Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 17: Imersão na Batalha e no Amor I

Noite, 4 de dezembro 1580 – Pronuntio. Torre de treinamento Quadrivium

Torre Quadrivium é um lugar para treinos mais individuais e para estudos de mestres, raros casos de alunos que têm aula ou experiências nessa torre simples, mas bem equipada. Tudo nela envolve o melhor e mais amplo conhecimento e poder que Pronuntio pode proporcionar sendo a base de todos os mestres e grandes magos e guerreiros de elite da ilha.

Úrsula recentemente indicou que mestres treinem alguns alunos com lições mais intensas a fim de verificar se essa experiência se tornará necessária a todos os outros ou se será perigosa demais para aqueles que têm mente ou físico frágeis.

Entre alguns grupos, os Infantes foram selecionados; depois de uma reunião com sua mestra, todos concordaram em participar. Meena, Rupert e Pedro estão curiosos e felizes por essa novidade, Ray e Doug estão mais tranquilos, e Júlio, Donny e Jake têm mais receio por envolver magia forte, que pode afetar a mente.

— Infantes, apresento para vocês “Erno Rubik”.

Onilda mostra para o grupo um pequeno cubo transparente quadriculado em seis partes. Em cada um dos seis lados, com esse artefato, há um livro com uma aura mágica.

— Esse artefato, aliado ao poder lançado nesse livro, fará com que vocês vivenciem a vida de alguns personagens que podem ou não estarem vivos hoje em dia. Vocês verão e terão até algumas sensações dos momentos presenciados nessa magia, infelizmente a experiência será um pouco dolorosa, mas trará mais conhecimento e maturidade vivida nessa história. Felizmente eu ajudarei a conduzir o feitiço, para que problemas maiores não causem efeitos fortes ou irreversíveis em vocês.

Ray olha para o livro e questiona:

— Quem escolheu a história, mestra?

— É uma escolha aleatória, alguns ajudantes experientes da biblioteca separam as histórias com mais elementos a serem aprendidos.

— Todos nós viveremos o mesmo personagem? Estaremos “Juntos” dentro desse feitiço?

— Não, terei que separá-los de início, todos saberão a história como um todo, mas os sentimentos e emoções mais profundos terão que ser separados por partes, pois estamos testando isso nos alunos, para ver se não é muita informação para processar e organizar.

Júlio e Doug se olham, sabendo que esse livro foi escolhido pelos seus amigos Taikuri e Romanze, para que eles vejam uma história que envolva Descendente de Ivo como eles.

— Por favor, todos se ajeitem e se preparem.

Pedro resmunga.

— Mas por que tem que ser tão tarde da noite?

— Será uma espécie de sonho.

— Então descansaremos enquanto treinamos?

— Não, vocês terão alguma instabilidade de energia ou cansaço excessivo, isso difere de pessoa para pessoa.

— Então somos cobaias?

— Pare de exagerar e se concentre na tarefa.

Onilda pega a relação da história e lê as partes, que são divididas, vendo o contexto que será passado para eles.

— Dividirei vocês em quatro grupos, sendo quatro duplas que viverão... Aqui, temos a parte da “Tribo, a história da tribo e como liderar”, “Batalha, a luta guerrilha”, “Maternidade, o amor materno” e... “Amor, corações que tocam o sentimento divino”.

Onilda já sabe as duplas que normalmente se formam e os que sobram para ficar juntos, ela também percebe qual assunto atrai mais cada dupla e sente um pequeno receio ao ver que Júlio e Doug querem ter a imersão da parte amorosa da história.

— Esperem só um instante... Eu preciso só averiguar alguns últimos detalhes.

Onilda lê um resumo rapidamente e vê que alguns personagens da história são iguais a Júlio e Doug. Com medo de despertar algo cedo demais ou induzir a algo fora do tempo, ela decide escolher o que cada dupla viverá.

— Vou conectando todos aos poucos e assim vão vivenciando as situações. Se mantenham calmos e focados no que verão... Lembrem que qualquer exagero de sentimento ou incômodo, vocês conseguem me falar para que eu interrompa esse treino... Começarei por Rupert e Meena... A batalha do pântano de Sudali.

Onilda energiza suas mãos e a sala; ao conectar com Rupert e Meena, ela diz alto.

Ex Educare!

Rupert e Meena sentem como se sua mente saísse do corpo e entrasse no cubo que está envolvido pela aura do livro.

— Meena... Você consegue me ouvir?

— Rupert? É você?

— Sim!

— Onde estamos?

— Me sinto estranho... Olhe!

Com o feitiço completo, ambos se veem em um pântano extenso à noite, a vegetação é bem densa e bem úmida, alguns insetos e pequenos animais andam e produzem barulhos comuns, deixando a clima sereno, mas angustiante por saberem que haverá uma batalha ali e não sabem como será e de onde surgirá o primeiro ataque.

Logo um grupo de homens usando armaduras entra no pântano, eles estão bem equipados com armaduras grossas e corporais, espadas e há até um usuário de magia experiente, que anda próximo de seu capitão.

— Capitão, eu sinto a presença humana, há selvagens por perto.

O capitão faz sinal com a mão e ordena:

— Se espalhem! Esses selvagens não têm armas de metais como as nossas, mas eles conhecem bem o lugar, isso pode ser uma vantagem.

O mágico usa seu poder para acender as tochas dos soldados, que se espalham à procura de inimigos. Sem perceber, alguns guerreiros indígenas camuflados dentro da água adentram na formação dos soldados e se preparam para atacar.

Na vegetação há outros preparados, com arco e flecha e zarabatanas. Depois de terminar seu encantamento, o mágico alerta:

— Capitão, a água pantanosa está infectada com poder arbol, isso impede que eu saiba a localização deles.

— Não sabíamos disso antes, melhor recuar.

De cima das árvores, ouve-se um grito de guerra, os homens se assustam e veem flechas e dardos serem lançados neles, acertando pontos onde a armadura não os defende. Embravecido, o capitão ordena:

— Ataquem esses animais!

Os guerreiros levantam-se das águas com lanças e lâminas, para apunhalar e pegar o grupo de surpresa. Os soldados têm uma grande perda de homens no primeiro momento, o capitão é alvo em vários momentos, mas, com a ajuda do mágico, ele consegue se defender e até contra-ataca alguns, matando-os sem dó ou piedade.

— É assim que devemos tratá-los! Avancem!

Os guerreiros recuam, atraindo os soldados, que correm com sede de sangue, no caminho alguns são pegos por armadilhas, entre elas há buracos com estacas, redes e cipós atrapalhando a movimentação deles, dando chance para que os ataques dos guerreiros sejam mais eficazes. Alguns soldados são salvos pelo seu capitão, que toma a linha de frente e, com o alerta luminoso do mágico, ele vê onde estão algumas armadilhas, evitando-as.

— Olhem as luzes, são armadilhas desses bichos do mato.

— Chefe Atuká, ainda tem muitos deles.

— Corram!

Com o sinal, o capitão tem a visão do chefe do grupo de guerreiros, ele o segue para uma luta entre líderes, a fim de desmoralizar seus inimigos.

— A cabeça do líder é minha! Matem qualquer outro que virem.

Os guerreiros são hábeis e acostumados com o local pantanoso, eles se locomovem de uma forma mais rápida e sem incômodos. Com o foco do capitão em pegar o líder, a prioridade de seus soldados se resume só em matar o que vê; a formação fica fragilizada, dando chance para mais ataques dos guerreiros da floresta.

Cordas, redes, lanças e flechas tomam o controle da batalha, diminuindo mais os números de soldados. Na correria, o mágico fica afastado de seu capitão, e é atacado por uma mulher com traje diferente dos outros que viu até agora.

— Bruxa da floresta!

O mágico usa seu poder para paralisá-la e feri-la; assim, o poder de ambos entra em uma disputa. Percebendo que pode perder, ela sopra uma nuvem de veneno nele, que age rapidamente em seu organismo.

— Que maldição é essa?

Antes que se amenize a dor, o mágico é atacado e tem sua cabeça e mãos cortadas, forma feita para eliminar usuários de magias, por medo de algum poder ou encantamento ainda estar ativo depois ou durante a sua morte.

Sem perceber, o capitão está com poucos homens e impulsivamente, atrás de seu inimigo, ele vê alguns outros inimigos, mas, ao acertá-los, ele percebe que são fantoches para distraí-lo, fazendo com que alguns de seus homens caiam em mais armadilhas.

— Onde estão as luzes de indicação? Aquele inútil morreu!

O capitão para por um momento e raciocina direito:

— Por que estamos sem formação, o que está acontecendo?

O capitão sente enjoo e tontura, algumas boleadeiras o acertam, colocando-o no chão. Sem poder reagir, guerreiros o desarmam, e o chefe aparece.

— Por que invade nossas terras?

— O que fizeram comigo?

— Magia de Tupã protege nossa família, todos vocês têm mente fraca e são induzidos pelo desejo frágil da mente; homem de coração ruim é fácil ser enganado.

— Malditos... Eu vou matar todos vocês...

— Homem do império veio buscar morte, então é morte que te daremos!

O capitão é morto ali mesmo. Em seguida os corpos de todos os guerreiros são levados para serem queimados honrosamente.

Os corpos dos inimigos são deixados no pântano para que os Grandes Animais se alimentem deles; suprimentos e alguns materiais são levados para estudos da tribo, de como o inimigo age e sobre o que possui na guerra. O chefe Atuká é admirável, preocupando-se com todos e sofrendo a cada guerreiro perdido, colocando-se a falar e homenagear cada família que perdeu seu pai ou filho.

— Infantes! Estão todos bem?

— Sim, mestra...

— Vamos nos aprofundar mais na história, avançando um pouco... Donny e Jake, se preparem.

— Preparados, mestra.

Ex Educare!



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