Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 71: O Maior do Império

— Passamos ontem o dia todo estudando os pergaminhos que falam sobre o castelo e sabemos até as flores que eles plantam no “maravilhoso jardim”.

— Sim, mas não sabemos o que têm de “oculto”, passagens secretas e nem onde ficam as alas restritas que são citadas nesses pergaminhos... Além de que precisamos saber também se há algum poder oculto a favor do Império.

— Entendi... Você vai falar sobre as pessoas que aqui vivem também, não sabemos muitos sobre elas.

— Sim...

— Já discutimos isso antes...

Doug interrompe os dois e comenta:

— Sinto aquela presença se aproximando.

— Deve ser Khan, finalmente! Minutos estão parecendo horas esperando... Júlio! Veja comigo, temos fortes indícios de que devemos continuar...

— Acha mesmo que podemos matar Xarles ou alguém tão importante quanto ele?

— Sim! Podemos fazer alguma sabotagem ou até descobrir mais coisas aqui de dentro, veja onde conseguimos chegar!

— Nesse ponto eu concordo, estamos em um lugar muito restrito.

— O mais restrito do Império de Cristal, se não do Grande Continente... Outras informações que estão ao nosso favor: Brent, o assassino mais cruel do Império, não está, e até onde sabemos, ele pode detectar vocês dois e até o Khan, que está vindo... Xarles está na sua área de lazer restrita, bem longe de onde vamos pesquisar e investigar, junto dele está a sua guarda pessoal, com mestres de magias e grandes guerreiros de elite...

— Bons pontos...

— Ótimos pontos! E como você mesmo falou, estamos tendo sorte, não podemos desperdiçar essa sorte e as ajudas que recebemos.

— Entendi... Você me convenceu, precisamos estar otimistas também.

— É isso aí!

— E é Khan que vai dar as coordenadas por onde podemos “passear” sem suspeitas?

— Sim! Enquanto isso, nós podemos admirar esse salão de tesouro.

— Só admirar, porque está tudo encantado, nós não podemos tocar em nada.

— Não viemos roubar, viemos investigar, podemos ver tudo que ele tem e o que ele considera como tesouro.

— Verdade! E ele considera muitas coisas valiosas, até coisas simples estão aqui.

— Doug tem um gosto artístico bom, gostou de alguma coisa em especial?

— Sim... Esse lugar é muito grande e bonito.

O salão de tesouros do Império é amplo, cheio de pilastras bem trabalhadas e cheias de detalhes, iguais às das paredes que retratam a história de Sodorra e de algumas narrativas do Grande Continente antes da ascensão do próprio Império.

Há também algumas escadas que dão acesso a pequenos cômodos cheios de ouro e outros itens mais simples. Na parte maior, em que os quatro estão têm poltronas: lareira, mesas, estantes, prateleiras, pedestais com objetos diversos e aparentemente importantes, tapeçarias, quadros e baús cheios de itens valiosos entre metal e pedras preciosas.

Todos os elementos estão encantados, podendo ser notado facilmente por qualquer um com aptidão mágica. Por estar em um lugar muito restrito, não há muitas janelas, mas é muito bem iluminado por cristais mágicos que são alimentados pela energia dos cristais dos andares de cima.

— Vimos por cima os itens, mas agora, com tempo e olhando atentamente, eu vejo que tem alguns objetos interessantes.

Meena acrescenta:

— Mas tem alguns meio inúteis.

— Como quais?

— Esses quadros, por exemplo, não são tão bonitos e nem bem-feitos, baixa qualidade, não devem valer muito.

Meena aponta para alguns quadros com molduras bonitas e que foram pintados em um belo tecido, as cores são bonitas, mas a qualidade é comum entre o meio artístico. Entre eles quadros estão um com a face de um leão branco com uma grande juba e presas.

Um com triângulo dividido em partes com alguns símbolos e escritos pintados com uma tinta especial que poucos conseguem notar. Um com humanos reverenciando uma cobra gigante em seu ninho.

Um com uma árvore que, no lugar de folhas, tem morcegos negros de diversos tamanhos e no lugar de frutos têm cabeças de animais mortos. Outro com oito itens estranhos pintados com cores que lembram ouro, prata e bronze. Um quadro do antigo rei de Sodorra, Reivax Nilked, pai de Xarles em trajes nobres em uma casa simples e alguns cristais perto dele.

E por último um quadro que Meena nem cita por achar muito bizarro: uma grande criatura com características de mais de um animal em um único ser. Júlio analisa o que Meena falou e comenta, olhando para os quadros.

— O valor não deve estar na “qualidade” da arte, mas por “quem” foi feito, o pintor deve ser importante, talvez.

— Pode ser, olha esse último, é o antigo rei?

— Reivax Nilked. Parece que sim... Aparência comum, eu não gostei...

— Eu achei bonito.

Doug faz que tosse, atraindo a atenção, Meena e Rupert riem, e Júlio diz:

— Bonito, mas longe de ser um Doug Hyacin!

Doug se aproxima e avista abaixo do quadro de Reivax:

— Aquilo é um anel! Estranho, ele é feito de cristal, mas não de cristal corrompido.

Júlio se aproxima de Doug, fazendo com que ele se afaste do anel. Lembra que ele não pode tocar em nada e aproveita para dar uma pequena “agarrada romântica” nele. Doug demostra timidez ao ver que os amigos notaram tal ação e tenta se soltar, Júlio sorri e fala:

— Se esse anel foi de Reivax, faz sentido que seja feito assim, só depois que ele aprimorou e passou a “corromper” todos os cristais, para que fiquem indestrutíveis e poderosos.

— Sim e, nessa pintura dele, o mostra jovem e em uma casa simples, diferente de um palácio fortificado como esse.

Meena olha mais distante deles, um pedestal de madeira bem detalhado, e elogia:

— Aquele parece ser bom, ali na frente do quadro daquela torre... Torre parece bem comum, quem sabe um farol mágico...

Doug vê e responde:

— Se eu não estiver enganado, essa é a “Torre de Outubro”, e na frente dela é um “Erno Rubik”, um cubo mágico, ele é raro hoje em dia... Por estar aqui, ele pode até conter a memória de alguém importante.

— Lembrem que não podemos tocar em nada.

— Rupert faz bem, lembrando às crianças que não podem tocar nos móveis.

— Como líder, é o meu dever... Perto desse pedestal tem uma caixa aveludada, faltando itens... Nossos membros inteligentes e viciados em estudos podem decifrar isso para mim? Alguém roubou esses elementos?

Júlio já estava analisando e responde:

— Claro! Caro líder, não me parece que alguém roubou, mas que o Império já espera roubar, o formato em veludo é aproximado dos itens, então esses nunca estiveram aqui, e não me parecem ser itens comuns, mas artefatos Zordrak.

— As armas Zordrak?

— Sim, me lembro de algumas e se encaixam com as formas da caixa... O Império está planejando colecioná-las, pelo jeito.

— Todos querem...

Em um canto menos iluminado, Doug olha para uma coleção interessante que o Império tem em seu arsenal de artefatos.

— Esses não são tão chamativos, mas são bem detalhados, devem conter algum segredo ou magia poderosa... Sinto até como se eles tivessem vida...

— Onde?

— Aqui, vejam! Eles são o zodíaco, ou uma espécie de homenagem a eles, eu acho.

Júlio se aproxima e admira junto a Doug a bela coleção de estátuas negras do Império, cada uma delas tem o formato que simboliza o zodíaco, a segunda era de Electi de Arbidabliu.

Como tudo no salão de tesouros, estão encantadas e algumas demonstram conter poderes ocultos ou só de proteção; essa coleção em especial parece ter algo a mais que todo o resto que eles já viram até agora.

— São lindos.

— Sim, veja os detalhes... Mas parece que está faltando um...

— Sim, falta um mesmo... Veja. São parecidos com a armadura negra dos Guerreiros Caos.

— Isso! Também pensei nisso, será que existe alguma magia desse nível de poder?

— Não duvido, sinto energia neles, apesar de que eu sinto grandes poderes em tudo nesse lugar, só não ouso usar mágica para analisar porque senão serei detectado ou poderei ativar algum poder de proteção.

— Faz bem, mas só de olhar podemos informar quem entende mais depois.

— Verdade, Onilda deve saber mais detalhes de artefatos assim... Ou o mestre Maxmilliam.

— Me lembra daquelas histórias de excursões que ela fez para aprender mais sobre magia, e dos lugares pouco visitados.

Rupert olha os dois juntos vendo a coleção, e comenta baixo.

— Toda oportunidade é transformada em “romance”... Melhor olhar outra coisa...

Rupert começa a olhar uma coleção de itens e conversa com Meena.

— O relatório que o Khan nos passou diz que muitos desses itens são criados pelo grupo de mestre de poderes do Império.

— Sim, tudo para tentar superar as famosas armas Zordrak e para terem mais armamento mágico para contra-atacar.

Doug diz alto, ainda olhando a coleção de estátuas.

— Estranho, por que eles também têm armas Zordrak.

— Sim, mas o Império é ganancioso em tudo, ele deve achar pouco, comparado às outras espalhadas pelo Grande Continente.

Júlio sente Khan chegando próximo deles e torce para que tudo dê certo, ele se aproxima da porta e comenta:

— As mais poderosas não estão aqui, estão com seus donos ou em ação por aí, para que o futrespurco tenha mais poder.

— Sim, ele não guardaria tudo aqui e não usaria nada.

Doug acha engraçado que as estátuas começam a criar uma pequena ressonância e fala baixo:

— Será uma ilusão ótica? Não... Parece que elas estão conversando, ou dizendo algo... Elas estão com medo?

Júlio estende sua mão e observa, depois do questionamento de Doug.

— Sim, eu sinto sentimento de medo vindo delas... Por quê?

Rupert e Meena olham para um jogo de tabuleiro em uma simples mesa pequena, as peças do jogo demonstram que quem estava jogando ainda não terminou a partida, deixando Júlio desconfiado.

— Quem estava jogando?

Olhando mais de perto, Meena diz, brincando:

— Nosso líder saber jogar Ieretam?     

— Quando tiver tempo, eu te mostro.

Júlio vê que Doug está preocupado com as estátuas e se aproxima dele.

— Doug? Você está bem?

Doug olha para ele e responde.

— Sim, espero que sim...

Enquanto isso, Meena se aproxima do tabuleiro e pondera:.

— Eu não entendo bem, mas essas peças não são diferentes da comum?

— Diferente? Onde?

— Olhe... A peça do rei está caída, e o príncipe está sendo colocado como rei?

— Sim, quando o rei morre, o príncipe pode ser coroado rei, assim o jogo não termina.

— Sim, pela rainha, mas a rainha já foi tirada do tabuleiro, deve ter sido uma das primeiras e serem capturadas...

— Verdade... Estranho, parece que quem “coroou” o príncipe foi...

Uma presença na porta do salão do tesouro chama a atenção dos quatro, esse não é Khan, esse personagem está sozinho e, ao ser identificado, provoca um medo profundo nos quatro, um medo que se equivale à morte.

— Ian Nai...



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