Volume 1

Capítulo 1: Chamas da Curiosidade (1)

 

 

Na vila próxima das montanhas, residia um garoto chamado Kaito, com apenas 11 anos de idade. Ele compartilhava sua morada com a avó, Isolde Stonehaven, uma feiticeira conhecida por sua destreza mágica e sabedoria milenar. Ao lado deles vivia Lyria Whisperwind, uma jovem decidida, apesar de um passado conturbado, mantinha-se firme em seus propósitos.

Isolde desfrutava de uma vida tranquila, imersa na natureza, e zelava pela segurança da família . Ela havia deixado para trás um passado sombrio, guardando consigo segredos que preferia não compartilhar, temendo que as ameaças do mundo exterior os alcançassem. Por precaução, escolheu uma moradia mais isolada, nos arredores da vila.

O Ambiente deles era um refúgio acolhedor, onde o aprendizado e a magia se entrelaçavam em cada instante. Kaito, fascinado pela beleza, desbravava os vales e rios.

O garoto adorava explorar a natureza, sempre em busca de novidades. Os vales e rios eram seus lugares favoritos, onde ele se banhava e se maravilhava com a pureza das águas.

Porém, mesmo diante de tamanha beleza, uma inquietação persistia em seu coração....

— O que tem além dos limites da vila? — indagou Kaito, contemplando sua imagem refletida nas águas cristalinas do rio.

— Preciso da um jeito logo! — sussurrava, sentindo um misto de ansiedade e determinação pulsar em suas veias.

— Você consegue, eu sei que consegue — sussurrou uma voz suave ao seu lado, encorajando-o a prosseguir. 

— Quem disse isso?! — perguntou Kaito, assustado por um momento. Rapidamente, a sombra sumiu.

 Olhou ao redor, sua respiração agitada ecoando na quietude do ambiente. Não havia ninguém à vista. A sensação de estar sendo observado , mas ele não podia se permitir ser paralisado pelo medo. 

— Deve ser coisa da minha cabeça , Já cansei desse lugar — disse Kaito, irritado.

"É melhor eu sair daqui antes que enlouqueça de vez", ele murmurou, lançando um último olhar em volta antes de se afastar rapidamente dali.

Além de explorar, também gostava de ajudar os outros moradores da vila. Seu rosto se iluminava quando conversava com o povo, especialmente com os da sua idade. Ele absorvia conhecimento e compartilhava experiências com uma empatia incrível.

A vila deles, cercada pelas montanhas, era um lugar simples e tranquilo. As casas de madeira se misturavam com a natureza, e as ruas contavam histórias silenciosas dos muitos passos que as percorriam. À noite, o céu estrelado deixava tudo ainda mais mágico.

Mas a avó Isolde, sempre preocupada, insistia para não se aventurar até tarde, mesmo que a vila fosse segura. Ela sabia que o inesperado podia acontecer.

Num fim de uma tarde, quando o sol estava quase se pondo, Kaito não voltou para casa no horário de sempre. Ela ficou preocupada e pediu para Lyria procurá-lo.

— Ele deve estar bem, não se preocupe tanto, vovó. Aquele garoto conhece bem os arredores — disse Lyria, tentando tranquilizá-la, antes de sair.

Observou Lyria se afastando, enquanto uma mistura de gratidão e preocupação se refletia em seus olhos cansados.

— Eu sei, minha querida, mas nunca é demais tomar cuidado. Ele é minha responsabilidade e minha maior preocupação — respondeu ela , com um pouco de apreensão.

Lyria caminhou pelas ruas da vila com passos decididos, o coração pulsando forte em seu peito. Ela ansiava encontrá-lo.

Lembrando-se de um cantinho especial, Lyria seguiu direto para lá, ansiosa para trazê-lo de volta antes que a noite caísse por completo.

Num momento de contemplação, ele decidiu ficar mais um pouco. Enquanto o sol se punha,  permaneceu ali, distraído, sem perceber a preocupação que causava.

A brisa do final da tarde mexia suavemente no cabelo de Kaito enquanto ele estava perdido em seus pensamentos, fitando o horizonte. Lyria, com sua voz calma , quebrou o silêncio, mostrando sua preocupação.

— Tudo bem aí? — perguntou Lyria, a voz cheia de preocupação. — A vovó tá ficando agoniada com a tua demora. Bora voltar antes que a noite pegue a gente de jeito.

Ahhh! Não é surpresa que você tenha me achado. 

— A vovó deve estar à beira de um ataque cardíaco — disse ele sorrindo. 

— Eu Tava quase voltando. Só queria curtir mais um pouco o pôr do sol.

Ela chegou mais perto, sentando do lado . — Então bora assistir juntos .

Enquanto o sol  sumia lá no horizonte, deixando o céu todo colorido, o moleque soltou uma pergunta que tava na mente dele fazia tempo.

— Tu acha que um dia eu vou conseguir? e descobrir o que tem depois da vila?

Com os olhos grudados no mesmo horizonte que prendia o Kaito, a jovem compartilhou uma parte do passado dela cheio de tragédias. — Além da vila, tem um monte de criaturas e coisas perigosas. 

Um peso caiu nos ombros do Kaito.

— Nem imaginava — murmurou ele, com um nó na garganta.

— A gente se preocupa contigo justamente por isso. Não queremos que nada de ruim aconteça contigo.

Kaito, cheio de sonhos e decidido, fez uma promessa que ecoou no bem longe.

Eu! Juro que um dia vou alcançar esse objetivo. Quando eu completar 18 anos, estou determinado a iniciar uma jornada para auxiliar aqueles que necessita.

Lyria abraçou Kaito bem apertado, sussurrando palavras de esperança.

— Tu vai conseguir o que quiser, cara. Só depende de você. Só não quero te perder! — Nem a vovó quer isso.

— Vou me preparar muito, até chegar esse dia.

Mudando o tom da conversa , chamou a atenção dele.

BORA LOGO! Tá anoitecendo.

Enquanto os dois caminhavam de volta para casa, a noite os envolvia em um manto de escuridão. Os ruídos da floresta ganhavam um ar mais sinistro, e uma sensação de inquietação  no ar. De repente, um som estranho quebrou o silêncio, fazendo-os parar subitamente.

CRRAAASSHHHHH! CRRAAASSHHHHH!

Kaito franziu o rosto, olhando em volta com cautela.

— O que foi isso? — ele sussurrou, sua voz tensa.

— Não sei. Fique calmo, deve ser nada. Fique perto de mim.

— Eu não tenho medo de nada.

— Garoto! Se tá de brincadeira só pode, nessas horas?

— Eita! Olha, tem uma coisa no nosso caminho.

Antes que ela pudesse responder, uma criatura emergiu das sombras, seus olhos brilhando com uma luz sinistra.  Uma criatura que nenhum dos dois reconhecia, uma presença ameaçadora que os encarava com uma fome selvagem.

Lyria recuou instintivamente, com sua respiração acelerando.

— Nós temos que...

Mas antes que ela pudesse terminar, a criatura avançou com ferocidade, lançando as garras.

Ela rapidamente empurrou o garoto, mas o golpe da criatura atingiu seu braço esquerdo após tentar se defender, fazendo-a cair no chão com um grito de dor.

Ahhhhhhhhhh! Droga! Mais que dor...

O sangue começou a escorrer de seu braço ferido, manchando o solo.

Nesse momento, Kaito ficou paralisado de medo, incapaz de se mover. 

Tudo ao seu redor parecia mudo, seus sentidos amortecidos pela intensidade do momento.

"Eu não consigo falar... Meu corpo não me obedece"...

Uma sensação de desespero o invadiu, suas pernas tremendo involuntariamente.

— Kaitooooooooooooooooo! Acordaaaaaaaaaa!

A voz de Lyria soava , como se viesse de um lugar distante. Mas suas palavras foram suficientes para que ele recuperasse um pouco de sua consciência.

— Temos que correr se quisermos sobreviver.

Vamooooos!  Correeeeeeeeeeeeeeer!

Eles corriam desesperadamente, se esforçavam para ganhar distância da terrível criatura.

— Vamos cortar caminho por dentro da floresta, falta pouco para chegar em casa — sugeriu Lyria, sua voz trêmula, mas determinada.

— Será que vamos conseguir? — perguntou Kaito, sua respiração ofegante refletindo sua ansiedade.

— Ouu conseguimos! Ouu vamos virar comida dessa criatura! — declarou, com urgência na voz.

A criatura continuava em sua perseguição implacável, atacando com golpes cada vez mais poderosos, rasgando as árvores que caíam com estrondos ensurdecedores.

 CRRAAASSHHHHH! ! ! CRRAAASSHHHHH! ! ! CRRAAASSHHHHH! !

— Corra mais rápido, garoto! — gritou ela, seu tom urgente.

— Estou tentando! — sua voz cheia de determinação enquanto acelerava o passo.

— Precisamos despistar essa coisa! — exclamou Lyria, com os olhos fixos adiante, procurando desesperadamente por uma rota de fuga.

Enquanto fogem pela floresta escura, avistam uma ravina estreita à sua direita, com um riacho correndo furiosamente no fundo.

SWOOSH! SWOOSH! SWOOSH! SWOOSH! SWOOSH! SWOOSH!

— Esse barulho é de um riacho.

Rápido! Siga-me! — ela grita, indicando a direção da ravina.

Sem hesitar, eles se lançam pela ravina abaixo, mas o solo estava muito escorregadio, e os dois se desequilibraram na lama, caindo e rolando abaixo. Foi tudo muito rápido.

— Que drogaaa! Nem percebemos que tinha essa lama — disse um deles.

— Maldição! Essa praga não para de nos seguir. Será que vai nos perseguir até no inferno? — questionou o outro.

— Estamos cobertos de lama. Nossa! Seu braço está feio, Lyria — questionou kaito.

— Esqueça meu braço, olha só essa situação! — Lyria exclamou, tentando desviar o foco da preocupação sobre seu ferimento.

NOSSAAAAAAAAAAA!  NÃO ACREDITOOOOOO NISSOO !

— Essa lama está dificultando muito a nossa fuga — disse Lyria, expressando sua frustração com a situação.

 Eles se deparam com o riacho na sua frente.

— Aqui! Vamos nos esconder na água! — Kaito sugere, desesperado.

Eles se escondem dentro de um buraco perto da água gelada do riacho, apenas com as cabeças para fora, enquanto a criatura se aproxima , farejando o ar, em busca de seus rastros.

— Fique quieto! Talvez ela não nos encontre aqui — sussurra ela, com os olhos fixos na criatura refletida na água.

GRRRRRRRRRRRRR! GRRRRRRRRRRRRR!

Não conseguindo detectar seus alvos, a criatura circula a borda da ravina por alguns momentos antes de se afastar lentamente, convencida de que eles escaparam.

 


 



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