Volume 1
Capítulo 8: O distrito evacuado: Parte II
O druida girou as adagas de osso. Elas cortaram o ar em um arco letal. O som seco da batida contra o parapeito de pedra ecoou pelo terraço. Fenik saltou para o lado, quando escapou por um triz.
Ele girou o corpo e desferiu um chute certeiro. O druida cruzou os braços e bloqueou o golpe. Fenik recuou em uma pirueta ágil. Suas orelhas de raposa se moveram, enquanto avaliava a próxima abertura.
— Não é tão fácil assim, não é? — provocou Fenik. Um sorriso largo iluminou seus lábios.
O druida não respondeu. Ele avançou de forma brusca com as adagas. Fenik torceu o corpo e desviou do golpe horizontal. Depois, girou sobre o próprio eixo e acertou um chute de calcanhar no peito do oponente.
O oponente vacilou por um segundo. Seu olhar sombrio fixou-se em Fenik.
Fenik deslizou sobre os escombros no chão. Atacou com um chute em direção ao rosto do druida. O homem desviou-se e rodopiou. Sua adaga cortou o ar em um golpe rápido contra o abdômen de Fenik, mas errou o alvo por um triz.
A lâmina raspou tão perto que rasgou a borda da calça do semi-humano. Fenik usou o impulso para girar de novo. Desferiu um soco com o dorso da mão no rosto do druida. O oponente cambaleou.
O druida cambaleou para trás. Bateu contra uma parede enfraquecida. A pedra trincou com o impacto. Ele sorriu, o rosto marcado por um brilho sinistro. Sussurrou palavras em uma língua antiga. Do chão rachado, vinhas espinhosas e grossas emergiram. Elas chicotearam o ar em direção ao semi-humano.
Um galho acertou o peito dele. Um corte profundo abriu-se em sua pele azulada. Ele caiu no chão. Rolou e ergueu-se rápido, ofegante. O sangue quente escorreu por seu torso.
— Droga, isso foi rude... — murmurou o raposa. Passou a mão sobre o ferimento. Seus olhos avaliaram o adversário.
O druida avançou com uma nova sequência de golpes. O semi-humano saltou para o lado e evitou o primeiro corte. Mesmo assim, a lâmina cortou sua coxa.
Ele ergueu-se com um sorriso teimoso.
— Nada mal..., mas ainda estou só aquecendo.
O raposa chutou uma pilha de destroços. As pedras voaram pelo ar, e o druida desviou com um salto ágil. O semi-humano girou no ar e desferiu um chute no abdômen do oponente.
O impacto jogou o druida contra a parede rachada. A estrutura cedeu ainda mais, depois de soltar uma nuvem de poeira.
— Chega de joguinhos! — rugiu o druida antes de focar toda a sua fúria nas lâminas ósseas de suas adagas.
Fenik tentou se esquivar, mas uma das lâminas encontrou seu rosto e abriu outro corte profundo. Ele grunhiu. Quando recuou, tentou recuperar o equilíbrio, sua bochecha latejava.
— Nada mal, mas... — disse Fenik. Mal teve tempo de completar a frase. O druida investiu de novo, mais rápido.
A adaga cortou o ar, enquanto mirou seu peito. Fenik torceu o corpo, mas a lâmina o encontrou no ombro e rasgou a pele e o músculo. Ele recuou com um passo trôpego. Quando se estabilizou, ofegava.
— Isso está ficando interessante... — murmurou enquanto estreitava os olhos, observou o druida com atenção renovada.
Por um breve momento, ambos se encararam. Enquanto isso, o vento varreu o terraço, quando arrastou fragmentos de pedra e poeira ao redor.
O druida avançou de novo, mas dessa vez com uma agilidade brutal. O ar vibrou ao seu redor. O semi-humano desviou por pouco. Porém, uma vinha espinhosa surgiu do chão. Ela agarrou seu calcanhar e o arremessou para longe.
Ele se contorceu no ar antes de cair em uma pilha de escombros com força. Rolou rapidamente e ficou de pé, mas o druida já estava em cima dele.
Fenik viu as lâminas e tentou desviar. Mas uma vinha agarrou seu antebraço e o puxou para baixo.
Mesmo preso, ele desferiu um chute alto no rosto do druida. Desta vez, o oponente mal recuou.
— Que droga! — bufou Fenik. O suor de sua testa se misturou com o sangue do rosto dele.
O druida não deu tempo para que Fenik se recuperasse. Girou as adagas nas mãos e avançou.
As lâminas cintilaram diante dos golpes rápidos. Fenik mal conseguia evitá-los.
Cada vez que ele se esquivava, vinhas brotavam do chão e agarravam-no de novo.
O druida acelerou. A adaga enterrou-se no ombro de Fenik com um ruído surdo. O jovem raposa vacilou, o rosto crispado. Uma cascata de sangue escorreu lenta, e o pânico silencioso o tomou. O druida, imóvel, observou.
— Essa fica de cortesia! — disse o druida.
Outro golpe com o cabo da adaga veio certeiro no estômago do semi-humano. O druida recolheu a outra adaga e a cravou no lado da primeira estocada. Fenik dobrou o corpo com o impacto quando cambaleou para trás. Uma golfada de sangue saiu de sua boca.
— Eu é que vou te mostrar uma cortesia — disse Fenik enquanto seus olhos varreram o terraço rapidamente. Em meio a saltos e piruetas, seus pés mal tocavam o chão quando o druida avançou de novo, implacável.
Fenik socou e chutou, mas os golpes do semi-humano perderam força, os passos arrastados, cada movimento mais pesado, como se o próprio ar fosse denso demais. Enquanto as lâminas cortaram o ar com facilidade e rasgaram sua pele de forma cruel — ombro, braço, coxa.
— Vamos ver o quanto você aguenta antes de implorar pela morte — disse o druida enquanto desferia cortes vindos de vários pontos diferentes.
— Você gosta disso, não é? — Fenik cuspiu sangue. Forçou um sorriso entre a dor.
O druida sorriu de volta. — Agora que resolveu ficar, não pode morrer tão rápido! — disse ele.
— É verdade... — Fenik grunhiu antes de tocar um anel de aparência estranha em seu dedo.
Um brilho irradiou de sua mão. Ele se impulsionou para trás, o máximo que pôde.
— Vou acabar com você em três golpes! — disse ele enquanto encarava o inimigo.
O druida preparou as adagas, no entanto, seu sorriso vacilou quando ele viu a intensidade daquela energia ao redor de Fenik.
— Ai vou eu!
O primeiro golpe veio com uma explosão de força. Uma joelhada acertou o estômago do druida. O chão rachou sob seus pés, e o corpo do inimigo voou para cima. Ele engasgou diante da força da pancada.
Antes que o druida se recuperasse, Fenik desferiu um chute giratório. O golpe acertou o peito e o jogou ainda mais alto.
Vinhas surgiram para defendê-lo, mas a onda de choque do impacto as destroçou. O druida ainda pairava no ar.
Fenik respirou fundo. Sangue saiu de seu nariz, mas o sorriso ainda estava lá.
— E agora... o último! — disse ele.
Ele saltou no ar e girou com a perna esticada. O golpe final desceu como uma lâmina de guilhotina na cabeça do druida.
A força do impacto sacudiu o prédio inteiro quando o corpo colidiu com o terraço. Rachaduras se espalharam pelo chão, e a estrutura começou a desmoronar.
Com uma última pirueta, Fenik se impulsionou para trás. Pisou na fachada do prédio um momento antes de ele ruir. Uma nuvem de poeira subiu antes de cobrir o ar com destroços e fragmentos de pedra. Ofegante, ele pousou agachado na rua larga à frente do prédio. Estava coberto de suor e sangue.
Seu olhar buscou algum movimento entre os escombros do prédio em ruínas.
— Eu te avisei... — murmurou. O cansaço finalmente dominou seu corpo.
— Fenik! — gritaram Yodama e Sybel. Eles correram diante dos destroços do prédio destruído.
Os pés de Yodama chutaram pedaços de pedra solta. Ele se aproximou do semi-humano.
Fenik, ainda ofegante, levantou-se com dificuldade. Suas pernas trêmulas, os cortes espalhados pelo corpo e o sangue mesclado à pele azul mostraram o quanto ele dera de si.
— Isso... foi intenso. — Fenik tentou sorrir, mas o esforço fez seu rosto se contorcer de dor. O impacto do golpe ainda reverberava em seus ossos.
Antes que qualquer um reagisse, uma nuvem de morcegos emergiu dos escombros. Giraram em espiral. As criaturas se transformaram no druida, que pousou suavemente na frente deles, como se o desmoronamento não tivesse ocorrido.
— Você é um idiota, sabia? — Sybel apressou-se. Suas botas levantaram poeira enquanto ela correu até o semi-humano. — Está feliz agora por ter corrido na frente?
— Claro, isso foi só um... arranhão. — Fenik murmurou. O sorriso forçado desmanchou-se logo em seguida.
As mãos dela já brilhavam com uma luz dourada. — Minha vontade era deixar você ferido por uma semana, para ver se aprende.
Yodama, com a mão firme na empunhadura de sua espada dupla, estreitou os olhos. Fitou o druida entre os destroços. Sua postura endureceu, e ele pressionou os lábios. O ar ao seu redor carregou-se de tensão. — Vou dar o sinal.
— Não adianta. — disse Fenik enquanto se colocou de pé com dificuldades. — Ele disse que matou os outros.
As palavras de Fenik caíram como uma pedra no ar. Sybel, ainda concentrada na cura, parou de repente. Seus dedos tremeram por um segundo. Os olhos dela se arregalaram, e sua respiração tornou-se mais curta.
— O que você disse? — perguntou Yodama.
— Você é surdo por acaso?
— Rogard... — sussurrou Sybel. Ela engoliu em seco e continuou a curar Fenik. A luz que envolvia seu corpo era firme e constante, mas a expressão no rosto dela estava abalada.
— Então... estamos sozinhos nisso. — disse Yodama. Sua voz soou baixa, mas sem o tremor anterior.
— Parece que sim. — disse Fenik, que, curado, se levantava para continuar a luta.
O druida avançou lentamente. O som dos destroços estalou sob seus pés, como se marcasse o ritmo de sua aproximação.
Yodama e Sybel se moveram de imediato; ambos se colocaram ao lado de Fenik. O cheiro de poeira tornou o ar mais denso.
— Vamos acabar com isso. — disse Yodama. Sua voz soou firme enquanto ele apertou a empunhadura da espada com força.
— Sim, vamos mostrar a ele que somos melhores.
Fenik, agora recuperado, sorriu. Mostrou aquele sorriso provocador que era sua marca registrada.
— É isso aí! Estou pronto! Vamos ver o que ele consegue fazer contra nós três. — disse ele.
O druida atacou primeiro. Fenik avançou para interceptá-lo, mas o inimigo ainda continuou rápido, mais do que ele podia acompanhar. Uma cutilada rasgou o ar e acertou o rosto de Fenik; o corte curado se refez.
— Droga, ele é rápido demais! — gritou Fenik. O sangue escorreu enquanto ele falava. — Yodama, tática número seis!
Yodama logo tomou seu lugar. Ele desferiu uma série de golpes rápidos com sua espada dupla.
— Fique atrás, Fenik! Vou segurá-lo! — rugiu Yodama. Sua lâmina cortou o ar com força.
Todavia, o druida moveu-se como uma sombra. Desviou de cada corte com uma precisão assustadora.
Sybel conjurou uma esfera de luz em direção ao druida. Rasgou o ar em alta velocidade.
— Fechem as laterais! Tática dois! — gritou Sybel, os olhos fixos no druida.
No entanto, o druida estendeu a mão em resposta. O ataque se desfez em faíscas diante do escudo mágico.
Então, ele arremessou uma adaga. Sybel ergueu um escudo mágico, e o impacto da adaga ricocheteou com um estrondo, enquanto a arma de osso voltava para as mãos de seu dono.
— Ele é rápido demais... — Sybel murmurou. Ofegava enquanto falava. — Assim, eu nunca vou conseguir pegá-lo!
Ela gesticulou rapidamente, e uma corrente de energia divina serpenteou pelo ar. Tentou envolver o druida. No entanto, ele já se moveu. Suas adagas cortaram o espaço ao redor enquanto ele avançou.
Yodama correu para interceptá-lo, mas o druida desviou. Sua lâmina cortou o ar rente à pele de Fenik.
Com um gesto preciso, ele invocou uma estaca de madeira. A estaca brotou do chão e rasgou a coxa de Sybel.
Ela grunhiu enquanto recuava com o ferimento. O sangue escorreu, e, ao mesmo tempo, uma coloração estranha avançou por sua pele.
— Veneno! — disse Sybel. Cambaleou enquanto conjurava sua magia. Uma luz dourada envolveu sua perna conforme ela lutava para manter a concentração.
— Fenik! — Yodama gritou. A lâmina dupla de sua espada colidiu com as adagas do inimigo.
Aproveitando uma abertura, Fenik girou. Desferiu um chute rápido. O druida esquivou-se e contra-atacou com uma estocada no abdômen. O semi-humano cambaleou para trás. O ar escapou de seus pulmões com um gemido surdo.
— Patéticos. Vocês vão morrer como os outros... — o druida zombou. Um sorriso cruel surgiu em seus lábios.
— Como assim, os outros? — perguntou Yodama enquanto trocou golpes com ele.
— Tive que quebrar o queixo da maga antes de degolá-la. Ela gritava demais. O garotinho? Nem teve tempo de gritar quando o parti ao meio. E aquele que se orgulhava do cabelo? Só precisei de uma facada para vê-lo se afogar no próprio sangue.
— E aí, Yodama? — disse Fenik enquanto pressionava o ferimento na barriga. — Achou que eu tava mentindo?
— Cale a boca! — Yodama rugiu antes de avançar em direção ao inimigo.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios