Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 12: Futrespurco

Logo atrás deles entram mais dois rapazes um pouco velhos que eles, que parecem bravos e intimidam todos com seus olhares. Ao entrarem, os outros alunos decidem ir para outra turma ou estudar outro dia. Essa situação chama a atenção de Júlio e Doug, mas Jimu comenta.

— Rapazes, vocês arrumaram problema de novo?

— Por que não achar que os outros arrumaram problema conosco?

— Porque vocês veem muitos problemas nos outros.

— Sim, e falar verdades agora é algo ruim?

— Oh ká! Sentem, porque meu tempo de aula vai embora só conversando com vocês dois.

— Temos o dia todo se quiser, professor Jimu!

— G-y-m! Não sejam chatos!

Esses dois sentam-se um pouco distante. Júlio e Doug sentem a presença deles, e, sabendo que também são Descendentes de Ivo, eles se olham e se apresentam.

— Prazer, nós somos...

Um deles interrompe fazendo sinal com mão e diz:

— Não precisa, sabemos dos “Infantes”...

O outro continua.

— Vocês três são Doug Hyacin e Júlio Surrex, os parceiros do grupo, e aquele ali é Jake Aurantiacis, o músico que quer ser mágico.

Júlio e Doug ficam com receio dos dois por ver que eles os conhecem, mas nunca ouviram falar desses dois. Júlio se incomoda por ver que Doug ficou recuado, mas, antes que fale algo, Jimu diz de uma forma despojada e brincalhona.

— Vamos começar a tentativa de aula... Depois vocês se enturmam mais... Seksuell?

Os rapazes ficam incomodados com a maneira como foram chamados e retrucam.

— Não nos chame assim, Jimu, Jimu!

— Bom ser chamado do que não gosta? Seksuell?

Os outros riem por verem a birra entre eles, e Jimu continua:

— Esses três são mais dignos da amizade de vocês?

Os dois olham com mais atenção para Doug, Júlio e Jake e, não muito animados, respondem:

— Parece que sim, são bonitos e são “irmãos de Pando”.

— Fenomenal! Então comecemos.

Enquanto Jimu conversava, ele escrevia várias coisas na lousa e arrumava alguns itens na mesa do professor; com a atenção de todos, ele inicia sua aula sobre o uso de magia em ataques físicos, informando que ele é um lutador que gera energia para produzir poderes diversos para melhorar seus ataques e defesa.

O assunto interessa a Doug, por ser um lutador, mas Jimu avisa que controlar o físico e a produção e controle de energia é muito difícil, que precisam de muito treino. Os únicos que não se interessam muito sobre o assunto são os dois rapazes, sendo que em algum momento um deles comenta:

— Magia na linha de frente do combate? Não vejo vantagem nisso...

Jimu demostra ter sentidos aguçados, ouvindo a conversa de todos na sala durante a sua explicação e comenta com esses dois:

— Vocês precisam mentalizar. Os mestres em magia são bons na linha de trás, mas outros gostam da briga e precisam saber diversificar às vezes, não acham?

Jimu, sempre simpático, motiva a todos, dando dicas pessoais e, com intuito de ajudar na construção de cada um, cita também magias que envolvam gritos de guerra e músicas, ganhando a atenção e a animação de Jake.

No final de sua aula, Jimu ganha a atenção de todos, ao citar um item famoso, raro e muito poderoso.

— Theobroma é delicioso, Fenomenal! Vocês, que sabem de magia, já ouviram falar dela. Ela amplia e aperfeiçoa tudo que você sabe, mas tem seu bem e mal, você fere e é ferido, o tempo é curto e depois do efeito você tem um desgaste grande, físico e até mental.

— Gym, nós já ouvimos falar sobre os efeitos colaterais e de como ele é raro.

— Sim, mas já ouviram falar da parte impura dele?

— Impura?

— Amarum Cacau, infelizmente tudo pode ser usado de forma hostil e maldosa. Theobroma tem seu lado ruim, que é usado só para ferir.

Os dois rapazes comentam bravos.

— Isso é verdade?

— Como nós não ouvimos falar disso ainda?

Jimu sorri e brinca com eles.

— Fenomenal! Tem algo que eu sei de magia, e vocês, não? Esse é o trabalho dos mais velhos.

— Você não é velho.

— Não! Mas sou mais velho que você e mestre de Pronuntio; mais experiência sempre tem mais a passar, por isso a importância dos mestres.

— Sei... Fale então o que é esse Amarum Cacau.

— É feito com Theobroma, mas, no lugar de ser delicioso, ele é amargo, age como um veneno poderoso e rápido. Rapaziada, devem tomar cuidado com essa “poção”; vocês, que entendem de magia, conseguem sentir sua presença por ser um elemento mágico forte.

Os rapazes fazem algumas anotações, demonstrando interesse pelo assunto e admitem:

— Realmente o mestre Gym tem algo útil a ensinar.

Jimu fica feliz por eles o chamarem de “Gym” e por admitir sua importância, aparentemente algo raro a ser admitido entre esses rapazes, que intrigam cada vez mais Jake, Júlio e Doug, que não simpatizam com a arrogância deles.

— Nós, mestres, achamos que esse veneno feriu a filha de Onilda, mas estamos verificando a fundo.

— É de preocupar então?

— Sim, mas estamos em Pronuntio, estamos bem equipados para todo tipo de artificio inimigo, sem preocupações, oh ká?

Depois de um breve intervalo, Jimu sai para resolver algo. Jake fica conversando com Júlio e Doug até que em algum momento os três percebem que estão falando de coisas pessoais, envolvendo mais conhecimentos acadêmicos e técnicas mágicos de cada um, e que os outros dois rapazes estão ao lado ouvindo, todos bem concentrados. Júlio se afasta, ficando na frente de Doug para defendê-lo e questiona:

— O que foi isso?

Um dos rapazes responde:

— Conversa, achei que vocês queriam conversar.

— Não... Tem algo de errado... Doug, você está bem? Jake, e você?

Os três encaram os dois e questionam:

— Falem quem são vocês.

— E vai adiantar? Não nós falaremos mais pela manhã, só estão aqui porque sua mestra está com problemas.

— O que você sabe disso?

— Tudo, óbvio.

Os três ficam curiosos com a informação, que despertou o desejo da atenção de um dos rapazes, que fala:

— Interessante. Vocês não sabem dos detalhes, vou dar esse presente para vocês.

— Presente?

— Sim, sabedoria é um presente, um dom dado a poucos... Vamos aos fatos: a coruja da mestra de vocês seguiu com sua vida e achou um parceiro para acasalar e ter sua prole, eu até a entendo, acasalar é realmente importante.

Ele olha com um olhar fixo para seu companheiro, e Júlio questiona.

— E depois?

— Depois ela teve o azar ou a má escolha de achar seu macho em território hostil no Futrespurco...

— Futrespurco?

— Gostamos de chamar o Império de Cristal assim, chamá-lo pelo nome parece uma honra, e não queremos dar esse crédito a ele... Voltando... O macho morreu, e a coruja foi ferida por magia forte e mortal, ela está viva até agora por milagre.

Eles ficam tristes pela notícia, mas Júlio desconfia.

— Vocês têm certeza dessa informação?

— Estou acostumado a ter pouca credibilidade, mas, depois que ela voltar e contar tudo, você verá que eu estava certo... Mas eu não sei se a coruja terá um final feliz.

— Ela tem nome.

— E não deixa de ser uma coruja, qual o problema de vocês?

— Diga qual o seu problema!

Em um piscar de olhos Jake, Júlio e Doug estão do lado de fora da torre e sabem que foram manipulados por magia para saírem e não se lembrar disto.

— Aqueles malditos!

Voltando para a sala, eles veem que os dois estão conversando de uma forma bem íntima, parecendo que também são um casal; por notarem isso, Júlio e Doug simpatizam melhor com eles e não chegam tão agressivos, mas Jake está furioso.

— Como se atrevem?

— O que foi agora?

— Não podem usar magia em outros alunos fora do treinamento.

— E quem disse que não estamos treinando? Isso não é uma sala de “aula”?

Eles riem, deixando Jake tão bravo, que lhes atira um livro, mas, com magia, um deles para o livro no ar e comenta:

— Que desperdício de raiva, não é assim que um livro deve ser tratado!

O outro complementa, acariciando o amigo.

— Mas se sua forma de aprendizado é assim, então podemos ajudar.

Os dois unem seus poderes e lançam o livro em Jake. A magia parece forte e com intenção de causar danos graves. Antes de serem atingidos, o livro e a magia desaparecem. Jake, Júlio e Doug não entendem, mas os rapazes parecem saber o que houve.

— Não! Isso não é justo!

Mordaças e correntes aparecem, prendendo os dois rapazes, deixando-os sentados, quietos em suas cadeiras, de costas um para o outro. Eles tentam usar magia para desfazer ou se defender, mas ela é cancelada antes de surtir algum efeito. Ainda presos, eles pegam na mão um do outro e desistem de tentar. Um homem entra sério, mas de bom humor e os repreende.

— Não abusem de seus poderes, ainda mais com companheiros de Pronuntio.

Eles tentam falar, e o conjurador libera a mordaça com magia. Com descaso, um deles diz:

— Quem mais poderia ser se não o tão famoso Maxmilliam? A que devemos a honra de sua visita, mestre particular?

— Não sejam carentes, vocês sabem que eu não dou aula com frequência para os alunos.

Jake, Júlio e Doug reverenciam Maxmilliam e agradecem a ajuda.

— Não fiquem com raiva desses dois, eles são ariscos assim.

— Ariscos? Poderia usar um adjetivo mais grandioso para nós.

— Não estou aqui para amaciar o ego de vocês dois, e, se continuarem, terão seus poderes limitados.

Eles fazem caras de desânimo e demonstram concordar.

— Ótimo, vamos à aula então?

Doug fica surpreso e questiona.

— O senhor mesmo irá nos ensinar hoje?

— Sim, Doug Hyacin. Hoje eu terei o prazer de passar um pouco da minha experiência.

Eles ficam animados, se ajeitam e perdoam o ataque dos dois rapazes. Maxmilliam os libera do poder que os mantinha presos e comenta.

— Acredito que não houve apresentações... Bem, esses dois rapazes são Romanze Kraft e Taikuri Valta, são humanos comuns, mas nasceram com grande aptidão mágica fazendo com que sejam intolerantes àqueles de baixo nível intelectual e mágico, mas estamos resolvendo esse problema neles, além de algumas ações ilícitas que vêm acontecendo, mas que está diminuindo o problema.

Romanze Kraft e Taikuri Valta têm o mesmo tipo de aparência, ambos humanos, homens, de idade entre dezenove e vinte anos, pele parda, cabelos e olhos escuros, estatura média alta, porte físico comum. Romanze usa corte de cabelo raspado, e Taikuri usa todos os fios de cabelo formando uma trança embutida da cabeça até o início de suas costas.

Ambos têm não traços de aparência chamativos, sendo considerados feios pela maioria; mesmo assim, ambos agem com autoestima elevada por serem superiores com suas mentes e poder. Taikuri usa roupas mais formais, parece um feiticeiro formado. Romanze gosta de roupas mais despojadas, mas mantendo semelhanças e traços de trajes de usuários de magia.

Taikuri parece ser mais justo e centrado, e Romanze, mais mal-humorado. Por pressão dos olhares de Maxmilliam, Romanze e Taikuri sentam-se próximos de Júlio e Doug para ter mais contato entre os alunos. Com todos prontos, Maxmilliam começa.

— Taikuri e Romanze estavam procurando algo sobre um mapa de Arbidabliu, acharam algo?

— Só mapas comuns.

— E o que esperavam?

— Um mapa mágico, que se atualize com as mudanças ou até fatos climáticos.

— Interessante, então ficaram felizes em saber que existia um artefato que servia para essa finalidade.

Maxmilliam usa sua magia e cria uma cópia ilusória desse artefato para mostrá-lo; ele o ativa, gerando mais poder pela sala. Mostra Arbidabliu como um todo, podendo ampliar e ver mais detalhes e até distanciar-se e ver o mundo ao longe com suas florestas, montanhas, oceanos e nuvens. Todos ficam encantados, e Taikuri questiona:

— “Mappa Mundi”, e onde está esse artefato?

— Foi roubado. Para não ser reencontrado, ele foi dividido.

Mappa Mundi é um artefato composto por dez partes, nove anéis em forma de disco, um menor que o outro, formando um disco grande que, quando ativos por magia, rodam em torno de um cubo místico e cristalizado. A ilusão de Maxmilliam é bem realista, mostrando todos os detalhes desse artefato.



Comentários