Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 14: Doulio e Romakuri I

Tarde, 30 de novembro 1580 – Pronuntio. Campo de treinamento Trivium

 

— Então vocês aceitaram nosso desafio?

— Surpresos?

— Um pouco, nós os desafiamos, pois sabíamos que seriam oponentes interessantes de enfrentar.

Trivium é um campo de treinamento temático e mágico, mas ele é pequeno comparado aos campos de treinos de grupos. Trivium é focado em usos e manipulação da magia, o muro é alto e dentro há parte com água, areia, terra, grama, árvores e uma grande fogueira protegida para que o fogo não saia do campo. Júlio e Doug foram desafiados e estão prontos para enfrentar Romanze e Taikuri.

— Por que tinha que ser à tarde e não de manhã?

— Meu amado Romanze dorme tarde e não gosta de acordar cedo.

— Vocês agem sempre assim?

— Assim como? Namorados?

— Sim... Isso é novo para nós.

— Sabemos, por isso queríamos nos aproximar, ajudar nossos “irmãos de Pando”.

— Ajudar?

— Sim, vocês precisam se soltar mais, apesar de que todos que têm “malícia” e veem que existe uma certa...

— Aproximação?

— Safadeza em vocês.

Júlio não gosta do termo, mas Doug vê que eles querem ajudar e questiona:

— Vocês não têm medo?

Romanze e Taikuri se olham, e Taikuri comenta com mais simpatia.

— Sabemos o que pensam, mas precisam se libertar disso, esse medo é ruim para vocês, individualmente e para o Doulio.

— O quê?

— É a combinação dos seus nomes de vocês, ou preferem Julug?

Romanze olha a expressão sem graça dos dois e comenta:

— Eu falei que essa moda não ajudaria.

— Tentei usar isso para ser simpático e fazer graça, os humanos gostam disso.

— Sinal de que eles podem ser evoluídos.

— Verdade. Então provaremos! Preparem-se!

Romanze e Taikuri se afastam um pouco, fazendo movimentos e se envolvendo em energia, Taikuri cria esferas mágicas e atira esses projéteis em Júlio e Doug.

— Mostrem que são mais que simples humanos!

Doug fica na frente e, com sua técnica de luta com o apoio mágico de Júlio, apara os projéteis um a um e se aproxima rapidamente dos seus oponentes. Taikuri usa uma onda de energia para afastá-lo, mas Júlio a interrompe, dando mais velocidade e impulsionamento para Doug, que chega até eles para atacá-los fisicamente.

Taikuri se esquiva do primeiro golpe e comenta:

— Somos magos grandiosos, não lutamos corpo a corpo... Só entre nós às vezes...

Romanze pula em cima de Doug, que o soca; o corpo de Romanze vira água, molhando Doug completamente. Em seguida Taikuri pega em seu braço e libera uma carga elétrica grande que, com a água, faz com que ele sinta essa dor no corpo todo.

Júlio aproveita seu vínculo mágico com Doug, para amenizar a dor e até dividi-la, impedindo que Doug desmaie com a eletricidade.

— Se afaste dele!

Doug bate em Taikuri, se libertando dele e se afasta. Romanze aparece distante e mira um poder em Júlio. Essa magia cria uma pequena nevasca, uma onda de frio intenso, que atinge uma linha reta.

Júlio fica dentro dessa linha e tenta desfazer a magia; quando Romanze vê que Júlio não sabe desfazê-la, só amenizá-la, ele comenta:

— Precisa prender mais sobre magia, Doulio.

Essa linha fica mais gelada e cria estacas de gelo afiadas. Júlio apara e destrói algumas com seu bastão, evitando ser atingido.

— Sabemos o suficiente!

Júlio energiza seu bastão e absorve um pouco da nevasca para atacar Taikuri, que bloqueia esse poder com sucesso e esnobação.

— Magia é sempre fascinante...

Mesmo bloqueando a magia, Taikuri fica com sua defesa aberta para Doug, que o ataca fazendo com que o oponente recue para as areias. Entrando na parte arenosa, Doug bate seus punhos na areia e a torna movediça. Taikuri ri e elogia.

— Então você também sabe usar truques? Fabuloso!

Ao levantar-se, Doug vê que mãos de areia prendem seus punhos e ouve Taikuri dizer:

— Mas dois podem jogar com as areias... Levantem-se! Solidum Nummum!

Três soldados de areia com armadura de vidro saem do chão e atacam Doug. Ele se solta e se defende dos ataques, contra-atacando sempre que possível. Um desses soldados ajuda Taikuri a sair da areia movediça e volta a atacar. Júlio tenta ajudar Doug, mas Romanze o interrompe com magia, toda vez que ele tenta se aproximar ou ajudar com magia benéfica.

Romanze usa magia, manipulando a água do pequeno lago no campo, para criar uma esfera de água ao redor do seu corpo e através dela atacar com projéteis de água e de gelo criados rapidamente com seu poder. Júlio se defende bem, mas demonstra que cansará logo; vendo isso, Romanze comenta:

— Vocês têm que ser mais “versáteis”, mudar esse estilo de sempre um dar suporte e o outro atacar.

Taikuri dá um sorriso malicioso e concorda:

— Fazer um troca-troca de vez em quando é bom.

Júlio energiza seu bastão e ataca nos soldados de areia, desfazendo-os. Doug pula e ataca Taikuri, que se transforma em Romanze, e esse efeito-surpresa deixa Doug sem reação, sem entender o que houve, se eles trocaram de lugar ou estavam usando ilusão até agora para enganá-los.

— O quê? Como?

Romanze pega nos punhos de Doug e cria gelo em seus braços, ao tentar se soltar ele é empurrado e cai. Mais gelo é feito em suas pernas, impedindo-o de se levantar. Júlio corre para ajudá-lo; em seu caminho é criado um muro de fogo para que recue.

Júlio encanta seu corpo para diminuir os danos e passa pelo fogo, ganhando admiração de Romanze e Taikuri, que comentam:

— Realmente eles são um casal.

— Sim, e você faria isso por mim?

— Não, porque eu conseguiria tirar o fogo no meu caminho.

Taikuri comenta chateado:

— Não era isso que eu queria ouvir...

A ilusão é desfeita, revelando que Taikuri tomou a forma de seu namorado para confundir Doug no embate final. Júlio liberta Doug e ainda acha que pode atacá-los. Romanze ri e alerta:

— Júlio, não... Não faça isso, olhe atentamente onde você está.

Taikuri ri baixo e diz alto:

Quid est veritas?!

A ilusão é desfeita, mostrando que Júlio e Doug estão na areia movediça com a maioria dos seus membros presos por areia e magia.

— Como fizeram isso?

— Magia, bobo, usamos todo artificio mágico nas lutas; estude mais, que poderá nos encarar melhor na próxima vez.

Júlio vê que Doug está bem e se beijam. Taikuri e Romanze se surpreendem, ficando calados pelo tempo do beijo.

— Conseguimos surpreender os Romakuri?

Eles riem e respondem:

— Até que sim, mas não use mais esse nome, ficou feio.

— Então preferem Taianze?

— Não! Chega disso!

Com magia, Júlio e Doug são liberados da prisão de areia, eles limpam um ao outro e se olham com carinho. Taikuri olha para Romanze e comenta:

— Você poderia me beijar também, nós ganhamos.

— Sempre ganhamos.

— Então você poderia sempre beijar.

— Não... Vamos comer algo.

No caminho para o refeitório, eles conversam um pouco mais. Júlio e Doug conhecem mais sobre esses novos amigos, vê que, mesmo eles sendo um pouco megalomaníacos, têm bom caráter e focam em ações justas, sem rastro de alguma hostilidade ou vontade de fazer mal aos outros.

Taikuri e Romanze demostram consideração por Júlio e Doug por eles também serem um casal em um lugar com poucos deles. Ao chegarem para comer, eles encontram Pedro, que se senta com eles.

— Doug, Júlio! Quem são esses dois?

Taikuri e Romanze observam Pedro e o ignoram. Júlio acha engraçado, e Doug apresenta.

— Esses são Taikuri e Romanze, são especialistas em magia, e estávamos treinando com eles.

— Legal... Acho que já os vi antes, prazer, eu sou Pedro.

— Pedro Flavum, conhecemos os Infantes, é um grupo em destaque aqui em Pronuntio.

— Obrigado, vocês precisam nos enfrentar um dia para verem melhor nossas habilidades.

— Já vimos o suficiente hoje.

— O quê? Só Doug e o Júlio? Não, tem que ver todos.

— Não, os outros não apresentam nada demais.

Taikuri complementa:

— Sim, nada que precise tomar o nosso tempo.

— Tempo? Ou vocês estão com medo?

— Não, jamais! O único que poderia, e repito, “poderia” nos derrotar é o pupilo e afilhado de Maxmilliam, Ray Blok W.

— Ray... É, ele é bom...

Júlio defende os outros.

— Mas todos nós do grupo somos bons, não nos subestimem.

— Não somos assim, nossos julgamentos são bem certeiros, sei que, tirando vocês dois, que apresentam um “dom” a mais, os outros são só humanos comuns, fracos e corruptíveis.

Pedro ri e comenta brincando:

— Você deve estar falando do Rupert e da Meena.

Taikuri e Romanze ficam menos conversativos com a presença de Pedro, eles o julgam como um humano comum, sem grandes atributos e com excesso de confiança, vendo que isso não faz sentido, por ele ser só um humano sem grandes dons.

Já Júlio e Doug, com a presença de Taikuri e Romanze, acabam falando mais sobre eles e os sentimentos que têm um pelo outro e, como tudo começou citando o primeiro dia de aula e outros eventos, em um momento Júlio diz, segurando na mão de Doug.

— Todos costumam dizer que o outro, o outro a quem amamos é a nossa outra metade, mas, quando eu olho para você, eu sinto que você sozinho é eu por completo.

É desnecessariamente profundo para o momento, mas Doug fica totalmente tocado com isso e com vergonha, por ver que os outros estão surpresos com tal frase.

Taikuri e Romanze gostam do momento e observam que Pedro, a todo o momento, desde que Júlio e Doug contaram sobre seus momentos de aproximação e afeto, está interessado e sem olhares estranhos ou com maus pensamentos, tanto que Pedro faz algumas anotações de alguns detalhes para compartilhar com Donny e Jake, para o seu plano de forjar um romance entre seus amigos para ganhar atenção e crédito entre as mulheres de Pronuntio.

— Mas se atentem mais à magia, vocês estão desatentos com inimigos que só usam magias.

— Na próxima estaremos mais preparados.

— O que você tanto anota, Pedro?

— Lembretes de algumas coisas que preciso passar para Donny e Jake.

Taikuri e Romanze percebem que os nomes dos outros não são muito citados nas conversas e questionam.

— O grupo “Infantes” é dividido?

— Não, por quê?

— Não vejo vocês falando muito dos outros, é só Doulio e Pedro com Donny e Jake.

Pedro acha que ouviu errado e questiona, achando engraçado.

— Doulio?

— Sim, é uma moda, quando você torce para que dois formem um casal ou apoia a união, é só unir os nomes também; é cafona, mas economiza letras ao chamar.

Pedro sorri e faz mais anotações, e a atitude de Pedro ser amigável com tudo isso faz Taikuri e Romanze questionarem.

— Você não estranha ou se incomoda com essas coisas?

— Eu? Não, por que eu me incomodaria?

— Eu não sei... Normalmente “vocês” se incomodam, olhe agora, você está sentado com quatro Descendentes de Ivo, isso não pode afetar sua “reputação”, por exemplo?

Pedro olha ao redor e comenta alto.

— Em Pronuntio Descendentes de Ivo e Adéa são comuns e até admirados, veja meus amigos Donny e Jake, eles são importantes para mim, e eu os apoio, os... “Jakdon”.

Doug, Júlio, Taikuri e Romanze se olham e estranham o bom humor de Pedro com a situação. Pedro se levanta feliz e diz, fazendo referência a palavras normalmente usadas por Jimu.

— Obrigado pela companhia, “rapaziada”, foi “Fenomenal”... Vejo vocês depois.



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