Arbidabliu: Infantes Brasileira

Autor(a): Magnus R. S. Alexandrino


Volume 1

Capítulo 100: Adeus, Meena e Rupert

Meena e Rupert sentem um pouco de culpa por terem informado o destino de Júlio e Doug para Scarlett. O que os conforta, além do sentimento de dever cumprido junto a sua nova escolha, é que ambos acreditam que Júlio e Doug já estão longe e são capazes de fugir de mais um inconveniente.

Rupert se lembra de Ray e se preocupa com o que seu amigo de infância poderia pensar dele depois de seguir para esse novo caminho.

 

“Assim como Júlio e Doug, eu espero que Ray também entenda meu lado da história e perdoe o porquê de eu seguir para um caminho diferente do deles, e que perceba que não estou do lado do inimigo... Verdade, eu estou contra o Império de Cristal como todos eles estão, isso nunca mudará, mas também discordo de algumas coisas que os inimigos do Império fazem, Scarlett apresentou um ótimo argumento e alternativa para se seguir, um meio equilibrado e com planos para uma melhora global e não só regional.”

 

Meena também divide esse receio com a imagem dela para Ray e também se preocupa com sua antiga mestra.

 

“Mestra Onilda... Ela sempre me apoiou e defendeu minhas escolhas, espero que, se um dia ela souber o que houve aqui em Sodorra, ela não fique triste ou desapontada... Doug, Júlio... Ray... Vocês foram importantes para mim, mas agora eu quero seguir um caminho com que me identifico mais... Eu não sou contra vocês, mas não sigo o mesmo caminho ou regras. Scarlett mostrou uma visão boa e otimista de como o mundo pode ser, e eu quero ajudar... Um mundo melhor para todos... Sei que nunca fui uma grande amiga, mas desejo um bom futuro para vocês e para quem estiver com vocês, pois, acima de tudo, eu quero o bem de vocês.”

 

Meena e Rupert ainda estão na presença de Khan e Scarlett que os agradece.

— Vocês realmente estão demonstrando credibilidade necessária para a nossa causa, eu estou orgulhosa por serem tão proativos e eficientes logo no início desse destino, sei que vocês têm muito para ver e a entender ainda, mas rapidamente vocês estarão a par de tudo, pois estarão liderando essa nova era que formaremos juntos.

Desde que Scarlett voltou da conversa particular com Brent, Khan fica ao lado de Rupert e Meena, fazendo pequenos gestos de como ficarem à frente da rainha de Sodorra, pequenos gestos e sinais que, com o tempo, doutrinam ambos a serem submissos a sua rainha.

Em certo momento Khan é questionado sobre essas formalidades, com o tempo eles entendem que são ações e gestos importantes para que os outros vejam a educação e os bons modos que os “filhos” têm perante seres de altos cargos. Scarlett vê um bom resultado nos ensinamentos de Khan e o elegia.

— Khan é um dos meus favoritos, ele ganhou destaque com um dos lordes e logo chamou minha atenção por sua dedicação e servidão.

Khan sorri e enfatiza:

— Obrigado... E eu gostaria de acrescentar que a minha servidão é direcionada a tudo que nós queremos construir e fazer minha “Dama de Cristal”.

Scarlett age com um apreço autêntico com Khan, diferentemente de como age com seus novos “filhos”, Rupert e Meena, que mesmo assim, se sentem bem acolhidos e reconhecidos. Scarlett viu como Rupert e Meena se sentiram desconfortáveis ao entregarem seus amigos e ressalta.

— Não fiquem preocupados com os amigos de vocês; quando eu tiver notícias, eu avisarei, acreditem em mim quando lhes digo que eu estou fazendo o melhor para que todos fiquem sãos e seguros.

Rupert não sente confiança na frase de Scarlett e a questiona.

— E se eles resistirem... Eles vão se machucar?

— Rupert, como eu disse, nós faremos o possível para que todos saiam felizes, eu não faria algo que deixasse meus novos “filhos” tristes...

Meena não gosta do assunto e decide mudá-lo.

— Nos conte mais sobre o plano para acabar com os planos do rei.

— Ótimo! Sim... Mas antes eu preciso presenteá-los com algo especial.

Scarlett entrega um brinco para cada, esses brincos são pequenos, simples e com um cristal claro igual ao que Scarlett tem em seu anel.

— Não somos de usar esses itens.

— Meus queridos, mas isso não é só um ornamento bonito, é também um item mágico, todos os meus fiéis “filhos” tem um, ele serve para que eu possa me comunicar com vocês a distância, não funciona se estiverem muito longe, mas eu já estou pensando em formas melhores de ampliar isso... Vejam! Por isso eu escolhi serem brincos, pois, quanto mais próximo da cabeça, melhor...

Rupert e Meena veem que Khan também tem um desse em sua orelha, motivando-os a usar também. Ao colocá-los, eles sentem um desconforto, o lugar sangra e sem perceber o cristal absorve esse sangue, ativando seu poder, e antes que entre em mais detalhes sobre os brincos e como usá-los, Scarlett os interrompe e os elogia.

— Belos! Eles ficaram ótimos, mais tarde eu mostro como usá-los... Voltando ao que Meena me questionou...

Scarlett conta para os dois sobre os aliados dentro do Império de Cristal, aqueles que seguirão suas ordens e deixarão o rei sem apoio, muito do que ela fala confere com algumas informações que os dois já haviam ouvido desde que saíram de Pronuntio. Lugares, lordes, armas, escravos e muitos itens valiosos já estão no plano de tomada ou extração do Império.

— Nós precisamos de três anos para tomar o controle do Império, e, como ele já tem quase o controle de todo o Grande Continente, será fácil a implementação do plano em seguida... Mas, se houver algum ataque ou grande ameaça ao Império, nós precisaremos sair o quanto antes, reunir forças em outro lugar para iniciar nosso destino.

— Mas há essa possibilidade?

— De o Império cair? Sim! E cada dia que passa, essa possibilidade cresce, o “rei” é muito tolo e cego, saibam que até seus mais fiéis comandantes querem tomar o poder dele; a diferença deles para nós é que nós queremos reformular a ordem para uma era boa para tudo e todos.

— Ouvimos sobre o Império ter muitos inimigos, mas, comparado ao Império, são todos pequenos.

— Não subestimem o inimigo como o “rei” faz... Eu sei que o Império é poderoso e contra todos esses inimigos a vitória é certa, mas a vitória é clara em batalhas individuais, eu temo que alguém possa unir essas vontades e fúria em uma única batalha, não vários inimigos pequenos, mas um grande exército inimigo, liderado e bem direcionado, isso é mortal para o Império, que age com imprudência, visto também que por dentro já estamos nos dividindo.

Meena e Rupert entendem e concordam com tudo que Scarlett disse, pensando até em formas de ajudá-la. Depois de alguns comentários positivos, Scarlett agradece.

— Eu estou plenamente grata por vocês aceitarem de coração esse sonho, isso é muito importante, pois, até na minha ausência, vocês continuarão com essa vontade plena.

Scarlett levanta e faz sinal para que eles a sigam, no caminho ela se aproxima mais de Meena e pede.

— Meena, por você ser mulher, eu terei que pedir algo importante para você.

— Uma missão?

— Sim! Pode parecer estranho, mas tem seu grau de importância nisso, eu preciso que você se case, um casamento comum.

— Casamento?

Meena fica brava e para no corredor.

— Minha senhora, como assim?

Scarlett ri e a puxa pelo braço para que ela continua andando.

— Não chame a atenção, menina, acalme-se e me escute. Certo? Você também, Rupert, por ser amigo e novo integrante, deve sempre entender os objetivos, para que não me interpretem de forma errada.

Rupert estranha e questiona:

— Eu também? Nós que vamos nos casar?

— Não! Rupert não precisa fazer nada disso, por hora, mas você, Meena, infelizmente, para manter as aparências e pela cultura, é importante esse “status”.

— E com quem eu me casaria?

— Com Khan!

Meena estranha e, ao olhar para Khan, ele está sereno e despreocupado, sempre concordando e aceitando tudo que Scarlett fala.

— Mas Khan é um Descendente de Ivo, como isso?

— Exatamente por isso, Meena, eu não sou contra esse povo da floresta, eu acho até bonito essa forma de “amor” que eles têm... Mas, aqui onde estamos, temos que ser realistas e seguir as regras locais para que possamos andar livremente sem causar transtorno ou brigas pequenas, entende?

— Acho que sim...

— Por saber que você não segue um perfil muito romântico, eu vejo que você é ideal para essa missão, não estou pedindo para que você e Khan sejam felizes, amorosos um com o outro, com amor, filhos e tudo que o casamento pede em sonhos, não! Mas nós precisamos criar a ilusão que todos querem ver, para que tanto você e tanto Khan sejam normais à vista de todos, pois qualquer sinal diferente disso pode denegrir a visão da nossa causa e do nosso grupo, lembrem que nós precisamos fazer sacrifícios, não só em batalhas.

Meena e Rupert ainda estranham terem que agir falsamente para serem reconhecidos com “originalidade”. Khan ajuda Scarlett com alguns pontos e fatos que corroborem o plano de se casar com Meena.

O percurso que eles fazem é todo feito na área nobre do Castelo de Cristal sendo tudo bem luxuoso, grande e com poucas pessoas, as poucas que eles veem são servos e guardas de níveis baixos, todos cumprimentam e reverenciam Scarlett, demostrando total devoção à rainha.

Scarlett também aproveita a oportunidade para mostrar mais do castelo e dá destaque para lugares importantes e secretos, falando sempre de como ela prova sua confiança e a importância de eles acreditarem nela a todo custo, pois sempre há um plano maior e importante por trás, e que às vezes é difícil explicar na hora.

Eles saem do castelo, mas sem sair do primeiro nível da cidade. Scarlett respira fundo, olha o céu e comenta entusiasmada:

— Que belo dia para realizar planos. E graças a vocês três, meus belos filhos, mais desses planos estão sendo concluídos com exatidão... Eu tenho que parabenizar você, Khan, por ser tão essencial para nossos planos, você que trouxe esses ótimos heróis que irão ficar marcados dentro e fora do clã.

— É um prazer, Majestade.

— Estamos aqui fora nessa área mais “tranquila”, pois dentro do castelo tem vigias e mais homens fiéis ao “rei”, precisamos esperar um pouco...

Scarlett fica aguardando algo chegar e medita enquanto isso. Khan fica mais próximo de Rupert e Meena e conversa sobre assuntos pequenos e sem muita importância aparente, mas com o foco de engrandecer e dar mais moral para Scarlett e os seus seguidores.

Depois de algum tempo, já com o sol da manhã, eles veem algo não identificado que se aproxima, voando perto deles, isso é envolvido por uma rede mágica que força a queda direto ao chão. Rupert e Meena se espantam e ficam em guarda, achando que é um ataque.

— O que é isso?

Khan se afasta, e Scarlett comenta.

— Um ataque! Por favor, mantenham-se em guarda.

Rupert e Meena se aproximam e suspeitam conhecer o que está preso na rede. Scarlett sorri e diz antes que eles questionem.

— Vocês conhecem, sim, e por conhecer, eu peço que convençam a parar esse ataque.

Rupert e Meena ficam um pouco confusos com a situação, Meena tenta dialogar com o ser que está se debatendo dentro da rede, ouve-se desconforto de dor, demostrando que a rede está machucando-o.

— Opofrelse?

O anel de Scarlett brilha se conectando aos brincos de Rupert e Meena que por segundos entram em um torpor; além disso, Scarlett induz Meena a dizer alto.

— Onilda! Mestra! Ajude-nos!

Opofrelse se envolve em magia, teleportando seu corpo e trocando-o com o de Onilda. Scarlett suspeita de onde Onilda estava e comenta baixo.

— Essa magia é realmente boa... A área de efeito é grande e precisa, assim como eu já imaginava... Interessante...

Ao trocar de lugar, a rede desaparece, um fogo roxo se espalha e logo se apaga sem causar dano, algumas penas da coruja voam formando até uma boa entrada para Onilda, que sente que está em um lugar perigoso e se posiciona com medo de ser atacada. Scarlett observa com entusiasmo e comenta para si.

— Então essa é a mestra deles... Esperava mais...



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