me agradeça por torná-los belos. — Pegou o espelho de Yuni e o guardou, sentando-se em sua cadeira acolchoada. — Agora esteja preparado. Começaremos seu treino.
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