Juiz Rúbeo
Capitulo 5: A CHEGADA
Niria observava pela janela da cozinha o início daquela linda e fria manhã.
Como não havia treino agendado para o Clã das Feiticeiras, tanto o pai quanto a mãe de Rubreos estavam em casa, cuidando dos afazeres domésticos, enquanto o filho brincava na sala.
Sem esperar, ouviram alguém bater na porta.
A batida foi inesperada, e pela hora, não era comum alguém aparecer tão cedo.
Pietros e sua esposa se entreolharam, surpresos, antes de se dirigirem até a entrada. Rubreos, curioso, ficou observando de pé no corredor.
Pietros, com um olhar atento, usou olho místico na poerta de entrada para verificar quem estava do outro lado.
Para sua surpresa, não era o esperado representante do Clã dos Juízes.
Ele abriu a porta lentamente, deixando-a meio entreaberta, e disse, com cautela:
— Bom dia! Em que posso ajudar?
A resposta veio de uma voz calma e respeitosa:
— Bom dia, meu senhor, me perdoe o incômodo! Meu nome é Sanis Efras de Seriones. Esta é a casa do casal Pietros e Niria?
Desconfiados, ambos imediatamente adotaram uma postura defensiva, prontos para qualquer reação inesperada.
— Sim, esta é a casa deles! O que o senhor deseja com eles? — respondeu Pietros, com firmeza.
Sanis, então, fez um gesto sutil e entregou alguns documentos, acompanhados de um selo real.
— Fui indicado pelo Clã dos Juízes de Iriarnes... venho diretamente da capital real. Vejam, estes são os documentos verídicos, assinados e carimbados pelo próprio rei.
Pietros pegou as cartas com cuidado e, após observar as assinaturas, entregou-as a Niria.
Ela, com a habilidade adquirida ao longo dos anos, fez uso de encantamentos específicos para verificar a autenticidade.
Seus olhos brilharam com um tom de surpresa e alívio.
— São verdadeiros, Pietros! — exclamou ela, ainda processando a confirmação.
Ele a olhou, visivelmente surpreso, e então, com mais tranquilidade, abriu a porta por completo.
— Nos perdoe pela desconfiança. Por favor, entre.
Sanis, sem perder tempo, entrou rapidamente, aliviado por escapar do frio intenso daquela manhã.
Ele sorriu de forma compreensiva e disse:
— Podem ficar tranquilos. Se fosse eu, também ficaria desconfiado ao ver um homem estranho batendo na porta.
Ao entrar, Pietros fez as apresentações formais.
— Eu sou Pietros e esta é minha esposa, Niria.
Sanis se curvou respeitosamente, cumprimentando a esposa de Pietros com um sorriso cordial.
— É um prazer conhecê-los, minha senhora. — disse ele, antes de se recompor e olhar novamente para o casal.
A atmosfera na casa parecia mais leve agora, mas ainda pairava no ar certa expectativa.
Niria, com um sorriso acolhedor, perguntou:
— O senhor aceitaria um chá quente e um pedaço de torta que acabou de sair do forno?
Sanis, visivelmente grato, respondeu com um tom amigável:
— Sim! Aceitaria de bom grado, isso certamente ajudaria a me aquecer!
Ela sorriu e, com um gesto de delicadeza, se dirigiu à cozinha para preparar tudo com carinho.
Pietros, por sua vez, conduziu Sanis até a sala onde faziam as refeições, um ambiente simples, mas acolhedor.
Enquanto caminhavam, Sanis observava atentamente cada detalhe do lugar, tentando confirmar as informações que Talles havia lhe enviado em suas mensagens.
Ao chegarem à sala, uma mesa rústica de madeira, bem trabalhada, com oito cadeiras ao redor, chamou sua atenção.
Ele puxou uma das cadeiras, acomodando-se sem pressa, e então, com um tom mais sério, perguntou:
— Onde está a criança que irei orientar... ensinar e treinar?
Foi nesse momento que Rubreos apareceu ao lado de Pietros.
Ele parecia um pouco tímido, mas os olhos curiosos e vivos não passavam despercebidos. Pietros, com orgulho, apresentou:
— Este é meu filho caçula, Rubreos!
Sanis fixou o olhar na criança. Não houve nenhum movimento ou desvio em seu olhar, apenas uma observação intensa, como se estivesse avaliando algo mais profundo.
— Como esperado, de acordo com Talles... Vejo grande potencial em seu filho. — disse Sanis, com um leve aceno de aprovação.
Niria, que estava na cozinha, ouviu a última frase e seu coração se aqueceu de felicidade.
Ela trouxe a bandeja com o chá da manhã e colocou cuidadosamente sobre a mesa.
Sanis, ao sentir o aroma do chá e ver a torta fumegante, não hesitou em começar a se servir.
— Nossa, que delícia! Essa torta está maravilhosa, e o chá... está excelente! — exclamou ele, claramente impressionado com o sabor.
Niria, sem jeito, respondeu com humildade:
— Obrigada. Eu mesma planto e colho as ervas para o chá, e os ingredientes da torta são todos da nossa região.
Sanis, comendo sem parar, percebeu que estava sendo um pouco impetuoso e corou ligeiramente.
— Me desculpem pela falta de cortesia! As hospedagens ao longo do caminho não ofereceram nada tão gostoso como essa torta.
O casal sorriu, lembrando-se das vezes em que, durante as missões, acabaram comendo refeições mal preparadas e sem sabor.
Niria, querendo agradar ainda mais, perguntou:
— Se quiser, posso trazer outro pedaço.
Sanis engasgou levemente e respondeu, com um sorriso envergonhado:
— Por favor! Seria um prazer!
Ela se levantou rapidamente, indo para a cozinha.
Enquanto isso, Pietros se sentou com Rubreos em seu colo, o filho aconchegado entre os braços do pai.
— E o que aconteceu com Senhor Talles, o representante do Clã dos Juízes? Ele não enviou mais notícias? — perguntou Pietros, com curiosidade.
Sanis, agora com um semblante mais sério, respondeu:
— Ah, sim, ele me pediu para lhe pedir mil perdões! Houve uma convocação de urgência para a capital real.
Pietros franziu a testa, preocupado:
— Uma convocação do rei? Espero que esteja tudo bem com ele.
Sanis acenou com a cabeça, tentando aliviar a tensão:
— Fique tranquilo, Senhor Pietros. Deve ser uma dessas missões árduas e perigosas que eles costumam receber de vez em quando.
Pietros, ainda desconfiado, questionou:
— Mas eu pensei que Senhor Talles fosse apenas um representante do Clã dos Juízes nos templos?
Sanis, explicando com mais clareza, comentou:
— Sim! Essa é uma das suas funções. Mas, além disso... ele também integra um grupo misto de Beligerantes... que são enviados para investigar ocorrências mais complexas. E, dependendo da situação... um juiz é necessário para dar suporte legal e garantir que as investigações estejam dentro dos parâmetros estabelecidos pelo reino. Como por exemplo, o aparecimento de uma Masmorra Mística.
Nesse instante, Niria voltou com outro pedaço de torta e colocou a porção sobre a mesa.
Ela notou que Sanis já havia terminado o primeiro pedaço e logo começou a saborear o segundo com prazer.
O casal se olhou e sorriu, apreciando a cena. Após algumas xícaras de chá e dois pedaços de torta, Sanis se recostou na cadeira, visivelmente satisfeito.
Ele olhou para os três na sala e, com um semblante mais sério, disse:
— Agradeço pela refeição, mas agora vamos ao assunto que me trouxe até aqui. Ensinar as artes místicas de um juiz, para você, minha criança de olhos de Rubi Rúbeo.
A tensão no ambiente aumentou ligeiramente, e todos na sala sabiam que estavam prestes a dar início a uma nova fase na vida de Rubreos.
Sanis, com um movimento firme, empurrou ligeiramente a cadeira para trás e se levantou. Com a postura imponente, ele pronunciou:
— Invocação do Círculo da Arca Mística.
No instante em que as palavras deixaram seus lábios, uma aura alaranjada surgiu no ar, formando um círculo místico vertical.
Os símbolos que o rodeavam eram desconhecidos até mesmo para Niria, que, como feiticeira de Quarto Nível, tinha uma vasta experiência com encantamentos e runas.
Aqueles sinais eram algo que ela nunca havia visto antes.
De dentro do círculo, uma Arca Dourada surgiu, flutuando com suavidade.
Ela se abriu lentamente, revelando, em um movimento fluido, uma série de pergaminhos que começaram a sair da arca.
Cada um tinha um tamanho e espessura distintos, como se houvesse uma variedade de informações a serem compartilhadas.
Sem hesitar, Niria afastou a bandeja com o café da manhã para dar espaço aos pergaminhos, permitindo que fossem cuidadosamente colocados sobre a mesa.
Sanis fez um gesto discreto com a cabeça, em agradecimento pela atenção dela.
Com movimentos precisos das mãos, ele dirigiu a arca de volta para o círculo, e então, como que por comando, o encantamento foi desfeito.
A arca desapareceu novamente, sumindo no ar, enquanto o Círculo Místico se dissipava suavemente.
Rubreos, com os olhos brilhando de curiosidade, observava tudo com uma alegria silenciosa, absorvendo cada detalhe com fascínio.
— Muito bem. Este pergaminho aqui é o contrato que será firmado entre os pais da criança e seu mestre. Os outros contêm informações sobre o mestre e suas qualificações. E aqui estão as atividades e o tempo estimado para o treinamento. — Sanis explicou, com uma voz calma e firme. Ele fez uma pausa e observou atentamente os pais de Rubreos, como se estivesse avaliando sua reação. — Em relação aos custos... boa parte deles será coberta pelo Clã dos Juízes de Iriarnes. Porém... vocês serão responsáveis por despesas extras... como a compra de materiais que não estejam na lista fornecida, ou danos que o aprendiz venha a causar por negligência... seja no uso inadequado das artes místicas ou em incidentes com terceiros. Se, por acaso... o aprendiz participar de algum Desafio, isso também será de responsabilidade de vocês, pois... eventualmente, esse tipo de situação pode surgir. Mas tudo está bem especificado no contrato.
Sanis deixou que suas palavras ecoassem na sala antes de continuar:
— Como são muitos pergaminhos e detalhes a serem analisados, dou a vocês três auroras para lerem tudo com calma. Após isso... precisaremos assinar o contrato juntos. Durante esse tempo... estarei hospedado onde Senhor Talles ficou da última vez, conforme a recomendação dele. Novamente, agradeço pela deliciosa refeição e pela hospitalidade. Agora, preciso seguir meu caminho.
Pietros colocou Rubreos no chão com um gesto suave e se levantou, indicando o caminho até a porta.
Ele fez uma leve reverência e, com uma cortesia discreta, se despediu.
Na porta da casa, Sanis foi até seu cavalo, que estava amarrado a uma estrutura feita especialmente para isso.
Subiu com destreza, acenou mais uma vez em despedida e seguiu em direção ao centro da cidade, desaparecendo lentamente na trilha.
Quando Pietros retornou para dentro da casa, encontrou Niria sentada na cadeira, olhando com um semblante pensativo.
Rubreos, por sua vez, estava entretido com os pergaminhos deixados por Sanis, brincando com as pontas dos papéis como se fossem tesouros descobertos.
— Não esperava por tudo isso. — Pietros comentou, com um olhar distante, observando a mesa cheia de pergaminhos, assim como Niria fazia.
Ela estava profundamente concentrada nos documentos à sua frente, refletindo sobre tudo o que acabara de acontecer.
Como seus outros dois filhos já estavam envolvidos em seus próprios treinamentos, não precisaram lidar com formalidades tão complexas como aquelas.
Este momento era algo novo para o casal, especialmente com o caçula, Rubreos, prestes a iniciar seu próprio caminho.
Niria se levantou, foi até onde Rubreos estava e o colocou suavemente no chão. Então, voltando-se para Pietros, disse:
— Leia com calma, meu marido. Vou dar uma olhada mais atenta em algumas coisas e depois... se necessário, posso ajudar a ler os outros pergaminhos. Caso eu precise de ajuda... chamarei minha irmã para ficar com o nosso filho.
Pietros fez um gesto afirmativo com a cabeça, concordando com o plano.
Niria pegou a bandeja de café da manhã e começou a seguir para as tarefas domésticas, enquanto Pietros, com um suspiro profundo, se sentou e pegou um dos pergaminhos.
Ele o abriu, começando a ler atentamente, ciente de que havia muito a entender antes de assinar qualquer coisa.
O som suave do papel sendo desdobrado e o silêncio da manhã preenchia a casa, enquanto a família começava a se preparar para o que estava por vir.
O escolhido era o contrato de Rubreos, e Pietros, com calma, começou a ler o pergaminho.
Ele logo percebeu que aquele documento era diferente dos outros que ele havia assinado para seus filhos mais velhos.
Este estava repleto de mais detalhes, com um conteúdo mais denso.
O texto parecia imenso em comparação, com cláusulas complexas e longas descrições.
Pietros franziu a testa por um momento e pensou: "Também é um contrato para a formação de um juiz. Deve ser assim mesmo."
Ele respirou fundo e continuou a leitura, tentando entender cada ponto que ali estava exposto.
Sabia que precisava prestar atenção, afinal, o futuro de Rubreos estava ali, impresso naquele pergaminho.
Após algum tempo, Niria terminou suas tarefas domésticas e se juntou a Pietros para ajudá-lo com os pergaminhos.
Ela havia deixado Rubreos em um cantinho tranquilo da casa, onde ele podia estudar de forma independente.
Ele estava com um livro simples, de nível iniciante, que abordava encantamentos básicos, com utilização de ervas, poções e criaturas místicas.
Conhecimentos que, embora simples, seriam valiosos para o começo de sua formação.
O livro não era novo para Niria: ela o usara muitos anos antes, assim como seus filhos mais velhos. Porém, para Rubreos, seria o primeiro passo em sua jornada.
Pietros terminou de ler o contrato e passou o pergaminho para Niria, que o examinou com atenção.
Ela o abriu com cuidado e, ao ler, começou a absorver cada palavra, cada detalhe.
Quando chegou ao pergaminho que descrevia o conteúdo do treinamento de Rubreos, ela se surpreendeu.
A quantidade de informações era impressionante e a extensão dos detalhes, ainda maior do que ela imaginava.
Pietros, ao perceber a expressão de espanto dela, comentou:
— Parece que o treinamento será bem mais desafiador do que pensávamos.
Niria, concentrada em suas leituras, não respondeu imediatamente.
Ela também tinha muitas questões em mente, mas sabia que precisaria estudar com mais calma cada cláusula antes de fazer qualquer pergunta ao mestre de Rubreos.
A tarde passou rapidamente, e quando a noite caiu, depois do jantar, o casal se sentou junto à mesa.
As crianças brincavam. Enquanto Pietros e Niria discutiam os detalhes dos pergaminhos que haviam lido.
As dúvidas começaram a surgir, e ambos faziam anotações cuidadosas para questionar o futuro mestre de Rubreos.
O que mais os intrigava era a complexidade do treinamento e as responsabilidades que viriam com ele.
Eles estavam determinados a entender completamente o que seria necessário para que Rubreos estivesse pronto para o seu caminho como Aprendiz de Juiz.
Na aurora seguinte: já estava se aproximando, e o casal decidiu que, enquanto isso, o treinamento de Rubreos deveria continuar com Niria, no Clã das Feiticeiras.
Ela havia se oferecido para praticar a invocação de Círculos Místicos com o filho, como eles haviam visto Sanis fazer, quando invocou a Arca Dourada.
Era uma boa maneira de começar a trabalhar as habilidades místicas de Rubreos, mesmo em um estágio inicial.
Com tudo resolvido, colocaram as crianças para dormir mais cedo naquela noite.
O casal também se retirou para seus aposentos, cansados, mas com a mente cheia de planos e preocupações.
A nova aurora seria cheia de tarefas e responsabilidades, e eles precisavam estar descansados.
Assim foi no transcorrer da aurora.
O som da chuva caindo suavemente fora da casa era a única música naquela noite tranquila.
As goteiras tamborilavam nas janelas, e o vento frio batia nas paredes da casa, trazendo um silêncio profundo para a grande cidade murada.
Lá fora, a vida seguia seu curso, mas dentro de sua casa, o ritmo era diferente: a rotina de um lar focado no futuro e nas responsabilidades de seus filhos.
Em outro lugar, na Casa Hansa, a vida também seguia seu rumo, mas de uma forma mais agitada.
Tanto lá dentro, nas tavernas e casas de prazeres, o som e a agitação eram constantes.
Na manhã seguinte, antes mesmo do amanhecer. Pietros já estava praticando com a espada.
Ele treinava rigorosamente no jardim, sua figura se destacando contra o céu cinza e nublado.
Niria, da janela da cozinha, preparava o café da manhã, observando seu marido com atenção.
Ela sentia uma calma em ver a disciplina dele, mesmo naquela manhã fria e chuvosa.
Era a constância de Pietros, seu equilíbrio e determinação, que traziam uma sensação de segurança para a família.
Algum tempo depois, as crianças estavam se preparando para sair para os estudos e Niria levaria Rubreos ao Clã das Feiticeiras para continuar seu treinamento.
Eles iriam de carruagem, enquanto Pietros, em seu cavalo, seguiria em direção ao centro da cidade.
Antes de se separar deles, Pietros passaria na Casa Hansa, onde ele tinha algumas tarefas a resolver.
Além disso, precisava verificar se havia novas informações que pudesse obter para ajudar no treinamento de Rubreos.
Depois disso, ele faria algumas compras de suprimentos para a casa, garantindo que nada faltasse para o sustento da família.
A aurora começava a se desenrolar, cheio de responsabilidades, mas também de esperança para o futuro de Rubreos, que, apesar da sua juventude, já começava a dar os primeiros passos em sua jornada.
Pietros sabia que não poderia demorar muito mais. Precisava aproveitar as últimas horas de aurora para ler o que restava dos pergaminhos.
Ele já havia passado um bom tempo com os documentos, fazendo anotações e levantando dúvidas sobre o treinamento de Rubreos.
Precisava de respostas, e a oportunidade de conversar com Sanis logo se aproximava.
O céu ainda estava nublado e frio, mas o centro da cidade de Zelanes já estava em movimento.
As ruas começavam a se encher de comerciantes e trabalhadores que montavam suas barracas e abriam as lojas.
A feira estava movimentada, com produtos de todos os tipos sendo vendidos: desde ervas e especiarias até artesanatos e utensílios místicos sobrenaturais.
Zelanes, como toda a região de Etedras, era uma cidade que recebia mercadores e viajantes de diversas raças semi-humanas.
Ali, todos eram respeitados, com os mesmos direitos, e a convivência entre diferentes culturas era natural. Isso era algo que Pietros e Niria apreciavam profundamente, a harmonia que existia em sua cidade.
Pietros cumpriu todas as suas tarefas no centro da cidade e, antes que o almoço chegasse, já estava de volta em casa.
Niria e Rubreos haviam chegado antes, e a criança estava se divertindo na sala, brincando com alguns brinquedos enquanto a mãe preparava a refeição.
Com o ambiente calmo, Pietros se sentou novamente, retomando suas leituras.
Ele estava imerso nos pergaminhos, concentrado em entender o máximo possível sobre o treinamento de Rubreos, e anotações eram feitas constantemente.
Quando surgia uma dúvida, ele marcava para questionar Sanis assim que tivesse a oportunidade.
A hora da ceia se aproximava, e os três se reuniram na sala de refeições.
O casal e Rubreos estavam ali, enquanto os outros dois filhos, Narion e Pietra, se alimentavam em seus respectivos locais de estudo e treinamento.
Como sempre, Narion, o filho mais velho, estava focado em sua própria jornada. Sendo da classe dos Heróis, seus treinos eram intensos e exigiam muito de seu corpo e mente.
A disciplina de Narion era notável, e seus treinos práticos eram mais exigentes do que os de qualquer outro membro da família.
A tarde passou rapidamente, e logo a aurora se despediria. Narion e Pietra chegaram em casa antes do fim da tarde, e a mãe os recebeu com muito carinho, como de costume. A casa, embora simples, sempre estava cheia de calor humano e amor.
Dentro da casa, Pietros e Niria haviam avançado consideravelmente na leitura dos pergaminhos.
A maioria já estava bem compreendida, e eles haviam feito diversas anotações sobre o que precisavam esclarecer com Sanis.
Só restavam três pergaminhos para serem lidos na aurora seguinte. E, embora o prazo ainda fosse de mais uma aurora, o cansaço já começava a se fazer presente.
Com um suspiro de alívio, Niria se levantou da cadeira e disse:
— Estamos quase lá, Pietros. Mais uma aurora e tudo estará terminado.
Pietros assentiu, mas a preocupação ainda estava visível em seu rosto.
Ele sabia que o treinamento de Rubreos seria complexo, e os detalhes sobre os custos e responsabilidades não eram fáceis de ignorar.
O contrato estava cheio de implicações que precisavam ser analisadas com muito cuidado. Ele não queria deixar nada passar despercebido.
Por um momento, o casal ficou em silêncio, refletindo sobre o que haviam lido. Depois, Niria, como sempre, trouxe um pouco de leveza à situação com um sorriso suave.
— Acho que agora podemos descansar um pouco. Amanhã, resolveremos as últimas dúvidas.
Pietros concordou, embora seu pensamento ainda estivesse nos pergaminhos e nos passos seguintes para o futuro de Rubreos.
A noite chegou, e o casal se preparou para dormir, sabendo que o dia seguinte seria mais um passo importante na jornada de sua família.