Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 13: Mestre Maxmilliam

A ilusão de Maxmilliam é bem realista, mostrando todos os detalhes desse artefato. Júlio já havia ouvido falar dele e pergunta:

— Mestre, só quem possuir esse artefato poderá saber de tudo o que acontece no mundo?

— Não, todos os Electi têm esse poder também, e não sei se eu mencionei, mas essa magia só serve para ver a parte “terrestre” e pequenos seres vivos, como as plantas; Não dá para localizar ou saber onde estão todos os seres mais complexos.

Romanze estranha o artefato estar dividido e questiona:

— Mas por que está separado e não em uso?

— Quem roubou não quer esse poder na mão de ninguém.

Romanze e Taikuri citam.

— Com certeza foi um humano...

— Sim, burros e ignorantes.

— Vocês dois têm certeza disso?

— Sim! Qualquer ser mais poderoso e inteligente estaria usando isso e não dividindo para ninguém usar.

— Argumento forte esse... Mas voltando ao que eu quero falar, é que esse artefato é um de muitos por aí, quero falar sobre esse estilo de poder.

Depois de apresentar através de ilusões alguns artefatos simples, defensivos, hostis e até alguns raros, Maxmilliam conclui:

— Magias usadas através de objetos e outras fontes mágicas são mais difíceis de serem detectadas e até canceladas, pois é preciso saber como foi feito, para saber como reverter... Por isso que muitos mágicos e aprendizes de magia usam instrumentos mágicos, como varas, cajados e até espada cravejadas de joias.

— Tudo pode ser mágico?

— Sim, há dois tipos: aquele quando há contato constante com poder, joias e itens guardados por muito tempo e que com apreço se torna forte. Como Arbidabliu nos proporciona poder, ele também direciona essa energia para objetos nos quais depositamos nossa “fé”... Se vocês pegarem uma pedra comum e a usarem como algum símbolo de lembrança de algum lugar ou alguém importante, ela passará a adquirir propriedades mágicas, podendo ser usada como catalizador de algo mais forte, e resistindo mais do que qualquer outra pedra...

— Então não podemos criar itens mágicos do dia para a noite?

— Não, requer tempo e às vezes muito tempo, dependendo de se o item já teve esse tipo de contato que citei... Joias que por muitas vezes são admiradas, desejadas e lapidadas, se tornam objetos valiosos, pequenos, bonitos e encantados, por isso são mais usados.

— E o outro tipo?

— O outro é mais “natural” sem muito vínculo com seres vivos: cajados mais poderosos e mais resistentes à magia são feitos com material antigo que teve séculos de contato com a natureza, normalmente são usadas árvores antigas que tiveram e foram banhadas por muito tempo pelo poder do mundo e alimentadas por tempos pela natureza, sentindo vento, chuva, calor, e os nutrientes da terra pura.

Depois de mais alguns exemplos de itens mágicos e como torná-los mágicos, o assunto recai sobre os guerreiros caos.

— Como chegamos a esse assunto?

— Por favor, mestre, fale sobre esses amaldiçoados.

— Magos têm a essência do poder que rege Arbidabliu, assim criamos o que ele tem de mais bruto, o caos; assim é criado o guerreiro caos, é a força e o poder puro, em forma agressiva e de mais alto nível. Como tudo no mundo, o excesso disso o torna um amaldiçoado, um louco do caos! É poderoso, mas ele perde o controle de si mesmo.

— Como um bêbado?

— Sim, é um exemplo que podemos usar, ele não fica totalmente racional, deixando seus impulsos controlarem tudo, é como se essa loucura ganhasse vida própria.

— Insano...

— Acho que já deu por hoje, não?

Romanze e Taikuri insistem em algo que já foi questionado antes.

— Queremos saber mais sobre o clã Karpanen.

— Vocês querem saber por eles terem sido feiticeiros maliciosos que queriam exterminar os humanos.

— Quer objetivo mais justo que esse?

— Não comecem!

— Temos certeza de que os outros alunos gostariam de saber, pois o senhor derrotou esse clã na época da Guerra-D.

Essa informação deixa Doug, Júlio e Jake entusiasmados.

— É verdade, mestre?

— O senhor derrotou um clã sozinho?

Maxmilliam fica bravo, mas cede e comenta sobre o assunto.

— Não gosto de falar muito sobre essas batalhas do passado, mas falarei brevemente... Clã Karpanen eram magos de elite, os mais aptos e grandiosos seres, com alto nível de energia, inteligência e poder, eles se uniram para livrar o mundo de uma “praga”, eles achavam que os humanos estavam estragando o mundo e precisavam ser exterminados, deixando só as raças superiores no controle e vivas.

Taikuri sorri e pede:

— Mostre, “Mestre”! Mostre o troféu.

Maxmilliam não demonstra muito orgulho dessa vitória que teve, ele mostra um anel grande e pesado, esse anel tem uma joia azul em forma de mosca com asas de ouro, que emana uma energia estranha, quase imperceptível, provando ter havido poder hostil anteriormente.

— Esse é o símbolo e o artefato dos Karpanen, o anel da mosca azul, representando um Grande Animal. Se vocês já ouviram falar da barata dourada, a mosca azul segue esse mesmo estilo, é um inseto com grandes poderes...

Enquanto eles admiram o anel, Maxmilliam continua falando.

— Um deles teve contato com essa mosca, fazendo-o acreditar que era um escolhido a fazer algo maior pelos seus. Ele imortalizou a mosca, transformando-a em um anel, para que fosse símbolo e ajudasse com seu poder constantemente.

— Mestre, mas por que essa história não é contada? Você salvou as pessoas desse grupo?

— Infantes... Com o tempo e com suas próprias aventuras, perceberão que nem toda conquista, nem toda aventura lhe trará orgulho; infelizmente haverá chateações e mágoas que vocês preferirão deixar só no passado, sem contemplar ou glorificar no futuro.

Todos sentem esse clima pesado de Maxmilliam e decidem mudar de assunto.

— Obrigado por compartilhar essa história conosco, mestre, gostamos de saber sobre esses feitos.

Maxmilliam encerra a aula em grupo e encaminha cada um para um estudo específico.

— Jimu Gym me falou sobre algumas especializações que vocês querem...

Maxmilliam sente a presença de alguém entrando e se corrige.

— Gym! O mestre Gym comentou comigo sobre aquilo em cada um quer se especializar.

Jimu entra, sorri, faz sinal positivo com a mão e sai da sala.

—Fenomenal! Mestre dos mestres sabe mentalizar.

Jake, Júlio e Doug riem, e Maxmilliam solta um sorriso involuntário, ficando mais animado depois da história que o lembrou de coisas ruins do passado.

— Doug Hyacin, a magia e missão dos Electi utilizam muito a magia e a realidade também, não existe um plano ou mundo mágico para essas realizações, é um pouco complicado; então vou recomendar esse livro, que fala sobre esse poder e o relato de alguns guerreiros que conquistaram essas missões.

— Obrigado, Mestre.

Doug passa um tempo lendo e aprendendo sobre esse poder Electi, que tanto ocupou seus pensamentos, gerando várias dúvidas e sonhos de um dia realizar tal ação.

— Júlio Surrex, não há outro caminho além da prática. Eu vou instruí-lo a fazer alguns pergaminhos mágicos e a usar itens mágicos para potencializar o que você já sabe e direcionar melhor o bom uso da magia para evitar erros críticos.

— Obrigado, Mestre, vou me dedicar completamente a isso.

— Ótimo.

Júlio fica focado em sua tarefa e treina muito para aprimorar suas habilidades mágicas.

— Jake Aurantiacis, eu tenho pouco conhecimento sobre a arte do Antigo Mundo, mas separei alguns relatos e livros que contam sobre as técnicas de lá, espero que isso ajude.

— Sim, mestre, obrigado.

— Se precisar, temos mestres que entendem a prática de algumas dessas técnicas, é só reservar um horário.

— Farei isso.

Jake descobre muito mais do que queria, pesquisando e vendo mais sobre a arte, técnicas e habilidades mais usadas no Antigo Mundo. Entende que será uma vantagem caso se aventure no Grande Continente, e até mesmo por saber como enfrentá-las, se for se aventurar no Antigo Mundo. Romanze e Taikuri se sentem excluídos e questionam.

— E nós?

— Vocês já são altos o suficiente, tem algo que seres tão poderosos precisam saber?

— Engraçado...

— Vocês podem ajudar seus amigos a estudar, são assuntos pertinentes e os fará amigos, além de poder aumentar a empatia de vocês.

Taikuri brinca, falando de Romanze.

— Empatia para ele é um grande desafio.

— Sério? Quer que eu lhe mostre como sou “empático”?

Maxmilliam balança a cabeça e sai, deixando os dois se encarando. Com todos afastados, Taikuri se aproxima de Romanze e diz baixo em seu ouvido:

— Eu quero... Você vai me mostrar o que eu quero?

No final da noite, Onilda conseguiu uma reunião de emergência com Úrsula, que resolvia assuntos importantes do Antigo Mundo.

— Minha rainha, Úrsula, por favor, eu preciso muito de tua ajuda.

Úrsula é sempre simpática e demostra muito apreço com todos, ela se aproxima de Onilda e diz:

— Não precisa de tanta cordialidade, mestra Onilda, diga-me: o que precisa de tão urgente?

— Opofrelse, ela está ferida, agora está longe de algo fatal, mas ela quer chocar seus ovos, o veneno mágico criado pelo Império de Cristal os afeta e os impede de sair dos ovos, isso é ruim, nenhuma magia comum pode ajudá-los, mas sei que magia Electi pode.

Úrsula fica preocupada, mas com receio em seus pensamentos. Onilda sente isso e pede:

— Por favor... Eu sei que os Electi cuidam e administram várias vidas, coisas muito mais importantes... Isso é só uma pequena parte, mas...

Ao ver que Onilda está no limite de segurar sua tristeza e desespero, quase a cair em prantos, Úrsula a interrompe, pega em sua mão e diz:

— Onilda, toda vida é importante, mas você precisa entender que a magia Electi não só os deixará vivos, mas também os deixará banhados de poder, podendo ser alvos de caçadores de magias e recompensas. Elas serão futuras corujas cheias de vigor e força, e isso os tornarão troféus a serem cobiçados por aqueles que os veem como instrumento de ganância e poder... Se estiver ciente disso e aceitar que eles viverão sempre com esse risco, eu farei o que me pede.

Onilda respira fundo e em sua mente só vem o sofrimento de Opofrelse e o desejo de ter seus filhos; ela balança a cabeça e chora, sabendo que está fazendo de tudo para ajudar sua fiel amiga.

— Sim... Eu cuidarei dos riscos assim como sempre cuidei de Opofrelse, e ela cuidou de mim...

— Então pense nos nomes desses novos filhos, Onilda, e em ampliar o ninho.

Onilda não consegue esconder sua emoção e agradecimento, tenta se ajoelhar aos pés de Úrsula, mas a rainha a impede, rindo e comemorando com ela.

— Pare com isso, Onilda, vamos logo conhecer seus futuros filhos.

— Obrigada... Obrigada...



Comentários