Volume 1

Capitulo 11: Irmãos

Os gritos de revolta ficaram presos na garganta, ninguém esperava que a imperatriz estivesse por lá, muito menos o Grão-mestre. Travos se desesperou, sua tatuagem brilhou e vinhas se levantaram do chão, prendendo o Grão-mestre.

— Me escutem todos! — berrou. — Sei que desejam vingança, porém imploro, fujam imediatamente!

O ódio dos magos continuou a queimar como uma fogueira, mesmo assim a lógica saiu vencedora e eles começaram a fugir. Aeolus permanecia preso e emanava uma tranquilidade inquietante.

As vinhas que o prenderam foram partidas em pedaços com seus ventos cortantes. Cresceu uma parede de fogo entre o Grão-mestre e os demais magos, uma magia de Nair que permanecia ao lado de Ky.

Os magos escaparam da Arena, porém Travos, Nair e Ky permaneceram onde estavam. A imperatriz era o alvo do terceiro grupo, sua morte era indispensável para desequilibrar o império e Travos sabia disso.

— Nair é seu nome, não é? — indagou Travos sabendo a resposta. — Peço que parta, essa batalha é minha.

— Acha que irá derrotá-lo sozinho? Não seja orgulhoso.

— Isso não é orgulho, sei de seu poder, mas essa batalha não é assunto seu ou de Ky.

— Começou a ser quando destruíram minha casa, me acorrentaram e afastaram meu protegido de mim.

O Grão-mestre ouvia tudo em completo silêncio, com sua magia, sufocou as chamas até se apagarem e encarou o fundo das almas dos magos. 

— Minha senhora, recomendo que se afaste por enquanto, acredito que esses tolos desejam sua morte.

— E quem não deseja? — disse a imperatriz de forma pomposa. — Acabe com eles logo e mostre do que é feito o império Dracena.

Os ventos sopraram com força, o céu escureceu, mas de forma estranha, os dois magos não identificaram nenhum poder espiritual vindo do Grão-mestre. Nair cuspiu suas chamas como se fosse um dragão, porém seu poder é novamente sufocado por Aeolus. Observando os arredores, ele notou o sumiço de Travos, antes que pudesse reagir, sentiu sua presença atrás dele, agarrando a imperatriz.

— Não se mexa — ordenou, encostando uma adaga no pescoço de Cilia. — Se afaste daqui ou ela morre.

— Ela? — disse de forma irônica.

Travos sentiu uma leve brisa em seu cabelo e, num piscar de olhos, a imperatriz sumiu de seus braços e apareceu ao lado de Aeolus. Cilia ainda mantinha seu sorriso arrogante. O Grão-mestre, mesmo através da máscara, esboçava desdém dos magos ali presentes.

— Você é sempre cheio de surpresas — comentou Cilia. — Acho que esses selvagens já entenderam seu lugar — aproximou os lábios do ouvido de Aeolus. — Agora os esmague.

— Sim, minha senhora — Aeolus assobiou e um corte de vento atingiu o peito de Travos, abrindo um asqueroso corte lateral.

— Travos! — gritou Ky.

O Grão-mestre se surpreendeu, como se não tivesse notado a presença do garoto, mas decidiu ignorar e focou em Travos que se ajoelhava na sua frente, sangrando e perdendo a consciência. 

— Ainda não — gemeu Travos enfraquecendo cada vez mais com os ferimentos. — Dracenianos, sempre encaram a gente como se fossem insetos… Vou mostrar o que insetos podem fazer. — O mago abriu a mandíbula e enxames de moscas, abelhas e outras criaturas. Sua camisa rasgada revela uma segunda tatuagem brilhando em verde musgo.

— Então é isso, uma ponte dupla — disse Aeolus começando a se animar. 

Alguns insetos se aglomeraram em seu ferimento, estancando o sangramento, enquanto a vasta maioria se reunia em uma nuvem negra, se moldando em uma criatura maior e diante de todos, um ser semelhante a um besouro gigantesco com a calda de escorpião se materializa. 

O Grão-mestre mal teve tempo de se impressionar e é atacado por trás pelos punhos flamejantes de Nair. Ele teleportou a imperatriz para a arquibancada antes de tudo e afastou a maga com uma ventania. 

— Você realmente é irritante, sua… — Aeolus é interrompido, sendo espetado pelo ferrão da criatura rastejante. O ferrão atravessa seu peito, perfurando seu coração e o fazendo vomitar uma quantidade assustadora de sangue. — Isso… Não acredito.

— Você usou sua magia para inferiorizar as pessoas — disse Nair. — Esse é o julgamento dos espíritos pela sua arrogância.   

— Não acredito… — disse o Grão-mestre — Que acharam que me venceriam com isso.

Os ventos sopram em sua volta, surge um caixão que se abre, revelando um homem de cabelos brancos com feições jovens, vestindo a exata roupa de Aeolus. O Grão-mestre retira a máscara, revelando seus olhos brancos e reluzentes. De sua boca sai um ser espiritual e adentra no corpo adormecido. Seus olhos abrem e as ondas de ventos derrubam os dois magos e Ky. O homem abre os olhos e calmamente se aproxima do cadáver caído do Grão-mestre, retirando e vestindo sua máscara. 

— Onde estávamos? — indagou o homem. 

— Que tipo de criatura é você? — perguntou Nair, se levantando com dificuldade. 

— Mas que coisa cruel de se perguntar, sou um humano, é claro — respondeu o homem. — Mas especificamente, me chamam de Aeolus.

O ser rastejante tentou acertar o Grão-mestre agora no novo corpo, porém seu ferrão é despedaçado pelos ventos. Aeolus assobiou e partiu a criatura ao meio, fazendo-a se desfazer nas pequenas criaturas novamente.

— Chega dessa brincadeira — Esticou a mão de forma ameaçadora na direção de Nair. Sua espinha se arrepiou, sentindo uma energia familiar. Quando olhou na direção da energia, viu Ky disparando um raio em sua direção, ele desvia, mas paralisa por um instante. — Você?

— Fique longe de minha Nair — ordenou com fúria — Ou eu mato você!

— Talake? Então, você estava mesmo aqui — disse Aeolus. — Por que está se disfarçando assim? Não é muito seu estilo, irmão.

— Está falando comigo? — indagou Ky, confuso e ainda mantendo a guarda alta. — Meu nome é Ky de Nair.

— O que está falando, irmão? — disse, perdendo a paciência. — Está zombando de mim, não é? Você sempre me tratou assim, como uma piada, um mero caçula insignificante que estaria lá apenas para observar sua grandiosidade. 

— Eu não faço ideia do que você está falando, meu nome é Ky e eu não tenho nenhum irmão.

— Mas isso… — Aeolus se interrompeu e permaneceu pensativo. — Interessante — Soltou um risinho. — Seu lado humano desenvolveu uma personalidade própria, é isso? Parece que, em termos de mundo físico, eu tive mais sorte. 

— Você está dizendo que eu? 

— Nos espíritos chamamos isso de… Kumara — explicou. — Um espírito encarnado no mundo físico — O Grão-mestre retirou a máscara. — Era o espírito dos ventos, filho do espírito da tempestade. Meu nome era Élo.

Ky sentiu o tempo parar novamente, a presença que o atormentava se materializou na sua frente. 

— Cumpriu sua função muito bem, casca de carne — disse a presença. — Agora deixe que eu cuido disso.

O tempo retornou, os olhos de Ky brilharam em azul e seus lábios se moldaram em um sorriso arrogante. Seu corpo se desfez em energia que atingiu Aeolus, o carregando no céu. Eles batem no castelo e caem em meio à cidade.

— Você me deu muito trabalho, irmãozinho — disse Ky em uma voz penetrante. — No primeiro ano, achei que era uma brincadeira, mas dez anos é demais e tive que fazer alguma coisa.

— Não estou brincando, apenas vi uma oportunidade de ter algo meu — disse Aeolus.

— Algo seu? — indagou.

— Sim, cansei de ser o segundo filho, sempre na sombra do verdadeiro herdeiro. 

— Não me faça rir. Minha sombra? Você não merece nem minha sombra, irmãozinho — proferiu com arrogância. 

Ky abriu os braços e os seus escureceram. Aeolus emanou ventos intensos e começou a se aproximar. Numa velocidade divina, seus punhos se encontram, com um tufão se formando em sua volta. 


 

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora