Volume 1
Capítulo 2: Meu Treinamento Começou! (2)
Permanecemos imóveis na água gelada por mais alguns momentos, assegurando-nos de que a criatura realmente tivesse desistido de nós.
Finalmente, quando estávamos seguros, saímos da água e continuamos a caminhar pela floresta, muito aliviados por termos escapado do perigo.
— Que alívio! Chegamos! — suspira Lyria, antes de desmaiar de exaustão, com a roupa cheia de sangue e lama, e o braço ferido.
— Acorde! Foi culpa minha — murmura Kaito, sacudindo levemente Lyria, preocupado com seu estado.
— Por pouco vocês dois não morreram. Senti uma presença maligna — explica Isolde, com uma expressão séria.
Compartilhamos todos os detalhes com Isolde. Após relatar tudo o que aconteceu, Lyria recebeu os cuidados necessários, enquanto eu enfrentava um sermão da avó, assumindo toda a culpa pelo incidente. Passaram-se alguns dias desde então, e por enquanto, a calma reinava naquele lugar.
— Ei, moleque, aparece aqui, preciso falar contigo — chamou Isolde, enquanto estava sentada no banco em frente à casa.
— Tô indo! Só espera um momento — respondeu ele, visivelmente nervoso.
“Poxa! Essa velha não me deixa dormir, o que será que ela tá querendo logo cedo?”
“Após ter acontecido aquele acidente, ela não esqueceu daquele dia”
Comecei a descer as escadas de casa e lá estava ela, sentada. Aproximei-me e sentei ao seu lado, pronto para ouvir o que tinha a dizer, seu olhar sábio indicando uma nova fase na minha vida.
— Chegou a hora, moleque! Você já tem idade suficiente para começar um treinamento completo. Vou transmitir todo o conhecimento que possuo: magia, feitiços, técnicas de defesa pessoal e até mesmo como tomar decisões sábias nos momentos de dificuldade.
— Preciso repetir ou está com soninho ainda? — perguntou Isolde com ironia.
— Hahaha! Muito engraçadinha sua velha. Espero que eu não morra.
— Parem com essa frescura logo cedo! — disse Lyria com um tom autoritário, observando os dois lá de cima da escada.
O sol despontava radiante no céu, banhando a vila com seus raios dourados, enquanto os dois se preparavam para iniciar uma jornada de aprendizado e descobertas.
— Eaí! Pronto pra começar?
Estou muito empolgado com essa nova fase começando em minha vida. Em breve, aguarde, horizonte, todos vão ouvir falar do meu nome algum dia.
— Claro que sim, Estou mais do que pronto! — chega dessa enrolação.
O meu treinamento teve início na clareira próxima à casa, onde a natureza silenciosa testemunhava o vínculo especial.
Isolde, com toda a sua experiência e paciência, guiava-me através dos fundamentos básicos da magia, ensinando os gestos precisos e as palavras encantadas que desencadeavam o poder oculto no mundo ao meu redor.
Ao cair da tarde, a clareira se transformava em um cenário mágico, envolto por uma aura de mistério e encanto. Isolde, orgulhosa, reconhecia o potencial brilhante que emanava dele.
— Você possui um talento único, moleque. Mas lembre-se sempre, a magia é uma responsabilidade tão grande quanto um presente. Use-a com sabedoria e compaixão — aconselhou Isolde, seus olhos refletindo a sabedoria acumulada ao longo dos anos.
Meus olhos brilhava de gratidão e determinação.
— Pode confiar em mim, velha. Usarei a magia para proteger e ajudar aqueles que precisam.
O abraço afetuoso que compartilhamos naquele momento não apenas selava o término de um dia de treinamento, mas também marcava o início de uma jornada que moldaria o meu destino além dos limites da vila que tanto ansiava explorar.
Durante a noite, fiquei muito ansioso e saí correndo para brincar com os vagalumes de luz; era uma sensação única vê-los aparecer todas as noites.
— Nossa! Vovó, olha como ele tá feliz.
— Pois é, esse garoto não para quieto. Era questão de tempo. Olha ele lá correndo.
— Acho que ele vai fazer muita coisa bacana — disse Isolde com um olhar vibrante.
— Vai dar um nó no meu coração quando chegar o dia dele partir, numa jornada de descobertas.
— Mas ele tem muito o que aprender; vou ensinar tudo.
Isolde chamou ele para entrar, sua voz carregada de autoridade, mas também de preocupação.
— Entra logo! Amanhã é um novo dia, e precisamos estar prontos para ele.
Eu hesitei por um momento, mas respondi com determinação.
— Ah! Deixa de ser rabugenta! Só mais um pouquinho. Prometo que não demoro.
Isolde suspirou, reconhecendo a teimosia do neto, mas também seu desejo de explorar.
— Tudo bem, mas não exagere. Amanhã temos muito o que fazer.
Lyria, com um sorriso gentil, interveio, seu tom suave contrastando com a autoridade de Isolde.
— Aproveite para descansar um pouco. Seu corpo precisa recuperar as energias.
Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em anos, mas meu entusiasmo permanecia inabalável. Cada dia trazia consigo novas lições, desafios e descobertas, moldando-me gradualmente em um feiticeiro habilidoso e determinado.
Isolde, com sua vasta experiência, compartilhava não apenas o conhecimento mágico, mas também os valores essenciais que regiam a prática da magia responsável e ética. Eu absorvia cada ensinamento com reverência, compreendendo a importância de usar minhas magias para o bem e a proteção daqueles ao meu redor.
A cada feitiço dominado, uma nova porta se abria para mim, revelando um universo de possibilidades e maravilhas. A grama balançava suavemente ao som das minhas palavras mágicas, enquanto o vento sussurrava segredos ancestrais em meus ouvidos.
Lyria, embora não compartilhasse do dom da magia, desempenhava um papel fundamental, oferecendo seu apoio moral e uma amizade inabalável. Sua presença calorosa e determinação inspiravam-me a enfrentar qualquer desafio que surgisse em meu caminho.
À medida que os anos passavam, eu me via cada vez mais confiante em minhas habilidades mágicas. Dominava feitiços complexos, manipulava os elementos com destreza e desenvolvia técnicas de defesa pessoal para proteger aqueles que amava.
Mas minha avó, apesar de ser uma bruxa de respeito, estava um tanto relutante em me deixar sair e explorar o mundo lá fora. No entanto, essa decisão estava prestes a ser tomada, uma vez que eu havia completado meus 18 anos.
Fiquei Encarando o horizonte, no meu cantinho especial...
— Chegou a hora de encarar os desafios. Nada vai me segurar — disse ele ao vento.
— Opa! Opa! Tinha me esquecido. Está na hora de voltar.
As duas, cientes de que havia chegado a hora, resolveram comemorar o aniversário dele com uma refeição. Durante a comilança, a Lyria soltou animada.
— Aproveita aí, Kaito! Vovó e eu caprichamos nas suas comidas favoritas hoje. É o seu dia, então se joga!
— Caramba! Muito obrigado, amo vocês demais. Valeu por tudo.
A refeição transbordava de emoção, refletindo a conexão única e amorosa entre todos, enquanto o horizonte aguardava, pronto para testemunhar os próximos passos que eu poderia dar adiante.
No meio da refeição, decidi que era hora de abrir meu coração com elas.
— Ai! Velha, já tá decidido. Quero sair numa aventura pra descobrir mais sobre o mundo, desvendar uns mistérios, achar uns tesouros perdidos e entender qual é a minha missão nesse mundão.
— Ohh Moleque! Sei que cê tá ligado nos perigos, mas essa parada lá fora é osso. Te ensinei o que pude, mas, ainda assim, pode dar ruim, sacou?
A Lyria, cheia de apoio, botou pra frente.
— Deixa o moleque ir, vó. Foram longos anos vendo ele se esforçar. Acredito demais nele.
A vó, pensando na situação toda, finalmente resolveu.
— Acho que cê tá certa. Tenho que soltar o passarinho, senão ele não aprende a voar.
— Entendi os perigos, não vou me esquecer daquele dia , velha. Mas não dá pra ficar na mesmice. É uma parada que tenho que fazer, sacou? Vou usar tudo que aprendi contigo pra me virar.
— Sei que cê vai dar conta —Tô orgulhosa da sua coragem.
— Valeu pela preocupação, hahah. Prometo voltar um dia e deixar vocês orgulhosas.
— Manda bala. Tamo aqui na torcida — disse Lyria, cheia de muita fé nele.
No dia seguinte, tudo estava certo para seguir meu próprio caminho e descobrir o que tanto matutava na minha cabeça. A partir do momento em que colocar os pés fora da vila, tudo vai mudar.
— Ei! Moleque, trouxe seus presentes.
Fiquei muito admirado com os itens que ela me entregava: um livro cheio de feitiços e magia, uma faca super afiada e uma espada para guardar de lembrança.
— Cuida bem delas — disse Isolde com um sorriso. — Tenho certeza de que você vai tirar o máximo proveito. Tem umas magias ali que até eu não consegui dominar, quem sabe um dia você consiga.
Segurei o livro em minhas mãos e folheei rapidamente as páginas cheias de encantamentos e símbolos misteriosos.
— Uau, isso aqui é incrível! Obrigado, vó. Vou aprender tudo que puder com esses feitiços. Essa faca e essa espada são muito legais também, nunca vi nada igual.
— Fico feliz que tenha gostado, meu rapaz. São presentes de coração, para te proteger e guiar em sua jornada — disse Isolde, com um brilho de orgulho nos olhos.
Abraçei ela de surpresa, sentindo o calor do seu afeto por mim.
— Ei, Lyria, olha só o que a vó me deu! — Kaito chamou ela, que observava a cena com um sorriso.
— Nossa, Kaito, que legal! Essa espada parece bem resistente. Vai cuidar bem dela, viu?
— Pode deixar, Lyria. Vou treinar tanto que vou me tornar um mestre!
— Se cuida, moleque, e volta inteiro, tá? — disse Isolde, com lágrimas nos olhos enquanto se despedia dele.
— Relaxa! Velha rabugenta — disse ele, sorrindo. — Não vou morrer na primeira viagem.
Com determinação e coragem, parti, levando comigo não apenas os ensinamentos da avó, mas também o amor e o respeito delas duas. A incerteza pairava no ar, pois sabia que agora teria que trilhar meus próprios caminhos.
Enquanto caminhava pelas estradas, o sol brilhava sobre minha cabeça, aquecendo meu rosto. Observava atentamente as nuances da natureza ao meu redor, absorvendo cada detalhe. As árvores altas balançavam suavemente ao sopro do vento, enquanto pássaros cantavam melodias de encorajamento.
— Uau! Tudo parece muito incrível, estou feliz por estar presenciando essas belezas que antes não imaginava.
Em um momento de pausa, me encontrei diante de um riacho sereno, suas águas cristalinas refletindo o céu azul acima. Sentei à beira do riacho, fechei os olhos e respirei fundo, deixando que a tranquilidade do ambiente me envolvesse. Era como se o mundo inteiro estivesse em harmonia, sentia-me parte desse equilíbrio.
De repente, uma voz suave quebrou o silêncio, fazendo-me abrir os olhos. Uma figura desconhecida se aproximava. Era uma jovem com um sorriso gentil e olhos cheios de curiosidade.
— Desculpe incomodar, mas estou perdida — disse ela, com a voz carregada de preocupação, aproximando-se dele que estava sentado à beira do rio.
— Preciso chegar a uma pequena vila onde meus pais moram. Resolvi sair sozinha e me arrependi um pouco. Agora estou aqui, nem pensei nos perigos, mas ainda bem que deu tudo certo até o momento — disse ela, colocando a mão no rosto ao perceber o grande erro que cometeu.
— Sem problemas. Estou indo na mesma direção, mas, para ser honesto, também não conheço muito bem esse lugar. Podemos acabar perdidos juntos — respondeu ele, sorrindo enquanto observava o reflexo do sol nas águas tranquilas.
— Eita! Estamos no mesmo barco, quase afundando, hahahah. Obrigada por ser tão receptivo.
— Ah, não foi nada — respondeu ele, com um breve sorriso enquanto se levantava da beira do rio.
— A propósito, estava aqui refletindo sobre a vida ou apenas apreciando a paisagem? — ela perguntou com curiosidade genuína.
— Pegou no ponto certo. Não é nada de mais. Mas vou ficar feliz em te ajudar — disse Kaito. Ela riu, aliviada por encontrar alguém amigável.
— Muito obrigada mesmo... Aliás, meu nome é Naida. E o seu?
— Eu sou Kaito... Prazer em te conhecer, Naida. Espero que possamos nos ajudar nessa breve jornada.
Enquanto caminhávamos lado a lado, trocávamos histórias e risadas, aproveitando a jornada juntos. Percebi a beleza na conexão humana e na simplicidade de ajudar o próximo, encontrando conforto e alegria nas pequenas coisas compartilhadas ao longo do caminho.
— Que jornada incrível foi essa, não é mesmo? — comentou Naida, olhando ao redor da movimentada rua da cidade.
— Realmente foi. Acho que nunca ri tanto em uma viagem. — Kaito respondeu, lembrando das histórias compartilhadas durante a caminhada.
— Você tem um jeito único de ver as coisas, Kaito. Foi uma honra caminhar ao seu lado.
— O prazer foi meu, Naida. Fico feliz por ter sido útil. — Kaito sorriu, sentindo um leve aperto ao se despedir dela.
— Espero te ver novamente algum dia. Quem sabe?
— Quem sabe, né? — Kaito respondeu, sentindo um misto de nostalgia e esperança no coração.
— Até mais então, Kaito. — Naida acenou enquanto ele se afastava na direção oposta.
Continuei meu caminho, refletindo sobre as conexões que fiz ao longo da jornada. Cada encontro deixava uma marca, uma lembrança preciosa no tecido de sua própria história.