Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 38: Coniuro e a Reciprocidade III

Rupert anda pela cidade, distraindo um pouco sua cabeça, que está muito focada na missão principal dada por Úrsula e a não oficial, que Izolna propôs.

Em seu trajeto ele vê todo tipo de situação cotidiana de uma grande cidade como Coniuro, pessoas de todas as idades, classes sociais e até algumas raças além dos humanos, ele também vê alguns pequenos delitos sendo feitos, mas decide ignora-los, ao notar que os guardas da cidade estão sendo chamados e resolvendo a maioria deles.

Em um momento de seu passeio, Rupert é abordado por um homem velho de aparência humilde, mas um pouco grosseiro.

— Você! Pode me ajudar?

Rupert ignora, mas o homem insiste.

— Eu me perdi do meu grupo e não conheço essa cidade.

— Não posso ajudá-lo, eu também não sou das redondezas.

— Por favor, eu preciso chegar até eles.

— Me desculpe, mas não estou com tempo para desconhecidos.

O homem se cala e segue por outro caminho, tentando conseguir alguma ajuda. Rupert fica com um pouco de dó, mas comenta para si:

— Coitado... Mas realmente não estou com tempo para essas coisas, tenho uma missão muito importante e não posso ficar cuidado de coisas pequenas.

Em seguida Rupert encontra o grupo que foi ajudado por Júlio e Doug no dia anterior e os observa a distância.

— Esqueci-me de perguntar como que foi ontem, ajudando esse grupo... Ficaram cansados ajudando-os... Eu os aprecio, mas não faria igual... Os guardas locais estão dando a ajuda que precisam, não necessita dar nosso tempo para algo que já está sendo feito... Enfim...

Rupert come em uma taverna simples, também com objetivo de apreciar a cidade que fazia anos que não via e o movimento de Coniuro, constatando que é uma cidade boa para se viver, especialmente para quem gosta de multidão e variedade de coisas e de seres. Na volta para o centro da cidade, Rupert admira a estátua de Alfor na praça.

— Vou me despedir de você, Coniuro, eu espero voltar em breve para pedir uma estátua em homenagem aos Infantes, será belo.

No fim da tarde, os Infantes se reúnem na recepção do hotel, todos prontos para partir, entregando as chaves e pagando o que resta para o Bad hotel. Os quatro saem, e Meena os direciona para o lugar onde ela contratou a carruagem para levá-los. Doug acha estranho o lugar ser longe e questiona:

— Não era no centro?

— Não, esse eu achei com valor melhor.

Chegando ao local e antes de entrar no casarão, Júlio não sente confiança, ele analisa a área e as pessoas e comenta.

— Não acho uma boa ter fechado negócio por essas áreas.

— Não seja pessimista, é mais barato e não vamos tão longe, não precisamos pagar caro em um trajeto simples.

Júlio olha para Rupert como se cobrasse alguma posição dele como líder do grupo, mas Rupert concorda com Meena.

— Ao contrário de alguns que gastam demais ajudando outros, temos que ter aqueles que poupam, assim equilibra.

Doug pede desculpa, e Júlio o incentiva enquanto Rupert e Meena entram para falar com o dono do lugar.

— Não se preocupe, Doug, o que você fez foi lindo, e é um dos pontos que amo em você, e peço que sempre seja assim, certo?

— Sim. Mas não deveria ter feito sem contatar os outros.

— Meena e Rupert estão um pouco nervosos por ser uma grande missão, você sabe que eles são nossos amigos e não falam por mal.

— Estranhamente, eu não estou tão nervoso como quando chegamos.

— É porque temos um ao outro!

— Calado!

Júlio ataca com sua mão, focando o peito de Doug que apara e revida, pegando no peito de Júlio, que diz brincando.

— Bom, agora aperta!

— Besta! Sempre caio nessas armadilhas bobas.

Rupert e Meena saem com alguns homens que se preparam para partir, três carruagens saem com eles: uma com os Infantes, uma com frutas e a outra com um grupo de homens de meia-idade com trajes que parecem de mercadores. As carruagens são simples, de aparência velha, a limpeza fica a desejar, mas elas são grandes para comportar um grupo bom de pessoas; o homem que vai conduzir questiona Meena.

— Confirmando, para onde vocês vão mesmo?

— Para Copus Lithy!

— Ótimo, estamos indo com esses mercadores, peguem essas frutas por cortesia.

— Obrigada!

Dentro da carruagem, Meena comenta enquanto entrega as frutas:

— Não é de alta classe, mas eles tentam agradar, peguem!

Terminando de comer, Júlio comenta com um tom preocupado, analisando uma das frutas e o gosto que ainda está em sua boca.

— Estranho... Nessa época do ano, esse fruto estar bom assim.

— Por quê?

— Não é época, parece até mágico...

— Bem possível.

— Não! Frutos encantados não seriam transportados clandestinamente, sinto que tem algo de errado.

Todos sentem a seriedade de Júlio e ficam em alerta, Rupert comenta, enquanto olha pela janela da carruagem.

— Não vi nada de errado ainda, até quando nós entramos no casarão, eu verifiquei alguns pontos e nada pareceu perigoso ou suspeito.

Júlio sente algo estranho e comenta, usando sua magia.

— Tinha algo no fruto...

Os quatro desmaiam por algumas horas e acordam amarrados em uma floresta. Todos ainda estão fracos, recuperando pouco a pouco o movimento de seus membros, Júlio tenta usar magia, mas é notado e recebe um golpe com um bastão de madeira, forçando-o a desmaiar. Um homem se aproxima de Meena e comenta, enquanto a chuta e cospe nela.

— Menina de alta classe, e agora, que estou com roupa de homem, estou melhor para você me respeitar?

Meena identifica que era o homem que estava vestido de mulher no dia anterior.

— É você?

— Sim, não pude revidar na hora, pois aqueles idiotas de classe “superior” iriam notar que estavam sendo roubados embaixo dos narizes empinados deles.

— Roubados?

— Não notou, não? Deu para ver que, quanto mais se levanta o nariz, menos se olha por onde anda. Sim! Aquele teatro perdeu muito ouro ontem, e hoje vocês também vão.

O homem ri alto, enquanto dá uma facada em Júlio.

— Quase nosso plano deu errado por sua causa!

Doug fica apavorado, mas não consegue fazer nada.

— Júlio!

Meena e Rupert se esforçam para tentar se soltar, mas não conseguem, dando ânimo para os ladrões que os roubam.

— Vendo seus pertences, dá para ver que são privilegiados, valeu gastar magia poderosa para pegá-los, daremos seus itens para o clã da adaga, mostrando que somos bons em roubar gente arrogante de nível alto.

— Isso é para entrar em um clã de ladrões?

— Vou mostrar o quão importante é a sua opinião, garota!

O homem ataca Meena, deixando-a ferida; mas, antes que desse um golpe mais mortal, Júlio acorda e invoca o poder da joia Ana, que está com ele.

Superbus Magister!

A joia erradia um poder luminoso e flutua ricocheteando os ladrões; com a grande dor e impacto do poder mágico, alguns acabam deixando parte dos pertences dos Infantes cair, um deles, com experiência mágica, consegue pegar a joia Ana e cancelar o efeito, liberando outra defesa colocada nela.

O segundo poder solta os quatro Infantes e os leva para alguns metros de distância. A magia também gera uma ilusão que confunde a localização deles e provoca um terror mental e desmoralizador temporário nos ladrões, fazendo sentirem que a morte deles está naquele local.

Eles então fogem sem pensar e ainda levam alguns dos pertences dos jovens. Longe do perigo, os Infantes se recuperam dos efeitos do fruto. Doug ajuda Júlio, que está muito ferido e caído.

— Que ódio desses ladrões! Você vai ficar bem!

Meena rapidamente come alguma coisa, bebe água e repousa por se sentir muito cansada; ela está ferida, mas não tanto quanto Júlio.

— Desculpem não poder ajudar muito agora...

Rupert procura entre seus pertences medicamento, mas não encontra.

— Eles conseguiram levar boa parte das nossas coisas.

Doug abraça forte Júlio, estancando seu ferimento e reclama:

— Não temos nenhum remédio?

Júlio, mesmo fraco, comenta sorrindo.

— Você é meu melhor remédio.

— Para de brincadeira uma hora dessas!

Júlio usa sua magia e consegue manter seu bem-estar, mas alerta seus amigos.

— Eu estou fraco e bem ferido, não consigo me manter assim por muito tempo.

Rupert comenta, já procurando itens na natureza ao redor.

— Nossa técnica de sobrevivência é boa, vou achar plantas e ervas, e vocês me ajudam a fazer um curativo com o que temos disponível.

— Não... A faca tinha algo nocivo, por isso que eu também não consigo usar meu pleno poder para me ajudar.

— Veneno?

Doug analisa melhor o ferimento e, vendo os sintomas de Júlio, identifica a substância usada na faca e responde aflito.

— Amarum Cacau!

Júlio concorda, balança a cabeça e diz:

— Provavelmente...

— Fica quieto, poupe energia.

Meena levanta-se com dificuldade, coloca todos os pertences deles perto de Júlio e Doug, e diz confiante.

— Vamos para a estrada, Rupert, pedir ajuda! Doug, qualquer coisa você nos chama, a estrada não está longe.

— Certo!

O céu está com poucas nuvens, a noite está bem iluminada pelas luas e estrelas, não precisando de tochas nesse lado do Grande Continente e por estar em uma floresta não tão densa. Chegando à estrada, Meena e Rupert logo veem um grupo de viajantes a cavalo passando. Rupert é visto e ele se pronuncia.

— Por favor, eu sou Rupert, e meu amigo está ferido, precisamos de ajuda para chegar até Copus Lithy.

Rupert se espanta ao ver entre o grupo um rosto familiar. Esse homem é o mesmo que pediu ajuda para ele na cidade, por estar perdido. Um dos homens vê a dúvida de Rupert e comenta:

— Você conhece esse homem?

— Não! Ele não deve ser da redondeza...

— E o que faremos?

— Nada! “Não estamos com tempo para desconhecidos”.

Rupert se sente ofendido, em um momento ele pensa até em atacar os viajantes, mas Meena o segura e diz baixo.

— O que você ia fazer?

— Por um momento eu pensei em fazer algo errado.

— Acho que já fizemos muita coisa de errado hoje.

— Sim...

Muito tempo passa sem sinal de outras pessoas para ajudar, em algum momento, Meena vê outros ladrões se aproximando, mas a furtividade os esconde do grupo suspeito; no primeiro raio de sol do dia seguinte, Júlio já demonstra exaustão extrema e medo de que algo ruim aconteça. Doug comenta, enquanto coloca Júlio em suas costas.

— Não importa, vou levá-lo eu mesmo!

Rupert levanta-se e diz.

— Não! Todos nós estamos feridos e com pouca comida, precisamos caçar, nos abastecer com o que tem aqui na floresta e tentamos seguir.

— Mas Júlio pode não ter muito tempo!

— Me desculpe, poderia ter pensado nisso antes, mas o efeito daquele fruto nos deixou fracos para poder fazer algo ou até pensar em algo melhor, agora estamos melhores e podemos...

Eles ficam quietos ao ouvir barulho de gente se aproximando. Meena também se posiciona defensivamente, aguardando algum sinal de perigo; em seguida surge outro grupo de pessoas comuns, o mesmo grupo que Júlio e Doug ajudaram em Coniuro.

Prisa logo os identifica e grita para o seu grupo:

— Pessoal, precisamos de ajuda aqui! Rápido!

Rapidamente o grupo leva os quatro para as carruagens, dando prioridade para Júlio. Doug fica muito contente com a ajuda e agradece a todo tempo, os quatro são bem tratados, alimentados e medicados.

Ao ver os medicamentos, Doug se lembra da aula sobre theobroma cacao, que dá origem ao “veneno” e logo prepara algo para combater o poder da maldição amarga que está em Júlio. Em pouco tempo, Rupert fica mais vigorado e diz:

— Obrigado, não estávamos conseguindo ajuda.

Prisa dá um sorriso e responde:

— Sei bem como é isso, mas, graças a vocês dois, nós fomos atendidos rapidamente, e, depois que os guardas viram que Júlio e Doug eram de Pronuntio, nos trataram como aliados também; em pouco tempo conseguimos tudo isso que temos agora: boas carruagens, suprimentos e roupas; nós estamos aqui exatamente por causa de vocês. O que vocês precisarem é só pedir.

Doug está comovido e agradecido, abraça forte Prisa.

— Muito obrigado mesmo!

— Fico feliz de poder retribuir a bondade de vocês, fico triste ao ver pessoas como vocês serem atingidas assim, mas vamos indo. Vocês também estão a caminho de Copus Lithy?

— Sim!

— Ótimo, no caminho nos falamos mais... Vamos, pessoal, vamos seguir!



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