Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 22: Festa e Festejar

Tarde, 19 de dezembro 1580 – Pronuntio. Castelo Divine

Castelo Divine está quase todo decorado e arrumado para uma grande comemoração que terá na virada da noite. A guarda foi reforçada, mestres de magias estão em alerta por ser em momentos assim que inimigos podem agir.

Com o reinado de Úrsula junto ao fato de ela ser uma Electi, o nível de violência e criminalidade diminuiu muito na ilha, pois, além de seu poder, sabedoria e forma mais sensata de governar, ela traz consigo o símbolo do criador, uma representante de Deus próxima do povo mortal, e agindo sempre com humildade, benevolência e dedicação à criação como um todo.

Onilda teve e viu de perto essa benfeitoria de Úrsula que, entre tantas coisas, proporcionou que sua fiel coruja ficasse bem com seus filhotes sãos, e a salvo.

— Mestra! Que incrível, eles já estão grandes.

— Sim, Desculpe não os mostrar antes, mas eles tiveram que ficar de repouso e em vigilância rígida, mas agora eles estão bem.

— E quais os nomes, mestra?

— Civetta, Eule e Baykus... Pena que o pai coruja não pode estar junto... Mas vamos aproveitar o tempo de festa e celebrar tudo que precisamos comemorar e agradecer.

Os Infantes ficam felizes por verem que Onilda e Opofrelse estão animadas e bem, além de ter Civetta, Eule e Baykus com saúde e prontos para seguir uma vida longa.

— Se apressem para a celebração, Infantes. Depois eu darei um treinamento em adestramento e cuidados com animais, isso pode ajudá-los em situações diversas.

Todos percebem o ânimo maior em Onilda sobre a vida selvagem, por ter aprendido recentemente lições e vivências desse mundo, que a ajudou e a alertou sobre alguns fatos que irão auxiliá-la a cuidar e a proteger melhor sua família, que aumentou de tamanho.

Em pouco tempo todos vão para os seus dormitórios e se aprontam para a festa que está no fim de sua preparação. Ray se ofereceu para colaborar, tanto que se arrumou rápido e se colocou no grupo de preparação e de empregados do castelo para ajudá-los com tudo.

Aproveitou essa situação para entender mais sobre a preparação de eventos e como funcionava a organização, tanto de comida, decoração e bebidas quanto na defesa e estratégias de vigilância e proteção contra possíveis ataques ou brigas que poderiam sair do controle.

— Obrigado pela oportunidade, aprender e trabalhar para seu reino nunca é demais.

Rupert está tendo seus hormônios aumentados, descobrindo e tendo mais interesse no sexo oposto, assim ele fica admirado com mulheres que vão aparecendo para a festa.

— Muitas eu via só como guerreiras, outras só como aldeãs simples, mas hoje vejo como todas são belas, chamativas... Chegará um dia em que escolherei uma para criar uma família... Ou mais de uma, se eu quiser só diversão, igual àqueles homens estranhos da taverna.

Meena usa o dia para descansar e se isolar por algum tempo, tendo um pouco de desgosto de momentos assim.

— Muita bagunça e sujeira, eu até gosto às vezes, mas nesses eventos eu fico muito excluída, meninos sempre ficam com os seus, e muitos só elogiando e falando de meninas... Tem muitos que não sabem amadurecer direito... E as meninas ficam falando delas mesmas e de assuntos do Grande Continente que não me interessam, muitas se acham benfeitoras... Espero que esse dia passe logo.

Pedro fez de tudo para conseguir se aproximar de algumas belas damas e para colocar seus amigos na fila de espera, para se apresentarem na tentativa de ganharem mais popularidade e mostrarem seus dons artísticos do qual ele gosta e tira certo proveito.

— Me parece que eu não vou conseguir de novo... Como é difícil arrumar uma apresentação, mas chegará o nosso dia... Falando nisso, onde estão aqueles dois? Espero que estejam fazendo algo útil para o plano de fama e riqueza.

Donny e Jake estão mais vaidosos depois da cobrança de Pedro, que comentou a possibilidade de eles se apresentarem no evento grande de Pronuntio. Em uma área longe do castelo, há uma casa de embelezamento desenvolvido por mulheres bem vaidosas e dedicadas à aparência.

— Beleza também é uma arma, e muito poderosa, quando sabemos usá-la.

Além de conhecimento de mágicas, essas mulheres são bem famosas fora do meio bélico. Outra estratégia de Pedro é que Donny e Jake sempre façam coisas juntos e que um cuide em um do outro, na frente dos demais, deixando marcada essa dedicação e afeto.

— Pedro não está aqui, então você não precisa agir assim.

— Jake, não reclame, você concordou com esse plano.

— Porque eu não tive escolha. E por que eu tenho que ser o “Frágil”? A parte delicada desse plano louco?

— Porque você é mais “fofo” e “delicado”...

Jake fica bravo com Donny e bate nele, gerando risadas de quem os vê.

— “Fofo”? Para de falar assim!

— Pedro falou para usarmos esses termos.

— Que ódio de vocês dois! Por que vocês dois não fazem a parte da farsa e eu só admiro de longe?

Uma mulher vê a agitação de Jake e se aproxima.

— Algum problema, meninos?

— Sim!

Donny o interrompe, respondendo com mais calma.

— Não, é que meu Jake está nervoso com a festa...

Jake questiona, emburrado, mas Donny só sorri para ele.

— “Meu Jake”?

— Entendo, mas o procedimento está quase no fim, não se mexam muito... Mas por que esse nervosismo?

— É possível que a gente cante na festa, mas essa possibilidade é baixa, ainda não temos tanta gente de mente aberta para nos ouvir, sabe?

— Sério?

Donny se lembra do plano de Pedro e comenta um pouco a importância que os três dão à música e como ela melhorou suas vidas e os aproximou, dando indícios de que a música aproximou os dois de uma forma romântica e calorosa, comovendo alguns ouvintes ali no salão.

Donny e Jake ganham mais admiradoras, que comentam que irão pedir por eles quando forem à festa. Vendo que o plano é melhor do que esperado, Jake fica mais bravo.

— Vocês são desprezíveis...

Júlio está mais atirado e consegue por dois momentos colocar Doug em um lugar mais reservado, para dar uns beijos antes da festa.

— Júlio! De novo?

— Você me deixa assim, “animado”...

— Estou sentindo essa animação, mas precisamos ir...

— Ray já está lá ajudando.

— Mas eu falei que iria ajudar também, lembra o que ele falou?

— Algo sobre conhecer mais a construção do evento e da defesa dele...

— Isso!

— Eu também me interessei... Mas você é mais interessante!

Doug ri, dá mais alguns beijos e sai dizendo:

— Fico feliz por esse interesse, mas demos nossa palavra, vamos logo.

— Certo...

Júlio não fica muito feliz, mas Doug o anima.

— Se a festa estiver chata, podemos animá-la em outro lugar.

— Sim, eu já vejo que será muito chata.

— Mas, se a festa for muito boa, eu terei que descarregar a minha adrenalina em “algo” de “alguém”...

— A festa será ótima, a melhor da década! Tenho certeza disso!

Doug ri e puxa Júlio para que cheguem logo para ajudar no final dos preparativos do evento. Depois da virada da noite do dia para o outro, a festa se inicia com muitos comes, bebes, guardas, pessoas com roupas extravagantes e até fantasias. A festa está saciando vários gostos e deixando todos felizes e mais familiarizados uns com os outros, aproximando mais e mais a população, em que sempre há uma e outra intriga.

Em momento de festa, tudo fica mais animado e pacífico, gerando mais amizade do que inimizade. A presença de Úrsula ajuda muito a tornar o lugar mais agradável, ela discursa incentivando mais a união do povo de Pronuntio e comenta sobre um futuro no qual todo o Grande Continente também fará parte dessa celebração, sem guerras ou batalhas desnecessárias.

Por ser próxima do povo e preocupada com todas as causas que envolvem Pronuntio, Úrsula sai do castelo para visitar outras reuniões da ilha, pois, mesmo sendo grande, o castelo não comporta toda a população de sua ilha, promovendo-se outras festas ao redor com o mesmo intuito. E, para isso, Úrsula deve e está indo em cada uma delas dar a sua benção e presença, além do discurso esperançoso e animador.

— Mestra Onilda! Chegou cedo...

— Ray, eu esqueci que você está entre os ajudantes hoje, mas você vai aproveitar a festa?

— Sim, senhora.

— Ótimo! Se divirta e acumule momentos bons para lembrar quando for mais velho.

Ray escuta sua mestra e, além de ajudar a vigiar e a tomar conta do evento, ele também curte o momento, se encontra rapidamente com todos seus amigos do grupo Infantes e cumprimenta amigos e conhecidos de seu pai, Ynascar, e de seu mestre, Maxmilliam, que também precisam visitar outras festas para fazer uma melhor formalidade, pois também têm cargos importantes e representativos em Pronuntio.

— Eu quero ir com você, pai e o mestre.

— Tem certeza? Se quiser, você pode ficar aqui com seus amigos; nas outras não terá tantos conhecidos seus.

— Sem problema, quero saber, ficar próximo dos senhores e ver como funciona melhor essas formalidades e encontros.

— Em parte são chatos. O bom é rever antigos companheiros de luta e ouvir boas histórias de aventura ou até amor.

— Para mim está ótimo.

— Então vamos.

Rupert fica mais próximo de Meena e comenta sobre a saída de Ray da festa.

— Não quero ser invejoso, mas Ray tem muita sorte em ser da família de um grande herói.

— Sorte? Ele perdeu a mãe, e o pai vive sendo chamado para assuntos importantes do Grande Continente.

— Mesmo assim...

— Eu no lugar dele ficaria só me divertindo, eu aproveitaria para “trabalhar” menos e não trabalhar mais como ele faz.

— Às vezes ele quer seguir o pai nisso.

— Bom, está indo bem, eu já quero comer, beber e quem sabe treinar uns socos.

— Vai arrumar briga?

— Não, eles vão liberar uma área para aqueles que gostam de treinar.

— Legal, ouvi dizer que teria algumas disputas, vou querer ver ou participar.

Rupert e Meena se unem a um grupo mais esportivo e guerrilheiro que, além de festejar, comer, dançar e beber, treina fazendo algumas disputas atléticas e até algumas lutas bem administradas e com vigilância de mestres.

— Mestra Onilda! A senhora está fenomenal!

— Gym! Tu também, aliás, tu estás sempre “Fenomenal”!

— Valeu o elogio, a senhora quer se sentar comigo?

— Eu sou da ala mais velha, fique com os teus jovens e aproveite a noite, Gym.

— Nada disso, os jovens aprendem muito com os mais velhos, mestra, a senhora é como uma mãe e tem que se enturmar mais. Vamos lá!

— Certo...

— Me conta como vão os filhos da senhora... Civetta, Eule e Baykus.

— Estão bem... Aquele livro que você me indicou mostrou muito sobre os “Grandes Animais”.

— Eu falei, eles foram tocados pelo poder, eles devem ser tratados à altura para não ter negligência.

Onilda se une com Gym e percebe que o círculo mais íntimo dele é bem diversificado entre mestres e ex-alunos de raças, classes e até pensamentos diferentes um do outro, o que mostra cada vez mais a humildade, empatia e carisma que ele tem, além de sua inteligência, que é sempre subestimada por ser ou agir com muita ingenuidade.

— Pedro!? Achei você, onde esteve?

— Meus queridos “Jakdon”! Estão “Fenomenal!” e combinando as roupas e penteados como eu pedi, estão perfeitos.

— Você não está exagerando, não? Nem Júlio e Doug seguem esse estilo de “Gêmeos Loucos”.

— Gêmeos não, “Amantes!”... Loucos até pode ser.

— Idiota!

— Donny está em silêncio, então pelo menos um de vocês gostou, já é bom.

— Ele é outro idiota também.

Algumas moças que já os conhecem se aproximam e os cumprimentam.

— Meninos! Como estão lindos!

Pedro estufa o peita e ajeita sua roupa, comentando:

— Obrigado, todos nós somos “fenomenais”.

Ela dá uma piscada de olho, gerando alguns sorrisos, e a outra comenta:

— Prontos para a festa?

Pedro se coloca ao lado dos amigos, e Donny abraça Jake, como se fosse bem íntimo dele, gerando timidez entre as meninas, que sorriem e gostam do que veem.

— Estamos, sim, já vamos entrar também.

— Ótimo, nos vemos lá dentro e vamos torcer para que vocês consigam cantar hoje.

— Obrigado!

Elas se afastam, e Donny continua abraçado com Jake, que tenta afastá-lo.

— Me solta! Elas já foram.

— E se mais aparecer? Estou com preguiça de ficar nesse “afaste e ajunta” direto, vamos já ficar grudados.

— Você é louco ou o quê?

Pedro vê mais gente se aproximando e concorda.

— Sim, ele tem razão, sigam o plano.

— Podemos seguir o plano e ficar sem esse “grude”? Vamos lá, está calor.

— Está calor porque você está comigo.

Jake e Pedro ficam sem palavras, Donny ri, e Pedro comenta.

— Muito bom, viu, Jake segue o plano e assim irão conquistar mais fãs.

— Sei...

— Não acredita? Quer outra aposta?

— Não! Eu perdi daquela vez, não quero ficar com cara de tolo de novo.

— Viu, então faça essas graças com o Donny também.

Os três entram na festa e logo atrás chegam Júlio e Doug, eles cumprimentam todos no caminho e vão até Rupert e Meena. Por eles estarem mais concentrados nas disputas dos alunos, Júlio e Doug saem e dão uma volta mais ampla, vendo mais do lugar. Muita diversidade de música, dança e comidas chamam sua atenção, além da forma como tudo está arrumado.

— A decoração ficou realmente boa.



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