Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 74: O lazer antes da tarefa

— Isso!

— A entrada estará disponível tarde da noite, ou no início da manhã.

— Precisamos de algum tipo de ritual, item...

— Não, quando chegar a hora, aquela pilastra acenderá, enquanto ela tiver acesa, o portão ficará aberto.

— E como será o desafio?

— O espantalho sentirá a fraqueza de vocês e seu potencial, se tiver sorte, ele fará uma prova, focando em seu talento, assim será fácil... Um conselho que posso dar é: tenham cuidado com seus pensamentos, ele não lê a mente, mas sente o pensamento momentâneo, que muitas vezes é traiçoeiro.

Pedro reverencia, como sinal de agradecimento, e questiona:

— A senhora tem algum conselho do que fazer? O que enfrentaremos na Magia Electi?

— Claro, meu conselho é simples: volte para casa, pois é um grande risco.

Senda sorri e segue seu caminho. Pedro fica parado e vê Donny e Jake segurando o riso novamente, Pedro ameaça bater neles e Donny diz:

— Mas ela tem razão, não pode ser revelado algo Electi assim.

— E precisam rir de mim?

— Não estamos rindo de você, mas com você.

— Estranho, pois eu não estou achando graça.

— Aparentemente não, mas nós podemos “sentir seus pensamentos momentâneos” e eles dizem “comédia”, “comédia”, “comédia”...

Pedro ri com eles e diz, mais animado e otimista.

— Vamos ajudar o pessoal na festa que vão dar, assim passa melhor o tempo.

Donny e Jake concordam, e Jake elogia.

— Pedro querendo ajudar, estranho... Realmente nosso líder se tornou um homem.

Pedro bate em Jake e diz.

— Parem de me caluniar, desde que começamos a missão, eu ajudo todos.

Donny faz carinho onde Jake levou o soco e afirma:

— Verdade, ele ajudou por todos os lugares que nós passamos, mas não precisa bater no meu “querido” assim, ele é frágil.

Jake bate em Donny e diz:

— Não sou “frágil”! Idiota.

— Você não reclamou do “querido”.

Jake dá outro soco e responde:

— Tinha esquecido, e toma mais um, se por acaso eu me esquecer de novo.

Donny se esquiva, e Pedro pede:

— Parem com isso! Pelo menos façam na frente das mulheres, que amam ver essa “encenação” romântica e melada.

Pedro e Donny caminham, mas percebem que Jake ficou parado, eles veem que o companheiro está admirando a plantação com o espantalho e comentam:

— É um lindo lugar, mas aquele espantalho é estranho... Meio medonho.

— Pedro tenta ver, mas diz:

— Você tem uma boa visão, não vejo quase nada dele... Mas, se é um “Espantalho”, o trabalho dele é “espantar!”, então não se importe muito com ele, porque ele quer nos espantar, e isso está fora de questão.

— Sim...

Eles ficam um pouco ali, admirando a plantação, que é a maior da ilha, muitas pessoas trabalhando nela e algumas crianças se divertindo em um canto reservado para elas, o clima é simples e agradável. Pedro vê que tudo isso os levará a memorias antigas, para não falar sobre elas, ele incentiva a retirada deles.

— Vamos logo, precisamos estar focados para a noite.

Os três seguem para a festa que está sendo organizada e logo veem oportunidade de ajudar, eles são informados mais de uma vez de que eles não precisam auxiliar, mas eles insistem e auxiliam na preparação em vários pontos, como arrumar comida, levantar barracas, palco, assentos, direcionar pessoas, limpar, consertar, entre outros afazeres que os deixam um pouco exaustos. Pedro comenta em um intervalo para descanso.

— Não imaginei que daria tanto trabalho.

— Verdade... Mas foi gratificante.

— Sim, está bonito, gostei da ilha e dos seres daqui.

Donny comenta:

— Pedro achou bonito todos os lugares que passamos.

— Sim... Talvez eu esteja apaixonado pela vida.

— “Apaixonado pela vida”? Ele só pode estar drogado!

Donny e Jake riem, e Pedro bate nos dois, novamente de uma forma de brincadeira. Donny entra na frente, para não deixar Jake apanhar. Uma mulher vê a cena, estranha, se aproxima e os questiona, com tom alto de surpresa.

— Esperem! Vocês três! De onde são?

Eles estranham e respondem de prontidão:

— Somos aventureiros de Pronuntio...

— O que vocês são?

— Não entendi.

— Eu vi o jeito que vocês dois estavam.

Outras pessoas se aproximam, e Pedro fica na defensiva e questiona sério:

— Qual o problema? Não entendi o porquê dessa abordagem.

A mulher se aproxima de Pedro e indaga olhando bem nos olhos dele.

— Você é diferente, por que anda com eles?

— Eles são meus amigos, por que eu não andaria?

— Você não me entendeu...

A mulher fala de uma forma mais tranquila e olhando para Donny e Jake, que estão sem saber o que falar.

— Vocês dois, estão “juntos”?

Jake entende a referência, mas questiona com vergonha.

— “Juntos”? Como assim?

A mulher perde a paciência e grita com eles.

— Se vocês têm um caso romântico? Como um casal?

Por causa do plano de casal falso, Donny responde por impulso, como a maioria das vezes que questionam isso.

— Sim, somos um casal.

Pedro olha com receio para os outros que se aproximaram com a mulher e espera agressivamente para responder às ofensas, faltando pouco para pular em cima de qualquer um que tentar algo. A mulher fica chocada ao ouvir a resposta de Donny e grita:

— Não acredito! Pessoal! Venham aqui!

Outras mulheres e meninas saem do meio da multidão, e a mulher agradece Donny e Jake, pegando em suas mãos.

— Quanto tempo nós não vemos Descendentes de Ivo aqui na ilha, adoramos as histórias de vocês.

Pedro fica paralisado, sua pose de briga o deixa como um tolo parado. e Donny e Jake ficam sem entender.

— “Nossas histórias”?

— Sim! Vários contos e mitos da Floresta de Pando são espalhados para os amantes de arte, essa arte linda que é o “amor proibido”, “amor entre amigos”, “amor acima dos defeitos”...

A mulher se empolga, dizendo vários outros exemplos de contos que já ouviu do clã de Pando. Pedro, Donny e Jake acham engraçado o fato de eles acharem que seriam criticados negativamente pelas ações deles e agora descobrem que tem fãs desse amor na ilha. Donny aproveita a oportunidade, abraça Jake e diz, olhando para as fãs:

— Ficamos gratos pelo carinho e a atenção de vocês por apreciarem as histórias dos nossos “irmãos” de Pando!

Elas ficam encantadas e uma pergunta:

— Vocês são artistas?

— Sim, sim! Cantamos, tocamos, dançamos e até recitamos...

Jake cutuca e fala baixo para Donny:

— Não se empolgue, não podemos fazer tudo isso, temos missão no fim da noite.

As mulheres conversam entre si, questionando o cronograma da festa e pedem para que eles cantem algo. Com o moral elevado, Pedro diz:

— Sim, com certeza, tudo para agradar a essa ilha, que nos recebe com tanto amor e carinho.

Tudo é ajeitado rapidamente e facilmente Donny e Jake são encaixados entre uma apresentação e outra. Uma das pessoas que vai atuar também é fã dos Descendentes de Ivo e pede para que eles toquem com sua apresentação.

Pedro, por liderar o grupo e por cuidar da fama dos amigos, acaba marcando sua boa experiência e costume em tratar com eventos assim. Ele envolver Donny e Jake em outras apresentações, colocando o dueto deles para o final, deixando o público ansioso e animado por saber que terá uma apresentação feita por profissionais e amantes de longa data.

Jake deixa Donny agir livremente e, sem muitas represálias, Donny faz suas cenas cheias de galanteios, carinho e investidas ousadas, tudo que Jake considera exagerado demais; ele empurra ou bate em Donny, ação que não diminui o desejo dos fãs, que veem tudo e até acham graça de algumas coisas.

A festa acaba sendo maior do que estava planejada. A presença dos dois, com Pedro incentivando-os a estenderem seus talentos faz com que as pessoas peçam por mais. Tudo isso fez com que a festa usasse toda a bebida e comida que foi separada para ela.

Donny e Jake apresentaram um ótimo show de encerramento e ainda fizeram uma declaração sobre o amor dos Descendentes de Ivo, por empolgação e pedido da plateia, Donny rouba um beijo simples de Jake que fica bravo, mas deixa Pedro feliz por ver que essa ação deixou o público mais feliz e alvoroçado, ao ponto de presenteá-los com itens valiosos e com ouro, repondo tudo que gastaram e perderam na aventura até a ilha.

Jake demostra que irá reclamar da ação de Donny seriamente, mas Pedro o interrompe, comemorando:

— Primeira vez que vimos tantos fãs de “vocês” assim, vamos, festejem!

Donny aproveita a oportunidade para erguer Jake e causar mais atenção e apreço dos fãs, Jake se solta e alguns fãs o abordam, elogiando a música, a atuação, as poesias, entre outros dons artísticos que Donny e Jake mostraram nessa noite. Jake fica feliz pelo reconhecimento, e depois, a sós com seus amigos, ele diz chateado:

— Na verdade toda essa admiração é falsa.

— Falsa? Por que você acha isso?

— Porque eles só gostam da gente e da nossa apresentação porque somos Descendentes de Ivo.

Donny se aproxima, mostrando que vai abraçá-lo, mas Jake o empurra.

— Não tire proveito disso!

Donny ri, e Pedro diz sério.

— Jake, e você também, Donny, eu acompanho vocês sempre, e todos os elogios e admirações são pelo talento puro de vocês, toda essa história “falsa” de que vocês são um casal amoroso serve como atrativo para que assim vocês tenham oportunidade de mostrar o que vocês sabem...

— Sério?

— Sim! Você foi bem elogiado agora há pouco, eles falaram sobre sua relação com Donny ou mencionaram que você é talentoso por ser um Descendente de Ivo?

— Não...

— Viu? Não pense em coisas assim, vocês são bons, senão, eu já teria trocado vocês por duas mulheres bem atribuídas e atraentes.

Eles riem, e Donny fala.

— Mas somos atraentes.

— Não são atraentes, e também não são mulheres!

— Pedro tem razão, Jake! Se você, se nós não tivéssemos talento, eles, por conhecerem mais pessoas como “nós”, nos comparariam julgando-nos não tão talentosos.

Jake fica mais animado e reconhece seu talento e esforço, eles se dirigem ao dormitório para descansarem antes de iniciar o desafio do espantalho.

— Já que perdemos a abertura da missão à noite, vamos de manhã bem cedo.

— Certo, assim descansamos um pouco.

Antes de irem descansar, uma aglomeração de guardas e aldeões chama a atenção deles. Ao chegarem perto, eles veem que um grupo de viajantes foi atacado pelo Império de Cristal e acabaram chegando à ilha.

Pedro questiona a forma fria com que os refugiados estão sendo tratados e tem a resposta vinda de Senda, que lidera todos para uma área específica na ilha para esse tipo de situação.

— Não podemos confiar em qualquer um que diz que sofreu algo, infelizmente muitos abusam da boa vontade dos outros para enganar e para travar guerras. No Grande Continente há vários perigos além de doenças, com que o Império está trabalhando para afetar outros povos, não posso arriscar a segurança da ilha só pensando no lado emocional...

— Entendi...

— Mas não se preocupe, essa área é confortável e serve como uma reserva para que todos aqui sejam analisados e cuidados para que depois possam ter acesso a toda a ilha e até viverem aqui se quiserem.

— Entendi, obrigado por me explicar.

— Sem problema, mas, como eu alertei, eu não recomendo que fiquem aqui, voltem para seus dormitórios e se preparem, vão iniciar a missão amanhã?

— Sim, mas se a senhora nos permitir, gostaríamos de ficar e ajudar.

Senda olha para os três, para seus guardas, e diz.

— Façam como quiserem, mas preciso alertar de duas coisas: a missão de vocês ficará atrasada e vocês não podem ter muito contato com eles, pois, se tiverem, terão que ficar na reserva até que toda a análise seja feita... Concordam com isso?

— Toda a análise?

— Sim, serão alguns dias, se não houver nenhuma suspeita ou algum imprevisto.

Pedro olha para Donny e Jake, que dizem:

— Estamos com você, vamos ajudar.



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