Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 53: Chay, O Guardião de Mascul

São cinco homens de porte físico médio, com trajes comuns, eles cercam Chay e o atacam com facas, bastões e correntes. Chay se posiciona e faz sinal com a mão para que seus servos se afastem.

— Não preciso de armas...

Desarmado, Chay bate nos homens um a um, tomando alguns golpes que são absorvidos por sua armadura. Antes que o grupo de homens perca, eles começam a provocar outras pessoas da taverna, começando uma confusão em que todos começam a atacar uns aos outros.

Os Infantes se afastam e ficam em guarda, torcendo para que não precisem revelar suas habilidades. Um homem ataca Doug que por azar tropeça em uma cadeira caída. Júlio fica com raiva e revida, atacando quem se aproxima.

Meena e Rupert acham engraçado tudo e simulam gostar de tudo, gritam e torcem para ter mais pancadaria, aos poucos a briga diminui. Antes de tudo acabar, Soraya chega com mais dois guardas e olha fixamente para os Infantes, comentando para si.

— Espiões! Hoje ganharei meu retorno para Milites, oferecendo a cabeça desse povo.

Ela tira dois pergaminhos em formas de fitas compridas e prepara uma magia para atacar. Ao ver que Júlio está sentindo a ativação do poder, ela tem a certeza de que eles são espiões.

— Eu sabia!

Júlio fica perplexo por um instante e se deixa ser acertado por um golpe não tão forte, mas que o faz cair, alguns de seus pertences caem também. Júlio rapidamente os pega e um desses itens chama a atenção de Soraya, que para sua ação. Esse item é a insígnia de Prisa, que foi dada a Júlio e Doug. Soraya, ao parar sua ação, diz algo, se lembrando de algo aparentemente importante.

— O clã das admiradoras... Erika...

Seu guarda a questiona sobre o que ela disse, e ela responde.

— Ajudem Chay a acabar com essa confusão, rápido.

Soraya usa seus pergaminhos para prender dois homens que estão descontrolados, brigando sem parar e destruindo o lugar. Chay vê Soraya e se aproxima dela, depois de tudo normalizado.

— Soraya de Milites, o que veio fazer aqui?

— Fiquei sabendo que haveria confusão e vim informar os viajantes ali.

Chay olha os Infantes e comenta:

— Eles parecem suspeitos.

— Todos nesse lugar são suspeitos, mestre Chay.

Chay ri e vai até os Infantes. Ele olha um a um e fala com Rupert.

— Você me parece ser o líder.

— Sim, Lorde de Mascul.

— Lorde não, eu sou só um “Guardião de toda Mascul”! Já devem saber dos nossos costumes, então vou esperar vocês no buraco de verme para uma luta “amigável”.

Soraya entra na frente dos Infantes e diz.

— Eu estou um pouco ocupada, então nós vamos indo, o senhor precisa de algo?

— Preciso de mais daquele óleo para pele, você sabe! O sol não gosta muito da minha beleza natural... De resto eu estou bem!

— Pode deixar comigo, eu vou providenciar e encaminharei ao senhor.

Chay vai até o balcão e pede bebida junto a seus servos, enquanto mais guerreiros do Império entram e levam os homens que começaram a briga. Soraya pede para os Infantes seguirem-na até uma pequena loja de itens antigos próxima dali. O lugar é pequeno e está vazio, há só um senhor, que cumprimenta Soraya.

— Mestra! Como estás?

— Eu estou bem, o senhor pode vigiar os fundos, por favor?

— Sim, senhora.

O senhor sai e com magia Soraya fecha a loja, selando a entrada.

— Então vocês são de Pronuntio, certo?

Eles estranham, observam bem o lugar e a Soraya, que não mostra hostilidade, mas Júlio diz, pegando em sua mão.

— “Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio...”.

Júlio usa um pequeno encanto que envolve os dois em uma pequena aura mágica. Soraya potencializa isso, ao mesmo tempo que termina a frase:

— “... Mas o companheiro dos tolos, acabará mal”.

Júlio se afasta, indicando que Soraya não é do grupo inimigo que governa ou ajuda o Império. Rupert, como líder, inicia a conversa:

— Quando descobriu que somos de Pronuntio?

— Não foi difícil...

— Se não estamos presos, ou mortos, certamente você não é inimiga...

— Não exatamente... Júlio! Mostre-me aquela insígnia, por favor.

Júlio fica confuso, mas logo se lembra do item que foi dado a eles em nome de Prisa. Ao pegar, Soraya sorri e questiona:

— Vocês têm alguma ligação com Pando?

— Você diz a Floresta de Pando?

— Sim! Isso é de um grupo que vive lá.

— Nós somos Descendentes de Ivo, como o clã que vive lá, esse item foi dado por uma amiga próxima.

Soraya pensa um pouco e questiona.

— Todos vocês são?

— Não, só eu e o Doug somos. Meena e Rupert são amigos e crescemos juntos.

— Entendo... O que fazem aqui? Vocês foram notados por mim, obviamente serão notados por alguém superior.

— Estamos precisando saber algumas informações importantes do Império, para defesa e bem-estar dos seres e até da natureza do Grande Continente.

— Vocês são enviados de uma ilha Electi, a Rainha das Águas, Úrsula...

Meena estranha e questiona, interrompendo o assunto.

— Se você é do “bem”, por que está do lado do Império?

— Depende de como você qualifica “bem”.

— Você trabalha para o governo...

— É uma tradição de família, meus pais também trabalham para o governo, ganha-se bem, tem algumas regalias e só com o tempo que o governo começou a ficar... Como posso dizer?

— A ficar “ruim”?

— Não, a pagar menos... Sei sobre o que vocês estão falando, mas com o tempo muitos dessas atrocidades serão amenizadas e já estão se dissipando.

— Tem certeza disso?

— Sim. Chay, por exemplo, ele não é rude como parece ser, é tudo dissimulação, pois ele precisa agir assim para defender sua família, ter respeito e não ser caçado pelo Império.

Rupert questiona:

— Mas, se todos mantiverem uma farsa de maldade, não continuará com essas atrocidades? Igual à briga que vimos no bar sem motivo.

— Sim, você tem razão, mas vejam, aqueles homens que brigaram no bar são realmente homens ruins. Chay, entre outros guerreiros que trabalham próximo dele, caçam escondido esses malfeitores e usam a própria ação e cultura do Império para atacá-los e prendê-los. Ele é um albino, acha que o Império daria um cargo alto para ele assim? Jamais! O Império odeia qualquer um que seja diferente, ainda mais fisicamente... Além deles, tem outros cargos acima, que pensam em uma forma de melhorar o Império... Infelizmente são poucos... Deixe-me perguntar: vocês pretendem matar ou fazer algum ato de guerra dentro dos territórios do Império de Cristal?

— Não... Estamos em uma investigação para saber se a “Relíquia de Um Sangue Espirituoso” está nas mãos do Império e se ele tem algum plano maligno contra os outros povos.

Soraya pensa um pouco e usa mais magia para ter certeza de que não estão sendo vistos ou ouvidos e diz, com um pouco de chateação.

— Infelizmente não tenho grandes poderes para fazer coisas grandes, quando tomei conhecimento de algumas coisas do Império, eu já estava servindo a ele com corpo e alma... Tento viver minha vida sem pensar muito, ajudo escondido alguns grupos e faço o máximo possível para levar conhecimento e sabedoria para os que precisam.

— Não sei como são as coisas em Milite, mas nesse lugar infelizmente só os ricos têm acesso a estudos.

— Não! Eu não disse tudo que eu vim fazer aqui, eu também vim para formar escolas... Em uma das cavernas de minério, está feita uma pequena escola para ensinar os pobres. Chay está achando aos poucos os maus elementos e os “promovendo”, enviando-os para Sodorra, assim, quando a cidade estiver “limpa”, poderemos tratar melhor dela e de seus habitantes.

— Que ótimo... Você disse promover? Então ele conseguirá nos enviar para Sodorra?

— Sim, mas não aconselho vocês fazerem isso...

Até o final da noite, Soraya explica pontos ruins do Império, seus comandantes, guerreiros e algumas ações que só quem vive nas cidades do Império sabe.

Os infantes também contam algumas coisas sobre eles e recebem ajuda e conselhos de como devem agir dentro do Império, como abordar pessoas classificadas como inferiores, superiores e excluídas, além de saber se a pessoa está do lado “bom” do Império ou do lado “ruim”. Aí se chega ao ponto sobre o qual Rupert mais queria saber.

— Sim, existe o clã de Maslow, eles são lordes que planejam trazer o Império para uma grande glória, paz e prosperidade envolvendo outros povos e raças.

Soraya não sabe muito sobre os lordes, mas o que ela sabe deixa claro que são pessoas de grandes dons mentais e até mágicos, que se unem para combater a cultura ruim que vive há décadas no Império.

Para a infelicidade do grupo, o clã de Maslow não tem nenhuma intenção por agora de atacar ou de se rebelar contra o Império; mas, com a ajuda de Soraya, eles saberão como se aproximar e achar amigos dentro do Império.

— Entenderam por que vocês não podem ir para Sodorra?

— Sim, por não ter registro de integrantes de Maslow lá...

— Sim, e mesmo se tiver, ele não poderá ajudar como eu estou fazendo aqui, olha para vocês... Meena de forma alguma pode ir para Sodorra, ainda mais com esse porte de lutadora e de uma mulher com autoestima elevada... Júlio e Doug são facilmente localizados...

— Eu entendo que sou demais para o Império acreditar, mas os meninos não! Os itens mágicos do Império que podiam detectar Descendentes de Adéa e Ivo foram destruídos, porque revelavam os integrantes aceitos pelo Império.

— Sim, muitos descendentes dentro do Império rejeitam os seus, em nome da cultura que o Império impõe e por esse motivo esses “traidores” conseguem localizar outros como os seus e acharão Júlio e Doug até em uma multidão...

Todos param um pouco e veem que a missão deles não pode seguir até Sodorra. Soraya também sente muito por não poder ajudá-los mais do que gostaria, e comenta.

— Pensem muito bem antes de seguirem em frente, e mesmo em Mascul, vocês devem agir com mais intolerância e egoísmo; se precisarem de algo, sabem onde me encontrar.

— Obrigado, Soraya... Você nos ajudou porque viu o brasão de Prisa?

— Sim, eu fui chamada para fazer parte de um grupo que vive em Pando, uma grande amiga minha falou sobre o clã que vive lá e desse grupo aliado que tem esse brasão de identificação... Se passarem por lá, usem essa insígnia para provarem que são aliados ou que são apaixonados pela cultura deles.

— Mas e o Império?

— Não se preocupe! Essa insígnia não é conhecida, só não espalhem essa informação.

Soraya cumprimenta todos e sai em direção da escola. O senhor que estava na loja volta e entrega alguns itens enferrujados para eles e diz:

— Usem isso para entrar na ferraria.

— Obrigado, senhor...

Os Infantes saem da loja e seguem até uma área mais vazia da cidade, o céu continua nublado e não é possível ver as estrelas e nem as luas, que às vezes trazem tranquilidade. Júlio e Doug observam o céu e sentem como um mau sinal, como se os pensamentos também estivessem nublados e sem o foco certo; os quatro andam, bebem e comem algo, pensam e refletem sobre tudo que conversaram com Soraya.

Voltando para o quarto deles, Rupert diz:

— Amanhã decidimos o que faremos.

— Certo... Segundo ela, conseguimos mais informações na ferraria e podemos voltar depois disso.

— Sim, mas, se seguimos para Sodorra, conseguiremos mais, e até a eliminar um grande problema que ronda todos.

— Veremos amanhã, agora precisamos dormir.

No dia seguinte, os Infantes decidem ficar na escola por mais dois dias, recebendo lições de Soraya, que se propõe a ajudar. Através dela eles também conseguem contato com Chay, que irá ajuda-los, indicando-os a trabalhar em Sodorra, o que lhes dará a oportunidade de se infiltrarem no centro do poder do Império de Cristal, mas precisarão passar pelo ritual de inicialização, através de uma luta brutal.

Soraya informa como deverá ser a luta e informa que eles terão que se machucar para chamar a atenção e serem aceitos em Sodorra; no último dia de aula, Soraya os alerta.

— Brent Rutilismo é o “Águia de Sangue”, o maior assassino do Império de Cristal, ele é um Descendente de Ivo e detesta a si mesmo e a própria “categoria”, evitem ao máximo contato visual com ele...

Rupert comenta:

— Por sorte que Júlio e Doug conseguem detectar outros descendentes, assim será fácil de evitá-lo também.

— Cuidado para que ele não os ache primeiro... Tem ainda a “Trindade Brow” que também deve ser evitada: Nilber, Ivan e Questtis Brow são três irmãos poderosos e de alto nível hierárquico e influência do Império, só de conversar com vocês, eles saberão quem são.

— Já ouvimos bastante sobre eles...

— Por sorte eles estão liderando grupos e missões importantes e confidenciais do Império, então será difícil encontrar com algum deles... Mas tem um que é certeza que estará lá, e é o pior de todos... Ian Nai.

Rupert suspeita muito da fama desse homem e comenta:

— Esse é um homem superestimado por ser...

Antes de terminar sua colocação, Soraya o interrompe, demonstrando medo.

— Não! Por favor, não se engane; com os outros que eu mencionei, pode até existir uma briga ou possibilidade de fuga, mas, se vocês se encontrarem com Ian Nai, vocês só sairão vivos se ele assim quiser, ele é o general e o único a quem o imperador respeita e admira. Ele dará a vida para proteger o imperador, então eu repito: fiquem longe do imperador e desse antigo herói “Octonião Imortal”, Ian Nai.

A seriedade de Soraya passa o temor que se deve ter desse homem tão famoso dentro e fora do Império de Cristal, após essa conversa os Infantes se organizam para irem até a ferraria e de lá para a luta agendada.

Essa luta foi anunciada horas antes, por ser um estilo de evento muito comum e chamativo em Mascul. Os Infantes voltam a vestir roupas normalmente usadas por mercenários e com mais armas e itens mostrando que são mercenários poderosos. Meena é obrigada a usar roupas mais vulgares e agir de acordo com as vestes.

Júlio e Doug mantêm uma distância um do outro, para não externar afeição mútua. Rupert, sempre como líder, se coloca à frente do grupo e entra no centro do famoso e temido lugar chamado “Buraco de verme”.



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