Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 41: Cassios e Gustav

Khan se coloca à frente do grupo para guiá-los dentro do palacete.

— Me sigam, prometo que não terá mais contos excessivos sobre o lugar.

Júlio e Doug ignoram a piada, mas Meena e Rupert riem.

— Obrigada! Assim focamos melhor.

O palácio de árvores e pedras é bonito, e rústico, um grupo de árvores grandes e antigas se uniu magicamente formando a base desse castelo; pedras, rochas, raízes, madeira e alguns tijolos formam o berço do rei de Copus Lithy.

A guarda é baixa, não apresenta itens de valor por nenhuma parte, todo o castelo é feito para acomodar a nobreza e realeza da cidade e para reuniões importantes. Há alguns salões para treino, dormitórios, cozinha e até criação de frutos e de aves de alta classe, usadas no envio de mensagem, para caça ou guerra.

No caminho todos veem guerreiros de alto nível, armaduras mais trabalhadas, mais diversidade de armas, além de um porte físico mais robusto e experiente, tanto entre homens como entre mulheres. Muitos deles são da raça aurem, de pele e olhos claros, deixando mais em evidência os humanos que têm e podem ter o porte físico mais avantajado.

Depois de passar por alguns corredores e uma pequena escada, os Infantes entram em um salão pequeno com várias armas, comida, mapas e estantes com livros e pergaminhos organizados.

— Aqui estão os Infantes, o líder Rupert e seus integrantes Meena, Júlio e Doug, o atraso deles é referente a alguns incidentes que houve no caminho, mas eles conseguiram passar ilesos. Caryn já os acomodou em Valentin e agora está resolvendo alguns outros assuntos aqui do castelo.

— Obrigado, Khan... Por favor, se retire. Cassios quer falar com eles a sós.

Khan sai da sala com outros guardas, os Infantes ficam a sós com o homem que falou com Khan e Cassios, e que está sentado em um trono simples enraizado a sala.

— Ótimo que conseguiram chegar bem, eu sou Gustav Searom, guardião do trono de Copus Lithy, uma honra conhecê-los.

Gustav é um homem aurem, de estatura alta, porte físico atlético, pele clara, olhos verdes claros, cabelos curtos e negros, rosto fino, barbudo, e com traços de alguém que nasceu prematuro, atrapalhando na identificação de sua idade, que aparenta ser de trinta e cinco anos, sua roupa é semelhante à dos guerreiros de elite de Copus Lithy, com diferencial de ter mais couro do que metal.

Ele aparenta um ser sereno, sua fala é tranquila e baixa, e olhar focado e atento.

— Por favor, sentem-se.

Gustav mostra assentos para os quatro, que reverenciam Cassios antes de se acomodarem. Cassios inicia a conversa.

— Por favor, podem comer ou beber algo se assim quiserem.

Todos pegam um copo com água ou leite, e em seguida Rupert continua:

— Cassios Etiel, é uma honra estar aqui em uma missão conjunta com Pronuntio.

— Compartilho do mesmo gosto.

— Espero não estar indo muito rápido, mas gostaria de saber mais detalhes da nossa missão, sei que tem a ver com a grande relíquia, mas como saberemos ao certo se ela está ou não próxima?

— Certo... Vamos aos detalhes...

Cassios é um homem humano, idade entre quarenta anos, estatura e porte físico médio, pele branca, cabelo raspado, olhos escuros, aparência comum com uma cabeça bem arredondada e grande, ele está usando armadura leve feita com pouco metal, muito couro e pano.

O estilo das vestes que ele usa lembra um sacerdote, mas mais fortificado para batalhas corpo a corpo. Ele é empático, com um jeito fanfarrão, mas sempre mantendo atitudes e comportamento de um líder comportado.

— O Império de Cristal está muito poderoso e já tem quase todo o Grande Continente ao seu controle, reis e líderes como eu, que governam pequenos lugares, somos pressionados em nos manter recuados e às vezes até ceder a alguns de seus luxos... Suspeitas dizem que ele tem poder acima do comum, de nível Electi, ou ele possui ajuda de algo dessa categoria, ou ele conseguiu achar a “Relíquia de Um Sangue Espirituoso”... Infelizmente, já tivemos ataques do Império que feriram muito meu reino, um deles afetou a moral e a mente de alguns dos meus guerreiros, dificultando o retorno deles ao campo de batalha... Algo que não conseguimos identificar ainda é uma espécie de “localizador”, certos cargos altos do império conseguem identificar guerreiros de Copus Lithy, então precisei pedir ajuda de algum aliado... Não será uma missão suicida, tanto que peço que, a qualquer sinal de perigo ou exposição clara, que vocês voltem o quanto antes em segurança.

— Então seremos espiões em Mascul, cidade do Império de Cristal?

— Isso mesmo! Essa cidade faz negócios com caçadores de “Grandes Animais”, na vila de Zara vocês encontrarão itens que provam que vocês são caçadores de recompensa e entrarão facilmente na área mais restrita deles, assim vocês devem tentar extrair o máximo de informações possíveis referente a esse poder que o Império tem em mãos e planos importantes que possam envolver uma guerra.

— Se houver algum item, arma, alguém ou até mesmo “A Relíquia” no poder do Império devemos tomar alguma precaução?

— Não! Simplesmente tenham certeza da informação e voltem para informar... Não acredito que a relíquia esteja em poder deles, na verdade, mas pode ser outra coisa similar.

— Por quê?

— Porque o Império já estaria se vangloriando de tal poder, mas alguns aliados suspeitam, então devemos ter certeza e não subestimar o inimigo.

— Existem mais pessoas envolvidas?

— Sim, mas infelizmente a conversação está baixa entre os que são contra ou que não seguem à risca as ordens do Império. Alguns estão mandando guerreiros para missão Electi entre as dez ilhas, como uma forma de conseguir alguma vantagem.

Rupert olha para seus companheiros e comenta baixo.

— Pedro e os outros...

Gustav tem uma ótima audição e comenta:

— Sim, Pronuntio como outros lugares mandaram pessoas para verem a possibilidade de adquirir algum poder e aliança Electi.

— Desculpe comentar isso, mas Úrsula é uma Electi.

Gustav olha para Cassios, ganhando autorização para fala no lugar dele.

— O Império conseguiu afastar muito do poder dos Electi atuais do Grande Continente, com seus interesses e prioridades, monopolizando até um poder tão cobiçado o “teleporte”. Muitos desses Electi têm como foco as ilhas do Antigo Mundo, pois infelizmente há problemas em todo lugar... Esses grupos então vão levar um “pedido de socorro” para seres mais elevados, mostrando que a causa contra o Império é importante.

Cassios concorda com a cabeça e continua.

— Por isso precisamos ter certeza do potencial do Império, para provar a necessidade de uma intervenção superior e até de uma aliança oficial entre os povos.

— E os boatos sobre o clã de Maslow?

Após a pergunta de Rupert, o clima fica um pouco mais sério. Gustav sai embravecido da sala, e Cassios responde com um tom preocupado.

— Qualquer informação que tiverem desse grupo vocês podem ignorar, o foco é descobrir planos ou algo de grande poder do Império. Esse “clã” que você mencionou pode ter ganhado alguma popularidade por serem “bons”, mas qualquer um que ainda esteja sob a tirania e a maldade do Império não merece o meu respeito, e, a propósito, um dos grandes ataques que tivemos foi potencializado por esse clã; então recomendo que não comentem sobre isso por aqui ou qualquer uma das vilas do reino da floresta de Copus Lithy.

— Certo!

Cassios volta a falar com bom humor e comenta.

— Então... Conheceram Caryn?

— Sim, senhor.

— Uma ótima pessoa, pena minha família não ter tomado a floresta antes.

— Ela contou que sua família tirou várias pessoas da escravidão.

— Sim, o mínimo que poderíamos fazer, ela já foi “previdenciada”, um termo usado na Floresta de Pando quando uma pessoa deixa de exercer trabalhos mais pesados e longos por alguns motivos específicos; mas não adianta, ela não deixa de trabalhar e trabalhar, nem que eu mande.

— Dá para ver que ela ama o que faz.

— Sim, se precisarem de algo, podem pedir a ela e escutem tudo que ela tem a dizer, é a pessoa mais experiente de Copus Lithy... Vocês ficarão mais alguns dias até a saída de um grupo nosso que irá para Zara, assim vocês terão um treinamento novo, uma revisão para ver se estão preparados para seguir com a infiltração em Mascul. Não se sintam pressionados, em Zara vocês continuarão esse treinamento.

— Tivemos um ótimo ensino e treino em Pronuntio, senhor, não acho que será necessário.

— Perfeito! Então serão dispensados no primeiro dia... Se não forem, foquem, pois Gustav não costuma pegar leve... Mais alguma pergunta? Infelizmente tenho outros assuntos a cuidar, espero que entendam.

— Sem problema... Sem mais perguntas, aguardaremos o próximo passo para ir a Zara.

— Certo, ainda nos veremos, agora aconselho que deem uma volta pela cidade e durmam agora à tarde, amanhã Gustav encontrará vocês para o treino.

Os quatro reverenciam Cassios e saem da sala. No caminho até a saída do castelo, Rupert confirma com eles.

— Entenderam tudo? Vocês concordam em seguir com a missão “extra” e chegar até o centro do Império, ou fechamos só com essa missão?

Meena e Doug ficam pensativos, e Júlio diz.

— Ainda acho melhor aguardar a nossa chegada em Mascul, às coisas por lá podem ficar difíceis, assim não será uma boa ideia seguir em frente.

— Entendo... Se for mais “tranquilo”, podemos seguir.

— Instalados em Mascul, a gente decide, ainda acho cedo.

Doug concorda com Júlio, e Meena diz.

— O que vocês acharem melhor estará bem para mim...

— Certo... Para onde vamos? Já que hoje temos um dia de “folga”, eu quero conhecer um pouco mais do reino.

Doug comenta com empolgação:

— Quero conhecer um pouco também, mas quero dar uma descansada, como ele falou, amanhã cedo teremos treino.

Meena demonstra despreocupação.

— Já estamos acostumados em acordar cedo e treinar, temos que aproveitar bem o dia.

Júlio sorri para Doug e confirma.

— Concordo com Doug, não sabemos a rotina deles aqui ainda, vamos passear e voltar para a estalagem sem estender muito o tempo de lazer.

— Certo. Vocês que sabem... E você, Rupert, o que me diz?

— Meena aproveitou bem em Coniuro, hoje eu farei o mesmo... E vocês dois tratem de descansar e não de cansar mais no “hotelzinho”.

— Besta!

— “Besta” não... Não gosto de armas a distância.

Meena e Rupert riem enquanto Júlio e Doug saem, indo fazer um passeio perto do viveiro.

— Mostre-me, Meena, o que você sugere para se divertir aqui.

— Vamos ver...

Khan aparece, tentando chamar a atenção de Júlio e Doug, mas eles não o veem. Khan se aproxima de Meena e Rupert e diz animado.

— Ótimo, já terminaram, vamos conhecer mais o lugar?

— Chegou no momento certo.

— É disso que precisamos!

Meena e Rupert se olham e concordam em serem guiados por Khan, os três vão a alguns pontos mais populares da cidade, acompanham danças, cerimônias de guerreiros e de famílias em alguns pontos e veem um templo que preserva a história da floresta e de como a cidade ganhou vida e popularidade.

Lá eles encontram com Júlio e Doug que, juntos, veem mais sobre o lugar em uma galeria de arte interna e ampla, com passagem para o subterrâneo, onde há uma ala sobre a cultura do Grande Continente como um todo.

Há exposição de rabiscos sobre as armas Zordrak, um grande leão branco, que representa o mito do grande poder do Electi da primeira geração, Rafael, de quem, em um momento de fúria, teria dado para se ouvir um grande rugido forte e feroz que, além de atrair poder, amedrontou seus inimigos.

Tudo é bem representado por textos, pintura e até algumas esculturas. Além desse mito, há Grandes Animais, que chamam a atenção do grupo, como tubarões gigantes, destruindo barcos e massacrando animais menores que os enfrentam.

— Incrível...

Um bardo surge e começa a cantar algumas músicas com o auxílio de um belo instrumento musical. As músicas citam histórias de seres diversos que tiveram algum artefato Zordrak.

Outros se unem à plateia improvisada, e o bardo, melodicamente e bem artisticamente, fala sobre esses seres históricos e não tão históricos, entre populares e impopulares; algumas delas são inspiradoras, com grande amor, apreço e conquistas.

Outras falam de seres que se subestimaram e foram tentados pelo egoísmo e arrogância, atraindo mais inimigos, desgraça, azar e morte, não só para eles, mas para todos ao seu redor.

Em uma das canções, com ajuda de alguns artistas com pequenas interpretações, relata-se o conto de dois Descendentes de Ivo, que se apaixonaram, atraindo mais a atenção de Júlio e Doug, mas que, ao mesmo tempo os deixa tímidos e reservados. A história fala sobre confiança, lealdade e determinação, tudo contra o preconceito, raiva e ódio dos que os, julgaram nomeando-os de aberrações. Ambos ficam animados e, antes de saberem se o final da história terminava “bem” ou “mal”, Júlio fala uma frase dos amantes citados na música, no ouvido de Doug.

— Vamos voltar a ser criança e crescer juntos em uma eterna brincadeira e felicidade que se chama “vida”...

— “Vida essa que só faz sentido com você ao meu lado...”.



Comentários