Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 67: Edo e o Seii Taishogun

 

Edo é o maior dos reinos menores do Grande Continente, reino que até o momento não tem voz ativa e grandes propriedades militares ou de comércio, para fazer aliança com os maiores ou outros menores, isso força a ser independente. Por anos essa independência de Edo o fez ficar próspero e vistoso, tendo já planos e autorização de ter contato com os grandes reinos do Grande Continente, para ampliar seu potencial e ajudar seus futuros aliados.

De todos os reinos do continente, Edo é o único que possui traços do Antigo Mundo em suas construções, costumes e cultura; assim, Edo é reservado e bem centrado em suas questões, sendo um pouco distante dos problemas continente.

O reino tem um território circular cercado por um grande muro cheio de torres com artilharia pesada e elementos mágicos, que pode ser notado facilmente para qualquer um com senso mágico ativo.

Edo é dividido em partes: a primeira é Tokonoma, parte direcionada ao lazer, arte e meditação, sendo muito usada por nobres e visitantes, pois comporta a maior parte do comércio nessa área.

Engawa é a parte dos muros, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora, com muitas tendas, guardas, armas de cerco, armadilhas, entre outros pontos militares como centros de treinamento.

Kotatsu são casas comuns para os moradores e alguns nobres, a maioria dos nobres mora no castelo com a realeza e conselheiros.

Irori é a parte de produção de comida, desde plantar até o cuidado e cria de animais.

Genkan é a parte inicial do reino; são duas entradas e saídas na grande muralha, onde são guardados e analisados todos que querem entrar no reino, a área e o peso militar e mágico ficam nas margens do reino, deixando seu centro longe de barulho, confusão e riscos, não precisando de muita guarda.

— Gosto das construções deles.

— É bem interessante, estilo do Antigo Mundo.

Com a exceção da muralha e do castelo, todas as outras construções são majoritariamente feitas de madeira e tecido, com grandes e amplos telhados para proteger as construções de chuvas e tempestades severas.

Romanze e Taikuri acham símbolos mágicos em muitas das construções, ligando a proteção ampla que o reino proporciona, com total foco mágico na defesa e bem-estar dos cidadãos.

— Os seres daqui não são muito diversos, todos aparentam ser irmãos ou primos.

A maioria da população de Edo possui os mesmos traços físicos, pele clara, estatura baixa, porte físico normal ou magro, cabelo preto e liso, e de olhos escuros e puxados, característica muita vista no Antigo Mundo, poucos entre só humanos são aurem, que também possuem traços e características similares.

— Ali! A mesma imagem que vimos na entrada de Edo.

Winton admira novamente a imagem e explica:

— Seii Taishogun é um dos ancestrais de Edo, “Grande General Apaziguador dos Bárbaros”, foi essencial para o controle e liderança na construção e defesa da cidade até se tornar esse grande reino.

— Mas é a imagem de uma armadura, a face no elmo é coberta por uma máscara, como saber quem foi esse “herói”?

— Acredito que a intenção seja essa, alguém hoje em dia deve usar essa armadura e “herdar” essa fama...

— Interessante...

Taikuri olha fixamente para a imagem entalhada de Seii Taishogun e sente algo positivo. Antes de comentar com Romanze, os três são abordados pelo guarda do castelo.

— Bem-vindos!

— Obrigado.

— Senhor Winton! O rei o verá imediatamente.

Os três são conduzidos para a área interna do castelo sem mostrar ou passar por muitos cômodos, logo eles chegam ao lugar marcado, um grande salão para reuniões, nele só há pinturas, incenso, algumas armas peculiares nos cantos e almofadas para que se sentem à frente de uma pequena elevação, onde está o rei e seus conselheiros, que também se sentam em almofadas grandes.

Os três se aproximam, reverenciam, sentam-se, e Winton se apresenta formalmente.

— Rei Tokei Tensho, é uma honra e um privilégio estar em sua presença e assim tratar melhor os assuntos pertinentes aos envolvidos. Eu sou Winton Vitório, explorador, pesquisador e diplomata do Grande Continente. Eu estou aqui em Edo para ajudá-lo a oficializar seu nome e seu reino aos grandes, e assim, formar mais aliança e paz entre os povos.

Tokei Tensho é um homem, humano, pele clara, de aparência de trinta e cinco anos, estatura baixa, porte físico normal, olhos escuros e puxados. Cabelos lisos, longos e amarrados com vários ornamentos dourados.

Tokei não é atraente, mas é carismático e com apreço nos seus gestos e fala. Ele aparenta ser jovem no poder real, sendo sempre orientado por seus conselheiros, que agem com um pouco de arrogância.

— Mesmo fazendo contato, orientando e unificando vilas, cidades, reinos e até grandes Impérios, você não fala em nome de algum deles... Você não tem alguém ou algo acima desse plano de pacificação?

— Sim, Majestade, tudo isso está no amor dividido dado pelo Criador de Mundos, nosso Deus. Pode parecer arrogância ou ingenuidade não ter um mortal comandando tudo, mas eu espero que os senhores entendam minha posição e pensamento. Minha intenção não é unir todos para um comandar ou até administrar, e sim, para que todos conversem igualmente para melhorar a qualidade de vida de todos.

Um dos conselheiros questiona com desconfiança:

— Essa ideia e boa vontade de unir todos não são por causa do Império de Cristal? “Vocês” não querem reinos menores que estão crescendo, para usá-los como armas ou escudo para uma guerra que está presente, ou que se iniciará?

— A forma colocada pelo senhor é equivocada, a união deve também ser usada para a guerra, mas não para privilegiar um ou outro, mas para unir forças para se defender. Por favor, vejam comigo, o principal objetivo da união é a paz, infelizmente, para alcançá-la, será necessário guerra, seja ela uma guerra de ideias, tratos, poderes ou de força. A maioria das vezes é uma guerra que envolve tudo isso.

Outro conselheiro questiona Winton:

— Então você está nos induzindo à guerra?

— Não, eu estou alertando sobre ela, como seu colega mesmo falou, ela já pode estar presente ou já preparada para começar, e ela não é um convite que possam recusar, infelizmente...

Antes que outro conselheiro questione, o rei Tokei se levanta, indicando para que os seus conselheiros não o interrompam. Ele anda perto de Winton e diz.

— Você tem suas razões e convicções. Eu já ouvi falar de alianças que estão se formando no continente, entenda nosso receio, éramos uma cidade pequena, que não teve auxílio dos outros, e agora, como um passe de mágica, parece que querem nossa ajuda ou até nossa queda. Entendo também a necessidade da aliança não só para guerra, mas para uma vida próspera para todos, além de segurança também... Nessa sua ideia de unificação há uma garantia? O pedido de alguém “superior” é para saber a palavra de quem está sendo usada, pois, se algo der errado, não haverá honra a ser manchada ou cobrada, não haverá alguém para cobrar e punir.

— Sim, concordo com o senhor, essa união pede a palavra de todos os líderes, se me permite...

Winton entrega um grande pergaminho com propriedades mágicas de categoria e nível Electi, e diz sobre esse documento:

— Esse é um trato assinado por todos os líderes com os quais eu já tive o prazer de conversar e acordar essa união.

Tokei analisa bem o item e vê autenticidade nele, além de ter ideia do poder e importância que ele carrega.

— Estou vendo... Quando vocês passaram pelo Genkan, eu fui informado de tal artefato; mesmo não tendo estudo mágico, eu posso sentir que há uma magia nele.

— Sim, é para que não seja alterado por qualquer um, além de providenciar uma bênção ao líder que assinar.

— Você diz que receberei um dom mágico ao acordar com esses termos?

— Sim, mas não de imediato e não tão poderoso, eu estou aqui para explicar, orientar e afastar qualquer suspeita ou receio para que vossa Majestade entre de mente aberta e tranquila.

Tokei entrega o contrato para seus conselheiros, que analisam as propriedades mágicas nele. Enquanto isso, Taikuri se pronuncia:

— Por favor, Majestade.

— Diga.

— Eu gostaria de entender uma questão que me intrigou ao entrar em seu reino.

— Intrigou? Se apresente melhor e diga qual sua dúvida.

— Eu sou Taikuri Valta, e esse aqui é meu parceiro Romanze Kraft, nós somos feiticeiros de Pronuntio, ajudando Winton em sua jornada. Por termos aptidão mágica, costumamos ajudar os lugares aonde vamos, verificando questões mágicas ou até ocultas. Vejo que a defesa de seu reino é muito forte e bem ampla, acredito que tenha origem do Antigo Mundo.

— Verdade, como descobriu que é uma técnica do Antigo Mundo? Já esteve lá?

— Infelizmente não, mas estudamos muito sobre magia de Arbidabliu, assim temos mais conhecimento e ideias a cruzar.

— Interessante, e qual sua dúvida referente à nossa defesa?

— Para grandes defesas mágicas são usados mais de um ponto de energia, a origem do encantamento é que direciona a energia para que se mantenha ativa, eu percebi que em sua defesa há um único ponto.

Tokei demonstra preocupação, olha para os seus conselheiros e comenta:

— Isso é informação restrita... Você descobriu isso analisando nossa defesa?

— Sim, Majestade, a única coisa que está indecifrável é a localização desse ponto, que não é impossível de...

— Isso é uma boa notícia.

— Não muito. Um único foco pode ser perigoso, pois algum inimigo ou algum erro do mago podem causar sérios danos a tudo, uma vez que esse encantamento está conectado com todo o reino e garante a defesa dele e de seu povo.

Tokei fica pensativo e volta a se sentar, permitindo que seus conselheiros voltem a discutir.

— Nossa prosperidade e crescimento foram graças a alianças do Antigo Mundo, com isso conseguimos aprender a cuidar do nosso reino. Sua aptidão é boa, e mesmo assim não localizou a fonte do poder das nossas defesas, isso é o ponto principal dela, o segredo.

— Entendo, conselheiro, é uma boa vantagem, mas, se permitem uma visão de fora, queríamos saber se pelo menos o material usado para manter esse poder ativo é de confiança.

— Plenamente! Não precisam se preocupar.

Tokei fica receoso sobre o assunto e percebe a capacidade de Taikuri e Romanze, dando confiança para eles. Tokei fica um pouco relutante e toma a palavra para responder melhor à questão de Taikuri.

— É um cristal corrompido!

Os conselheiros ficam surpresos ao ver que o rei está dando informação secreta, eles tentam interrompê-lo, mas Tokei se levanta novamente e conta o ocorrido.

— Uma batalha decisiva contra um grupo do Império de Cristal anos atrás uniu mais o meu povo e nos mostrou que precisávamos usar tudo que podíamos para nos defender; com muito esforço e perdas, nós vencemos. Na vitória, meu avô conseguiu um cristal corrompido usado para nos atacar. Com a magia e o conhecimento do Antigo Mundo, os conselheiros da época dominaram esse artefato e o usaram para nos defender... Eu sempre tive receio, pois se trata de um item criado pelo inimigo, mas até hoje não nos deu problema.

— Com todo respeito, Majestade, nós não recomendamos o uso desses cristais, pois os únicos que têm plenos estudos e domínio deles são do próprio Império, isso pode ser muito perigoso.

— Já que vocês estão dispostos a ajudar todos dessa união, então peço que analisem junto a nossos magos a qualidade e o possível perigo que podemos ter.

Taikuri não esperava esse convite e olha com surpresa para Winton e Romanze.

— Será um prazer ajudá-los, Majestade.

Um dos conselheiros se exalta e interrompe.

— Majestade? Nós precisamos de uma reunião com todo o conselho antes de revelar ou se afiliar com “estranhos”.

— Verdade, mas o conselho todo está aqui, podemos ver isso o quanto antes, pois, se for realmente um perigo, nós estaremos mais próximos de resolvê-lo.

Tokei se senta e pede para o conselheiro se levantar e falar.

— Senhor Winton, o senhor escolheu esses seus “guarda-costas”?

— Não, foram selecionados por Pronuntio.

— Senhor Valta, o senhor disse anteriormente que o outro feiticeiro, o senhor Kraft, é seu “companheiro”, pode explicar melhor isso?

Winton comenta, antes da resposta de Taikuri.

— Senhor conselheiro, não vejo em que isso tem relação à qualidade ou...

— Por favor, senhor Winton, deixe que ele fale. Toda informação de quem está e quem irá nos ajudar é necessária e tem relação direta com os nossos ideais e interesses... Senhor Valta?

— Sim, nós somos parceiros amorosos, românticos, amantes, nós somos gays.

— “Gays”?

— Sim, Descendentes de Ivo.

— Têm vergonha do nome, por que mudaram?

— Não mudamos, é só outra forma de chamar. “Gaiato” foi abreviado para “Gai” ou “Guei”, assim gay é mais bonito e mais fácil de falar e lembrar, em Pando eles também usam com frequência essa nomenclatura.

— Receio dizer que temos receio contra o seu povo, por haver muitos segredos que envolvem vocês.

— Segredos? Como assim?

— Tanto a floresta quanto a forma como foram selecionados é um segredo para Edo. O próprio Winton diz que não escolheu vocês, como é feita essa seleção? Outros como vocês se instalaram no reino como “aliados” sem muita explicação.

— Outros?

— “Aliados” que sempre citam Pando, mas nunca falam diretamente os planos, se colocando sempre como benfeitores ou até vítimas de prejulgo. Nós achamos suspeito que novamente “gays” se instalem em nosso reino e queiram cada vez mais saber sobre nossas defesas, magias, passagens secretas, entre outras coisas que nãos lhe cabem.



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