Volume 1
Capítulo 10: A Presença Oculta (2)
Em meio ao horizonte, uma árvore gigante parecia arranhar os céus. Era realmente uma vista impressionante. Observei-a com atenção. Ela estava longe, mas eu conseguia vê-la claramente.
— Meu Deus, o que é isso? — murmurou ele, maravilhado e um pouco perplexo.
— Isso... isso é realmente impressionante. Mas por que o velho não me falou sobre algo tão monumental? — questionou-se Kaito, sentindo-se intrigado e um pouco traído pela omissão de informações importantes.
Mas eu não podia ficar ali parado, como uma estátua de museu. Tinha um objetivo a cumprir. Precisava explorar esse vale e encontrar logo o que tanto procurava.
— Vejo que minha posição não me favorece nem um pouco. A partir do momento em que eu descer até lá embaixo, parece que estarei realmente dentro do vale. Tenho que achar um jeito de descer.
No momento, procurei um jeito de descer. Pular nas pedras parecia uma opção, mas eu não estava tão confiante. Mesmo assim, não tinha outra escolha. Observei atentamente, procurando qualquer coisa que pudesse me ajudar. Depois de alguns minutos de busca, meus olhos se fixaram em uma raiz robusta que se estendia até lá embaixo.
— Olha só, hoje parece ser meu dia de sorte — murmurou ele, enquanto soltava uma risada.
Cheguei mais perto e analisei a situação. A raiz parecia forte o suficiente para aguentar meu peso. Sua textura áspera e irregular proporcionava um bom apoio para as mãos e os pés. Senti o vento frio soprando ao meu redor, trazendo consigo o cheiro da terra úmida e das folhas em decomposição. O som do rio correndo lá embaixo ecoava, aumentando minha sensação de urgência.
— Se eu cair, estarei ferrado. A queda vai ser brutal. Não consigo enxergar nada, mas tenho que tomar os devidos cuidados.
Segurei firmemente na raiz, testando sua resistência. Ela não cedeu, o que me deu um pouco mais de confiança. Respirei fundo, enchendo meus pulmões com o ar fresco, e comecei a descida cuidadosa. Cada movimento era calculado, cada passo era dado com precisão. Meus dedos se agarravam às pequenas saliências na raiz, enquanto meus pés procuravam pontos de apoio seguros nas rochas cobertas de musgo.
Conforme eu descia, a adrenalina corria pelas minhas veias. O barulho do rio aumentava à medida que me aproximava, um lembrete constante do que me aguardava se eu caísse. Minha mente estava focada, bloqueando qualquer pensamento de dúvida ou medo. Cada centímetro da descida era um teste de coragem e habilidade.
Após alguns minutos que pareceram horas, meus pés finalmente tocaram o solo firme novamente. A sensação de alívio foi imensa, mas não havia tempo para descansar. O caminho à frente ainda era incerto, e eu precisava seguir em frente.
— Ainda bem que consegui! Estava meio aflito, mas sabe como é, tudo pode acontecer. Não conheço muito bem esse vale.
“Tudo parece sinistro. Tenho que ficar mais atento, focando apenas no essencial.”
O ambiente ao redor era sombrio e úmido. A luz do sol mal conseguia penetrar na densa vegetação. O cheiro da terra molhada e da vegetação em decomposição era intenso, e o som do rio agora parecia mais ameaçador do que reconfortante.
Olhei ao redor, tentando determinar a melhor direção a seguir. As árvores gigantescas se erguiam como sentinelas antigas, suas copas formando um teto natural que bloqueava a luz. De repente, ouvi um farfalhar nas folhas à minha direita. Meu coração disparou enquanto me virava rapidamente para ver o que era.
Um pequeno animal, ou algo perigoso, correu para longe, desaparecendo entre as sombras. Soltei um suspiro de alívio, mas me mantive alerta. Quem sabia o que mais poderia estar escondido naquela floresta?
Decidi seguir o som do rio. Ele parecia ser a melhor opção, uma rota natural que poderia me levar a algum lugar seguro. Com passos cuidadosos, comecei a caminhar ao longo da margem, meus olhos atentos a qualquer sinal de perigo ou de um caminho mais claro.
— A vista de cima parece uma maravilha, mas agora de baixo é outra coisa.
— Parece que quando eu chegar a um certo ponto, vou ter que passar por uma densa névoa. Eu a vi lá de cima, parece ser extensa — disse Kaito, meio preocupado.
À medida que avançava, comecei a notar sinais estranhos. Pequenas pegadas no solo, rastros de uma criatura que passou por aquele caminho. Isso me deixou ainda mais tenso.
— Hum... Deixa eu ver mais de perto. Que droga! Esse fedor do cão! Uma gosma branca. Nem quero imaginar que tipo de criatura é essa — disse ele, enquanto pegava a gosma na mão.
— Sinto que algo está me observando de todos os lugares. Parece ter uma intenção assassina, esperando eu vacilar ou armando uma emboscada maldita.
Entre os olhos vigilantes da floresta de Thuda, avancei ainda mais para o seu interior. A cada passo, a atmosfera se tornava mais sinistra. Sons estranhos de pássaros ecoavam por todos os lados, suas chamadas distorcidas aumentavam a tensão no ar. As árvores balançavam sob o vento forte, emitindo sons sibilantes que ecoavam como suspiros inquietantes.
No entanto, o que mais me intrigava eram as vozes que pareciam chamar por mim, ecoando de algum lugar mais profundo da floresta. Misturadas a esses chamados, havia gritos desesperados que ecoavam entre as árvores antigas. Perguntei-me se aqueles eram exploradores perdidos ou aventureiros em busca de riquezas, mas a incerteza martelava incessantemente em minha mente.
Caminhando com cuidado, mantive meus sentidos aguçados, tentando discernir a origem dessas vozes. Cada som, cada sombra movendo-se entre as árvores, aumentava minha inquietação. No entanto, minha curiosidade e a necessidade de encontrar um caminho seguro me impulsionavam mais fundo naquele enigmático vale.
— Isso me parece ilusões de algo tentando me atrair de algum modo. Muitos aqui morreram de fome; essa floresta te mostra o que mais seu coração anseia, seja fome ou até mesmo tesouros — disse ele, observando atentamente ao seu redor.
— Não devo me preocupar, hahaha. Enquanto estiver focado e atento, tudo vai dar certo.
“Mas tem um porém: esses olhos não param de me observar.”
Ignorei os olhares sombrios que pareciam seguir cada passo meu e continuei avançando. À medida que progredia, o cheiro podre que pairava no ar se intensificava, enchendo minhas narinas com uma mistura nauseante de decomposição e umidade. Comecei a suspeitar que poderia estar próximo de um ninho de criaturas.
Logo à frente, entre as sombras das árvores retorcidas, avistei um amontoado de galhos e folhas podres. Era um ninho, mas não um construído por aves comuns. A estrutura era grotesca, feita com ossos e partes de animais que pareciam ter sido arrastados para ali. Um arrepio percorreu minha espinha ao perceber que estava diante de algo sinistro.
Decidi contornar o ninho, mantendo-me afastado para evitar chamar a atenção de qualquer criatura que pudesse estar ali. Cada movimento era feito com extremo cuidado, enquanto meu coração martelava no peito, ansioso para manter-se calmo diante da ameaça iminente.
Enquanto eu me afastava lentamente do ninho, um ruído gutural ecoou por entre as árvores, seguido por um farfalhar de folhas secas. Meu instinto gritava para correr, mas eu sabia que qualquer movimento brusco poderia atrair ainda mais perigo. Respirei fundo, tentando manter a calma e continuar avançando com precaução.
“Agora vou ter que pisar bem devagar. Algo tem audição muito aguçada; esse barulho foi estranho.”
“Onde eu fui me meter? Aquele maldito velho! Esse vale é um verdadeiro inferno na terra.”
“Vou com calma. O que quer que esteja aqui, minha intuição diz que não é algo bom.”
O ruído persistia, cada vez mais próximo e agudo. Meus passos eram agora meticulosamente silenciosos, evitando qualquer movimento que pudesse trair minha posição. A densa vegetação ao redor parecia se fechar, criando uma sensação claustrofóbica que competia com a minha crescente ansiedade.
Entre as sombras, vislumbrei movimentos rápidos e furtivos. Minha pele arrepiou-se ao perceber que não estava sozinho naquele lugar ameaçador. As criaturas, embora invisíveis por enquanto, pareciam observar-me com olhos ávidos e famintos.
Decidi mudar meu curso, desviando-me ainda mais do ninho macabro e das criaturas que o guardavam. Cada passo era uma luta contra o medo crescente, mas eu não podia permitir que o pânico me dominasse. Mantive-me alerta, procurando por qualquer abertura na densa floresta que pudesse oferecer uma rota segura para escapar daquele pesadelo vivo.
O tempo parecia distorcer-se naquele ambiente opressivo, onde os sons da natureza se misturavam com o murmúrio das criaturas ocultas. Cada segundo que passava era uma corrida contra o desconhecido, uma batalha pela sobrevivência em um mundo que se mostrava hostil e implacável.
Meus sentidos estavam em alerta máximo, captando cada som e movimento ao meu redor. A floresta parecia viva com uma energia sombria, como se estivesse conspirando contra minha presença ali. Cada vez mais, eu me convencia de que não era apenas o ninho das criaturas que representava perigo, mas toda a extensão da floresta de Thuda.
Enquanto avançava cautelosamente, percebi um leve tremor no solo, quase imperceptível. Era como se algo estivesse se movendo sob meus pés, um presságio sinistro de que as criaturas estavam se aproximando. Meu coração acelerou ainda mais, tentando antecipar o próximo movimento enquanto eu buscava desesperadamente uma saída segura.
De repente, uma sombra se moveu rapidamente à minha esquerda. Virei-me instintivamente, pegando apenas um vislumbre de olhos brilhantes antes que a criatura desaparecesse novamente na escuridão. Era maior do que eu imaginava, com uma postura que misturava agilidade e predador.
A criatura emergiu lentamente das sombras, revelando sua forma grotesca e ameaçadora. Seu corpo estava coberto por uma pele escamosa e escura, brilhante à luz filtrada da floresta. Olhos amarelos brilhavam com uma intensidade predatória, fixando-se em mim com uma mistura de curiosidade e fome.
Ela se movia com uma graça sinistra, suas garras afiadas raspando o chão enquanto avançava em minha direção. O cheiro pútrido que eu havia sentido antes se intensificou, emanando dela como uma aura de morte e decadência. Meus músculos se contraíram instintivamente, preparando-se para qualquer movimento que eu precisasse fazer para me defender.
— Puta merda, isso agora! Preciso fugir. Minha intuição está me dizendo para correr. Essa criatura é perigosa e muito forte; sua aura maligna está apertando meu peito — disse ele, colocando a mão no peito e sentindo falta de ar.
Eu estava encurralado, cercado pela floresta hostil e por essa criatura desconhecida. Meus pensamentos giravam em torno de encontrar uma rota de fuga, mas cada movimento que eu considerava parecia trazer mais risco do que solução. Minha única esperança era manter a calma e encontrar uma maneira de escapar antes que fosse tarde demais.
— Estou olhando para todos os lados e ainda não encontrei um jeito de fugir. Ela está vindo lentamente, como se estivesse se aproveitando.
Com o coração batendo descontroladamente, eu recuei lentamente, mantendo meus olhos fixos na criatura que se aproximava. Ela parecia hesitar por um momento, como se estivesse avaliando suas opções. Seus olhos amarelos brilhavam com uma intensidade ameaçadora, refletindo a luz filtrada pelas copas das árvores.
Meus sentidos estavam ainda mais em alerta, buscando desesperadamente por uma saída enquanto a criatura se movia mais perto. Seu odor repugnante parecia preencher todo o espaço ao meu redor, deixando claro que eu estava diante de uma predadora habilidosa e perigosa.
Em um último esforço para me afastar, dei um passo rápido para trás e tropecei em uma raiz exposta. O som do meu tombo ecoou pela clareira, cortando o ar tenso da floresta. A criatura reagiu instantaneamente, avançando com uma velocidade assustadora na minha direção.
Sem tempo para pensar, rolei para o lado enquanto ouvia um rugido gutural atrás de mim. Suas garras rasparam o solo onde eu estava segundos atrás, deixando marcas profundas na terra. Levantei-me com urgência e corri em direção à borda oposta da clareira, buscando qualquer abertura na densa vegetação que pudesse me levar à segurança.
Os galhos e arbustos se fechavam ao meu redor, aumentando a sensação de estar encurralado. A respiração da criatura estava próxima, seus passos pesados e rápidos ecoando atrás de mim. Meus músculos ardiam com o esforço desesperado enquanto eu me lançava através dos obstáculos naturais da floresta, guiado apenas pelo instinto de sobrevivência.