Volume 1
Capítulo 13: Mestre Maxmilliam
A ilusão de Maxmilliam é bem realista, mostrando todos os detalhes desse artefato. Júlio já havia ouvido falar dele e pergunta:
— Mestre, só quem possuir esse artefato poderá saber de tudo o que acontece no mundo?
— Não, todos os Electi têm esse poder também, e não sei se eu mencionei, mas essa magia só serve para ver a parte “terrestre” e pequenos seres vivos, como as plantas; Não dá para localizar ou saber onde estão todos os seres mais complexos.
Romanze estranha o artefato estar dividido e questiona:
— Mas por que está separado e não em uso?
— Quem roubou não quer esse poder na mão de ninguém.
Romanze e Taikuri citam.
— Com certeza foi um humano...
— Sim, burros e ignorantes.
— Vocês dois têm certeza disso?
— Sim! Qualquer ser mais poderoso e inteligente estaria usando isso e não dividindo para ninguém usar.
— Argumento forte esse... Mas voltando ao que eu quero falar, é que esse artefato é um de muitos por aí, quero falar sobre esse estilo de poder.
Depois de apresentar através de ilusões alguns artefatos simples, defensivos, hostis e até alguns raros, Maxmilliam conclui:
— Magias usadas através de objetos e outras fontes mágicas são mais difíceis de serem detectadas e até canceladas, pois é preciso saber como foi feito, para saber como reverter... Por isso que muitos mágicos e aprendizes de magia usam instrumentos mágicos, como varas, cajados e até espada cravejadas de joias.
— Tudo pode ser mágico?
— Sim, há dois tipos: aquele quando há contato constante com poder, joias e itens guardados por muito tempo e que com apreço se torna forte. Como Arbidabliu nos proporciona poder, ele também direciona essa energia para objetos nos quais depositamos nossa “fé”... Se vocês pegarem uma pedra comum e a usarem como algum símbolo de lembrança de algum lugar ou alguém importante, ela passará a adquirir propriedades mágicas, podendo ser usada como catalizador de algo mais forte, e resistindo mais do que qualquer outra pedra...
— Então não podemos criar itens mágicos do dia para a noite?
— Não, requer tempo e às vezes muito tempo, dependendo de se o item já teve esse tipo de contato que citei... Joias que por muitas vezes são admiradas, desejadas e lapidadas, se tornam objetos valiosos, pequenos, bonitos e encantados, por isso são mais usados.
— E o outro tipo?
— O outro é mais “natural” sem muito vínculo com seres vivos: cajados mais poderosos e mais resistentes à magia são feitos com material antigo que teve séculos de contato com a natureza, normalmente são usadas árvores antigas que tiveram e foram banhadas por muito tempo pelo poder do mundo e alimentadas por tempos pela natureza, sentindo vento, chuva, calor, e os nutrientes da terra pura.
Depois de mais alguns exemplos de itens mágicos e como torná-los mágicos, o assunto recai sobre os guerreiros caos.
— Como chegamos a esse assunto?
— Por favor, mestre, fale sobre esses amaldiçoados.
— Magos têm a essência do poder que rege Arbidabliu, assim criamos o que ele tem de mais bruto, o caos; assim é criado o guerreiro caos, é a força e o poder puro, em forma agressiva e de mais alto nível. Como tudo no mundo, o excesso disso o torna um amaldiçoado, um louco do caos! É poderoso, mas ele perde o controle de si mesmo.
— Como um bêbado?
— Sim, é um exemplo que podemos usar, ele não fica totalmente racional, deixando seus impulsos controlarem tudo, é como se essa loucura ganhasse vida própria.
— Insano...
— Acho que já deu por hoje, não?
Romanze e Taikuri insistem em algo que já foi questionado antes.
— Queremos saber mais sobre o clã Karpanen.
— Vocês querem saber por eles terem sido feiticeiros maliciosos que queriam exterminar os humanos.
— Quer objetivo mais justo que esse?
— Não comecem!
— Temos certeza de que os outros alunos gostariam de saber, pois o senhor derrotou esse clã na época da Guerra-D.
Essa informação deixa Doug, Júlio e Jake entusiasmados.
— É verdade, mestre?
— O senhor derrotou um clã sozinho?
Maxmilliam fica bravo, mas cede e comenta sobre o assunto.
— Não gosto de falar muito sobre essas batalhas do passado, mas falarei brevemente... Clã Karpanen eram magos de elite, os mais aptos e grandiosos seres, com alto nível de energia, inteligência e poder, eles se uniram para livrar o mundo de uma “praga”, eles achavam que os humanos estavam estragando o mundo e precisavam ser exterminados, deixando só as raças superiores no controle e vivas.
Taikuri sorri e pede:
— Mostre, “Mestre”! Mostre o troféu.
Maxmilliam não demonstra muito orgulho dessa vitória que teve, ele mostra um anel grande e pesado, esse anel tem uma joia azul em forma de mosca com asas de ouro, que emana uma energia estranha, quase imperceptível, provando ter havido poder hostil anteriormente.
— Esse é o símbolo e o artefato dos Karpanen, o anel da mosca azul, representando um Grande Animal. Se vocês já ouviram falar da barata dourada, a mosca azul segue esse mesmo estilo, é um inseto com grandes poderes...
Enquanto eles admiram o anel, Maxmilliam continua falando.
— Um deles teve contato com essa mosca, fazendo-o acreditar que era um escolhido a fazer algo maior pelos seus. Ele imortalizou a mosca, transformando-a em um anel, para que fosse símbolo e ajudasse com seu poder constantemente.
— Mestre, mas por que essa história não é contada? Você salvou as pessoas desse grupo?
— Infantes... Com o tempo e com suas próprias aventuras, perceberão que nem toda conquista, nem toda aventura lhe trará orgulho; infelizmente haverá chateações e mágoas que vocês preferirão deixar só no passado, sem contemplar ou glorificar no futuro.
Todos sentem esse clima pesado de Maxmilliam e decidem mudar de assunto.
— Obrigado por compartilhar essa história conosco, mestre, gostamos de saber sobre esses feitos.
Maxmilliam encerra a aula em grupo e encaminha cada um para um estudo específico.
— Jimu Gym me falou sobre algumas especializações que vocês querem...
Maxmilliam sente a presença de alguém entrando e se corrige.
— Gym! O mestre Gym comentou comigo sobre aquilo em cada um quer se especializar.
Jimu entra, sorri, faz sinal positivo com a mão e sai da sala.
—Fenomenal! Mestre dos mestres sabe mentalizar.
Jake, Júlio e Doug riem, e Maxmilliam solta um sorriso involuntário, ficando mais animado depois da história que o lembrou de coisas ruins do passado.
— Doug Hyacin, a magia e missão dos Electi utilizam muito a magia e a realidade também, não existe um plano ou mundo mágico para essas realizações, é um pouco complicado; então vou recomendar esse livro, que fala sobre esse poder e o relato de alguns guerreiros que conquistaram essas missões.
— Obrigado, Mestre.
Doug passa um tempo lendo e aprendendo sobre esse poder Electi, que tanto ocupou seus pensamentos, gerando várias dúvidas e sonhos de um dia realizar tal ação.
— Júlio Surrex, não há outro caminho além da prática. Eu vou instruí-lo a fazer alguns pergaminhos mágicos e a usar itens mágicos para potencializar o que você já sabe e direcionar melhor o bom uso da magia para evitar erros críticos.
— Obrigado, Mestre, vou me dedicar completamente a isso.
— Ótimo.
Júlio fica focado em sua tarefa e treina muito para aprimorar suas habilidades mágicas.
— Jake Aurantiacis, eu tenho pouco conhecimento sobre a arte do Antigo Mundo, mas separei alguns relatos e livros que contam sobre as técnicas de lá, espero que isso ajude.
— Sim, mestre, obrigado.
— Se precisar, temos mestres que entendem a prática de algumas dessas técnicas, é só reservar um horário.
— Farei isso.
Jake descobre muito mais do que queria, pesquisando e vendo mais sobre a arte, técnicas e habilidades mais usadas no Antigo Mundo. Entende que será uma vantagem caso se aventure no Grande Continente, e até mesmo por saber como enfrentá-las, se for se aventurar no Antigo Mundo. Romanze e Taikuri se sentem excluídos e questionam.
— E nós?
— Vocês já são altos o suficiente, tem algo que seres tão poderosos precisam saber?
— Engraçado...
— Vocês podem ajudar seus amigos a estudar, são assuntos pertinentes e os fará amigos, além de poder aumentar a empatia de vocês.
Taikuri brinca, falando de Romanze.
— Empatia para ele é um grande desafio.
— Sério? Quer que eu lhe mostre como sou “empático”?
Maxmilliam balança a cabeça e sai, deixando os dois se encarando. Com todos afastados, Taikuri se aproxima de Romanze e diz baixo em seu ouvido:
— Eu quero... Você vai me mostrar o que eu quero?
No final da noite, Onilda conseguiu uma reunião de emergência com Úrsula, que resolvia assuntos importantes do Antigo Mundo.
— Minha rainha, Úrsula, por favor, eu preciso muito de tua ajuda.
Úrsula é sempre simpática e demostra muito apreço com todos, ela se aproxima de Onilda e diz:
— Não precisa de tanta cordialidade, mestra Onilda, diga-me: o que precisa de tão urgente?
— Opofrelse, ela está ferida, agora está longe de algo fatal, mas ela quer chocar seus ovos, o veneno mágico criado pelo Império de Cristal os afeta e os impede de sair dos ovos, isso é ruim, nenhuma magia comum pode ajudá-los, mas sei que magia Electi pode.
Úrsula fica preocupada, mas com receio em seus pensamentos. Onilda sente isso e pede:
— Por favor... Eu sei que os Electi cuidam e administram várias vidas, coisas muito mais importantes... Isso é só uma pequena parte, mas...
Ao ver que Onilda está no limite de segurar sua tristeza e desespero, quase a cair em prantos, Úrsula a interrompe, pega em sua mão e diz:
— Onilda, toda vida é importante, mas você precisa entender que a magia Electi não só os deixará vivos, mas também os deixará banhados de poder, podendo ser alvos de caçadores de magias e recompensas. Elas serão futuras corujas cheias de vigor e força, e isso os tornarão troféus a serem cobiçados por aqueles que os veem como instrumento de ganância e poder... Se estiver ciente disso e aceitar que eles viverão sempre com esse risco, eu farei o que me pede.
Onilda respira fundo e em sua mente só vem o sofrimento de Opofrelse e o desejo de ter seus filhos; ela balança a cabeça e chora, sabendo que está fazendo de tudo para ajudar sua fiel amiga.
— Sim... Eu cuidarei dos riscos assim como sempre cuidei de Opofrelse, e ela cuidou de mim...
— Então pense nos nomes desses novos filhos, Onilda, e em ampliar o ninho.
Onilda não consegue esconder sua emoção e agradecimento, tenta se ajoelhar aos pés de Úrsula, mas a rainha a impede, rindo e comemorando com ela.
— Pare com isso, Onilda, vamos logo conhecer seus futuros filhos.
— Obrigada... Obrigada...