Volume 1
Capítulo 47: Djal Elisus
No início da tarde, logo depois de comer, os Infantes se encontram com Djal na tenda de abastecimento.
— Boa tarde, estamos aqui para separar os itens e suprimentos que precisaremos para a nossa missão.
— Boa tarde, jovens heróis, eu já os vi pela vila, mas não os conheço formalmente... Prazer, eu sou Djal Elisus.
Djal Elisus é um homem, humano, de pela branca, idade entre cinquenta e sessenta anos, cabelos ondulados, curtos e grisalhos, barba grisalha e curta, um pouco atraente, demostrando ter sido um belo jovem. A estatura dele é média, porte físico forte e um pouco acima do peso, ele está usando armadura leve, corporal e com tecido claro e leve.
No broche do peito, no brasão no cinto e na parte de trás de sua roupa tem um besouro pálido desenhado e em alto-relevo. Os Infantes reverenciam como sinal de respeito, dizem seus nomes, e Djal agradece a cordialidade deles.
— Obrigado, mas não precisam ser tão formais.
— Precisamos, sim, estamos diante de um veterano honroso.
Um pequeno percevejo de tom claro entra na tenda, e, ao voar perto dos ouvidos de Djal, ele tem um mau pressentimento e diz:
— O Império...
— Como disse?
Djal sai da tenda em direção à floresta de Copus Lithy. os Infantes ficam sem entender, olhando um para o outro, e Rupert comenta:
— Alguma coisa está acontecendo. Vamos ver!
No lado de fora, todos estão correndo se preparando para uma possível batalha; civis arrumam pertences e são afastados da muralha, no céu ao longe se vê uma espécie de pipa de papel com uma nuvem aparentemente mágica ao redor. Meena olha atentamente e comenta.
— Estranho... Parece maior que uma pipa normal.
Júlio usa magia em seus olhos e alerta:
— É técnica do Antigo Mundo, são mercenários e em um grupo grande.
— Um guarda da muralha alerta, tocando uma trombeta, que inimigos do Império estão se aproximando por terra.
— Eles atacarão pelo ar e pela terra!
Gustav surge no meio do grupo de guerreiros de Zara e comanda uma tática de defesa. Rupert rapidamente se coloca à disposição com seu grupo.
— Obrigado, Rupert, vocês serão de muita ajuda. Fiquem atentos se teremos ataque pela água e faça o possível para defender Zara dos ataques aéreos.
— E ao ataque vindo por terra?
— Eu e meu grupo pegaremos esse! Se precisar de auxílio, eu aviso, mas o principal é manter as pessoas de Zara a salvo.
— Certo!
Com tudo bem planejado e esquematizado, todos de Zara se preparam para o que vem à frente. Com a proximidade da pipa, é possível se ter a noção de sua imensidão, revelando um grupo grande de mercenários experientes e bem equipados, indo em direção ao muro.
Por terra há um grupo médio de guerreiros do Império de Cristal, alguns são de elite e têm como diferencial os elmos de chifres grandes e armas maiores e mais pesadas. Um pouco oculto dentro da pequena armada do Império, tem um personagem que se destaca entre os outros, suas ações e traje mostram que é o líder desse ataque e que é um usuário de magia.
— Esses selvagens da floresta agora estão querendo se expandir mais do que deveriam... Vamos mostrar a eles que, sem a aprovação do Império, eles não podem fazer nada!
Esse homem é também humano, de pele branca, estatura média, cabelos lisos, pretos e médios, usando um manto preto, um peitoral de prata, um chapéu grande, escuro e de três pontas. Ele segura um cajado negro cristalizado, e dá a ordem para um mercenário ao seu lado.
— Diga para iniciarem o primeiro ataque, não usem tudo, pois precisamos ver se eles estão tendo ajuda de outro reino.
— Certo!
Esse mercenário faz sinal para os outros que estão na grande pipa. Acatando a ordem, eles revelam que têm uma pipa menor atrás e, com ela, eles descem como um rasante em direção a Zara, enquanto a outra fica plantando e se aproximando aos poucos, obtendo melhor visão da cidade e de como atacar.
De dentro de Zara, os arqueiros atacam a pipa, mas sem sucesso, por causa de alguma técnica que envolve poderes do vento e que que atrapalha a chegada dos projéteis.
Antes de usarem a catapulta desenvolvida por Djal, os mercenários atacam, a pipa se torna várias menores para cada mercenário; assim, eles chegam ao chão e usam-na novamente para se locomover melhor, podendo voar novamente e fugir de ataques fortes dos guerreiros de Zara.
Júlio pela primeira vez tem total êxito na técnica de se clonar magicamente, ele se divide, dando suporte para todos os possíveis. Usa seus poderes para melhorar os ataques, defesa e até para atrapalhar a locomoção livre dos mercenários na cidade.
Em alguns momentos lutando contra um ou outro mercenário, Júlio desfoca o suporte que está dando, para não ser ferido e tem um ótimo desempenho em derrotar quem o enfrenta.
— Tome cuidado, ainda tem um ataque maior para vir!
Doug se une a Meena, ambos com técnica de luta, e desarmados, chamam a atenção do inimigo, dando chance para os civis fugirem e se refugiarem melhor.
— Meena, me cobre, que eu tive uma ideia.
Doug estudou sobre artilharia e se aproxima da grande catapulta, ele enfrenta alguns mercenários que tentam destruí-la e, com ajuda de alguns trabalhadores que auxiliaram na construção dela, consegue deixá-la pronta para o combate. Meena toma alguns arranhões, por não ter muita experiência em ataques desse estilo.
— Eles são rápidos e ainda voam! Não me lembro de algo assim no treinamento.
Em uma ocasião Meena tenta usar a pipa, mas não chega a voar.
— Poderíamos ter aprendido sobre isso...
Rupert corre para o muro para ter uma visão melhor de tudo, no caminho ele enfrenta vários mercenários e, ao contrário dos outros, ele tem muita aptidão em se defender e contra- atacar golpes desse estilo.
Ele é atingido algumas vezes e com um escudo ele se defende, e ao mesmo tempo, derruba os mercenários, dando chance para que guerreiros de Zara ataquem, o que diminui os números de mercenários do campo de batalha.
— Arqueiros! Não conseguimos atacar a pipa, mas tentem ajudar a linha de frente.
Gustav faz sinal, concordando com a ação de Rupert. Depois da primeira saraivada de flechas, que não chega ao grupo inimigo, Gustav fica à frente de seu grupo e se prepara para defender.
— Não iremos atacar, é isso que eles querem!
Do outro lado, o líder comenta.
— Esperto, não irão atacar corpo a corpo... Veremos...
Gustav vê que o líder do grupo inimigo também se coloca à frente e o identifica.
— Questtis Brow?
Do outro lado, sem se ouvirem, Questtis diz sorridente.
— O líder deles é o “guerreiro eunuco”! Patético...
— Vamos atacar!
— Ótimo... Venham!
Gustav demostra preocupação e mesmo assim avança com os seus guerreiros. Questtis dá o sinal para avançar também.
— Vamos acabar com isso de uma vez... E você! Digam para os seus se prepararem para atacar com tudo; preciso que destruam os suprimentos deles, assim não terão como reconstruir e voltarão para a floresta.
Com o Império dentro de seu alcance, os arqueiros de Zara atacam com tudo, com uma saraivada precisa, enquanto Gustav se aproxima para o combate corpo a corpo. Questtis é envolvido em energia e, estendendo seu cajado, diz.
— Vou mostrar o porquê de o Império ser superior!
O cajado de Questtis adquire um brilho forte e, quando estendido no ar, cria uma onda mágica, que faz as flechas serem destruídas, virando pó de madeira e metal, e que ao cair não machucam ninguém. Gustav ordena mais uma saraivada, para diminuir a energia de Questtis, que usa seu poder novamente para destruir as flechas e em seguida inicia a batalha corpo a corpo.
Gustav é um ótimo líder e guerreiro nato, tendo destaque na linha de frente e com isso dá moral para o seu grupo. Ele abre caminho e quebra a formação inimiga com golpes fortes e precisos, mostrando não cansar facilmente.
Dentro de Zara, os mercenários vão perdendo um a um, com poucas baixas para os guerreiros que defendem a cidade.
Quando o número de mercenários chega perto do zero, a outra pipa desce com um rasante; nessa ação os mercenários atiram lâminas como uma chuva de facas, alguns morrem, mas muitos se ajudam para defender a maioria; os arqueiros atacam novamente, com ajuda de alguns mágicos da cidade, que se reuniram para anular o poder defensivo da pipa.
As flechas atingem a pipa, mas não causam muito dano. Doug defende a catapulta de outro ataque e pede para que ela seja usada com a ajuda de Júlio.
— Júlio! Ajude-nos!
A catapulta é acionada, Júlio, revertendo-se em um único ser, usa seu poder para potencializar e beneficiar o arremesso, para que atinja o alvo. Um barulho alto de colisão é ouvido, a pipa se mantém no ar, mas uma defesa invisível nela foi destruída.
— Isso não é magia dos mercenários, alguém poderoso conjurou essa proteção...
Júlio olha para Doug e diz alto:
— Doug, eles estão sem defesa, ataque de novo!
Rupert vê toda a situação e alerta:
— Eles virão com tudo... Cuidado!
Júlio sente um poder elevado dentro de Zara se manifestando e comenta baixo, ao ver de onde ele sente esse poder.
— Eu não o vi lutando... Desde quando ele está ali?
Em um canto da cidade, está Djal, em pé, com olhar focado e em pose de batalha. Júlio estranha, mas sente que uma magia está sendo criada ao redor ou no próprio Djal.
— Que técnica é essa?
Nas costas de Djal surgem asas de inseto feitas de energia pura. Júlio é o único que repara e vê essa cena, ficando admirado com esse poder.
Antes que a pipa dê outro rasante, Djal salta em alta velocidade e atravessa um ponto da pipa, o furo a desestabiliza, obrigando todos a se separarem; as pipas se soltam, mostrando que eram várias pequenas que formavam uma só. Ao soltarem, todos percebem que Djal não fez um único furo, mas em todas as partes, fazendo todas as pipas rasgarem no momento que se soltam uma das outras.
— Lygus Elisus!
Todos os mercenários são pegos de surpresa, eles usam uma magia simples para que caiam sem sofrer danos, mas os mágicos de Zara anulam esse poder e fazem que todos morram com a queda. Questtis, durante toda a luta do lado de fora de Zara, se mantém distante do combate corpo a corpo, focando em só se aproximar da cidade.
— Essas proteções sempre ficam mais fortes, mas já estou forte o suficiente para...
Questtis estranha, ao ver um guerreiro derrotar a pipa dos mercenários, e usa seu poder para visualizar melhor a situação.
— Um inseto? Mercenários inúteis! Perderam para um homem? Um velho...
Questtis se concentra e inicia a conjuração de algo grande; no processo ele lança um projétil mágico em Djal.
— Antes, vamos matar o inseto!
Djal se esquiva, o projétil passa por ele e volta para acertá-lo pelas costas. Ele resolve aparar a magia com sua espada, que emana um poder similar, o projétil explode e o atordoa, fazendo-o perder a consciência; ao cair, ele é salvo pelos mágicos e por Júlio, que o coloca em um lugar seguro. Gustav vê que Questtis está conjurando uma magia poderosa e avança para atacá-lo.
— Vocês estão proibidos de conjurar magia caótica em nosso reino.
— Acha que essas terras são suas?
— Nossas! E nunca de vocês do Império!
Gustav quase fere Questtis, mas cancela a conjuração, ou pelo menos ele achou isso.
— Tarde demais...
Uma nuvem negra se forma rapidamente sobre Zara, e dela cai uma bola de fumaça negra, produzindo algo grande.
— Pode ter me impedido de completar os oito chifres, mas seis devem ser o suficiente...
Gustav se espanta, pois no meio da cidade de Zara surge um Guerreiro Caos de quase cinco metros de altura, usando uma alabarda que, com magia, move com uma única mão. Gustav tenta voltar para a cidade, mas os guerreiros do Império ocupam sua atenção. Questtis aproveita e se afasta um pouco para recuperar um pouco da energia gasta, demostrando fadigar a cada movimento.
— Preciso descansar... Usei muito do meu poder para conjurar... Caos...
Com magia, os olhos de Questtis surgem nos olhos do guerreiro, e ele diz para o Caos onde ele deve atacar e o que fazer; por estar esgotado, Questtis não consegue manter a conexão com Caos, mas se vangloria.
— Ótimo... Mesmo eles tendo suporte de outros reinos, eu vou destruir esse lugar, ficarei uns dias de repouso, mas valerá a pena...