Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 62: Jane Publik II

Meena volta a prestar a atenção na discussão das mulheres, que toma mais volume com o tempo, chegando ser o foco de atenção em todo casarão.

— A diferença dessas mulheres das de outros lugares é que elas escolhem o que querem ser e o que fazer, nós não!

— Você está sendo idiota!

— Me escute com atenção! Aqui você é obrigada a seguir ordens, eu não sou nada contra a mulher cuidar ou servir, mas que ela esteja confortável e escolha fazer isso.

Meena tem um pequeno flash de memória, se lembrando de Onilda, em sua mente ela revê sua mestra dando um abraço forte nela e em seus amigos depois de um dia exaustivo de estudo e trabalho voluntário. Depois disso Onilda chama individualmente Meena e fala da importância dela e da mulher em geral, no final Meena também ouve sobre a importância que a mulher dá a ela mesma, não podendo só depender dos outros. Meena fica sorridente e um pouco emotiva com a lembrança, mas a memória não ganha a força que precisa, pois uma briga física entre as mulheres se inicia, obrigando Meena a ficar na defensiva e atenta.

“O que essas mulheres estão fazendo?”

— Parem com isso!

Duas das que estavam discutindo começam a se estapear, chamando a atenção de todas no casarão, pois além de lutar elas se ofendem e gritam alto. Quando mais mulheres chegam e percebem o motivo da luta, outras discussões se iniciam, causando mais lutas.

Muitas agarram umas às outras para derrubar no chão ou para jogar contra algum móvel, outras esbofeteiam e dão socos até que as mais peritas em combate entram na briga e fazem uso de armas cortantes como facas, adagas com espinhos, espadas pequenas e foice de mão.

Por impulso, Meena pega um bastão para se defender das que se aproximam dela, centrando-se em usar golpes que desarmem ou imobilizem sua oponente.

“Sodorra já é um lugar estressante para mulheres, e elas resolvem brigar entre si, por isso merecem estar onde estão!”.

A luta vai diminuindo depois de alguns cortes sérios, o que faz algumas desistirem de lutar, a mais velha da casa vai tirando uma a uma para que sejam medicadas e espera que tudo acabe. Seis mulheres, contando com Meena, ainda estão em uma luta séria, duas lutam com um discurso em mente.

— Temos que mostrar que somos capazes como esses homens no poder! Merecemos o devido reconhecimento!

Meena tinha iniciado neutra na luta, mas agora ela se une às outras três, que rebatem as duas revolucionárias.

— Vocês são idiotas ou querem só chamar a atenção? Olha onde estamos, calem-se e sigam com os seus deveres.

— Vocês que são idiotas e escravas!

— Essa sua ideia funciona em outros mundos, aqui não, então abaixem a cabeça e obedeçam ao Império!

— Estamos cansadas! Se precisarmos enfrentar vocês para sermos ouvidas por todas, então lutaremos até o fim!

“Sinto como se estivesse em um pesadelo, além da situação, eu também me sinto estranha... Que sensação é essa?”

Por todas estarem hostis, Meena age com impulsividade e com um pouco de agressividade, mas ainda focando na autodefesa, sem causar grandes ferimentos.

— Por que não conversamos melhor?

— Não!

As duas rebeldes são mais habilidosas que as outras, se igualando à qualidade de técnica de luta de Meena, que começa a revelar seu potencial para se defender e até atingir suas inimigas. Uma rebelde fica com duas armas, e a outra fica só com os golpes físicos comuns, Meena é acertada por causa de uma falha de sua aliada.

“Por isso elas estão indo bem, elas agem em conjunto, e essas aqui são umas tontas e mais atrapalham do que ajudam.”

— Cuidado!

Em um conjunto de socos, chutes e até tapas, duas das aliadas de Meena caem. A rebelde armada usa pequenos objetos e até os móveis, ferindo mortalmente a outra aliada de Meena, e também corta o braço de Meena, deixando-a cada vez mais brava e ferida.

“Ódio desse lugar, ódio dessas briguentas, sinto até como se meus pensamentos não fossem mais os mesmos.”

Mesmo enfurecida, Meena se esforça para não causar ferimentos críticos em suas inimigas. Elas agem bem, agem conjunto para se defender e atacar, obrigando Meena a circular pela casa em busca de um bom ângulo para atacar e para se defender.

“Elas são boas, só a mentalidade que não.”

Meena sempre contra-ataca os golpes físicos e se afasta sempre que as armas cortantes se aproximam, até uma ação crítica que as duas quebram o bastão de Meena e a socam no rosto. Com a raiva transbordando, Meena diz alto:

— Vadias! O Império de Cristal não merece cachorras como vocês!

“Por que eu disse isso? Até parece que estou incorporando o Império em mim, o bom é que assim as outras podem me ajudar.”

Meena espera o avançar delas para contra-atacar melhor, mas as duas estão recuadas e demostrando receio em avançar. Meena estranha, até que uma delas diz:

— Maldito! O que faz aqui?

A companheira dela alerta.

— Foi aquela velha que chamou ajuda!

Meena olha para trás e vê que, ao lado da governanta do casarão, perto da entrada, estão dois guerreiros de elite do Império, seguindo um homem de alto nível hierárquico, que analisa toda a situação já armado de uma espada e escudo. Ao identificar as duas rebeldes como as únicas inimigas, esse homem diz em alto e bom som:

— Por irem contra as ordem e vontade do Império, vocês duas estão condenadas à morte!

— Asinus!

Ao reconhecer o homem, as duas por um instante pensam em desistir da luta, mas Asinus avança rapidamente em direção a elas, não dando outra opção. Os golpes dele são fortes e certeiros, ferindo-as a cada ataque. Ele sempre se defende e se esquiva bem dos ataques das duas, até que uma delas usa um pergaminho encantado.

— Morra, verme machista!

O pergaminho solta uma onda invisível, que anula a defesa mágica que existe no casarão e em seguida envolve Asinus em uma energia estranha, que começa a corroer sua força, armadura e arma; ele se assusta e se afasta.

— Onde vocês pegaram isso?

— Estávamos guardando para uma situação mais urgente, mas você nos obrigou a usar nosso “truque”, agora morra!

Os guerreiros de elite se aproximam para ajudá-lo, mas são parados pelas duas, que mesmo feridas e fracas contêm os dois guerreiros de elite. Meena ficou afastada, mas sente que é a hora de agir, ela se aproxima de Asinus e estende suas mãos, para que ele use um pouco da energia vital dela. Em pouco tempo, Asinus se liberta do poder usado contra ele. Revigorado, ele diz.

— Bom trabalho!

Ele, sem pensar duas vezes, ataca uma das rebeldes pelas costas e a mata, atravessando seu tronco com sua espada.

— Aqui está o reconhecimento que vocês tanto pedem!

A outra se assusta e usa outro artefato mágico, todos ouvem uma explosão e tudo é tomado por uma fumaça tóxica, a rebelde aproveita esse momento em que Asinus está fraco por causa das duas magias e o ataca pelas costas.

— Vingança! Império miserável!

Ela desarma Asinus e, antes de matá-lo, é afastada por, Meena que, além de contê-la, a mata, fazendo um corte profundo no peito, que desce até a barriga.

— Avisamos para vocês pararem com isso.

Em agonia e dor, a rebelde segura forte em Meena e, olhando em seus olhos, diz:

— É por mulheres como você que todas nós ainda estamos onde estamos...

Um mágico entra no casarão e com encantos retira a fumaça tóxica e em pouco tempo restaura a proteção mágica que havia no lugar.

— Incrível como isso aconteceu.

— Vocês dois aqui!     

Asinus se aproxima bravo e ordena para o mágico, assim como aos outros dois:

— Eu subestimei essas duas, descubram onde e como elas pegaram esse armamento.

— Sim, senhor! E o que faremos com os corpos?

— Deem de comer para as bestas de guerra!

Asinus se aproxima de Meena e entrega um brasão do Império, que significa que ela tem moral e permissão para ir a missões mais importantes, ela o olha com respeito e agradece.

— Obrigada, senhor!

Asinus só acessa com a cabeça e sai do lugar com os outros homens.

“Eu fiz um bom trabalho então, isso deve me ajudar com a minha missão.”

O clima no casarão fica ruim, a confiança entre as mulheres diminui, e todas ficam distantes, com medo e receio de fazer ou falar algo errado. A governanta é a única que age normalmente, já acostumada com toda a situação, rotina e comando do Império, ela serve comida e bebida para Meena e a elogia.

— Você é uma mulher emponderada, forte e focada, precisamos mesmo de pessoas assim como você no nosso Império de Cristal.

— Obrigada... Eu acho.

— Por que você parece triste?

— Aquelas mulheres eram do Império e morreram... Morreram por...

— Você é nova aqui, é por isso, você tem que entender que elas fizeram por merecer.

— Você acha?

— Claro! Você fez muito bem, se está no Império de Cristal, deve ser e agir como ele agora, e fazendo o certo você é recompensada, você sabe disso.

— Sim...         

“Ela tem razão, eu agi em autodefesa e tenho a noção que estou no Império de Cristal, preciso seguir as leis deles para poder seguir com o meu plano.”

Meena é bem tratada e mimada pela governanta, que traz remédios para seus ferimentos, fazendo com que ela se sinta mais confiante e agradecida.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer, só faço o meu trabalho e sou feliz com isso assim como você.

“Eu? Eu pareço feliz para ela? Talvez eu esteja... Confesso que me sinto mais tranquila agora com tudo que passou, não quero pensar muito nas formas, mas, sim, no resultado final que será promissor para todos.”

Meena aproveita a aproximação com a governanta e confirma alguns rumores e boatos que ouviu. Após ganhar mais certeza e credibilidade nas informações que adquiriu até então, no final ela exclui assuntos inúteis e foca no que realmente importa e serve como arma para a aliança contra o Império. Finalizando a conversa, a governanta comenta:

— Seus modos e costumes me lembram das pessoas da costa de Coniuro, temos algumas pessoas de lá, talvez você se sinta mais familiarizada quando estiver próxima de pessoas assim como você...

Meena sente que as últimas frases da governanta são estranhas, como se ouvisse palavras ocultas por trás de sua frase.

“Tenho quase certeza que eu ouvi na frase dela as palavras: converter, aceitar, amaldiçoar e Império de Cristal... O dia foi cansativo ao ponto de eu não estar pensando ou ouvindo direito.”

— Vou respirar um ar fresco agora, obrigada pela comida e pela conversa.

— Foi um prazer, sempre que precisar, o Império está aqui para atendê-la.

Meena sai do casarão e caminha pela cidade em direção à entrada do primeiro nível de Sodorra que dá acesso para o tão glorioso Castelo de Cristal, no caminho ela pensa:

“Sodorra não parece tão ruim quanto eu pensei, existe organização, bons recursos, treinamento, localidade e expansão de tudo isso. Eu andei bastante por esse segundo nível e um pouco do terceiro da cidade e achei bem arrumado e adequado para se viver, sem contar a qualidade de vida que oferece, como grandes casas, boa comida, bebida e os empregados parecem ser felizes servindo a causa do Império de Cristal... Mas me lembro de Mascul, eu vi muita coisa ruim por lá... Talvez eu esteja sendo ludibriada...”.

Meena tenta um pouco de meditação, enquanto caminha esquecendo e esvaziado sua mente, para ter melhor clareza em seu objetivo e raciocínio. Na entrada do primeiro nível ela vê e admira novamente a imensidão do símbolo supremo do Império de Cristal.

“Esse castelo é realmente fabuloso, isso então representa todo o poder e dimensão do Império de Cristal, mesmo não gostando eu admito, é lindo...”.

Um homem bem arrumado e com pose de superioridade se aproxima de Meena e diz.

— Você aqui! Que interessante...

Meena é surpreendida pela abordagem e mais por quem falou com ela.

— Khan? O que você faz aqui?



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