Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 11: b-Romance

Manhã, 28 de novembro 1580 – Pronuntio. Boticário Central.

— Opofrelse! Em que tu pensaste?

— Mestra Onilda, não se preocupe, ela ficará bem.

— Tens certeza? Ela me parece tão abatida.

— É um ferimento grave, sim, mas estamos bem equipados para esse tipo de situação, ela ficará bem.

Opofrelse está sendo tratada com remédios e bons cuidados, Onilda tentou usar sua magia para ajudar, mas nem todos os ferimentos podem ser tratados por magias; mesmo assim, Onilda usa sua energia para manter Opofrelse bem.

Passa o dia todo nesse cenário dela, sendo cuidada e alimentada para que sobreviva a esse ataque que sofreu. Nessa mesma noite, Onilda fica ao lado de sua fiel coruja, acompanhando sua recuperação.

— Opofrelse... Amiga... Tu ficarás bem, todos estão fazendo o que podem...

Opofrelse demostra muito amor por Onilda e confiança de que ficará bem, mas ela está com medo pelos seus ovos que estão próximos, dentro de um ninho criado e mantido por magia. Onilda sente esse receio e comenta:

— A magia nos teus futuros filhos está os mantendo bem... Sabes que eu jamais mentiria para ti, amiga, então...

Onilda chora preocupada com Opofrelse e pelo que ela pode passar.

— Eu não sei se minha magia poderá mantê-los bem... Eu não sei o que houve ao certo na sua busca no Grande Continente, mas o que te atacou não foi algo tão comum... Seus ovos podem não chocar.

Os olhos tristes de Opofrelse deixam Onilda mais desamparada, ela a abraça e pede:

— Descanse, amiga, tu precisas descansar... Eu prometo que vou me informar mais e descobrir uma forma de salvar sua família... Nossa família... Confie...

Opofrelse dorme por causa dos medicamentos, e Onilda passa a noite sem dormir, preocupada e pesquisando informações em alguns livros que ela pediu sobre magia arbol e sobre antivenenos poderosos. No outro dia os Infantes acabam sabendo do ocorrido e vão visitar Opofrelse.

— Mestra? Como ela está?

— Agradeço por terem vindo, ela vai ficar bem, foi mais um susto.

— E a senhora?

— Ficarei bem também...

Um guarda chega e avisa.

— Mestra Onilda, senhor Maxmilliam pode falar com a senhora agora.

— Agora? Ele não poderia vir aqui?

— Eu não sei... Desculpe-me.

Os Infantes veem que é algo muito importante e dizem:

— Mestra, não se preocupe, vai lá resolver, que nós ficaremos cuidando de Opofrelse.

— Mas e os afazeres de vocês?

— Vamos revezar, nós somos oito, sempre terá um ou dois para olhar Opofrelse e seus ovos.

Onilda fica comovida e sente motivação dos seus amados alunos.

— Fico agradecida...

Onilda beija Opofrelse e diz:

— Eu vou voltar com boas notícias, minha amiga, cuida bem dos meus alunos, ouviu?

Onilda agradece seus alunos um a um e as cuidadoras do lugar e sai ao encontro de Maxmilliam, para achar alguma forma de ajudar a salvar os filhotes de Opofrelse. Depois de saber as atividades de cada um, Rupert sugere:

— Eu estou com o dia mais tranquilo do que vocês, então eu posso ficar.

Meena também se propõe.

— Eu também posso ficar. Onilda sempre nos acompanhou até quando estávamos doentes, é o mínimo que eu posso fazer.

Os outros também se propõem a ficar, mesmo com alguns deveres a fazer, gerando uma conversa alta em um lugar com outras pessoas doentes. Ray intervém depois de conseguir que todos se calem para ouvi-lo.

— Onilda sabe que faremos tudo por ela e Opofrelse, não precisamos ficar brigando por quem pode ou não ficar. Rupert e Meena realmente estão mais disponíveis hoje, então os outros seguem com suas rotinas e, quando tiverem um intervalo, poderão vir aqui para dar um descanso para eles.

Todos respeitam Ray e seguem com o que ele falou.

— Você está certo... Faremos isso.

Ao saírem, todos encontram Jimu, que está agitado.

— Rapaziada? Onde está a mestra Onilda? Ela está bem?

— Está sim!

— Soube agora há pouco que a filha dela está ferida.

Pedro estranha e questiona.

— Filha de Onilda?

— Sim! A... Opofrelse, ela é uma filha para a mestra.

— Sim... Ela está bem, vai ficar bem...

— Rupert e Meena vão cuidar dela.

Júlio se recorda de algo e comenta.

— Mas a nossa aula seria com Onilda e ela está ocupada, então estamos com tempo livre.

Jimu o encara e diz com um tom brincalhão.

— Rapaz dos apoios mágicos querendo fugir da aula! Não estou te reconhecendo, rapaz.

— Não é isso, eu gostaria, sim, de estudar agora.

— É por isso que eu vim aqui, serei seu professor hoje.

— De aula teórica?

— E por que não? Não me achas competente?

Todos riem, e Júlio responde.

— Me desculpe, eu me expressei mal, você é competente, sim, professor Jimu.

Jimu resmunga enquanto puxa Júlio e Doug com ele para irem à sala de aula.

— Jimu não!

— Gym, quis dizer “Gym!”.

— Você já foi melhor rapaz dos apoios, mas deve ser porque a filha de Onilda está doente, então eu vou deixar passar desta vez... Vamos andando e sempre torcendo para que Opofrelse fique bem e volte a voar nesse belo céu que temos em Pronuntio.

Todos aproveitam o momento para contemplar o céu que está bonito, fresco e bem ensolarado, chamando até a atenção para as luas que estão bem visíveis em um céu claro. Ao contemplarem o céu, Ray se recorda que tem atividade atrasada para ser feita e se separa do grupo.

— Desculpe pessoal, depois nos vemos.

— Certo, até mais tarde, Ray.

Chegando próximo da sala, Jimu comenta:

— Vocês já comeram?

— Ainda não.

— Verdade, eu também não... Então vamos comer primeiro.

— Agora?

— Estás a questionar seu professor?

Todos riem, e Júlio responde.

— Não, professor, eu adoraria comer agora.

— Essa é o rapaz que mentaliza tudo rápido, vamos comer!

Todos tomam outro rumo em direção ao refeitório; chegando próximo do local, Jimu os leva para um refeitório em reforma.

— O refeitório comum está cheio, aqui é um atalho.

O lugar está todo bagunçado e com muita parte para ser concluída. Jimu os guia até chegarem à sacada do lugar, ela é ampla e com boa vista de outro refeitório e dormitório feminino, Doug ri e questiona.

— Você sempre vem comer aqui, Mestre Gym?

— Sim, a vista aqui é fenomenal.

Pedro vê algumas mulheres bonitas e comenta:

— Imagino...

Jimu se espreguiça, vai até a borda da sacada e respira fundo, admirando o lugar e a brisa.

— Fenomenal... Lindo... Sentem como é bom.

Pedro, Donny e Jake estranham que Jimu está de olhos fechados, sentindo realmente o lugar e não a visão para as mulheres.

— Você vem realmente aqui pela vista, paisagem?

— E pelo que mais seria?

Júlio e Doug se olham, achando engraçado e legal por Jimu ser realmente inocente, alegre. Ao que tudo indica, ele chama a atenção sem querer ou com más intenções. Como as mesas são pequenas, Jimu junta três para que caibam os seis; em seguida um homem traz comida para eles, e, ao colocar tudo na mesa, o homem questiona:

— Querem algo mais?

Jimu olha para a mesa e diz surpreso.

— Claro, traz mais duas porções desta, isso é pouco, todos aqui comem bem.

O homem volta com mais dois ajudantes e traz mais comida do que o pedido, os meninos riem da provocação contra Jimu que responde feliz.

— Fenomenal! Agora você acertou no alvo! Valeu, valeu, vamos, rapaziada, antes que esfrie.

Todos começam a se servir; nesse momento Júlio mostra um cuidado especial com Doug, cortando, pegando e separando o que ele gosta de comer.

— Se quiser mais, me fala.

Doug fica tímido e diz, empurrando Júlio:

— Não precisa... Mas obrigado.

— Por que você está assim? Eu sempre faço isso para você!

Doug olha para o lado e vê Pedro, Donny e Jake encarando-o,; ao verem que Doug está desconfortável com a situação, os três disfarçam olhando para a paisagem.

— Olhem! Realmente é bonito, dá para ver as colinas daqui.

Jimu ouve e ressalta.

— As colinas são incríveis, vão criar aulas de meditação ali, vai ser fenomenal.

Doug também repara que está muito próximo de Júlio e se afasta. Júlio o segue, ficando com suas cadeiras bem juntinhas. Doug resmunga baixo:

— Para com isso.

— Por quê? O que houve?

— Eles estão suspeitando de algo...

Donny e Jake veem a situação de canto de olho e riem. Pedro, por outro lado, repara que algumas mulheres observam Júlio e Doug com admiração, como se gostassem da intimidade e da aproximação que eles têm um com o outro. Pedro avalia um plano em sua mente e ordena em um tom baixo para Donny.

— Donny, Donny! Dê comida na boca de Jake!

— O quê? Por quê?

— Faz logo isso!

Jake ouve uma parte e estranha.

— O que vocês estão querendo?

— Só come!

Donny coloca comida de uma forma grosseira na boca de Jake, fazendo-o engasgar. Donny ri, Jake acha ruim, e Pedro se irrita, advertindo:

— Não assim, idiota! De como se fosse para uma mulher comer.

— Uma mulher? Por quê?

— Só faz!

Jake balança a cabeça, negando essa ideia, mas Pedro faz sinal de que irá bater nele se ele não deixar. Sem saída, Jake reclama:

— Vocês são loucos, isso sim.

Donny e Jake se ajeitam melhor em suas cadeiras, Pedro ajuda empurrando a cadeira de Donny para que fique mais próxima da de Jake, e então Donny alimenta Jake, dando comida em sua boca de uma forma meiga, até limpando a boca dele em seguida.

Pedro sorri ao ver que algumas mulheres viram a cena e começaram a comentar entre elas alguma coisa aparentemente legal. Pedro exclama ao perceber que foi positivo o seu plano.

— Eu sabia!

Chateado, Jake questiona:

— Dá para explicar o porquê disto?

— Fiquem mais um pouco assim, imitem um pouco o que Júlio e Doug fizerem.

— Eu não quero!

— Façam logo o que eu estou falando! Depois eu explico melhor.

Jake olha para Donny pedindo ajuda em contradizer as ordens de Pedro, mas Donny se demonstra curioso com tudo isso.

— Se for uma enganação nós não falaremos mais com você!

Jake fica bravo e coloca de uma forma grosseira comida na boca de Donny, como uma punição por não o ajudar contra Pedro.

Mesmo fazendo cara feia e brigando com Donny, as moças riem e dão atenção para eles, deixando Pedro mais entusiasmado com tudo, pensando em algo maior e comentando para si:

— Isso pode render algo bom para nós.

Jimu está com a boca cheia de comida e só observa Júlio cuidando de Doug, que foge de algumas carícias, e de Donny e Jake, que também mostram uma intimidade maior entre eles.

— Essa juventude é bem afetiva...

Até terminarem de comer, as atitudes deles se mantêm, com a diferença de que Doug não está mais tímido por ver que a atenção maior está direcionada aos outros meninos, e que Donny começou a se divertir, provocando Jake, que a todo o momento quer entender o porquê dessa interpretação romântica falsa deles.

Jimu está mais focado em comer e apreciar a vista, cumprimenta vários conhecidos a distância que o veem ali. Júlio e Doug estranham por Jimu não evidenciar desconforto ou algum receio com a ação deles ou até por Donny e Jake, que estão mais explícitos em suas ações.

— Mestre Gym é diferente dos outros, ele não comenta ou questiona nada.

— Ele parece ser distraído às vezes, pode ser que ele nem repare, ou realmente não ligue.

Depois de comer, Jimu os leva para a Torre de Magia e Arquivos de Pronuntio; antes de entrar, Pedro comenta:

— Por que estamos aqui?

— Eu falei com um mestre de poder para ajudar os aptos de magias; com Onilda ocupada, eu vou dividir a aula de hoje de vocês.

— Tínhamos outros afazeres.

— Eu não acho ruim, não, se tiver outros planos, pode ir... Quem quiser é só me seguir.

Pedro não gosta da ideia, então segue para adiantar outras tarefas. Donny também o segue, e Jake fica por saber que seus talentos musicais podem ser combinados facilmente com magias. Em uma sala comum de aprendizados mágicos, está um grupo grande de alunos. Jimu entra com Jake, Júlio e Doug.

— Boa tarde, rapaziada!



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