Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 37: Coniuro e a Reciprocidade II

Os mais jovens do grupo ficam interessados pelas técnicas de Júlio.

— Incrível! Você faz parecer tão fácil.

— Mas é fácil. Vejam... Aqui... Vocês não precisam de grandes dons mágicos para fazer o básico.

— Mas não quero saber só o básico.

— Às vezes, o básico é o suficiente para ajudar os outros.

Mesmo tendo terminado de ajudar a todos, Júlio se coloca para ensinar o básico de primeiros socorros, com algumas dicas de ervas medicinais. Doug fica com pena do grupo, pois parecem pessoas bem humildes, que aparentemente perderam muito nessa viagem.

— De onde vocês vieram?

O líder do grupo é uma mulher de idade um pouco acima de Júlio e Doug, ela tem um semblante emburrado, mas de uma fala amigável; enquanto ela ajuda Júlio, dando itens para que ele mostre e continue a ensinar como se fazem os curativos e a indicar itens comuns que se encontram na natureza, ela conversa com eles.

— Obrigada pelo que vocês estão fazendo por nós.

— Sem problemas, é nosso dever como protetores de Pronuntio e de seus aliados.

— Lindo ouvir isso às vezes... Eu me chamo Prisa Dobro e viemos de Citizen.

— Então vocês vêm do futrespurco?

— Fruto o que?

— Desculpe, é uma forma inferiorizada que chamamos o Império.

— Gostei... Mas, sim, viemos de lá; uma criatura estranha e poderosa está nas redondezas da cidade, ela destruiu, além de plantações, muitas casas, incluindo a nossa...

Ela olha para seu grupo com emoção e diz:

— Não somos uma família de sangue, mas de amor mútuo, sabe?

— Entendo... Pelo que eu sabia, o futrespurco não ajuda pessoas de classe baixa.

— Sim... Ele não se importa... Por favor, não vamos falar sobre isso.

— Me desculpe.

— Mas eu agradeço o que vocês estão fazendo por nós, mesmo não sendo seu dever.

— Não, é meu dever, sim.

Doug fica um pouco enciumado ao ver Prisa desenvolvendo uma boa conversa com Júlio, com olhar de admiração e sempre com elogios. Ele então fica bem próximo de ambos, sempre desfocando a atenção dos dois e tomando o lugar de Prisa, dando os itens que Júlio precisa para sua pequena aula.

— Aqui, use esse!

Júlio logo percebe o que Doug está sentindo e sorri, ao ver a cara emburrada dele, puxando assunto com Prisa, além de afastá-la dele.

— Chato mesmo essa situação, um dos meninos me falou que vocês encontraram um grupo de ladrões, foi muito ruim?

— Sim! Ficamos com medo, mas eles no fim nos ajudaram, no lugar de nos roubar.

— Eles eram do “Clã da Adaga”?

— Sim, eu já tinha ouvido falar que eles não são todos criminosos, eles se opõem àqueles que são rígidos ou que ignoram os pobres.

Júlio mostra interesse pelo assunto, mas Doug não o deixa participar.

— Continue com sua boa aula, alguém deve estar com alguma dúvida... Então. Prisa, esse clã seria de benfeitores? Então como vocês se machucaram?

— Sim e não, sei que eles têm algumas ações criminosas e hostis, mas pode ser justificável contra o... Futrespurco, que trata com agressividade a todos, assim esse grupo tende a ser mais criminoso.

— Complicado, eu espero que um dia todos não precisem usar esse recurso para se manterem bem ou vivos.

Entendo...

— Nós fomos ajudados por esse grupo ao sair do futrespurco, eles não gostam quando pessoas migram para fora de seus territórios, menos mão de obra, entende? E, perto daqui, havia um grupo deles disfarçado.

— Certeza?

— Sim, Citizen não tem muito contato com os militares, mas eu sei identificar o modo como um guerreiro do Império, do futrespurco, age.

Júlio levanta a mão, como se precisasse fazer alguma pergunta. Doug bate na mão dele, indicando que será ignorado, e o faz rir. Prisa continua e questiona:

— Vocês que são de Pronuntio, já ouviram falar de onde esse clã da adaga é?

— Esse clã nunca foi encontrado, além de pistas falsas, eles mudam de localização sempre que se aproximam dele.

— Sabe se é verdade que um antigo herói de guerra é o líder desse clã?

Júlio responde convicto.

— Um dos Octoniões? Sim...

Júlio é logo interrompido e empurrado por Doug, para que ele continue dando atenção para o grupo que está treinando as técnicas que ele acabou de mostrar. Sem interrupções, Doug continua a conversa com Prisa:

— Na verdade não! Eu creio que não, mas alguns acham que sim, por esse líder demonstrar ser muito astuto e poderoso.

— Verdade, e ele tem um filho adotivo também, um dos líderes do clã, “O Raposo”...

Prisa fala algumas informações desse Raposo, mas Doug não dá atenção, concentrando-se em Júlio, que brinca com caretas e gestos, deixando-o nervoso. Ao perceber que Prisa acabou o assunto, Doug diz.

— Interessante, mas, mesmo sendo um clã com boas intenções, devemos tomar cuidado.

— Sim...

O final do dia chega, com Rupert finalizando seu treino para manter seu corpo e mente ativos, além disso, ele pegou algumas informações atuais da cidade, envolvendo boatos e assuntos relacionados ao Império de Cristal.

Os homens do campo de treinamento o chamaram para comer antes que voltasse. Rupert aproveitou e, além de comer, banhou-se também, antes de voltar para o hotel. Rupert dormiu assim que chegou, sem tempo para conversar com os outros, mas tendo a certeza de que todos chegaram bem do dia livre.

— Dia bem aproveitado...

Meena aproveitou mais o dia, sem esforços ou responsabilidades, o grupo de alta classe proporcionou um clima amistoso, mas um pouco superficial e egoísta; mesmo assim ela se divertiu, se enturmando com eles, vendo o resto da peça teatral; muita música, comidas e bebidas. Meena chegou exausta no hotel e dormiu rapidamente, até antes de tomar um banho.

— Poderia me acostumar com esse tipo de vida.

Júlio e Doug terminaram de ajudar o grupo de Citizen, e não aceitaram nada em troca, mesmo depois de alguma insistência.

— Realmente não precisa!

— Foi um prazer ajudá-los!

 O grupo foi chamado pelos guardas de Coniuro para receberem o auxílio necessário para que seguissem viagem. Chegando ao hotel e até no banho, Júlio brinca com Doug, provocando-o, fazendo elogios sobre Prisa.

— Moça legal ela, bom ter uma líder assim, eles estão em boas mãos.

— Você gostou?

— Dela? Sim, você não?

— Não! E você, gostou de me provocar?

— Eu não fiz anda!

— Bom, eu também não farei “nada” essa noite, porque parece que você não está em “boas mãos”.

Doug sai, deixando Júlio sozinho no banho, que ainda insiste em argumentar.

 — Não, espera, era brincadeira... Suas mãos são ótimas! Eu estou em boas mãos! Você sabe que eu nunca faria nada para te chatear!

— Nada, nada, nada, na-da, eu não vou fazer nada...

Depois de comerem e entrarem em seu quarto, Júlio conclui.

— Você sabe que eu só tenho olhos para um só.

— Sei, mas posso ficar enciumado às vezes.

— Pode, deve, o que você quiser.

— Bajulador... E a carta dos nossos amigos, vamos ler hoje?

— Romanze e Taikuri, vamos deixar para depois, hoje foi bem atarefado.

Antes de dormirem, Doug comenta com Júlio.

— Nosso destino está ficando agitado, sempre ficamos em Pronuntio e agora já estamos nos envolvendo com outras cidades.

— Sim, e terá mais pela frente...

— Fico com medo de coisas ruins que podem acontecer... Bom que, com você, eu sinto que coisas boas também acontecerão.

— Eu também!

— Obrigado... Queria que você ficasse com isso!

— Não! Certeza?

— Sim! O que é meu é seu!

Doug então entrega sua “Ana”, a sua joia, para Júlio, que se emociona, o abraça forte e rapidamente entrega “Teresa”, a joia de sua família. Essa mudança de joias simboliza a troca de sentimentos um pelo outro e a confiança que eles têm para seguirem a missão que julgam ser perigosa e decisiva.

— Podemos nos amar agora antes de dormir?

Doug faz um olhar bravo para os olhos maliciosos de Júlio, que comenta, se fazendo de vítima.

— Um dia cansado desse, eu e você merecemos um “chamego”, um amor gostoso, um arco-íris “fenomenal”.

Doug ri com a referência que Júlio faz e diz.

— Eu tenho opção?

— Sim! Sempre tem!

— Sério? Quais são?

— Se eu começo “avançando” por baixo ou por cima!

Doug ri alto, abafa sua risada com a mão e em seguida diz bem-humorado.

— Eu quis dizer a opção “Sim” ou “Não!”.

— Essa “não!” não existe!

Júlio agarra Doug, que tenta escapar, mas demonstra que está gostando da situação.

— Calma, calma, você está agitado...

— Culpa sua! E por isso você deve tomar a responsabilidade disto.

— Responsabilidade? E o que eu devo fazer?

— Que tal uma troca de “gestos”... Eu te beijo, e você me beija...

— Já fazemos isso... Sério?

Pela cara ousada de Júlio, Doug entende onde ele quer que ocorram os beijos.

— Mas... Júlio?!

— Vamos lá! Precisamos ousar mais... Lembre o que Romanze e Taikuri falam.

— Mas estamos em missão!

— Sim, e na missão precisamos de todo “suporte” necessário... Vamos lá!

Doug é mais tímido e calmo do que Júlio, mas, em situações assim, ele acaba cedendo à vontade de seu parceiro, ainda depois de Júlio massagear partes íntimas de seu corpo e por mostrar visivelmente que está com prazer.

— Júlio!

— Não fique tímido, você também está, olha aqui.

Ambos estão se despindo e rindo das investidas maliciosas que ambos fazem um para o outro; com o tempo o humor cômico troca para o desejo carnal, envolvendo os dois em carícias, toques mais fortes, alguns delicados, e beijos por toda parte do corpo de seu parceiro, a fim de estimular e aumentar o prazer cada vez mais até o ato final.

Ato que não demora muito para fazer os dois chegarem ao seu limite de prazer e gozar quase que simultaneamente.

— Desculpe, Doug, foi rápido... E eu senti que doeu dessa vez.

— Tudo bem... Eu gosto assim também...

No outro dia todos acordam tranquilamente e com suas rotinas matinais normais. Meena faz uma verificação nos itens de todos, nota que estão faltando suprimentos e questiona Rupert.

— O que houve? Nossa comida e alguns itens medicinais estão menos que a metade.

Doug responde:

— Eu precisei usar para ajudar as pessoas no acidente de ontem.

Meena fica brava e eleva seu tom de voz.

— Mas você precisou dar tudo?

— Eram muitos, e precisavam urgentemente.

— Certo! E Agora?

Júlio entra no meio dos dois, fica ao lado de Doug e entrega um pequeno saco de couro com moedas de ouro para Meena.

— Não se preocupe, será por minha conta.

Meena olha dentro, vendo que tem ouro o bastante para comprar tudo que havia antes e um pouco mais, e Júlio pede, antes que ela diga algo.

— Estou cansado de ontem, você pode comprar suprimento para nós, por favor?

— Sim...

Rupert ri da situação e comenta:

— Sempre salvando seu “companheiro”.

— Ele não fez nada ruim.

— Mesmo assim, antes que vocês queiram doar algo a mais, lembrem-se de que todos esses itens são nossos, do grupo, então o grupo decidirá o que fará com ele.

— Desculpe, não faremos mais isso.

— Ótimo, então vou dar uma rondada na cidade e ver se acho algo interessante antes de partirmos... E vocês?

— Eu vou descansar, ontem foi bem cansativo.

— Cansativo pela ajuda que você deu para os infortunados, ou pelo desempenho de ontem à noite?

Doug fica envergonhado e finge que não sabe de nada. Rupert riu pelo clima que causou, e Doug volta para seu quarto com Júlio sorridente. Antes de sumir de vista, Júlio responde baixo:

— Pelos dois...

— Muito bem, vou indo.

Júlio sobe para descansar mais um pouco, se preparando para seguirem viagem no fim da tarde. Doug já está no quarto e faz o mesmo.

Meena segue pela cidade, buscando um lugar para repor os itens do grupo e percebe que, não muito longe, tinha como restituir todos os suprimentos; com o clima agradável e pelo dia anterior ter sido tranquilo, ela acaba sendo mais educada e doce possível com todos em seu caminho.

Em um lugar da periferia da cidade, ela vê um serviço de empréstimo de carruagem com um valor bem menor do que estava previsto, ela então economiza ouro, mas guarda pra si o valor economizado para algum gasto futuro.

— Vocês são realmente baratos.

— Por causa dos impostos baixos que temos nessa área da cidade, o valor fica “melhor”.

— Entendo... Aquele homem que trabalha com você, me parece familiar.

— Ele é um dos cocheiros daqui.

— Que estranho... Parece que eu já o vi antes... Certo, mais tarde eu e meus amigos partiremos.

— Vou deixar tudo arrumado para vocês.

— Obrigada!



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