Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 52: “Peteae” e “Taine”

Meena questiona baixo:

— É possível consertar tudo assim?

Júlio responde:

— Não, só alguns itens, mas é uma magia avançada, apesar de que foi usada através de um pergaminho.

— O que isso significa?

— Que ela possivelmente usa magia através de itens mágicos, uma mágica de nível baixo ou médio, mas com recursos e equipamento que se equiparam aos de um grande mágico.

A aula começa, e um dos meninos zomba e bate em Peteae. A professora vê, mas exclama brava.

— De novo, Peteae!

Os Infantes estranham, ao ponto de Meena e Rupert rirem.

— Ela está achando ruim do menino que apanhou?

A professora se aproxima brava e diz.

— Tinha que ser o “principezinho indefeso” de novo... Reage, Pete! Desanimador...

Doug acha ruim ao ponto de querer falar algo, mas Júlio o impede.

— Não! Não podemos demonstrar insatisfação.

— Que injustiça... Odeio olhar para isso...

— Olhem! Isso é interessante.

— O quê? Uma educadora beneficiar e agir injustamente?

— Mais o menos isso...

Júlio puxa os três para outro canto mais distante de todos e comenta.

— Isso é a forma que devemos agir, falar e ser.

— Como assim?

— Estamos muito reservados, evitando o Império, precisamos mostrar que somos como eles e assim seremos mais “adorados”... Vejam aquele Taine, um menino que não é “ruim”, mas tem atitudes estúpidas, e a mestra dele o tem como favorito, até mesmo sem perceber, pois é o costume e cultura daqui do futrespurco.

— Entendi... Não estamos mais nos lugares de bons costumes.

— Isso! Por isso que o Peteae, ou como ela chamou, “Pete”, é menosprezado, porque ele tem comportamento diferente dos demais, lhe falta a “carisma” da cultura.

— Certo... Então aqui os comportamentos são inversos.

— Precisamos tentar agir assim para nos aproximar de cargos maiores e obter mais informações.

Os infantes dão uma volta pela escola, notam mais ações similares e têm certeza da afirmação de Júlio, até no intervalo eles veem e têm certeza da diferença e da inversão dos valores do lugar.

Taine tratando mal um menino com traços afeminados e sendo protegido pelos amigos, e Peteae, que é criticado por ajudar o mesmo tipo de menino. Essa inversão deixa Doug chateado, que comenta baixo com Júlio.

— Poderíamos ser nós... Pessoas como nós, como pode ter injustiça até nas pequenas coisas... E aquela mulher no lugar de pontuar, ela acaba... Deixa, é normal para quem trabalha aqui.

— Infelizmente sim, mas pense que um dia isso vai mudar, estamos aqui em busca de soluções futuras.

— Verdade.

 Eles retornam até a sala do Taine e Peteae e veem o final da aula, enquanto a professora ensina, ela usa de seu bolso um pó preto e simples; ao jogar esse pó na grande bandeja de prata, ele é envolvido por magia, o que faz o pó adquirir formatos para ilustrar melhor o que está sendo dito.

— Nosso Império de Cristal é o único capaz de usar o teleporte, porque ele é o inventor desse grande poder, mas devemos ter cuidado, pois existem outras formas de teleportar um ser até outro lugar, além dos nossos cristais, existe magia de nível Electi que traz outras formas de se locomover rapidamente de um ponto a outro e a também a troca de um ser vivo por outro... Essa troca permite trocar de lugar com outro ser, podendo ser um animal irracional ou item poderoso, mas esse animal deve ter um treinamento para isso e até adquirir poderes mágicos elevados, com o tempo; são raros os casos, era uma técnica muito usada pelos Sodam of Smart, os seres semelhantes aos humanos que podem se transformar em animais.

Os Infantes são notados e agem naturalmente, como se tivessem interessados na aula e querendo conversar com a professora, que fica desconfiada deles, tendo que se aproximar e abordá-los.

— Oi, eu já eu os vi mais cedo, mas vocês ainda continuam aqui, a reunião dos pais fica na outra sala.

— Não somos pais, estamos só analisando o potencial dessa escola comparada às outras cidades do Império.

— Essa é uma das melhores, podem acreditar, e vocês são?

— Somos os “Setnafni”, estamos ajudando o Império com alguns problemas que eles estão tendo nesses últimos meses.

— Sim, eu fiquei sabendo de alguns casos...

— E a senhora é?

— A sim! Eu sou Soraya Iuta, mestra de lições de Milite.

— Cidade Milite do Império?

— Sim, eu vim...

A conversa é interrompida por uma confusão que se inicia em uma das salas, entre dois pais furiosos, aparentemente é uma disputa de famílias, ambos brigam com socos e pegam itens do lugar para usar como armas, algumas crianças gritam e outras correm. Ao identificar a situação, Soraya alerta seus meninos.

— Preparem-se! Vão para o quarto de cristal...

Na correria, Taine empurra Peteae, e Soraya reclama:

— Vamos, menino indefeso, corre, Pete! Faça como o Tine!

Os Infantes correm e ajudam as outras crianças a seguirem para o lugar que Soraya indicou, no caminho eles veem outros homens brigando, formando uma grande confusão. Antes de fazer algo, Rupert diz.

— Esperem! O que devemos fazer?

— Brigar também?

— Meena, você segue com as crianças, uma mulher guerreira pode chamar a atenção.

— Sério? Que nojo desse lugar... Está bem...

Rupert, Júlio e Doug entram na luta, no intuito de dispersá-la, sem causar muitos danos, eles batem para separar os briguentos.

— Parem! Esperem!

Doug, por ter mais experiência em combate corpo a corpo, concentra-se em bater em pontos que debilitam o movimento por algum momento, forçando os homens a se afastarem e a pararem de lutar.

Alguns guardas da cidade entram e tentam ajudar, mas acabam por causar mais confusão, os três se afastam e pensam em uma forma de ajudar sem chamar a atenção. Antes de avançarem novamente, Soraya aparece e tira alguns itens de seus bolsos e os usa:

— Já avisei que escola não é lugar para isso!

Soraya prova que é uma mágica defensiva, tudo que ela usa é para neutralizar os homens; com pó preto, ela assopra e faz uma pequena nuvem, que deixa os alvos lentos, joga pergaminhos mágicos que flutuam e grudam nos troncos dos homens, adormecendo essa parte do corpo, o que os impede de continuar a brigar.

Ela arremessa pequenas pedras que explodem perto do ouvido, fazendo um zumbido chato, deixando alguns atordoados, e usa poções para melhorar seu nível de energia e controlar o fluxo dele; ela também usa para causar um cheiro estranho e incômodo a fim de afastar quem tenta mirar nela e até para proteger cidadãos comuns que estão no meio da confusão, querendo sair.

Embravecida, ela até repreende os mais incontroláveis, causando danos a eles com seus itens. Ela comenta para si:

— Ainda mais no meu horário de trabalho... Ódio!

Poucos momentos depois, ela perde o controle chegando a machucar seriamente alguns, com autoridade ela lidera o guardas do Império, que chegam para ajudar e expulsam todos os que estavam brigando. Soraya respira fundo, volta para a sua sala, tira um doce de seu bolso e se senta, comendo-o com gosto.

— Enfim... Paz...

Os Infantes entram para conversar, e Taine aparece. Soraya o abraça e comenta.

— Você e os outros conseguiram? Ficaram seguros?

— Sim!

Peteae aparece também, mas Soraya briga com ele.

— O que você está fazendo fora do quarto? Alguém falou que o perigo já se foi?

— Não...

— “Não...” Já que está aqui, chame os outros para comer... Tine, meu querido, vai lá comer também, você deve estar estressado pelo ocorrido.

— Sim, mestra!

Rupert comenta brincando entre eles.

— Onilda também nos tratava assim?

Meena ri, dizendo.

— Quem sabe com o Ray, ou com os “meninos dos olhos de ouro”, Júlio e Doug.

Doug rebate, defendendo Onilda, e em seguida Júlio diz:

— Parem com isso, vamos logo conversar com ela.

Rupert se aproxima e questiona.

— Mestra Soraya? É sempre assim?

— Essa confusão? Às vezes...

— A senhora disse que é da cidade de Milite?

— Isso, eu sou o braço direito de Karl Emil, fui enviada para cá porque o lorde de Mascul foi resolver assuntos importantes em Dogma... E vocês são de onde?

Rupert traça em sua mente os contatos que Soraya deve ter em Milite, vendo que ela não deve ter muito conhecimento em algumas cidades do Império, e responde pelo grupo.

— Temos mais contatos com Regem e Prince...

— A cidade fortificada? Muito bom... E a que se deve a visita de vocês?

— Devido aos ataques que o Império está passando, nós fomos chamados para ajudar o Império, recentemente caçamos um Varanus, olhe!

Rupert mostra o contrato de posse e venda do item Ajna, comprovando sua história. Soraya olha e comenta.

— Sim, fiquei sabendo que o Império está contratando várias pessoas de fora para ajudar em seus assuntos... Bom...

Júlio não aguenta em segurar uma informação e diz:

— A mestra disse que a magia teleporte foi criada pelo Império, acredito que isso não seja verdade.

Ela comenta com desânimo.

— Somos instruídos a dizer que tudo foi criado pelo Império, mas só a fonte e criação que “alteramos”, o resto é verdade.

— Entendi... E sobre esses meninos, fiquei com pena desse Peteae.

— Pete? Não, ele se faz de inocente, confesso que me dá uma raiva quando ele age de uma forma frágil e de autoestima baixa, isso não existe! Um bebê chorão não me agrada.

— E o Taine?

— Esse é muito bom, sempre chega cedo, ao contrário do Pete, que sempre chega atrasado todos os dias.

— Ele tira boas notas?

— Sim, pelo menos para isso esse menino serve, mas é fraquinho, coitado...

— Ficamos curiosos em saber mais sobre a escola, a mestra pode nos mostrar?

— Claro! Sigam-me.

Meena se coloca para ajudar a arrumar a bagunça, e Soraya mostra toda a escola, responde a algumas perguntas e informa alguns dados históricos. Através desse passeio e da conversa, os Infantes unem elementos que já sabiam e se certificam de algumas coisas, no fim da tarde os infantes conseguem outra informação útil de Soraya.

— O guardião de Mascul sempre vive na pequena taverna, lá costuma ser mais vazio para ele beber e relaxar à vontade, raramente vocês vão encontrá-lo no forte ferraria.

— Muito obrigado, mestra!

— Por nada...

Os infantes seguem até a taverna para se encontrar com o guardião, que é o vice-chefe de Mascul; no caminho eles comentam tudo que ouviram de Soraya, e Doug diz chateado.

— Os pobres que se destacam por serem maus ganham status e crescem podendo ser ricos ou até ganhar cargos altos no futrespurco.

— Doug, o que você imaginava? Como Pronuntio? Que você sendo um exemplo de bondade, honraria e que como um herói você será importante e tomado como exemplo? Não, aqui os heróis são os bastardos que tratam mal e mentem, vejam os meninos da escola, é uma representatividade de tudo que veremos, e com adultos será pior.

Enquanto eles seguem seu caminho, Soraya entra no dormitório ao lado da escola e comenta consigo mesma:

— “Senhora”? “Mestra”? Acham que eu sou tola... Homens, brancos, guerreiros e ainda mais, mercenários! Sendo educados assim com uma mulher, mesmo no Império, prova que eles não são quem dizer que são.

Soraya usa seu pó preto e com magia o pó flutua, mostrando o caminho do dormitório dos Infantes.

— Eu os vi tratando bem aquela ajudante deles... Eles devem ser espiões. Aqui!

Achando o quarto, Soraya usa um poder armazenado em sua chave-de-ouro.

— Chave-mestra de Mascul que abre todas as portas, abra meu caminho!

A porta se abre, e novamente usando magia, ela investiga o quarto e os itens que eles deixaram lá; em pouco tempo ela descobre tudo que queria.

— Setnafni? Entendi... Infantes de Pronuntio!... Não consigo ver muito, mas vejo o necessário... Parece que até há amor entre alguns deles, um casal... Enfim! Peguei vocês!

Chegando perto da taverna, Meena questiona:

— Mas Soraya é uma mulher, como ela tem tanto poder assim aqui?

— Ela é uma subordinada de um lorde do Império, eles não a veem como alguém de alto poder ou sabedoria, todos a veem como algo que carrega a vontade de seu superior que, aliás, é homem.

— Uma porta-voz... Entendi... Pelo menos ela parece ser boa.

— Ela é do Império, com certeza ela está infectada pela cultura machista e maldosa, vejam como ela trata aqueles meninos, com total parcialidade “entendendo mais um lado do que o outro”.

— Isso é verdade...

Doug não comenta sobre isso, pois também quer ver bondade na professora, que lembra Onilda. Eles acham a taverna e entram nela, o lugar é simples, mas é bem-organizado e limpo, há poucos clientes, e os que estão lá são pacíficos, diferentes da maioria da cidade que demostra hostilidade; eles pedem comida e sentam-se no canto, esperando ver o vice-chefe.

—Conforme as informações que pegamos, não é ninguém aqui.

— Vamos esperar um pouco mais.

Alguns minutos depois, entra o vice-chefe de Mascul, ele é um homem, humano, de estatura alta, porte físico forte e albino, sua pele, cabelos e olhos são muito claros, sem nenhuma pigmentação, cabelo bem curto e sem barba.

Ele tem idade aparente de sessenta anos, usa uma armadura corporal leve de metal com um pouco de couro de animal; atrás dele entram alguns servos, carregando um elmo com chifres, normalmente usado pelo exército de elite do Império de Cristal, e uma espada grande, longa e com um dos lados serrados, que parece um grande serrote. Ele aparenta ser arrogante e megalomaníaco, por agir com superioridade, além dos boatos que os Infantes já ouviram sobre ele. O dono da taverna se aproxima, reverenciando-o, e com apreço, diz:

— Mestre Chay Pimkhau, como eu posso ajudá-lo?

— Onde estão aqueles vermes?

— Senhor...

— Diga!

Alguns homens saem de uma passagem escondida e atacam Chay, que diz alto e se vangloriando:

— Vou mostrar o poder do Guardião de Mascul!



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