Volume 1
Capítulo 58: Richard Doe II
— Está bem pensativo, Richard, compartilhe sua análise.
— Sim, senhor, boatos dizem que reinos inimigos do Império estão fazendo excursões para as ilhas dos Electi atuais, no intuito de fazerem as missões e os desafios para ter o poder da “Magia Electi” para si.
— E por que você está pensativo?
“Preciso dar uma informação verídica para atrair dar suspeitas sobre minha intenção.”
— Lembrei-me de um ponto que une com esse fato do poder Electi... Um trio de aventureiros de uma das ilhas próximas da costa, Pronuntio, seguiu para essa “missão”.
— Tem nomes?
— Jake, Pedro, e Donny...
— Bom, Richard, até parece que viu com os próprios olhos... Apesar de que esses nomes não me são estranhos...
“Uma missão que eu queria fazer, não sei por que eles foram designados para essa missão importante, eu sou muito bem qualificado para isso, afinal, eu estou aqui no covil de todo mal, e eles estão lá podendo deslumbrar lugares e próximos de grandes poderes e de seres divinos.”
Arsênio chama um mestre de magia e conversa com ele de uma forma bem reservada e em tom baixo; logo sem seguida, ele comenta com Rupert:
— Gratificante! Vejo que você está bem-informado, Richard Doe, esses três realmente saíram de Pronuntio, eles encontraram um grupo nosso que vigia a costa...
“Não imaginei que os três tivessem sido pegos, será que devo perguntar onde eles estão? Estranho que não me sinto tão preocupado... Enfim, eu devo me desligar disso, senão, poderei ser descoberto.”
Mesmo cauteloso em seus pensamentos, Rupert se demonstra espantado, chamando a atenção do mestre de magia que está com Arsênio.
— Espantado, soldado?
“Um mestre de magia pode usar seus poderes para me pressionar, preciso ser mais esperto e rápido nas respostas.”
— Espantado não, mas surpreso, não imaginei que o Império está atento a essas ações dos inimigos.
— O Império com o tempo está ficando mais esperto, graças a pessoas como você, Richard Doe, que traz informações valiosas e que se une contra essas minorias ridículas e grupos rebeldes.
— Obrigado, senhor, é uma honra.
— Vamos comer e beber, pois temos mais trabalho pela frente e depois de unir tudo isso, eu devo apresentar tudo para Questtis.
“Questtis é o mesmo que atacou Zara, por ser recente e com seus poderes, ele pode rapidamente identificar qualquer um de nós quatro aqui em Sodorra. Será um sinal de azar? Preciso descobrir!”
— Questtis? Ele está na cidade?
— Não, ele está investigando traidores dentro do Império, estará ocupado por algumas semanas, mas nosso trabalho tem que estar pronto antes disso.
“Relatórios devem ser mandados para os líderes do Império, essa comunicação rápida é algo importante para saber como funciona a fim de sabotar e prever.”
Mais horas se passam, e Rupert une informações úteis para sua missão.
“Muitos guerreiros de elite foram, e outros estão a caminho das ilhas para também tentar conquistar o poder Electi para o Império de Cristal, mas todos os relatórios mostram o fracasso deles, outros reinos são interceptados no caminho pelo próprio Império, com medo desse poder cair na mão das minorias que ele tanto despreza. Bom que achei aqui o estado de Pedro, Donny e Jake, eles foram impedidos, mas não mortos, tudo indica que eles nem foram capturados, eu espero que estejam bem, posso ter minhas diferenças com eles, mas não desejo o mal para esse trio.”
— Pensativo de novo, Richard? Aqui você deve compartilhar suas descobertas.
— Nada importante, senhor, só aquilo que o senhor mesmo já falou; o clã Sulzi e o clã de Pando não saem de seus territórios, nem para irem atrás de poder Electi.
— Pando tem uma cidade... Tenho o nome e a localidade dela por aqui...
Arsênio procura, mas é seu mestre de magia que entrega um pergaminho sobre esse lugar.
— Aqui! “Barbara”, essa cidade fortaleza contém a raça suja de Pando, esse lugar é mais agressivo e teimoso.
— O Império não tomou essas terras?
— Não. Em uma época essas terras estavam para ser tomadas, mas Pando interveio, essa aliança causou muitos problemas.
“Lembro-me de ter ouvido falar das batalhas de Barbara. Com a união de Pando, esse lugar ficou intimidador.”
— Mas o Império não se interessou mais por esse lugar, estrategicamente não é um bom ponto, mas, se vierem contra o Império de Cristal, eles serão dizimados.
“Desculpa para dizer que não são páreo para atacar e dominar essa cidade, e se o Império resolver mobilizar um exército para essa batalha, ele ficará fragilizado.”
— Eu entendo, senhor, realmente o Império não precisa se preocupar com coisas pequenas, ainda mais daquela raça nojenta.
— Bom! “Nojenta” é uma palavra adequada, gostei, Richard, você tem visão.
Um guarda entra aflito na sala e pede para Arsênio:
— Senhor! Precisamos do seu julgamento!
— Ótimo! Meu dia precisa de mais ação... Venham todos vocês.
Arsênio olha para seu mestre de magia, que concorda, acenando com a cabeça enquanto caminha até um lugar mais abaixo do subsolo. Rupert segue como mandado e observa.
“O que será que houve? Não vejo outros mobilizados a essa causa, mas eu vejo pressa e anseio pelo grupo de Arsênio, deve ser algo exclusivo para o grupo dele.”
Todos chegam a um salão aparentemente usado para tortura, dentro estão muitos guardas iniciantes do Império e alguns veteranos. Arsênio se posiciona com seu grupo, observando todos na sala.
“Arsênio, afinal de contas existem outros acima dele na hierarquia do Império de Cristal, não tenho muito com o que me preocupar, estranhamente eu me sinto seguro, devo estar com sorte, espero que os outros também estejam com sorte em suas ações, pois, mesmo seguro, eu sinto que qualquer deslize e erro meu causarão minha morte imediata. Mas eu garanto a esses homens do Império que não morrerei sem lutar e matar vários ao meu redor.”
O mestre de magia de Arsênio usa seu poder, cobrindo todo o lugar, muitos que já estavam na sala se espantam e demonstram medo.
“Por que isso tudo? Será que tem algum inimigo do Império aqui?”
Arsênio se coloca a frente do grupo e diz calmamente.
— Sinto cheiro de traidor, na verdade me avisaram sobre isso...
Arsênio fica bravo de repente e grita:
— Miseráveis! Lixos! Acham que entraram no Império de Cristal e não seguiram sua vontade?
O mestre da magia de Arsênio coloca a mão no ombro de Rupert e o questiona, falando baixo e de uma forma encorajadora em seu ouvido.
— Richard Doe, você é bom, você pode ajudar Arsênio?
— Eu? Como?
— Você é um ótimo guerreiro do Império de Cristal, de elite! Você é capaz!
“O que é isso? Estranho, sinto um pouco da raiva de Arsênio contra esses traidores, mas pensando bem, me dá raiva também, eles deveriam ser bons como eu, que estou espionando o Império sem ser percebido. Se forem descobertos, terão que lutar por sua sobrevivência, igual eu faria no lugar deles.”
— Claro, estou aqui para servir.
Arsênio olha para o guarda veterano que o informou e questiona.
— Quantos?
— Senhor! São três dos novos.
— Tudo isso? Vocês nessa ala estão menos influentes...
“Influentes? O que ele quis dizer com isso?”
— Claro que são dos novos, os veteranos não trairiam o Império de Cristal! Jamais! Veteranos?— Sim, senhor!
— Saiam! Preciso ter um momento com o meu grupo.
— Me desculpe, senhor...
Arsênio se afasta dos novos e volta a falar mais casualmente:
— Tudo bem, só não contem para meus irmãos, eles gostam de apostar quem que perde mais espiões, eu não quero perder de novo.
“Perder espiões? Será que alguns espiões já escaparam daqui? Preciso ver isso com mais cuidado depois, pode ser uma informação útil de fuga para nós.”
Arsênio olha orgulhoso para Rupert e comenta.
— Você parece ter ido bem aos treinamentos, Richard Doe, tem capacidade de achar os três espiões para mim?
“Eu poderia salvar os espiões se ele não soubesse quem eles são realmente, mas isso é só um teste para saber se eu consigo identificá-los, vou mostrar que sou útil para me manter ao lado dele e descobrir mais coisas.”
— Sim, senhor!
Um dos soldados suspeitos tenta fugir correndo para a saída, ele luta com um guarda no percurso, que o impede de sair. Como última medida, o suspeito usa magia, por meio da ativação de uma pinta em seu corpo, mas o mestre de magia de Arsênio o impede, cancelando a ativação do poder e o jogando contra a parede através de uma onda invisível de energia. O mestre da magia olha para Rupert e comenta.
— Esse é um presente para você, agora ficou mais fácil, só faltam dois.
O mestre de magia manipula o corpo do espião com seu poder e o joga no chão, próximo de Rupert, e diz:
— Mesmo ele tendo se revelado, entrará na sua contagem de sucesso... Você merece.
Rupert estranha o clima, mas sabe o que tem que fazer para não ser descoberto.
— Ótimo, então minha contagem de sucesso será três ainda.
“Com esse covarde se entregando, eu vi quem são os outros... Mas acredito que sejam quatro espiões no total, e não só três. Eu vou mostrar o tão bom que eu sou.”
Rupert faz sinal com sua mão, pedindo a arma de um dos guerreiros de Arsênio; ao pegá-la, Rupert avança rapidamente e mira em um alvo, mas no último instante ele ataca o certo e fere um dos espiões.
— Esse é o segundo!
O homem é pego de surpresa, mas contra-ataca, Rupert se defende e inicia uma luta entre os dois. Outro espião se anuncia e ataca Rupert, que está atento e na defensiva, analisando os movimentos do outro, que não se manifestou ainda.
— Já temos o terceiro! É isso ou tem mais?
“Faz tempo que não me sinto animado e entusiasmado, com essa adrenalina.”
Arsênio olha tudo com gosto e questiona Rupert:
— Precisa de ajuda?
— Não, senhor, eu dou conta! E você terá seus quatro espiões!
— Quatro?
Arsênio olha para seu mestre de magia e faz um sinal para ele, em seguida uma magia é colocada ao redor de todos os suspeitos, prendendo-os, e dando mais vantagem para Rupert, que, ao sentir isso, concentra-se mais em seus ataques. Arsênio vê o bom desempenho de Rupert e o motiva.
— Ótimo! Você é digno de muito mais, mostre seu poder! Pelo Império!
— Pelo Império de Cristal!
Todos observam Rupert lutando contra um espião e depois contra dois. A luta tem muito soco, chute, espada e sangue, elementos que agradam a todos. Os espiões lutam como se suas vidas dependessem disso; pelo calor da batalha e do objetivo em sua mente, Rupert não hesita e usa tudo que tem e tudo que sabe para atacar e ferir seus inimigos.
— Vocês são bons, mas eu sou melhor!
Em pouco tempo e graças à vantagem da magia, Rupert os derrota, deixando-os caídos, feridos e rendidos.
“Agora, sim, eu sou poderoso e posso mostrar tudo do que eu sou capaz de fazer.”
— Ainda falta mais um!
Rupert olha fixamente para seu alvo, que demostra tranquilidade e segurança. Ao se aproximar, Rupert é surpreendido pelas habilidades do quarto espião, que o desarma e o ataca com calma e objetividade. Depois de uma sequência de golpes parcialmente defendidos por Rupert, ele acaba identificando melhor a classe e habilidades do seu inimigo.
“Um mestre de luta! Esse será difícil, mas não posso fraquejar na frente do Império de Cristal, vou mostrar que eu sou digno.”
— Quer chamar a atenção?
O homem responde com um ar de desapontamento:
— Não, mas infelizmente você quer...
— Idiota!
Rupert ganha moral de alguns guerreiros ao redor e do mestre de magia, que usa seu poder para enfraquecer o mestre de luta que, por sua vez, emana uma aura forte. Essa aura neutraliza o poder que estava na sala.
“Ele é poderoso! Por isso não foi detectado facilmente, bom que eu mostrei que posso ver além, meu treinamento em Copus Lithy foi de grande ajuda.”
A aura do mestre de luta está anulando a debilitação mágica que está recebendo, mostrando para Rupert que ele tem pouco tempo.
“Preciso agir rápido antes que eu perca, eu não posso subestimá-lo ou brincar com a situação.”
Rupert avança e sacrifica sua defesa para fazer um grande ataque; com poucos movimentos, o mestre quebra a armadura de Rupert e um dos seus ossos do peito e da perna, mas Rupert consegue derrubá-lo e, por reflexo e impulsividade, ele acaba nocauteando seu inimigo depois de recuperar a arma que havia sido tirada dele antes.
— Tome isso!
“Enfim! Difícil, mas não posso demonstrar fraqueza, preciso me mostrar forte e tranquilo com tudo isso... Eu sou um guerreiro de elite.”
Arsênio olha bravo para Rupert e ordena:
— Está ficando fraco? Rápido, acabe com esse problema agora!
“Ele está certo, preciso focar no meu objetivo, acabar com esses espiões!”
Rupert está cego quanto aos seus próprios pensamentos e ações, toda sua confusão é transformada em fúria usada para atacar os outros três homens no chão. A investida de Rupert amedronta os espiões, que não revidam e só pedem pelas suas vidas. Após abater o segundo, Rupert olha para o último e fala, antes de matá-lo:
— Contra o Império de Cristal só há morte! Vocês pediram por isso ao nos desafiar!
Rupert está ofegante, cansado e ferido, logo ele é aclamado e elogiado pelos outros guardas, que o levam para um salão com comidas, bebidas, música e mulheres. Essa entrada de festa repentina, com elogios, nubla a mente de Rupert, que não vê o que de fato houve e seus feitos, ignorando a morte de quatro homens que seriam seus aliados, além da agressividade excessiva e sem controle.
“Todos estão admirados pelas minhas habilidades, finalmente um pouco mais de reconhecimento, agora eu terei acesso a tudo que eu quero do Império de Cristal, minha missão está acabando.”
Arsênio se aproxima e elogia Rupert.
— Bom trabalho! Agora coma e descanse um pouco antes de terminarmos o relatório.
— Verdade! O relatório, senhor.
— Não se preocupe, temos tempo ainda, se divirta, todos merecem!
Um guarda chega ao ouvido de Arsênio e diz algo que o preocupa, ele olha ao redor e, ao confirmar algo com seu braço direito, mestre de magia, ele diz para Rupert:
— Um dos meus irmãos está com problemas, prossigam aqui e nos falamos depois.
— Claro! Farei meu melhor, senhor.
— Sim... Eu sei disso...
“Ótimo, terei todo acesso e pouca supervisão. Posso dizer aos meus companheiros Infantes que eu concluirei minha missão mais rápido do que eu pensei.”