Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 40: Conhecendo Copus Lithy

Caryn os leva para a ala dos dormitórios, que é grande; antes de dar o primeiro quarto, Júlio se aproxima dela e questiona baixo:

— A senhora pode colocar eu e o Doug no mesmo quarto?

Doug tenta puxar Júlio, ficando envergonhado pelo pedido. Caryn para e fala alto com indignação.

— Não! Não precisa, menino, imagino que foi desconfortável dormir dias em carruagens, mas aqui temos conforto, vocês terão um quarto para cada um...

— Não, não, é sério, é que nós somos...

Júlio começa a ficar tímido ao ver algumas pessoas no lugar prestando a atenção neles e fica envergonhado por Caryn falar alto e em bom som:

— Somos o que, menino? Por que você está falando tão baixo?

Doug cala a boca de Júlio e diz, com seu rosto avermelhado, enquanto Rupert e Meena param alguns metros atrás para rirem.

— Não é nada! Ficaremos onde a senhora nos colocar. Obrigado.

Caryn observa o jeito que ambos se olham e a forma como Doug segura Júlio, e diz, rindo alto.

— Olha só! Vocês são aqueles? “Linhagem de algo”... “Irmãos de Eva”?

Eles ficam sem responder, sorrindo, e ela pega na mão de cada um e continua a guiá-los pelo lugar até os quartos.

— Não se preocupem, aqui não há preconceito, só um pouco, talvez... Teve até um “como vocês” que veio se unir a Copus esses tempos, não o acho simpático... Nem legal... Falso se encaixa bem... Mas quem sabe! Ele deve socializar bem com vocês, amanhã eu os apresento, aqui estão! Vocês dois podem ficar com esse quarto.

Ambos reverenciam Caryn e entram correndo, antes que ela fale algo mais chamativo.

— Obrigado!

Ela bate forte na porta e diz.

— Amanhã vou chamar para o lanche! Não façam barulho à noite, meninos!

— Sim, senhora!

— Que meninos educados, eu achei que pessoas “como eles” eram chatas, iguais ao bobo lá... E vocês dois? Também são um casal?

— Não, não!

— Não precisam ser tímidos! Se não tem problema de os meninos ficarem juntos, vocês também não terão.

— Não, é sério, nós não somos um casal.

— Vocês são moles! Aqui! Você pode ficar com esse, e você com aquele ali.

— Obrigado, senhora!

— Disponham, crianças, amanhã, já sabem...

— Chamará para o lanche e sem barulho.

— Ótimo, eles sempre reclamam do barulho, e eu tenho que ficar gritando para saber de onde vem, tudo fica um caos, vão dormir. Boa noite!

— Boa noite.

A noite passa inicialmente turbulenta pela tempestade, mas em pouco tempo ela diminui, ficando tranquila. Os Infantes ainda ouvem a voz de Caryn, dando algumas ordens e brigando com alguns guardas e riem, por verem que a voz dela se propaga bem no lugar, além de seus passos fortes, quando ela vai para os andares superiores.

Júlio e Doug agradecem por tudo estar andando bem e dormem juntos em uma cama improvisada, juntando as três camas do quarto em que estão. Doug comenta.

— Chegamos bem, e continuaremos bem... Dá uma saudade do Ray, ele iria adorar conhecer a Caryn e rir da vergonha que passamos.

— Conhecer Prisa também, quem sabe até de uma forma romântica.

— Por quê? Achou ela bonita?

— Ciúmes?

— Vou dormir!

Júlio ri e abraça forte Doug, que age com frieza.

— Está tarde, boa noite.

— Doug, espera...

— Espera o quê?

— Eu fui muito infeliz no meu comentário, quero recompensar isso.

Doug continua com sua frieza enquanto Júlio avança com suas mãos para partes mais íntimas de Doug, que reclama.

— Não, vamos dormir.

Júlio, além de provocar com intuito de despertar desejo, também faz cócegas em Doug para quebrar o frio que ele está criando.

— Pare com isso!

Em pouco tempo Júlio consegue quebrar o clima frio, deixando ambos animados e com vontade de fazer algo mais ousado. Por estarem em um lugar novo e em uma missão séria, ambos decidem não exagerar.

— Vamos fazer uma rápida, estamos precisando relaxar...

Doug sorri e, diz tentando mostrar que não está a fim.

— Eu já estou relaxado, não preciso disso, não.

Júlio busca com os seus dedos a parte que ele quer em Doug, ao achar, ele usa os dedos de uma forma delicada e invasiva.

— Está relaxado mesmo, é assim que eu gosto.

Doug fica envergonhado e com prazer ao mesmo tempo, Júlio fica mais animado ao ver que desperta isso em Doug e diz.

— Eu amo seu jeito meigo... Vamos fazer!

Doug usa o travesseiro, sua mão e às vezes até as mãos de Júlio para abafar seus gemidos e sons, eles fazem um movimento mais lento e focado para que não sejam ouvidos pelos outros quartos.

O medo de serem pegos dá mais um elemento atrativo ao ato, deixando-os com mais excitação e agilizando o orgasmo. Doug, por ser mais o estimulado, termina antes de Júlio, mas Júlio não desanima e fica com mais prazer ao ver que fez seu amado gozar, logo ele termina, com a ajuda de Doug, que demostra um pouco mais de ousadia do que o normal.

— Isso foi... “Fenomenal”!

Doug também demostra satisfação, ri e comenta.

— Não usa essa palavra para isso.

— Como quiser, mas isso foi ótimo.

— Eu também gostei... Foi muito bom... Vamos dormir. Amanhã eu quero levantar e já tomar um banho.

— Quem sabe a gente pode repetir no banho.

— Não!... Talvez, vamos ver como estará o clima e o ambiente amanhã.

— Certo!

Ambos se beijam e ficam se olhando de mãos dadas, até que adormecem tranquilamente.

— Eu te amo...

— Também te amo!

No quarto de Meena tem duas camas, ela pega os travesseiros e cobertas da outra cama e se acomoda melhor para dormir.

— Finalmente um lugar gostoso para dormir... Que confortável!

Meena olha para o teto, buscando em suas lembranças e se conforta.

— Saudade de Pronuntio... Espero que Ray esteja melhorando para também se aventurar e nos encontrar quem sabe... E que tenha mais sorte que nós.

Rupert gosta de ouvir o som da chuva forte e, quando as gotas enfraquecem, ele adormece.

— Fim da tempestade, agora vem a bonança...

A tempestade passou, deixando um clima bem agradável, mas a manhã ainda fica gelada. Todos acordam cedo, seguem com suas rotinas matinais e se encontram no salão para comerem.

— Bom dia. Dormiram bem, “casal”?

Meena ri, e Júlio responde, enquanto pega comida para ele e para o Doug.

— Sim, muito bem, e você? Couberam você e seu ego em uma cama?

— Não! Não! O ego nem entrou no quarto, porque é grande demais.

 Todos riem e iniciam o lanche.

— Obrigado pela comida!

No salão tem alguns homens e mulheres comuns comendo, e se equipando em seguida para a guarda da muralha ou treino, todos são cordiais e os cumprimentam, mas não são de muitas palavras, e muito objetivos nas ações, deixando o lugar silencioso.

— Realmente o povo aqui é mais calado.

— Sim, onde será que está Caryn? Achei que ela iria acordar a gente.

Meena ouve ao fundo a voz dela, que se aproxima, e diz rindo.

— Viu Júlio, você com seu poder encovou “A Governanta”!

Caryn está acompanhada por alguém familiar ao grupo, ao ver os Infantes, ela se alegra mais e se aproxima deles.

— Ótimo que já estão comendo, eu imaginei que, por vocês serem de Pronuntio, acordariam cedo... Olha como são organizados, devem ter até arrumado seus quartos.

— Sim.

— Eu sabia! A propósito esse é...

— Khan Mendacium. Que legal, nos encontramos novamente!

Os quatro lembram-se de Khan no treino em Pronuntio e em Coniuro, anos atrás. Júlio não fica muito contente ao vê-lo, e Caryn continua.

— Bom que já se conhecem, eu tinha falado para eles sobre alguém do mesmo “estilo” ou “jeito”... Isso! Assim vocês podem se sentir mais acolhidos por Copus Lithy... Eu tenho meu próprio ajudante, mas pedi para Khan me ajudar com a estadia de vocês aqui.

— Será uma honra ajudá-los a conhecerem o lugar e acomodá-los da melhor forma possível. Já sabem quanto tempo ficarão?

Júlio responde:

— Aguardamos informações do líder de Copus Lithy.

Caryn lhes informa:

— Sim! Vão se arrumar, que eu consegui um tempo antes do previsto e antes do lanche da tarde, vão logo, pois é uma boa caminhada até o castelo.

Meena comenta um pouco desanimada.

— Vocês aqui amam andar.

— Sim, menina, andar faz um bem incrível. Olha para mim, conservada, animada e de bom astral, não é? E eu nem ando muito.

Todos riem e seguem para seus quartos. Khan e Caryn vão com eles para verificar outras pessoas nos outros quartos; em um momento sozinhos, Júlio alerta o grupo.

— Esse Kahn é falso, tomem cuidado com ele.

Doug concorda, mas Meena questiona.

— Você não está assim por ciúmes dele ser um “rival romântico”?

— “Rival”? Não!

Caryn os chama, interrompendo a conversa.

— Já estão prontos?

— Sim, só mais um minuto.

— Certo...

O dia está bonito, clima gelado, céu aberto, deixando toda a cidade bem iluminada, ainda mais pela manhã, com o sol forte e os pássaros voando e cantando por todo lugar, nem parece o centro de uma floresta escura e densa. O cotidiano das pessoas da cidade é corrido, vários serviços comunitários, exercícios, cuidado com animais, jovens, velhos, plantio e com as árvores.

Durante o caminho, Caryn fala bastante sobre a cidade, algumas experiências próprias, lugares que eles devem visitar, pequenos lugares de lazer, algumas vilas vinculadas à cidade que são próximas e com pessoas mais “falantes”, alguns boatos e grandes elogios para a nobreza da cidade que, segundo ela, dá de tudo para governar bem Copus Lithy.

— Só terem lido sobre a cidade é pouco, esse tempo que ficarão aqui verão o quão maravilhoso é essa linda floresta e os seres nela.

Khan ajuda Caryn a levar alguns itens que são distribuídos para algumas pessoas no caminho, ele está bem atencioso e formal com o grupo, toda vez que ele tenta puxar assunto com Doug, ele é interrompido ou atrapalhado por Júlio. Rupert não dá ouvidos para Khan, e só Meena que acaba conversando mais com ele.

— Bom que vocês conseguiram se safar disso que aconteceu no caminho, prova que vocês foram bem escolhidos para a missão.

Rupert está reservado com o grupo, dando mais atenção para algumas informações de Caryn e analisando bem a cidade. Por andarem muito, ele acaba vendo vários pontos e rotina dos moradores locais.

— O povo daqui é bem unido com os afazeres “domésticos”, isso é muito bom.

Meena também admira as pessoas da cidade, mas não acha que seria um lugar bom para ela morar; a atenção se volta mais para Khan do que para Caryn que, mesmo falando bastante, coisas que Meena julga serem bobas, a maior parte é relevante para quem quer conhecer ou passará um tempo no reino.

— Não liga muito pro Júlio, ele é muito desconfiado mesmo, aquelas intrigas passadas já faz tempo, com o tempo tudo será mais amigável.

Doug fica atento a tudo que Caryn diz, absorvendo bastante o conhecimento da cidade e rindo em algumas partes em que ela dá uma extravasada na fala e nos comentários. Khan ainda tenta chamar a atenção de Doug, mas ele segue os conselhos de Júlio, respondendo de uma maneira bem formal e curta, sem brechas para que o assunto se alongue.

— Júlio, não demonstre tanto seu receio pelo Khan, isso pode dar motivo para ele fazer algo ruim.

Júlio é inteligente e sua capacidade mental é ótima, conseguindo prestar atenção em tudo, nas partes importantes de Caryn, detalhes e movimento das pessoas da cidade, assuntos secundários como os de Meena e Khan; e, em pequenos momentos de pausa, ele brinca com Doug, falando algumas besteiras para manter o clima entre eles agradável.

— Se esse desprezível fizer algo ruim para mim, você vai me salvar?

— Para de falar besteiras, não chegará a tanto.

— Se ele fizer algo contra você ou até para você, eu acabo com ele.

Caryn não está acostumada com pessoas como Júlio e Doug, ela vê alguns cochichos e algumas investidas deles, mas ignora, ela os trata normalmente, acreditando que a mesma forma com que ela trata os outros do reino deixará tudo bem.

— Chegamos, a partir daqui é com vocês.

— Obrigado, senhora Caryn.

— Disponham, meninos, eu estarei resolvendo algumas coisas por essa área, então, se precisarem de algo, me chamem.

— Pode deixar.

— Vocês já foram anunciados, e não se preocupem muito com a formalidade, Pronuntio e Copus Lithy já são bons amigos... Khan?

— Eu vou acompanhá-los, senhora.

— Certo... Cuide bem do grupo! Até mais.



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