Volume 1
Capítulo 5: Confronto entre Sombras e Sangue (2)
Nesse momento, não tive reação nenhuma, enquanto uma enxurrada de pensamentos invadia minha mente, cada um mais perturbador que o outro. Tudo parecia uma confusão caótica enquanto eu descobria mais e mais sobre as coisas ao meu redor.
Eu me questionava se realmente estava enlouquecendo. Cada descoberta parecia me levar um passo mais fundo no abismo.
Há muito tempo, numa terra onde as sombras engolia tudo ao seu ritmo, ecoava uma lenda pelos vales e montanhas. Contava-se que, em noites de lua cheia, quando as estrelas se ocultavam e o véu entre os mundos se tornava tênue, uma figura sombria emergia dos recantos mais obscuros da floresta.
Era Guinomor, um ser de penas negras como a meia-noite, cujos olhos brilhavam com tanta sede de sangue. Dizia-se que ele era o mensageiro do caos , um ser que habitava o limiar entre a vida e a morte.
Segundo a lenda, Guinomor era uma criatura enigmática, capaz de se metamorfosear em uma forma monstruosa quando provocado. Seus gritos ecoavam pelos vales, fazendo os cabelos dos mais corajosos se arrepiarem e despertando medo nos corações dos prudentes.
Os antigos afirmavam que ele guardava segredos, conhecimentos proibidos que podiam trazer a destruição. Aqueles que ousavam cruzar seu caminho eram testados cruelmente, tendo suas almas expostas às trevas mais profundas.
Mas também era conhecido por sua malícia. Dizia-se que ele concedia desejos falsos aos que o procuravam, manipulando pessoas ao seu favor e se alimentando delas, prometendo vida eterna.
Assim, a lenda perdurou através das eras, uma história de mistério e poder que continuava a assombrar os sonhos daqueles que se aventuravam pelas sombras da noite.
Eu estava adormecido. Bati as duas mãos no meu rosto para tentar afastar aqueles pensamentos e voltar para a minha própria realidade.
paff! paff!.................
“Acorda, Kaito”, ele murmurou para si mesmo. “Depois eu me preocupo com isso. Agora, a situação é outra.”
Respirei fundo e tentei me concentrar, afastando temporariamente os medos que me consumiam por inteiro. Foquei apenas no que precisava ser feito naquele momento.
“Essa batalha na escuridão total, só com a luz pálida da lua, vai ser um verdadeiro pesadelo. Preciso resolver isso antes que as sombras me engula por completo.”
— Esses inúteis! Não servem de nada. Vou te eliminar e arrancar sua pele até os ossos! — exclamou o corvo, sua voz ecoando com uma sinistra determinação.
— Quero ver você tentar! Antes mesmo de conseguir, sua cabeça estará nas minhas mãos! — retrucou Kaito, com uma confiança firme e desafiadora.
— VAI MORRER!.............................
O Guinomor desferiu um ataque que rompeu o ar com ferocidade, suas garras sinistras dilacerando-o como lâminas afiadas, pegando-me desprevenido em meio à calmaria noturna.
Fui arremessado como uma marionete descontrolada, e tudo parecia girar. Quase perdi a consciência por um momento; a força foi tanta que eu era uma oferenda para os deuses.
Só parei quando meu corpo bateu nas estruturas das casas daquele lugar. O barulho foi tão alto que fez com que elas desabassem em cima de mim.
CREEEEEEEEEK!..............................
Gemi de tanta dor, minha visão ficou turva pela agonia que sentia enquanto lutava para me levantar das ruínas que me envolviam.
Cada respiração era um suspiro carregado de medo, enquanto tentava desesperadamente me recuperar do ataque devastador.
Mas, apesar da dor excruciante, uma chama de sobrevivência queimava dentro do meu peito, alimentada pela necessidade de não falhar.
Com muito esforço, consegui me levantar das ruínas, meus olhos fixos à distância, onde o Guinomor aguardava sua próxima investida. O pesadelo estava longe de terminar, mas eu estava determinado a enfrentá-lo de frente, custe o que custar.
— Mal conseguir ver aquele desgraçado se aproximar! — resmungou ele, lutando para se manter em pé.
“Com aquela velocidade dele, não terei chance. Tive sorte até agora, mas se aquelas garras me pegarem, acho que será meu fim. Preciso descobrir um jeito de derrubar aquela criatura.”
“Minhas pernas ainda tremem. Preciso ficar firme logo, se quiser vencer.”
Então, em meio ao caos da batalha, tive uma ideia. Lembrei-me de algo, uma técnica secreta que havia aprendido durante meus treinamentos. Será muito arriscado, mas talvez seja a única chance que tenho.
“Vou usar aquilo! Como sou burro, aprendi bastante coisa, mas esqueço do que sei. Tenho que parar com essa mania de me esforçar tanto; vai chegar uma hora em que isso pode dar muito errado.”
A criatura sombria se aproximava implacavelmente, e eu sabia que precisava agir rapidamente. Invoquei "Olhos de Coruja", sentindo a energia mística fluir por minhas veias e conceder-me habilidades sobrenaturais. Meus sentidos se aguçaram drasticamente; agora eu enxergava na escuridão com clareza, como se fosse dia, e minhas percepções ampliadas me permitiam antever os movimentos dela.
“Não posso vacilar aqui. Isso pode custar minha vida. Essa magia ainda não dominei completamente, e o gasto de energia é alto. Preciso acabar logo com isso, não quero apagar enquanto luto com essa monstruosidade.”
Antes que ela pudesse me alcançar com sua velocidade, movi-me com destreza, como uma coruja, até alcançar a copa de uma árvore próxima. Ocultei-me nas sombras, usando minha habilidade de camuflagem para misturar-me ao ambiente e escapar do seu olhar atento e astuto.
— Não adianta se esconder! Eu sei onde você está.........
Quando o Guinomor disparou suas penas em um ataque rápido, aproveitei a artimanha como uma isca, fingindo ser atingido pelas penas afiadas da criatura. Comecei a cair da árvore, mas era apenas uma jogada insana que tinha em mente.
“Hahaha! Caiu na minha isca!”
— Eu sabia que isso ia acontecer. Esse foi o seu fim — disse ela enquanto avançava para onde Kaito tinha caído.
No entanto, o Guinomor não se deixou ser enganado por muito tempo. Com um rugido furioso, ele avançou na minha direção.
— Eu achei que o tinha enganado, droga! Ele está vindo muito rápido. Não vou conseguir. Acabei sendo excessivamente confiante — disse ele, enquanto via com seus próprios olhos a criatura se aproximar rapidamente.
Ela desferiu um golpe com uma força brutal que me lançou entre as árvores. O impacto foi devastador, quebrando várias delas, e acabei ficando completamente esfolado.
“Ahh, não, não consigo me levantar! Preciso, Tenho que conseguir! Não quero morrer aqui!”
Respirava com dificuldade, sentindo cada fibra do meu corpo se romper. Comecei a suar frio, meu coração batia descontroladamente.
Fiquei paralisado no chão pela intensidade da dor, enquanto encarava a criatura com seu olhar ameaçador e um sorriso sinistro. Sabia, naquele momento, que ela estava pronta para me devorar.
“Se eu levar mais golpes fatais, não sei se vou aguentar! Meu corpo não me responde, ele não se move.”
“Vamos lá, seu molenga! Levante-se, essa dor é passageira. Não deixe que aquela criatura te subestime. Mostre a ela do que você é capaz!”
“EU CONSIGO!”
“VAMOS, PERNAS, NÃO SEJAM MOLES!”
“NÃO VOU ME ABALAR, A DOR É PSICOLÓGICA!”
“TENHO QUE DAR UM FIM NISSO!”
Com os dentes cerrados e os olhos brilhando com uma mistura de fúria, consegui me erguer do chão, pronto para enfrentar o terror diante de mim. Era como se cada gota da minha alma se fundisse em uma chama ardente, alimentando minha vontade de lutar até o fim. Peguei minha espada e assumi a postura de combate, enquanto o sangue pingava no chão e meu corpo ardia de calor.
— Eu consegui, droga! Nada vai me derrubar facilmente!
— Hahaha, vejo que mal consegue ficar de pé. Deixe-me acabar logo com isso — provocou o corvo, com sua voz carregada de desprezo.
— Você é fraco! Praga maldita! — exclamou o corvo enquanto avançava contra o jovem.
Com uma agilidade impressionante, esquivei habilmente no momento exato. O monstro, impulsionado pelo ímpeto do ataque, passou direto, por um triz, sem me atingir.
— Então! Eu vou provar que você está errado e vai se arrepender de suas próprias palavras porcas e sujas — disse Kaito com olhar penetrante e furioso, enquanto olhava para a criatura.
Aproveitei a brecha, virei rapidamente com minha espada em punho e mirei nas costas da criatura. Com um grito de fúria, ataquei com precisão, cravando a lâmina na besta das sombras.
A criatura contorcia-se de dor, furiosamente, tentando desesperadamente se livrar da lâmina cravada em suas costas. Seus olhos brilhavam com um ódio selvagem. Nesse momento, uma fumaça preta começou a sair dela, enquanto o sangue começava a vazar.
ROARRRRR!.....................
— Seu moleque do caraio! Vou arrancar sua espinha! — rosnou o Guinomor, sua voz carregada de ameaça e raiva. Cada movimento da criatura era uma explosão de fúria, suas garras se agitando no chão.
Aproveitando mais uma brecha enquanto a criatura estava momentaneamente vulnerável, puxei a espada rapidamente. Com mais um golpe certeiro, atingi o ponto fraco do Guinomor, fazendo a lâmina penetrar mais fundo em sua carne. Um grito estridente ecoou pela noite, seguido pelos gemidos de dor da besta enquanto ela cambaleava, tentando se livrar da situação.
Com um impulso final, empurrei a espada ainda mais fundo, fazendo a lâmina cortar através do tecido muscular na tentativa de atingir o coração.
Em um último ato desesperado, o Guinomor girou seu corpo massivo em uma rápida e ágil rotação. O movimento foi tão súbito e poderoso que fui arremessado pelos ares como uma folha ao vento, vendo meu corpo se distanciar rapidamente do monstruoso corvo.
— Na próxima vez você morrerá! Seu moleque do inferno! — exclamava a criatura enquanto fugia em desespero.
Com a mente zunindo intensamente após o impacto no chão, me vi imerso em um mar de sensações dolorosas. Cada centímetro do meu corpo pulsava de dor, enquanto minha respiração pesada reverberava no ar noturno. No entanto, apesar da intensidade da batalha e das feridas que me marcavam, eu sabia que estava vivo. E isso era o que importava.
Um gosto metálico e áspero preenchia minha boca, um lembrete constante da violência do confronto. Parecia que eu havia tomado um banho de sangue próprio, uma sensação desagradável que só aumentava.
“Aquele desgraçado deu no pé, mas um dia eu acabo com ele... E quando eu fizer isso, não vai ter escapatória.”
Depois da batalha desgastante, caí no chão, completamente exausto, e acabei desmaiando.
No dia seguinte, acordei lentamente, abrindo os olhos com cautela. A luz fraca da manhã filtrava-se pelas frestas das árvores. Cada rangido das árvores e cada sopro de vento eram lembranças dolorosas da batalha da noite anterior; meu corpo ainda pulsava com a intensidade das feridas e do esforço.
“Minha cabeça tá pulsando e meu corpo tá todo quebrado. O que será que rolou?”
— Ahh, agora me lembrei! Tive uma treta daquelas com aquele corvo e saí todo lascado.
“Desmaiei após a batalha pela sobrevivência que enfrentei e só agora recuperei os sentidos.”
— Putz, que sol forte! E esses sons de pássaros. Espera aí, tem um bicho me lambendo! Sai fora, cara! Não morri não, tô vivo ainda.
— Xô, sai bicho! Vai caçar sua comida em outro lugar!
Eu sabia que aquilo era apenas o começo de uma longa jornada repleta de desafios, mas estava pronto para enfrentar o que quer que o destino me reservasse. Com passos firmes, segui em frente para alcançar Glimmerwind...