Volume 1
Capítulo 08: Infantes
Onilda ri e tenta mudar de assunto.
— Já deu de porco por hoje... Vamos ao que eu pedi para vocês apresentarem, foram à biblioteca do castelo?
— Sim!
— Ótimo, digam-me que raça vocês acharam interessante de Arbidabliu e por que... Ray inicie, por favor.
— Sim, senhora! Eu gostaria de falar de nós, os humanos... Somos a semelhança do Criador de Mundos, Deus! Graças os benefícios que o nosso mundo nos dá, podemos viver até os cento e vinte anos; humanos comuns não têm vantagens aparentes como outras raças, mas podemos adquirir qualquer sabedoria e poder que Arbidabliu proporciona, sempre podendo evoluir e melhorar nossas capacidades. Humanos são a raça mais fácil de adaptar-se.
— Ótimo, Ray, muito bom tu escolheres nós, pois acredito que ninguém pensou nisso... Pedro, qual tu queres falar?
— Os, é claro, Electi!
— Era de se imaginar, fácil, mas como não havia regra, estás certo, então inicie.
— Parecidos com os humanos, só que são mais poderosos e melhores em todos os sentidos, por serem representantes do criador no mundo, eles evoluem e adquirem poderes e sabedoria mais rápido que qualquer outro ser, eles também não têm necessidades básicas, como ir ao banheiro, comer, respirar, entre outras coisas que os seres mortais precisam...
— Lembrando que os Electi não precisam, mas eles podem, se um Electi comer como nós, ele adquire mais energia no corpo, não precisando usar a energia que o mundo lhe dá.
— Sim, não tem registro máximo da vida de um Electi, mas sabemos que eles passam esse “poder” e status para a próxima geração, eles também não precisam dormir, eu achei isso fantástico... Então, se eles dormirem, eles descansam mais rápido?
— Sim... Eu que deveria estar fazendo as perguntas aqui, senhor Pedro Flavum.
— Ao seu dispor, mestra.
— Exibido... Vamos, Jake, qual você escolheu?
— Eu escolhi as Reilum-S, uma raça feminina, tendo o sexo masculino como uma raridade entre essa linhagem. Normalmente são dotados de grande poder mágico, têm aparência similar à dos humanos, mas têm sua pele diferente deles, sendo mais resistente e muitas das vezes com um aspecto diferente, podendo conter penugem, couro e até escamas grossas; essa raça tem a expectativa de vida de duzentos anos.
— Bom! Donny, tua pesquisa!
— Dionamuh-P! Parva! Os “humanos pequenos”, eles têm uma vitalidade aprimorada dos humanos comuns, são mais resistentes a temperaturas altas e baixas e uma fadiga alta, podendo trabalhar e exercitar-se por horas, eles podem viver até cento oitenta anos.
— Rupert?
— Dionamuh-S: têm características humanas, só que com atributos mais elevados, são como Electi menores, os dons também são variados, podendo ter uma força maior que o normal ou até uma quantidade de energia superior à de muitos humanos bem treinados, esses também podem viver duzentos anos.
— Certo... Meena!
— Quero falar dos Aurem... Ágeis e inteligentes, mas fracos na força bruta, são semelhantes aos humanos, com diferencial de um padrão, cabelos escuros, sentidos aguçados, pele e olhos claros. Raros casos, os Aurem têm cabelos claros com olhos e pele escura; no lugar da inteligência apurada, eles possuem uma força melhorada.
— Isso mesmo... Júlio, tua vez.
— Dionamuh-M, os gigantes, são humanoides parecidos com os humanos, só que maiores, chegando de três metros a quatro metros altura. Como seus corpos são adaptados para resistir ao tamanho, peso e a gravidade do planeta, eles costumam ser antimagias; a resistência que seus corpos têm a esses elementos dificulta o manuseio de magias, eles buscam recursos naturais usando mais a mão de obra, inteligência e mecanismos que os ajudam na sua sociedade e em batalhas. Essa raça foi auxiliada pelo Electi “Carneiro”, tendo a expectativa de vida de duzentos e dez anos.
— Muito bom... Doug, por favor.
— Os “Grandes Animais” são animais aleatoriamente evoluídos, sendo maiores de tamanho, mais resistentes e inteligentes que a sua espécie comum; eles conseguem se comunicar melhor com raças racionais e “pensantes”, por usarem mais recurso do planeta que lhes dão essa transformação e a dobra na expectativa de vida deles, eles tendem a ser mais fracos contra magias... Pronto... Não, eu quase esqueci, esses foram auxiliados por “Peixe”, o Electi da segunda geração.
— “Auxiliados”? Muito bom, vejo que Júlio te ajudou a estudar, ou estou enganada?
Os dois ficam tímidos, desviando o olhar, e Onilda, sorrindo, prossegue:
— Eu achei que Pedro falaria dos “Sodam of Smart”. Outro dia falemos deles, então, e tem os Taurus também.
Ray levanta a mão e, ganhando a fala por Onilda, ele questiona.
— Eu li algo sobre “Primus-Mixti”, é uma raça?
— Não oficialmente, essa foi uma criação bem exclusiva e, por não haver outros para se reproduzirem, é uma “raça” já extinta, esse seria como um “super-animal”, tu podes unir as vantagens dos Reilum, Sodam, Dionamuh-M e acho que Dionamuh -S também.
— Surreal!
— Sim, mas não se preocupem, é quase impossível que vocês encontrem um... Falando da expectativa de vida que vocês mencionaram, é um número-base; como nosso mundo nos dá vários dons físicos e mágicos, alguns casos podem passar disso. Infelizmente, com muitas guerras, tirania e “caça” excessiva, muitos não chegam nem na metade dessa idade, mas, sem nenhuma intervenção, todos nós poderemos viver muito e bem.
Onilda usa sua magia e encanta o teto da sala, mostrando um céu estrelado fazendo algumas ligações entre estrelas, formando símbolos dos Electi da segunda geração. Conforme ela fala, algumas outras imagens aparecem, animando e deixando sua explicação mais interessante e visual.
— Muitos dizem que os Electi criaram raças, mas, como Júlio e Doug bem disseram, eles “auxiliaram” na evolução delas. Como representantes de Deus no mundo, eles sentem e notam mudanças, além de outros dons. Para que essas evoluções sejam bem-sucedidas, os Electi as ajudam a evoluir mais rápido e de uma forma segura e “amigável”, pois uma má evolução pode trazer malefícios para o próprio ser e ao ambiente em que ele vive.
— O que pode acontecer de ruim?
— É possível evoluir “errado”?
Onilda responde com mais efeitos mágicos.
— Já aconteceu uma vez... Esse ser virou um “demônio”, falamos pouco sobre eles, pois não existem mais e graças à antiga guerra, nunca mais existirão.
Doug levanta a mão e questiona:
— Nas minhas leituras, eu fiquei com algumas dúvidas, mas é diferente do assunto de agora, tem problema?
— Tudo bem, pode dizer.
— Ouvi falar sobre a barata dourada e sobre a relíquia sagrada fazer alguém mortal ser imortal, é verdade?
Onilda pensa um pouco, encerrando seu encantamento ilustrativo, e diz:
— Até que tem a ver com o assunto, a barata dourada é uma evolução rara, ela é um “Grande Animal”, é um besouro grande de cor dourada com alguns dons; estranhamente ela adquiriu dons mágicos, há pouco relato sobre ela, alguns estudiosos torcem para que ela se reproduza formando uma raça específica e única.
Doug, Júlio e Jake fazem cara de nojo e sentem um arrepio, demostrando receio por esse inseto peculiar. Onilda sorri e continua respondendo.
— Referente à “Relíquia de um Sangue Espirituoso”, é verdade, ela tem plenos poderes da criação, podendo fazer grandes coisas, lembre que é graças a ela que o mundo foi rejuvenescido há centenas de anos, hoje ela está “perdida”, mas quem a tiver pode adquirir, além de imortalidade, outros dons e poderes... Difícil saber ao certo também, pois poucas pessoas tiveram contato com ela, então não há muitos estudos e histórias.
— Chocante! O que vocês pediriam? O que você pediria, mestra?
— Vamos falar disso uma outra hora, eu preciso falar uma coisa importante com vocês: Maxmilliam pediu para que eu ajudasse a vocês entenderem melhor como um grupo age. Sei que vocês querem provar que são capazes de fazer muito sozinhos, mas vocês não são diminuídos por darem crédito a outro ou dividi-lo com os seus companheiros, fico um pouco triste em ver a atitude de vocês hoje, pois já falamos muito sobre isso, e vocês já fizeram alguns trabalhos em conjunto.
Onilda lembra que sempre houve separação entre eles. Primeiro: Júlio e Doug; segundo: Pedro, Donny e Jake, e terceiro: Meena, Rupert e Ray, mas nunca todos juntos.
— Entendo... Fazemos assim, por que não escolhem um nome para vocês? Sim! Um nome para a turma, isso dará crédito e mais fama para vocês, o que acham?
Eles demostram se interessar pelo assunto por lembrarem-se de várias histórias de grupos e de outras turmas que treinam em Pronuntio. Eles pensam em um nome, e Júlio se lembra de algo.
— O antigo regente, ele chamou a senhora de... “Infanta”, o que seria?
— É um termo antigo, infanta é uma “princesa” que só herda as vantagens, mas não a coroa em si, seria uma forma de ele dizer que eu sou privilegiada, mas nunca serei a “principal” ou reconhecida.
Júlio olha para os outros e pede:
— Mestra? A senhora pode pedir para o senhor Maxmilliam nos dar aquele treino novamente?
— De novo? Para quando?
— Hoje!
— Hoje? Vocês têm certeza disso?
— Sim!
Onilda fica espantada, mas vê a determinação nos olhos de todos e diz:
— Certo, vou falar com ele, mas o que vocês têm em mente?
— A senhora vai ver, vamos fazer uma reunião antes para traçar planos de ação.
— Muito bom, podem usar nossos últimos minutos para isso, enquanto eu falo com ele, mas se preparem, pois ele será duro de novo, e eu ouvirei um sermão também, se der errado.
— Não se preocupe, mestra.
— Pode confiar na gente!
Todos colocam suas cadeiras próximas e iniciam uma reunião para decidir o nome do grupo e planos de ação sobre o treino que tiveram mais cedo. Algumas horas se passam, Onilda convence Maxmilliam a dar o treino novamente e com ele segue para o campo “Quatro Chifres”. Chegando lá, ambos se deparam com todos os alunos, todos estão usando o uniforme com algumas mudanças, mostrando que todos vestem a mesma roupa. Maxmilliam entra no campo e diz para eles ao longe:
— Formação e roupas não vão ganhar o desafio, estão cientes disso?
Todos respondem juntos.
— Sim, Senhor!
Maxmilliam sorri e olha para Onilda, que está na arquibancada, vendo junto a alguns alunos que estão estudando ali.
— Ótimo, então vamos começar.
Maxmilliam bate seu cajado no chão, fazendo um terremoto no campo de treino; com magia ele levanta a areia, fazendo uma nuvem dela, e, com os olhos encantados, Maxmilliam vê através da areia Júlio, que deu essas mesmas vantagens para todos do grupo.
— Muito bom!
No próximo movimento, Maxmilliam faz novamente os humanoides de areia e armadilhas no chão. Inicialmente todos se atrapalham e se afastam por causa dos golpes e da tática que Maxmilliam está usando; com o tempo todos vão se unindo, ajudando uns aos outros na defesa e no ataque; alguns caem em armadilhas, mas logo são resgatados pelos outros. Humanoides se unem, formando outros mais fortes e maiores, com golpes combinados todos se dão bem e derrotam os grandes; por algumas pequenas falhas, Jake, Meena e Doug se ferem. Júlio ajuda os três, mas fica com sua guarda baixa, e, antes que Ray o ajude, Rupert e Pedro intervêm.
— Não, Ray! Você e Donny avançam, nós defendemos Júlio e os outros.
Maxmilliam dificulta mais o treino, mas Júlio e Rupert se dedicam a defender bem os feridos. Júlio consegue entrar na batalha sem descuidar dos feridos, deixando a defesa mais forte. Donny e Ray avançam, chegando próximo de Maxmilliam, que cria o humanoide coroado.
Em uma ação rápida, Ray o distrai, fingindo ser o principal e o líder do grupo, mas Donny chega ao ponto fraco do coroado e o derrota, mostrando que era o principal do plano de ataque; ao mesmo tempo, toda a área do campo cai no chão, Maxmilliam fica satisfeito, e Onilda pula com um grito, chamando a atenção dos que assistem também. Tímida com sua agitação repentina, ela se desculpa, um pouco envergonhada.
— Me desculpem, eu me empolguei, não foi nada... Olhem lá, eles conseguiram, ótimo...
Todos do grupo se ajudam e se aproximam de Maxmilliam, que os aguarda.
— Muito bom, mas não cantem vitória de um treino previsto.
— Não foi previsto, não tinha nuvem de areia na outra.
— Mesmo assim, não tinha muitas novidades, mas admito que foi um grande progresso, viram como vocês têm as feramente necessárias? Cabe a vocês saberem usá-las e reconhecê-las.
— Sim, senhor!
— Ótimo... Agora podem comemorar.
Donny se coloca à frente do grupo e diz:
— Hoje não, pois hoje só reparamos nosso erro; no próximo treino, será comemorativo, se merecermos.
Maxmilliam sorri para eles e diz, vendo que Onilda já saiu de vista.
— Certo... Sigam-me, vamos ver onde está Onilda, ela deve estar orgulhosa de vocês.
Todos do grupo sorriem, se abraçam e seguem Maxmilliam até ao refeitório próximo. Chegando lá, Rupert questiona.
— O que a mestra está fazendo no refeitório? Eles já pararam o serviço.
Maxmilliam abre a porta e diz:
— Eles, sim, mas nós dois preparamos algo para vocês.
Em uma parte no canto do refeitório estão Onilda e uma mesa para todos, com bebida, comida, frutas e doces; todos ficam surpresos enquanto se aproximam e Maxmilliam diz:
— Sentem-se, mesmo consertando erro, vocês merecem uma comemoração, atos bons sempre merecem.
— Como você sabia que passaríamos?
Onilda responde.
— Sempre soubemos!
— Tenho certeza de que o senhor Maxmilliam pegou mais leve...
— Não muito, mas isso não muda o fato de você terem conversado antes de agir, de serem uma equipe, de reconhecerem que erraram e que estavam consertando o erro, treinamento não é só vencer um inimigo físico.
Ray se lembra de algo importante e diz:
— Vou pegar os instrumentos musicais, também temos uma surpresa.
Ray vai à estalagem ao lado desse refeitório, e Maxmilliam e Onilda se olham animados.
— Muito bons esses alunos, até surpresa eles estão preparando agora, planejaram juntos também?
— Sim, senhor!
Uma ajudante da cozinha traz o prato principal, um grande porco assado, Maxmilliam se posiciona para cortá-lo e questiona.
— Quem vai querer o primeiro pedaço?
Todos riem alto, Onilda faz sinal para que parem com a zombaria, e Pedro, Donny e Jake dizem, rindo:
— Será que o porco se queimou no sol?
— Espero que pelo menos ele tenha aproveitado os trinta minutos dele antes!
— Antes de ser comido!
Maxmilliam corta o porco, ainda não entendendo a agitação do grupo, Onilda ri dos comentários, mas reforça:
— Comportem-se... Esqueçam isso, vamos comer!
Ray chega com os instrumentos e dá para os artistas do grupo.
— Aqui está, Rupert, Donny e Jake.
Os três sentam-se um pouco mais distantes e pedem para Ray apresentá-los.
— Certo... Senhor Maxmilliam e senhora Onilda, mestres de Pronuntio, nosso grupo quer fazer uma apresentação de uma música que já estava em construção, mas, com os acontecimentos de hoje, esse “Hino” foi finalizado... Resolvemos batizar o nome dessa música com o nome que demos ao nosso grupo... Consequentemente o nome do grupo é uma honraria a uma pessoa muito especial para todos nós.
Ray olha para Onilda, deixando-a tímida e emocionada. Maxmilliam a reverencia, e Ray finaliza:
— Senhoras e Senhores, com você, os Infantes!