Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 95: Adeus, Futrespurco!

Eohippus está usando uma sela especial, um tipo de pequena plataforma bem amarrada nas costas, ela é confortável, bem equipada e segura, podendo sustentar até dez homens. Nessa sela estão Doug, Júlio, Elasmot e mais três homens de Majorem, homens aliados de Odília, são homens simples e trabalhadores comuns da cidade.

No caminho Júlio e Doug ficam sabendo como foi a criação da “sela”: Elasmot, com ajuda de alguns trabalhadores de Majorem, pegou vários itens do lixo, não do comum dos cidadãos, mas lixo de guerra e de utilidades mágicas.

Elasmot também diz que se inspirou em alguns contos e informações que leu sobre o líder de Prince, que criou carruagens mágicas e extraordinárias. Essa conversa deixa Júlio e Doug mais admirados pelo brilhantismo de Elasmot.

— Você realmente é um menino excepcional, você já sonha com que profissão e classe seguir?

— Sim! Vou ser igual aos meus futuros pais!

— Mas você sabe que você pode ser o que você quiser, que os seus pais vão gostar de você do mesmo jeito.

— Sim! Sei, sim, mas eu quero ser igual a eles, porque quem me adotar serão pessoas incríveis, e eu quero ser incrível igual a eles!

Júlio olha para o horizonte, escondendo a emoção que sente nas palavras animadas e esperançosas de Elasmot, e Doug diz, ainda se contendo para não chorar:

— Eu, como eu sou seu padrinho, eu vou ajudar a encontrar pais perfeitos para você.

— Obrigado, padrinho! Julião também vai ajudar?

Júlio força a voz para esconder suas emoções e responde:

— Sim... Faremos de tudo...

Elasmot está muito feliz por estar próximo do seu sonho de ter pais, ainda mais com a ajuda e otimismo que Júlio e Doug passam para ele.

— O dia mais feliz da minha vida está chegando...

Eohippus usa seu poder, chamando a atenção de Júlio e Doug, que veem de perto algo que já leram antes; a história de Blanco conta certas habilidades e poderes que seres mágicos podem ter e fazer.

— Inacreditável! É muito rápido!

Eohippus corre incrivelmente rápido, tão veloz que em certos instantes ele não encosta no chão; além disso, Eohippus se envolve em uma aura mágica que protege todos na plataforma de sofrerem muito com o movimento e o desequilíbrio, essa aura em forma de cone ajuda a cortar o vento e a afastar animas selvagens que pensem em atacar.

Por estar carregando muito peso, Eohippus não pode manter esse poder ativo por muito tempo, se cansando rápido; mesmo assim ele avança um grande percurso, adiantando muito a viagem deles. Chegando a noite, a velocidade diminui, e todos buscam um lugar para acampar e para se dividir, pois os três homens que estão com eles irão seguir outro caminho.

Depois de presenciar o real poder de Eohippus, Júlio questiona:

— Eohippus, é realmente “incrível”, eu diria até “fenomenal!” Por que o Império futrespurco não usa esse poder?

Elasmot acha legal Júlio dizer “incrível” parecendo com ele e ri alto com o apelido futrespurco.

— “Futespuco”? Futrespurco!

O nome é bobo e sem graça para os outros, mas a risada de Elasmot sensibiliza todos, até Eohippus demonstra ficar contagiado com essa alegria.

— Julião, você é muito engraçado! Futrespurco! É “Incrível”!

Enquanto Elasmot ri e faz mais algumas zombarias ao Império de Cristal, um dos homens explica para Júlio, referente à pergunta que ele fez:

— Alguns tentaram domar Eohippus, mas, por ser um animal “mágico”, ele sente maldade nos outros seres, ele prefere ser sacrificado a servir a algo ou a alguém ruim... Alguns homens de bem sempre interviam para que Eohippus não fosse morto, pois seu corpo forte poderia servir para alguma magia ou prática útil para o Império... Depois de tanto tempo atrasando esse assunto, um homem do Império... Ivan, isso, Ivan Brow, ele é um homem de nível alto do Império, ele foi derrubado por Eohippus e decretou a morte dele. Já que ele não serviria, o Império, ou melhor, dizendo, já que Eohippus não o serviria, então ele não serviria ninguém...

— Já ouvimos falar de Ivan, mas ele deu um prazo para que Eohippus vivesse?

— Sim, pois ele queria o irmão dele presente, o irmão dele é um poderoso feiticeiro do Império e, com os conhecimentos mágicos que tem, saberia como extrair melhor o poder necessário de Eohippus.

— Eles não usam magia para controlar Eohippus?

— Tentaram, mas parece que o poder dele é forte o suficiente para não ser controlado, pelo menos, não por todo o tempo.

Doug fica preocupado com o relato e reflete:

— Mas quando descobrirem que ele não está mais lá, não será um problema para todos?

O homem ri e responde:

— Obrigado por se preocupar, mas, sim, os responsáveis serão condenados à morte.

— Mas por que a graça? Isso é sério.

— Sim, é sério, me desculpe... Mas veja! Todos os responsáveis por Eohippus estão bem aqui, ninguém em Majorem será punido pela nossa fuga.

Júlio e Doug entendem melhor o plano de todos, Odília quer ajudá-los e, ao mesmo tempo, ajudar Eohippus e Elasmot.

— Entendi... Vocês estão saindo de Majorem para salvá-los?

— Sim, mas não se preocupe, temos famílias em Agnodice, é uma vila bem distante do “Futrespurco”, ficaremos seguros lá, e felizes por saber que tanto Elasmot quanto Eohippus estarão bem e longe do Império.

— Mesmo assim nós agradecemos, pois estão nos ajudando também.

— É um prazer, Odília sempre ajuda as pessoas em Majorem, é um prazer retribuir isso.

— Verdade, Odília é uma mulher “incrível”!

Doug e o homem riem pela referência ao “incrível” de Elasmot.

— “Incrível!”

Júlio se lembra do guarda que abordou Odília e comenta preocupado:

— Tive um mau pressentimento quanto àquele guarda.

Doug concorda com a cabeça, e o homem observa:

— É normal ela ser chamada assim, ela é importante na cidade, não deve ser nada preocupante.

Depois de um tempo, eles chegam a uma pequena floresta densa, os homens mostram que são habilidosos e acham rápido um bom lugar para ficarem. Júlio e Doug são proativos e ajudam a descarregar Eohippus, verificar se não estão invadindo território de algum animal poderoso e a ajudar a montar o pequeno acampamento deles, para passarem a noite.

Eles tiram a maior parte da sela de Eohippus, deixam só o necessário para suportar três pessoas, pois no outro dia os homens vão seguir para outro caminho.

— Não será ruim, não, conhecemos as vilas das redondezas, pegaremos cavalos para seguir viagem depois.

Eles limpam e alimentam Eohippus para que descanse tranquilamente, e perto dele foi preparada um grande espaço forrado, para Elasmot dormir ao seu lado.

— Padrinho! Julião! Durmam aqui do meu lado, Eohippus não se importa.

Todos estão tranquilos, comendo e arrumando as coisas para dormirem, nesse tempo um assunto de Elasmot ganha destaque.

— Eu não sabia que aquele bicho era venenoso, e era um veneno mágico! Muito incrível e muito dolorido!

— E o que aconteceu?

— Eu fiquei de cama por vários dias, sentindo dor, eu achei que ia morrer! Juro que achei!

— Mas você não morreu, porque você é forte.

— É verdade! E a vovó Odília me ajudou também, ela é médica e a única de pele preta e... E a mais legal também.

— Bom que ela estava lá para te ajudar.

— Sim! Eu fiquei triste também, porque ninguém ia me visitar...

— Mas e a vovó Odília?

— Ela não vale, ela já trabalha lá!

— Mas isso vai mudar, porque você terá pais que vão visitar e cuidar de você.

— Sim! Isso vai ser incrível! E eu também vou visitar eles quando eles ficarem doentes.

— Sim...

— Porque filho também cuida dos pais.

— Com certeza, filho é o maior presente...

Elasmot mexe e procura em uma mochila, e tira um frasco com uma gosma estranha, pega um pouco da gosma com sua mão e explica:

— Essa gosma que eu falei

Júlio e Doug se assustam, mas Elasmot informa:

— Ela não me machuca mais! Olha que incrível! Eu posso mexer nela agora, que ela não faz mais mal para mim!

— Sim, mas pode fazer a outra pessoa, melhor você guardar.

— Verdade, verdade! Vou guardar.

— E porque você a leva com você?

— Eu aprendi depois que um pouquinho, pouquinho mesmo, pode deixar alguns animais grandões mais calmos, calmos para dormir, assim eles não fazem mal.

— Entendi, mas toma cuidado com coisas assim.

— Pode deixar! Eu já sei mexer bem, aquela “Arbol” que foi trabalhar na cidade me falou que uma mão cheia dessa gosma pode até matar alguém, então eu levo pouco para não ter perigo de machucar alguém, porque eu sei que dói bastante morrer, não dói?

— Sim, dói muito!

Doug muda de assunto, narrando um conto que leu quando pequeno. A história chama atenção de Elasmot, que fica quieto, ouvindo, sentindo sono pouco a pouco. Júlio se afasta um pouco e agradece em pensamento.

 

“Deus! Obrigado por colocar pessoas boas em nosso caminho, isso acontece desde que saímos de Pronuntio, e até dentro dos territórios do Império o Senhor nos agracia com esse dom de encontrar pessoas boas... Finalmente saímos do território inimigo e estamos caminhando para um lugar seguro e longe de morte e sofrimento. Agradeço por eu estar bem e junto de Doug, sei que ele irá se recuperar do trauma em sua mente... Eu espero e peço que Meena e Rupert estejam bem também... Sempre penso neles e fico preocupado com o que eles possam estar enfrentando... Por favor, Deus, ajude-os também, pois sei que eles têm boas intenções e um bom coração... Sei que não estava nos nossos planos, mas sei que também é o desejo de Doug. Deus, por favor, nos ajude a encontrar um lar e pais para Elasmot, esse menino é tão especial, que merece ser feliz mesmo em épocas assim, é um amor puro e inocente como o dele que trará mais amor divino a todos... Entre tantos itens mágicos e poderosos, eu nunca estive tão perto desse, Elasmot com certeza é o item mais valioso que já encontrei e vou encontrar na vida.”

 

Doug e Elasmot estão cansados e vão caindo no sono pouco a pouco conforme Doug conta a história. Júlio observa de longe e sorri feliz em ver algo tão calmo e caloroso.

— Obrigado, Deus...

Os homens se unem e informam a Júlio:

— Você pode dormir também, pode dormir sem medo, essa área é pacífica, e já estamos acostumados a dormir tarde, iremos fazer só mais uma vigia e dormiremos em seguida.

— Se precisarem de algo, podem nos chamar.

— Sem problema...

Antes de ir dormir, Júlio questiona:

— Posso fazer mais uma pergunta referente ao Elasmot?

— Sim, pode falar.

— Odília parece que estava planejando há algum tempo que ele fosse para Pando, mas por que não o enviou antes?

— Odília não conhece Pando e nem as pessoas de lá, eu mesmo tenho certo receio por esse lugar e seus moradores. Desculpe-me a grosseria, mas é um povo “estranho”, não só pela vida que eles escolheram viver, mas pelas guerras que esse clã da floresta já travou...

— Entendo...

— Mas Odília viu algo bom em vocês, e eu confio nela, e até agora eu também vejo isso... Diz também que a “Floresta” não é agressiva contra os seus semelhantes, então ela achou melhor ter pessoas como vocês para levá-lo, mais seguro, entende?

— Sim, entendi... Bom que chegamos para ajudá-lo.

— Não só ele, mas Eohippus e nós também, há tempos queremos sair do Império, mas precisávamos de uma justificativa e plano melhor do que simplesmente abandonar a cidade.

Júlio agradece a atenção e o favor que estão fazendo para eles, pois também precisam se afastar o quanto antes do Império. Júlio deita-se com Doug e Elasmot, esperando seguir viagem no dia seguinte.

A noite está fria, mas a fogueira deixa o clima aquecido, a floresta é tranquila, tendo só pequenos barulhos de insetos e animais noturnos, o céu está aberto, mostrando as luas e as estrelas no céu, tudo está bonito e pacífico.

No fim da madrugada, perto do amanhecer do sol, Júlio acorda por ter ouvido um barulho estranho, ele desperta preocupado e, olhando ao redor, não vê nenhum dos homens.

— Será que eles já foram?

Júlio repara que os pertences deles ainda estão ali.

— Não... Algo aconteceu...

Júlio pensa em acordar Doug, mas percebe que, se acordá-lo, Elasmot também acordará, e poderá preocupá-los em vão.

— Melhor ver antes o que aconteceu.

Júlio caminha e usa seu poder para tentar localizá-los e fica feliz por sentir a presença deles e não sentir sinais de perigo.

— Ótimo, estão bem...

Júlio caminha até eles para verificar se tem algo acontecendo e estranha.

— Por que eles entraram aqui? Essa parte está bem densa... Esse cheiro...

Depois de passar por alguns arbustos altos e árvores, Júlio se depara com algo aterrorizante.

— Meu Deus!



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