Volume 1
Capítulo 18: Imersão na Batalha e no Amor II
Donny e Jake têm uma sensação diferente, eles sentem algo bom e até um cheiro e gosto doce na boca, além de pensamentos tranquilos e bons, deixando-os longe de receios ou preocupações, como se fossem crianças inocentes, sem precisar se preocupar com muita coisa.
Tudo é novo e belo, eles imergem na magia e veem um lindo rio, dentro de uma grande floresta intocada por humanos. Veem-se claramente alguns roedores, insetos, peixes, plantas, folhas, flores e muito mais da fauna e flora, compondo esse belo cenário, em um dia reluzente e quente. Nesse rio estão dois meninos de idade entre nove e onze anos, brincando na beira do rio e apreciando a paisagem.
— Eu adoro brincar na água.
— Ikatu! Cuidado, senão você cai na água.
— Eu sei nadar.
— Aqui não é o lago, você pode ser levado pela correnteza.
— Eu sei, eu tomo cuidado.
Esses meninos estão em um dia em que passarão por muitas emoções e sentimentos, a magia usada nos Infantes traduzirá melhor alguns pensamentos, fazendo com que Donny e Jake tenham mais profundidade no entendimento de cada um e da relação deles.
“Longe da aldeia eu vejo Ikatu mais feliz, eu gosto quando ele está assim, o sorriso me contagia e me faz bem”.
“Yawara sempre me leva para lugares divertidos, sempre me fazendo feliz.”
Os dois se molham e, na brincadeira de jogar água um no outro, acabam atingindo algumas formigas. Ikatu fica preocupado e pede:
— Espere! Olhe... As formigas... Coitadas...
Ikatu se aproxima e observa de perto as formigas se reorganizando para levar comida para a colônia.
“Tão pequeninas e trabalhando sempre... Será que os pais delas também são rigorosos?”
“Ikatu é tão bom para os outros, eu não ligaria para tanta coisa se não fosse por ele ver beleza em tudo.”
Yawara ajuda Ikatu, colhendo folhas para que as formigas peguem para levar para a casa delas.
“Fico feliz com Yawara sempre me ajudando e me ouvindo”
— Olhe! Animaizinhos pegando comida também.
Os esquilos fogem quando eles se aproximam.
— Não fiquem com medo!
Uma frutinha cai, e Ikatu tenta devolver para o esquilo, que pega de volta, deixando-o feliz.
— Você viu? Ele pegou!
— Muito bom!
Ikatu corre um pouco para ver onde é a casa dos esquilos. Yawara o segue correndo e brincando com ele, quando os perdem de vista, eles veem dois passarinhos fazendo um ninho em uma árvore.
— Olhe, Ikatu! Achamos um ninho.
— Que legal! Eles estão fazendo uma casa para eles.
— Sim, será que já têm filhotes?
— Sim, deve ser igual àquele que vimos outro dia.
Eles escalam a árvore e veem que o ninho já tem ovos para chocar; antes que assustem os pássaros, eles descem e voltam a brincar perto do rio.
— Vamos nadar um pouco?
— Vamos voltar, naquela parte tem menos movimento da água.
Eles voltam a brincar um pouco, Yawara se preocupa e pega frutas para comerem.
“Ikatu brinca e sempre esquece a hora de comer, eu preciso sempre ficar perto dele para ajudar.”
“Yawara sempre cuida de mim, queria ter mais contato com ele antes, pena que só podemos ficar mais tempo juntos nesses últimos meses de amadurecimento da aldeia, mesmo assim, eu sinto como se eu sempre o sentisse por perto.”
— Obrigado, Yawara! Você sempre deixa a mais doce para mim.
Eles comem e deitam-se na grama, com os pés perto da água, sentindo o clima fresco e o ar puro. Sem perceberem, eles caem no sono e acordam assustados, ao perceberem que o tempo mudou totalmente e não viram isso acontecer.
— O que aconteceu?
— Dormirmos demais.
O tempo está caótico, com ventos ficando cada vez mais fortes, o céu está totalmente escuro, e a chuva começa a cair.
— Precisamos voltar.
Um trovão forte é ouvido, ao mesmo tempo que um raio que corta o céu, deixando ambos com medo; eles correm para debaixo de uma árvore e se abraçam forte.
“Não posso ficar com medo, se não Ikatu ficará triste, preciso ser corajoso por ele.”
— Calma, Itaku, vamos ficar bem.
— Você tem certeza?
— Sim! Vamos para casa.
Eles correm em direção à aldeia deles, mas a chuva fica muito forte, o vento também deixa a floresta mais tenebrosa e escura, muito barulho, galhos caindo e área molhada atrapalhando que eles corram sem cair ou escorregar e se machucar.
“Não posso deixar Ikatu se machucar!”
“Não posso cair e causar problemas para Yawara, ele pode se machucar também.”
Eles param em um lugar mais seguro e pensam em uma forma de voltar sem se machucar.
“O que eu posso fazer? Ikatu está com medo, eu estou com medo, a culpa foi minha de não ter voltado a tempo para casa.”
“Não queria causar problema para Yawara, agora ele pode levar um bronca ou ser punido se algo acontecer conosco... Por favor, floresta, ajude Yawara e eu, eu não quero que meu pai me afaste dele, ele é o único que me entende... Se acontecer algo ruim, meu pai não vai perdoar nem eu e nem Yawara... Céus... Ajudem...”.
Yawara vê que Ikatu está chorando e o abraça forte.
— Calma, vamos ficar bem, a chuva vai passar.
Yawara olha ao redor, tentando pensar em algo. Uma pequena luz chama sua atenção, ele tem uma intuição boa e leva Ikatu para essa luz. O caminho é distante, mas no percurso os dois não caem ou sofrem mais com o barulho forte, chuva ou galhos caindo.
“A floresta está nos ajudando, obrigado por me ajudar a salvar Ikatu.”
— Olha, Yawara! Tem alguma coisa ali dentro... É fogo!
Eles voltam para perto do rio e acham uma pequena caverna com uma fogueira dentro, a entrada também é pequena, sendo fácil para os dois passarem, mas não para um adulto.
Dentro eles se aquecem e veem que há comida também, suco em uma cuia grande e uma pequena cesta com frutinhas diversas, com algumas que nem se tem nessa região. Ikatu avança para pegar comida, mas Yawara o para.
— Espere! Não sabemos se podemos comer.
— Parece bom.
— Sim... Pera aí.
“Preciso experimentar primeiro, pois, se tiver algo ruim, Ikatu pode se machucar.”
Yawara come e espera um pouco para sentir o gosto e engole.
— Parece seguro...
Ao achar que não tem perigo, ele seleciona uma, come metade e dá a outra metade para Ikatu, sempre comendo parte para ver se todas estão boas e sem veneno.
— Você conhece bem frutas, Yawara, obrigado.
Uma voz grave e forte é ouvida, mas não os assusta, por parecer ser uma voz familiar e pacífica.
— Aysú... Aisú...
A imagem meio transparente de um homem alto, forte, com um grande cocar de penas na cabeça aparece, ele também usa alguns ornamentos característicos das tribos aliadas dos meninos, como pele de animal, presas, cordões e desenhos no corpo. Eles nunca o viram antes, mas sentem como se o conhecessem.
— Tupã?
— Sim... Yawara e Ikatu, vocês pediram muito pela proteção um do outro, invocando assim o meu poder para ajudá-los.
— Então ficaremos bem?
— Sim, vocês estão a salvo, em pouco tempo essa chuva cessará, e alguns homens da tribo de vocês os encontrarão para levá-los para suas casas.
“Homens? Então meu pai vai brigar por eu ter demorado a voltar para casa.”
“Ikatu terá problemas com o seu pai, preciso dizer que a culpa foi só minha.”
— Infelizmente, mesmo sendo jovens, vocês conhecerão a dor e o que há de mais hostil nos humanos, mas vocês terão e receberão amor para suportar essa responsabilidade que será colocada em cima de vocês tão cedo... Sejam fortes um pelo outro... “Ayisu” um do outro.
— Ikatu vai sofrer?
— Ambos passarão por momentos desagradáveis, mas confiem no amor que ainda há em suas famílias e no amor que um tem pelo outro, pois o amor rege o universo e cria mundos; o amor é a fonte e a mão do Criador, eu sou amor e poder puro que vem aos corações justos e banhados de luz...
As palavras de Tupã enchem a alma dos meninos de esperança e retiram um pouco do medo e receio que já foi implantado neles por alguns humanos ruins, humanos que convivem com eles, deixando mais claro quem são os bons e em quem eles podem confiar mais, melhorando seus julgamentos futuros, mas sem afetar ou alterar a inocência e a pureza deles.
— “O Desejo de Deus” está em todos os lugares, mas poucos podem sentir e fazê-lo... Continuem seguindo por esse caminho e terão paz, amor e muita prosperidade em seus caminhos.
Eles se abraçam forte e, sorrindo, dizem:
— Vamos ficar juntos para sempre, Yawara!
— Não vamos nos separar nunca, fique sempre comigo e vamos brincar até ficar velhinhos e com nossas famílias.
“Vamos formar nossa própria família!”
“Vamos formar nossa própria família.”
O sentimento dos dois é genuíno e puro, comovendo Donny, Jake e até Onilda, que acompanha todo o feitiço que conecta os Infantes com esse livro; a emoção os paga de surpresa, torcendo e fazendo suposições de como será o futuro dos dois, além de boas vibrações que esse poder do Tupã mostrou.
— Ray, Pedro, Júlio e Doug, a magia está mais estável e mais forte, conectarei vocês quatro nessa parte que foca mais a aldeia desses personagens que já foram vistos, se preparem para uma imersão mais profunda e mais detalhada em fatos e conhecimentos envolvendo um coração forte de mãe e esposa, que busca o bem não só para os seus próximos, mas para toda sua tribo e futuras gerações.
Os quatro sentem que o feitiço fica mais concentrado, já trazendo no seu início sensação de preocupação, um peso de culpa e uma mistura de pessimismo e otimismo, além de um gosto amargo na boca. Com todos preparados, Onilda os lança:
— Ex Educare!