Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 34: O Ano Decisivo

Em quase uma década, Pronuntio permanece próspera e bela. Com as alianças e a cultura mais valorizada, chamou mais seres de raças diversas, que vieram a Pronuntio para aprenderem e para treinar mais, aumentando a quantidade de alunos e de mestres.

Casas e comércio aumentaram, melhorando a qualidade de vida de quem vive na ilha e até dos aliados próximos dela. O Império de Cristal, durante esse período, ganhou mais poder sobre o Grande Continente, forçando alguns povos a se defenderem ou a se submeterem a suas ordens; muitos que vão contra o Império precisam de ajuda para resistir a sua força e tirania.

Esses opositores ao Império precisam de cidades aliadas como Pronuntio, que ajudam enviando bons guerreiros, alimentos, artefatos mágicos ou seres mais especializados no auxílio que precisam.

Devido ao surgimento de mais batalhas e até uma possível guerra que envolva todo o continente, todos os treinos e estudos acabam sendo focados em defesa e ataque campal, deixando de lado a visão artística e mais tranquila da cultura global que passa a ter menos atenção nessas classes mais pacíficas.

Além de ajudar o Grande Continente, muitos dos guerreiros de Pronuntio colaboram com reinos e ilhas parceiras no Antigo Mundo. tendo poucos que aceitam ir para o Grande Continente, por causa dos boatos e mitos sobre Império de Cristal e o seu real poder e ambição.

 

Manhã, 1 de junho 1590. Pronuntio, acampamento de guerra da Ilha da Água.

A manhã está tranquila e gelada, poucas nuvens no céu e muito vento vindo do oceano e da costa do Grande Continente, pessoas com alto nível sensorial mágico sentem más vibrações, como se coisas ruins estivessem acontecendo ou iriam acontecer, alertando todos possíveis. Rupert, Júlio, Meena e Doug acordam e, depois de sua rotina matinal, se encontram na saída do acampamento.

— Vamos pegar o medicamento do Ray e ir vê-lo antes do treino.

— Certo.

Onilda se aproxima do grupo e os cumprimenta.

— Bom dia, meus caros Infantes.

— Bom dia, Mestra, como a senhora está?

— Vou bem, obrigada... Olha só para vocês! Que orgulho os ver assim depois de anos de estudo e treino!... Adultos formados e prontos para começar suas aventuras.

Onilda admira um a um e os elogia.

— Estão mais altos, mais robustos e mais sérios... Esqueci-me de algo?

Todos riem, e Rupert responde amigavelmente.

— Sim, mestra, sempre mais bonitos.

Júlio dá um grande abraço em Onilda e questiona com um ar nostálgico:

— Quanto tempo faz, mestra?

— Sempre estamos nos esbarrando...

— Mas nada como antes, seus ensinamentos, comer juntos e até os treinamentos mais amplos e inspiradores.

— Vocês já estão “formados”, cidadãos de Pronuntio e guerreiros fiéis ao que ela representa, meu trabalho está feito, agora é com vocês.

Doug se une a Júlio no abraço e diz:

— Obrigado!

— Eu também agradeço, pois aprendi muito com todos vocês...

Onilda olha para Rupert e Meena e vê que eles ficaram mais sérios e reservados com o tempo, eles demostram simpatia, mas Onilda sente que é bem diferente da época em que ela os treinava e ensinava.

— Me desculpe ocupá-los tão cedo, mas vocês têm uma reunião importante no castelo?

— Sim, é algo referente às missões no Grande Continente.

Rupert fica feliz e agitado.

— É uma ótima notícia, mestra, finalmente chegou o momento!

— Eu estou muito orgulhosa de todos vocês.

Onilda olha o pergaminho que pede o comparecimento deles e vê algo estranho.

— Mas pela hora aqui, vocês não chegarão a tempo.

Rupert como líder verifica e nota que se enganou sobre o horário.

— Temos que ir logo então!

Todos ficam aflitos por poder perder a primeira missão grande, e Doug questiona Rupert, mais nervoso.

— E o Ray? Ficamos de levar o medicamento dele hoje.

Onilda se prontifica.

— Não se preocupem. Eu faço isso por vocês, tenho certeza de que Ray entenderá que é uma ocasião especial.

— Obrigado, mestra...

Antes de partirem, Rupert e Meena também abraçam Onilda e depois os quatro seguem em direção do castelo. Onilda olha para o céu vendo as nuvens se dissipando com o vento e comenta para si:

— Deve ser uma missão importante, pena que Ray não poderá participar. Depois que seu pai Ynascar morreu, ele enfrentou mais uma vez o luto, em uma época em que nem o luto da mãe estava totalmente “aceito”... Momentos de negação, raiva, barganha, depressão e de aceitação foram difíceis, ele teve um grande acolhimento de Maxmilliam nesse período, infelizmente eu não pude ajudar muito devido à agenda cheia de ensino e treinos... Até Donny, Pedro e Jake deram suporte em um desses momentos... Mas e agora? Quando acordar e perceber que seus amigos estão longe...

Rupert, Doug, Meena e Júlio ficam animados e admirados por entrarem na área restrita no Castelo Divine, nada muito diferente de outras áreas do castelo ou da ilha, mas por ser um lugar especial para heróis e grandes magos de guerra.

Eles se sentem honrados e otimistas com seus sonhos, vendo itens e quadros que estão na decoração fazendo homenagem ou referência a grandes nomes da história. Rupert novamente exclama:

— Finalmente esse momento chegou!

Em um breve segundo, os quatro se veem em um lugar totalmente diferente e se espantam.

— O que houve?

A voz de uma mulher idosa responde:

— Acalmem-se, jovens heróis... Se aproximem, que eu vou explicar tudo para vocês.

Rupert fica nervoso e retruca:

— Quem é você? Como podemos confiar?

— Sei que um de vocês tem poderes sensoriais e mágicos fortes, ele deve confirmar o que eu digo, o lugar é pacífico.

Rupert olha para Júlio, que confirma fazendo sinal com a cabeça. Doug fica com medo da situação, mas Júlio o conforta, segurando em sua mão.

— Eu estou com você.

Todos prestam mais a atenção no lugar e veem que estão em um grande e amplo jardim, longe de construção grande e acreditam estarem longe de Pronuntio.

— Parece um lindo quadro... Feito com encanto e magia.

Os quatro percebem uma imensidão de cores, formando um enorme jardim, muitas cores, brilho e tranquilidade. O céu está lindo, com poucas nuvens, deixando o sol fazer todo o seu trabalho, iluminando grandes elevações de terra, gramas, pequenos e grandes lagos, muros e cercas vivas revestidas com plantas e matos, corredores com vários tipos de flores, pequenas estradas de tijolos vermelhos, bancos, vasos para flores diversas, arcos de flores, fontes, chafarizes mágicos, vários arbustos cortados em formas geométricas e de mamíferos.

O local tem poucas árvores próximas, mas belas árvores no extremo do jardim, podendo se ver uma floresta ao longe. Algumas elevações de terra formam pequenas colinas com algumas nascentes de água pura e cristalina, que formam um rio pequeno, com pedras, que passa por todo o jardim.

Há pedras pequenas e grandes espalhadas. parecendo estarem lá de propósito, pilastras em vários pontos, variando entre segurar vasos com flores ou fontes para pássaros, grandes portões feitos de árvores vivas, um pequeno labirinto de flores e arbustos grandes, algumas imagens lapidadas nas pedras, pilastras, bancos e fontes, pequenos barcos flutuando nos lagos cheios de flores e plantas exóticas, pequenas pontes bonitas e bem detalhadas nos pequenos rios e nos lagos, ligando também uma pequena ilha no centro do lago maior.

Com exceção de Júlio, os outros se assustam ao ver que, ao lado deles, surge uma mesa simples de madeira entalhada, com cinco cadeiras, e em pé, ao lado de uma das cadeiras, está uma senhora com vestes simples, que diz:

— Sentem-se... Aceitam um chá?

Ela aparenta ser uma humana de noventa anos de idade, estatura baixa, cabelos brancos e longos amarrados, olhos pretos, roupa básica de outra região, sem joias e sem armas ou armadura. Ela tem um semblante simpático e acolhedor, mas Júlio e Doug sentem que a fala dela é um pouco traiçoeira e ardil, como se simulasse simpatia.

— Eu sou Izolna, estou ajudando Úrsula hoje, e um dos assuntos é a missão de vocês.

Todos se sentam, mas com ar desconfiado e em alerta para qualquer armadilha ou surpresa. Izolna sente isso e comenta.

— Não se preocupem, observem que, mesmo se eu for um dos poucos poderes que podem ir contra um Electi, vocês estão contemplados por tal evento.

— Não penso assim...

Izolna ri e diz.

— Certo, vou apresentar o lugar, esse aqui é o “Jardim Electi”, escolhi trazer vocês aqui para conversar, poucos humanos têm o prazer de conhecer um lugar longínquo e belo assim.

Na mesa tem alguns pães, biscoitos, frutas e três tipos de chás diferentes. Júlio e Doug se servem, deixando Izolna contente.

— Isso, por favor, peguem, eu espero que esteja ao agrado de vocês... Vamos ao ponto: vocês vieram saber sobre o pedido de vocês irem ao Grande Continente.

— Sim, queremos uma missão direcionada ao Império.

— Úrsula aceitou alguns pedidos de ajuda vindos de algumas ilhas do Antigo Mundo e também do Grande Continente, mas poucos estão qualificados ou querem ir ajudar o Grande Continente por razões bem aparentes. O Império, com esses anos e ainda depois da destruição da universidade, ele... A propósito, o menino chamado “Ray”, ele não é do grupo de vocês?

— Sim, mas ele está muito doente.

— Isso foi recente?

— Sim, há poucos dias.

— Entendo...

Izolna fica pensativa por um momento, parecendo que esqueceu que não está sozinha, todos os outros se olham e Rupert questiona.

— Algum problema?

— Não, parei para pensar... Enfim, poucos aceitam ir ajudar o Grande Continente, por causa do domínio do Império e de suas ações, mas felizmente vocês estão dispostos e enfrentar isso, mesmo sabendo de algumas artes e métodos que eles usam. Eu espero que, depois de saberem mais sobre a missão de vocês, essa disposição ainda esteja forte.

Júlio questiona:

— Não é a missão de investigar o Império nas cidades aliadas?

— Sim, mas quero saber se vocês estão dispostos em acrescentar algo nessa missão, um segundo nível dessa missão, que vai mais além, mais secreta e infelizmente não oficial.

— Não oficial?

Júlio fica receoso, mas Meena e Rupert demostram interesse por parecer importante e especial.

— Não oficial não é “ruim”.

— Quer dizer que é algo mais sério, certo?

Izolna sente-se satisfeita por ver o interesse deles e continua.

— Sim, e para um grande bem, vamos ao caso: vocês estão designados a irem à cidade Copus Lithy, vou pedir para que, depois que fizerem o relatório para Úrsula, vocês sigam para Mascul.

— Isso é uma das possibilidades da missão.

— Sim, dependendo do relatório e da investigação, não haveria a necessidade de vocês irem para essa cidade do Império, mas o próximo nível, a missão secreta, pede que, qualquer que seja a informação obtida, que vocês continuem em frente, sigam para Mascul e lá abram uma oportunidade de ir até o Império.

Júlio não gosta do que houve e questiona.

— Você diz a cidade central? Sodorra?

— Eu entendo que é uma missão ariscada, entendo se, como os outros grupos, vocês se negarem a fazê-lo, não quero obrigá-los, mas seria de grande ajuda e glória essa missão ser feita.

Meena responde um pouco séria, mas animada.

— Eu concordo em irmos.

— Mas Meena?

— Anos atrás conversamos em ir atrás do futrespurco na primeira oportunidade, e essa, com o apoio de Pronuntio, é a melhor forma.

— Sim, com o apoio de Pronuntio e de Úrsula, mas não conhecemos essa mulher!

Antes que se inicie uma discussão, Izolna diz.

— Fazemos assim... Antes de vocês partirem, Úrsula e até a antiga mestra de vocês... Onilda, estarão comigo e elas poderão confirmar minha lealdade aos Electi; pelo menos até o momento, vocês têm como oficial a missão de ir para Copus Lithy e talvez para Mascul... Deixem essa missão secreta como extra, uma possibilidade, se surgir mais confiança no que eu estou dizendo... Qualquer coisa, eu posso entrar em contato com o outro grupo que saiu alguns meses para uma missão.

— A senhora diz Pedro, Donny e Jake?



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