Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 87: Edo sob Ataque

O alimento que Winton deu forçou Romanze e Taikuri a dormirem direto, foi uma forma de ajudar os rapazes a descansarem mais, mas isso não os deixou aproveitar a intimidade que desejavam. Eles têm uma boa noite de sono, sono mais extenso que o normal. Romanze e Taikuri acordam com Winton os chamando.

— Rapazes? Acordem! Vocês me ouvem?

Os dois estão com uma leve dor de cabeça e se sentem fracos, eles olham ao redor e veem que estão no chão do seu quarto do hotel, está quase tudo escuro, tendo só algumas velas acesas.

— O que houve?

Winton está com muito medo e responde preocupado:

— Eu não sei, eu acordei com um grande barulho, um estrondo forte, deu para sentir a terra tremer... E acordei aqui no chão também... Está frio...

Ao se instabilizar mentalmente, Taikuri usa magia e tenta achar alguma resposta ou pistas do ocorrido. Romanze se preocupa, ao sentir que pode ser algo grave.

— Tome cuidado.

— O que Taikuri está fazendo?

— Ele está imergindo sua mente em magia para ser mais preciso em sua análise.

Os olhos de Taikuri embranquecem, uma aura toma seu corpo e se conecta a tudo no quarto, essa conexão entre os três e o anel de Winton fica visível, gerando mais dúvidas entre eles.

— O anel? Por que ele está ligado ao poder de Taikuri?

Taikuri volta a si e responde, com um ar sério e aflito:

— Uma magia tomou o reino...

Romanze se levanta e vai até a janela.

— Estava de manhã, e já estamos de noite, dormimos um dia inteiro?

— Não... Estamos na manhã sim, mas a dois dias depois do nosso lanche e estudos da magia do reino; depois do Winton ter ido à reunião, nós... Dormimos, e... Só acordamos agora... Senhor Winton? Você se lembra de algo depois que saiu daqui?

— Não...

— A magia de Úrsula colocada no anel está nos ajudando contra esse poder ofensivo, mas só agora acordamos.

— Por que eu acordei primeiro?

— Ele está focado em cuidar prioritariamente de você, pois nós dois temos poderes para nos defender.

— Até onde vai esse poder ofensivo?

— Não sei ao certo, mas posso garantir que ele tomou o reino.

— Tomou? Como assim?

— A magia que protege o reino está agindo contra todos os moradores dele agora, eu posso sentir.

— Não! Não pode ser possível, nós vimos isso hoje, não, há dois dias! Estava longe de perigo.

— Sim, longe, mas não impossível... Algo deve ter acontecido.

— O que mais você vê? Tem como reverter?

— Não sei ainda, essa magia é poderosa, e eu não consigo ver muito além do hotel em que estamos... Romanze? Vê alguma coisa?

Romanze também usa magia para identificar algo, mas sem sucesso.

— Não... A magia é forte demais para nós, talvez, em outro ponto do reino, dê para analisar melhor.

Taikuri se aproxima de Romanze, se posicionando atrás dele, coloca suas mãos na cabeça do companheiro, entrelaça seus dedos entre os cabelos dele e diz, segurando forte:

— Para nós juntos, não!

O encantamento de Taikuri toma a cabeça de Romanze e potencializa seu feitiço de análise, fazendo com que seus olhos fiquem escuros, energizados e com uma ampla visão mágica.

— Sim... Eu vejo...

Edo está dentro de uma cúpula negra que faz todo o reino ficar sem a luz ou contato externo. Está tudo escuro, repleto de uma neblina estranha e do encantamento que envolve tudo e a todos.

Com seu poder ampliado, Romanze vê mais do reino, observando rastros de batalha em toda parte, muitas construções destruídas e com marcas da guerra que ainda está acontecendo. Estranhamente ele não vê e nem se conecta com nenhum ser vivo, mas é claro que há muitos pelo reino, que estão se movimentando.

Olhando para perto de chamas, velas, e pedras luminosas, Romanze nota que há algumas pessoas se agrupando e se defendendo de algo, como se um exército estivesse invadido o reino e atacasse tudo pelo caminho.

— Existe uma proteção extra no castelo, não consigo saber se estão bem, mas o resto do reino está enfrentando algo que eu não consigo ver.

— Por que será?

Taikuri se lembra de algo e comenta:

— Pode ser magia macabra... Elas são mais difíceis de averiguar.

— É estranho e infelizmente uma boa possibilidade... Mesmo com sua ajuda, eu não posso ver tudo que eu queria ver.

Winton pensa em algo, mas seu raciocínio é interrompido por um grito vindo de dentro do hotel:

— Alguém precisa de ajuda!

Winton corre para sair do quarto em direção do grito, mas Romanze o impede.

— Não!

— O que houve?

— Se estamos em uma situação dessas, devemos salvar você e fugir.

— E as pessoas daqui?

— Não sabemos a situação, precisamos verificar como está a segurança, a liderança e achar uma forma de retirada.

— Certo... Você está certo, não podemos agir impulsivamente.

Romanze e Taikuri analisam o quarto e pegam alguns de seus pertences.

— Isso deve dar...

— Vamos!

Eles saem do quarto juntos, com precaução e em alerta para algum perigo. Taikuri se recorda das medidas de segurança do reino e comenta com ironia.

— Ótima ideia deixar as armas e a concentração da guarda e força nas extremidades, agora nem nós temos armas adequadas para esse “evento”.

Romanze concorda com ele, mas enfatiza:

— Não tem volta, é agir com o que temos, infelizmente...

Winton fica pensativo e muito preocupado, no caminho eles veem alguns quartos com as portas abertas, revelando que o hotel está vazio. Ao chegarem ao térreo, Winton tem uma ideia.

— Na reunião eu ouvi sobre saídas, túneis estratégicos para casos assim... Podemos tentar usá-los para salvar não só nós, mas as pessoas daqui também.

— E onde é?

— Eles não contaram sobre todos, mas sei que tem no castelo.

— Vamos tentar. Você está liderando isso, então vamos.

Eles não encontram de onde vinha o grito, o casarão está todo deserto e sem rastro de luta. Taikuri acredita que seja por causa do anel, que deve te afugentado e ocultado a presença deles para não atrair ninguém.

Antes de saírem do hotel, um homem ensanguentado entra e os ataca com uma faca comum de cozinha. Por impulso, Romanze usa magia gélida para neutralizar seu atacante e jogá-lo contra a parede, antes de matá-lo. Winton intervém:

— Por favor, espere!

O homem balbucia e, antes que grite para chamar reforços, Taikuri o cala com magia e alerta.

— Ele irá denunciar nossa localização.

Winton vê que o homem está longe de ser comum. Mesmo muito sujo de sangue, dá para ver que a humanidade foi tirada dele, deixando só fome, raiva e pequenos instintos para caçar.

— O que está havendo? Não tem cura?

Taikuri se aproxima e, apontando sua mão para o homem, conjura.

— Anamnese!

Essa magia permite uma conversa saudável e pacífica com a mente do homem. Sem sucesso e depois de mais uma tentativa, Taikuri conclui:

— A mente dele está destruída... Temo que até a alma dele também esteja.

— É tão grave assim?

— Sim, consigo analisar o estrago que pode fazer em um ser comum...

Taikuri olha para a saída do hotel e sai, Romanze usa magia para fazer o homem dormir e sai com Winton, atrás de Taikuri. Ao saírem, Taikuri diz:

— Senhor Winton, não falamos um detalhe do que vimos... E agora, com essa informação nova, eu preciso que o senhor se prepare para ver o pior.

— Tudo bem, eu já vi cenas ruins de batalhas antes... Mas pelo ar da sua análise, acredito que será pior do que tudo que eu já vi.

— Temo que sim...

Winton anda um pouco e se depara com o estado do reino e da dimensão do que está acontecendo. Ele sente enjoo e vontade de vomitar, ao ver cenas que o chocam. Taikuri usa magia para melhorar o bem-estar de Winton que diz, depois de se sentar no canto do lado de fora do hotel:

— Que horror é esse? O vale da morte chegou nesse lugar.

Edo está banhado de morte e sangue, no chão das ruas, postes, muros e nas paredes há rastros de sangue, pedaços mortais humanos e de animais domésticos.

O cenário mostra que algo muito terrível dominou o reino em todos os sentidos, o cheiro ruim e de podridão é forte, causando desconforto em qualquer um.

A cúpula mágica que bloqueia a luz solar deixa o reino em total escuridão, dependendo só de poucas fontes de luz, entre elas estão os incêndios causados pelas batalhas, postes com luminária e torres com pedras mágicas que estão fracas por estarem muito tempo sem recarregar.

— Essa neblina também está dificultando a visão...

— Nós vimos nos estudos que dá para controlar a defesa do reino, então podemos tomá-lo de volta?

— Não é tão simples, se quem tomou o poder fez outros pontos de proteção, essa nova “proteção”, maldição, será mais difícil de enfrentar... Precisamos ir atrás dos focos da magia.

— É fácil localizar?

— Não, mas se chegarmos ao castelo, nós podemos descobrir mais e montar um plano.

— Ótimo. Vamos imediatamente para lá.

Um grande estrondo é ouvido, fazendo o chão tremer, algumas estruturas parcialmente destruídas cedem e causam mais destruição, fogo e mais barulho. Winton identifica como sendo o mesmo som que o despertou antes.

— Novamente esse barulho... Algo a mais está acontecendo.

Taikuri e Romanze se olham com preocupação, sentindo que pela primeira vez estão em um evento muito perigoso e mortal. Eles se beijam como forma de dar força um para o outro e seguem com Winton em direção ao castelo. Taikuri se concentra em um encantamento e diz:

Animalis Amicus!

Essa magia chama os cavalos mais próximos de dentro do reino, infelizmente eles estão cansados e machucados; após avaliar, Romanze conclui:

— Esse não poderá nos ajudar... Vamos nós dois em um só.

— Certo, e Winton irá sozinho no outro.

Romanze usa sua energia para auxiliar os cavalos, para que eles não cheguem à exaustão e para que a velocidade seja maior que o normal. Ainda na área Tokonoma do reino, eles se deparam com mais corpos mortos e seres com vestes do reino lutando entre si, tanto com roupas de aldeões, nobres ou soldados, mas todos agem enfurecidamente, atacando uns aos outros e comendo da carne do outro.

Muitos gritos, sangue e mortes a cada passo em direção ao destino. Winton fica chocado e pensa em ajudá-los, mas Romanze o alerta.

— Não sabemos ao certo o que está acontecendo, melhor irmos ao castelo primeiro.

— Mas e essas pessoas?

— Eles estão corrompidos pelo poder do mestre de maldição que tomou o reino, eles não são mais os mesmos.

— Mas nenhum entre eles está... Normal?

— É arriscado parar e analisar um a um.

Os três observam para ver se alguém não enfeitiçado se destaca. Nesse tempo alguns amaldiçoados os atacam.

— Cuidado!

Vendo de perto, Winton fica mais triste ao ver seres comuns e inocentes sendo dominados por um poder tão maligno, pois, mesmo no estado em que estão, dá para se ver a tristeza e o desespero nos olhos dos seres afetados.

Os atacantes balbuciam e gritam enquanto atacam com itens que têm nas mãos ou com unhas e dentes. Um cavalo é ferido e morto, o outro é defendido pelo poder de Taikuri e Romanze que, além de defendê-los, mata os agressores, fazendo alguns outros recuarem enquanto eles se afastam para voltar para o caminho até o castelo.

— Viu? São todas marionetes agora.

— Eles estão sendo controlados?

— Não, parece que algo está afetando a mentalidade de todos, todos estão como canibais ferozes e com muita fome.

— Mas eles podem voltar a si?

— Não temos certeza.

— Por favor, se eles podem voltar ao normal não os ataquem para matar, só imobilizem.

— Você viu que eles tentaram nos matar?

—Porque não estão em sua sã consciência... Por favor, não os matem, precisamos salvar o máximo de vidas possível.

Romanze e Taikuri dão o cavalo deles para Winton e vão a pé atrás de Winton; mesmo assim, eles seguem com velocidade boa e sempre em alerta para algum perigo.

Por ter alguns lugares destruídos e algumas passagens obstruídas, eles demoram um pouco mais, mas chegam bem na próxima área.

— Kotatsu... Está cada vez pior...



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