Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 77: Os Infames

— Conseguimos!

Jake pega a espada, corre e ataca a parede, que separa ele de Donny. Com um pouco de esforço, ele passa por ela, mas fica enroscado por galhos que crescem rapidamente. Donny o ajuda a se libertar e a enfrentar as pontas, que miram sempre em pontos fracos do corpo e da armadura deles.

— Esse mato só aplica golpes baixos!

— Acho que ela não visa “honra” em luta.

Jake volta a tocar enquanto Donny cuida de sua defesa, o toque agora é mais rápido e agressivo, usando isso mais poder mágico para ajudar Pedro a destruir a parede e voltar a unir os três; o escudo de Pedro é encantado, ele o coloca na frente de seu corpo e atravessa a parede.

— Precisarão de mais para nos separar!

Quando os três se unem, mais flores surgem nas paredes do labirinto onde eles estão.

— Cuidado! Mais armadilha!

As flores soltam gases e jatos líquidos, eles se esquivam e correm para longe, mas alguns acabam acertando-os; eles percebem, mas estranhamente ignoram e continuam correndo, em pouco tempo eles diminuem a velocidade até andarem, eles caminham e ficam sem falar ou expressar qualquer reação, presos em um tipo de controle estranho solto pelas flores.

Pedro tem uma boa resistência e se concentra para se libertar e ajudar os outros, nesse tempo eles chegam a uma grande área aberta dentro do labirinto. Donny e Jake estão ofegantes e cansados, Pedro se mantém compenetrado analisando a área e diz:

— Comam rápido a flor que achamos para recuperar nossa fadiga.

Eles comem enquanto Pedro pensa em qual caminho seguir, ele tem uma intuição e olha com otimismo para ela; antes de anunciar sua escolha, quatro árvores crescem à frente deles e bloqueiam esse caminho. As árvores crescem, chegando à fase adulta, no fim, uma rachadura se faz no tronco, liberando algo de dentro de cada uma delas: quatro inimigos usando armaduras de madeira, uma diferente da outra.

Ao notarem seus inimigos, os três se espantam, e Pedro diz bravo.

— Isso vai ser prazeroso!

Donny e Jake estão receosos, mas reúnem otimismo e coragem.

— Tem certeza disso?

Os quatro inimigos estão sérios e hostis, eles têm como aparência a de Rupert, Meena, Júlio e Doug.

— Sim, já ganhamos dos “infames” antes, ganharemos de novo.

— Mas eles não são os reais. — Mas devem ser fracos igual aos originais.

Rupert está com uma armadura de madeira com folhas verdes, um escudo pequeno e uma espada média. Meena está com uma armadura de madeira com espinhos e em cada uma de suas mãos ela está segurando um espinho grande.

Júlio está com uma armadura de madeira fina, com flores diversas e um galho grande, como um cajado com um fruto escuro preso na ponta. Doug está com uma armadura grossa de madeira com pequenas frutas pequenas presas na parte inferior da armadura, ele usa punhos de couro e em cada um há uma flor de cor clara.

Os quatro avançam e são recebidos por Pedro, que toma a frente da luta com entusiasmo.

— Sigam o plano!

Pedro ataca um por um e se distancia, para não ser atacado por mais de um ao mesmo tempo; durante seus ataques, ele testa seus inimigos, passando a informação para Donny e Jake.

— Armadura é de madeira, mas é mágica, cada uma dá uma vantagem e defesa diferente, a técnica de luta deles é parecida com a dos verdadeiros...

Donny ataca por outro lado, mirando em Júlio.

— Se são iguais, sei aonde devo ir primeiro.

Donny é bem-sucedido inicialmente com seu ataque, mas a armadura de madeira com flores inala um odor agradável e que afeta e irrita seus sentidos, principalmente seus olhos, e, ao ser atingido, Donny recua.

Jake começa a tocar, mas seu poder está sendo neutralizado pelas armaduras de madeira de Rupert, que emanam uma aura sempre que a magia de Jake tenta afetá-los, Jake percebe que não consegue causar danos ou efeitos em seus inimigos, mas consegue defender a si e a seus amigos.

— Vamos dar uma bela apresentação para o Electi que nos assiste.

Jake corre pelas laterais da área para não ser alvo e para que, toda vez que seja ele, consiga fugir, nessa manobra ele toca, centrado em defender e potencializar ataques de Donny e Pedro.

Corda dupla...

Os maiores desafios estão em Doug e Rupert, que parecem ser mais habilidosos entre esses quatro, em um pequeno gesto, Pedro faz sinal para que Donny o ajude em uma tática arriscada. Ambos atacam e rodeiam o grupo inimigo, esperando uma oportunidade para pegar um ao mesmo tempo.

Em uma brecha da defesa, os dois derrotam Meena em um ataque total, centrando a força de ambos onde a armadura não protege muito, a armadura dela solta vários espinhos que acertam até Rupert e Doug e causam-lhes ferimentos leves; por medo de ter algum veneno, Pedro e Donny recuam e se aproximam de Jake para verificar.

— Tomem essas flores que vão nos ajudar em nossa imunidade.

O corpo de Meena enruga e murcha, virando madeira seca e morta.

— Menos um!

Rupert, Júlio e Doug ficam parados, vendo Meena, até que a imagem dela desapareça totalmente, sobrando só um tronco morto no chão. Em seguida avançam contra os três, e, enquanto eles prosseguem, um tremor toma a área.

— Mais uma armadilha!

Júlio solta uma energia grande, que é defendida por Jake e Pedro; eles não sofrem dano, mas geram uma explosão que os afasta, deixando-os próximos de outros corredores do labirinto, cada um cai próximo de uma passagem, os três são atacados, ficando cada um com um inimigo e em corredores distantes um do outro.

O encontro inicial é fácil, Pedro estranha e, antes de dizer seu plano, eles são surpreendidos por raízes que se entrelaçaram em seus pés e os puxam para mais longe da grande área em que estavam.

— Querem nos dividir de novo!

Eles são arrastados, separados e seguidos por um inimigo cada, no percurso cada um escapa das raízes de um jeito. Pedro usa sua força e sua espada, em seguida se posiciona com seu escudo e diz, esperando Rupert se aproximar.

— Líder de merda! Venha que vou mostrar quem é o melhor!

Donny se contorce e se solta, com a ajuda de uma adaga, ao se soltar, ele se posiciona e espera o primeiro golpe de Doug.

— Nada pessoal, Doug, mas essa sua versão é sem graça...

Jake demora a se soltar, mas, com sua destreza e habilidades, não sofre muitos danos por ser arrastado. Depois de se soltar usando sua energia para queimar e enfraquecer as raízes, ele vê que seu violino está danificado, mas ainda consegue usá-lo para algumas notas musicais.

— Estou em um solo e com equipamento quebrado, não podia estar melhor...

— Jake Aurantiacis!

— Pelos Electi! Você fala?

Júlio avança rápido, no percurso, Jake usa magia para fazer seu violino arremessar flechas como se fosse uma balestra, as flechas são reais e algumas estão ornadas com flores hostis do labirinto. Júlio gira seu cajado, aparando e se defendendo de todos os projéteis.

— Ele é bom...

Jake se concentra para um ataque certeiro, essa flecha em especial é encantada e acerta em cheio na perna de Júlio, mas não o debilita, ele se aproxima e ataca com o cajado, o primeiro golpe Jake esquiva e vê que esse golpe carrega uma força sobrenatural, por destruir o chão onde tocou.

— Isso poderia ter quebrado meus ossos!

Jake é fraco em disputa de força e opta pela sua vantagem, que é a destreza. Em uma luta corpo a corpo, Jake fica mais na defensiva, esperando brechas para agir, ele ataca a perna que está ferida, mas vê que não surte muito efeito.

— Júlio, meu amigo, você não era assim.

Júlio ganha mais velocidade e chega a acertar Jake, esse golpe não causou nenhuma dor física, mas Jake sente uma fraqueza em sua energia, logo ele tem um flash de memória, que toma seus pensamentos.

Sem defesa, Jake é acertado por mais golpes, que geram mais desses flashes, os quais mostram atitudes ruins que ele já fez em vida. A cada golpe certeiro, Jake sente fraqueza e dor de cabeça; essa dor traz, além do flash, a culpa do momento, afetando o seu psicológico.

— Por que isso agora?

Jake apanha ao ponto de chorar, suas lembranças ficam cada vez mais fortes, mudando seu humor e raciocínio. Júlio para e vê Jake em depressão, ajoelhado no chão, Jake tem um pequeno apagão em sua mente, e a primeira imagem que vem em seguida é uma lembrança tranquila, em Pronuntio, na sua infância; ele vê todos os seus amigos e em especial Donny e Pedro, que sempre estiveram com ele até para fazer coisas ruins.

— Meus amigos...

Em sua mente ele se lembra de Onilda, orientando-os a seguir por caminhos bons para se tornarem honrosos e honestos.

— Mestra... A senhora sempre viu possibilidade de melhora em nós... Obrigado...

Jake se lembra do último dia de Pronuntio, de um trecho da carta que Onilda mandou para eles, falando a importância do autoconhecimento e da união, união não de um grupo de guerreiros, mas de amigos e família, no qual se mantém e aumenta cada vez mais o amor do criador, “O desejo de Deus”. A dor e a culpa diminuem ao ver que o passado era só um casulo, uma pré-formação para o que iria se tornar.

— Eu posso ter sido uma criança “ruim”, mas hoje eu sou um adulto decente! Se eu errei antes, foi para saber a peso das consequências e o caminho a ser feito depois!

O efeito da magia tenta afetar novamente sua mente, mas ele não deixa.

— Não! Não serei levando por maus pensamentos, eu sei que tenho muitos bons, e minha mente é superior a qualquer maleficio.

Jake foca em bons feitos e situações felizes que teve em Pronuntio e em sua aventura com seus amados amigos Donny e Pedro.

— Júlio!

Jake sai totalmente do poder que foi usado contra ele e corre, abraçando Júlio, que fica imóvel.

— Júlio... Eu sinto muito pelo que houve no passado, se eu pudesse escolher, escolheria que nós, os Infantes, fôssemos um grupo novamente, unido e nos aventurando juntos...

O corpo de Júlio vira madeira, as flores que estão na armadura florescem mais, criando outras flores por todo o corpo, Jake continua abraçando e sente um calor confortante e amistoso, ele sorri e ouve o Electi falar com ele.

— Confesso que é raro alguém assim como você, muitos acabam abraçando o lado ruim, esquecendo que podem sempre ser melhores... Agradeço por me dar mais esperança nos mortais, mas o desafio de vocês ainda não acabou...

Doug diz bravo enquanto caminha para atacar Donny:

— Donny Rubrum!

— Você tem consciência? É a mesma de Doug?

— Desde que vocês foram capturados pelo Império de Cristal, você sabe que não voltará para Pronuntio... Eu te confirmo isso, vocês nunca mais voltarão para lá!

— Menos conversa e mais ação!

Donny ataca Doug, que só se defende e o ofende:

— Você se esconde por trás dos seus amigos, o menos habilidoso, “carregado”, o peso morto dos heróis de Pronuntio.

— Calado!

— Você dá pena... E essa história de casal falso?

Donny concentra todas as suas energias para potencializar seus golpes, acertando Doug algumas vezes. Doug ri e continua:

— Quanta idiotice! Isso é inveja de Júlio e Doug?

Donny é incentivado a responder, para ser afetado pelo poder mental que está sofrendo, mas ele resiste firme, pensando só em atacar. Doug fica mais sério, revida alguns golpes e continua a provocá-lo.

— Tudo o que você faz é seguir os outros, não tem opinião própria!



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