Volume 6
Capítulo 4: O feriado prolongado
Desde o segundo em que acordei, senti que algo estava errado. Abri os olhos e me virei para olhar o relógio ao lado do travesseiro. O visor mostrava 7:00, e ao lado dele havia um indicador dizendo "domingo". Não senti aquele atordoamento leve que normalmente acompanha um despertar brusco. Restava apenas um pouco de sonolência na cabeça, mas não senti vontade de voltar a dormir. Lentamente, me virei de bruços na cama e depois fiz o que era essencialmente uma flexão para me levantar.
O estranho aconteceu quando deixei as pernas caírem pelo lado da cama. Enquanto encarava a luz da manhã entrando pela fresta da cortina, comecei a murmurar para mim mesmo, incrédulo.
— Eu me sinto bem.
No corpo e no espírito, absolutamente nada estava errado. Isso não quer dizer que eu estivesse acostumado a estar constantemente em más condições físicas. Nesse sentido, em vez de dizer que eu estava em boa forma, provavelmente seria mais adequado dizer que, hoje, me sentia perfeitamente cheio de energia. Tanto que até passou pela minha cabeça que talvez eu precisasse fazer algo completamente inútil só para reduzir minhas reservas de energia de volta ao normal.
Momentos assim não surgiam com frequência.
Fui para a cozinha e olhei dentro da geladeira. Tínhamos bacon, cogumelos maitake e espinafre mostarda, então os retirei e cortei em pedaços grandes. Coloquei uma fatia de pão na torradeira e bati alguns ovos em uma tigela pequena. Enquanto fazia isso, adicionei aleatoriamente um pouco de queijo processado, leite e, um pouco mais tarde, um pouco de curry em pó à mistura.
Usei uma das duas panelas para fritar a mistura de bacon e a outra para cozinhar os ovos. Droga... não tinha espaço suficiente para esquentar a água, então o café teria que esperar.
Levei a refeição comigo para a sala. Sem passar nada na torrada, ela estava fofinha enquanto eu a colocava na boca.
Ouvi o som de alguém descendo as escadas. Meus pais estavam viajando a trabalho, então só podia ser minha irmã mais velha. O som dos passos continuou em direção à cozinha.
— Uau, tem café da manhã! — disse ela.
Ela está cheia de energia esta manhã.
— Foi você quem fez isso, Houtarou?
— Quem sabe? Pode ter sido até um ladrão.
— E ainda está quente. Ele deve estar por perto... Não me venha com ironias.
Sem responder, peguei um pouco do prato de bacon e coloquei sobre a torrada. Minha irmã começou a falar novamente.
— Posso pegar um pouco?
Minha boca estava cheia, então apenas acenei com a cabeça. Ela não conseguiria ver direito do outro lado da cozinha, mas mesmo que eu dissesse não, acabaria pegando um pouco. No fim das contas, não valia a pena discutir — e eu já tinha feito o suficiente para a porção dela também.
— Ei, na verdade não está ruim! — disse ela. Ela realmente não perde tempo sendo atrevida.
— Pega um prato.
— Que gosto é esse? Colocou alguma coisa nisso?
Ela provavelmente havia experimentado os ovos. O pote de curry estava sobre o balcão da cozinha, e eu confiava o suficiente nela para que descobrisse sozinha, então continuei a comer sem dizer uma palavra. E, como eu esperava...
— Ah, isso, hein? — disse ela. — Não é nada complicado, mas ainda assim está acima do que você costuma fazer. O que aconteceu, Houtarou? Aconteceu alguma coisa?
Afiada como sempre. Bebi um pouco de leite e disse.
— Eu me sinto bem.
Como eu imaginava, ela respondeu apenas com um "O quê?" duvidoso.
*
Depois de sair da cama e tomar café da manhã, fiz algumas limpezas e lavei roupas. Esfreguei a banheira e depois cozinhei udon para o almoço.
Era 13:00.
O dia seria longo.
Fui para o meu quarto, me deitei sobre a cama e comecei a pensar. O que devo fazer agora? Olhando pela janela com as cortinas abertas, o céu estava perfeito. Devido a uma frente estacionária recente, a chuva havia caído constantemente nos últimos dias.
Esse tipo de sol era a primeira vez em muito tempo.
— Acho que vou sair... — disse a mim mesmo.
Troquei de roupa, colocando uma calça com bolsos profundos e enfiei um pequeno livro de bolso em um deles. Coloquei uma camisa pólo e olhei novamente para fora.
Um sorriso surgiu no meu rosto antes que eu percebesse.
— Não quero desperdiçar esse dia de sol.
Pensar que eu, Houtarou Oreki, de todas as pessoas, estaria relutante em passar um dia ensolarado dentro de casa... Se Satoshi me ouvisse, provavelmente correria até aqui para checar se eu estava com febre.
Peguei minha carteira, mas por impulso, tirei uma nota de mil ienes e a coloquei no outro bolso.
Embora tenha saído de casa, não tinha planos específicos. Seria apenas uma caminhada simples. Mas eu queria escolher um destino.
Então, para onde ir?
Pensei em ir a uma livraria, mas por vários motivos, estava sem dinheiro este mês. Além disso, o livro de bolso no meu bolso provavelmente seria suficiente para o dia todo.
Isso significava que eu deveria procurar um lugar para ler. Pensei em ir à margem do rio, mas estávamos chegando na temporada em que os insetos começariam a aparecer novamente. Tive um mau pressentimento sobre ficar perto da água nessa época. Além disso, a margem é aberta, então eu seria facilmente visto por transeuntes. Normalmente, não me importo de ser observado e até tenho certa tolerância, mas até essa tolerância tem limite.
Havia um santuário de Hachiman por perto. Seria silencioso, e havia pedras boas para sentar também.
Que tal isso?
Sentindo-me bem com essa opção, comecei a caminhar em direção ao local, mas algo me segurou. O santuário estava muito próximo. Eu estava me sentindo bem demais; parecia que minha energia transbordaria se eu não me afastasse o suficiente.
— Então, que tal este aqui? — disse a mim mesmo.
Virei nos calcanhares. O Santuário Arekusu deveria estar suficientemente longe. Embora possa parecer que eu estava obcecado por santuários, provavelmente acabei escolhendo Arekusu apenas porque pensei primeiro no santuário de Hachiman.
Comecei a andar. A princípio, senti um pouco de frio apenas com a camisa pólo, mas rapidamente comecei a me aquecer e logo me senti perfeito. Evitando propositalmente a rua que normalmente pegaria a caminho da escola, percorri becos desconhecidos. A área parecia um túnel natural de vento, pois, embora estivesse cercado por cercas dos dois lados, ainda sentia a brisa fresca bater contra mim. Vi um gato sentado em cima de uma das cercas. Tinha listras de tigre e uma expressão meio irritada.
— Ei — disse, levantando a mão em saudação. Talvez assutado, o gato imediatamente fugiu.
Isso não foi legal da minha parte.
Continuei a caminhar lentamente e cheguei perto de uma ponte. Por causa da chuva de ontem, o rio havia subido consideravelmente. Parei por um momento e olhei para as águas turvas e rugindo.
— Chuvas de início de verão acrescentam e apressam, rio Mogami...
Bem, esse não era o rio Mogami, e as condições climáticas de ontem também não eram exatamente chuvas de início de verão. Talvez eu conseguisse criar um haicai mais adequado se fosse mais culto, mas não se pode oferecer algo que não se tem. Satoshi provavelmente conseguiria criar um bom. Ou talvez isso fosse mais a praia da Chitanda.
Passei em frente a uma loja de takoyaki. Um aroma doce pairava no ar. Embora eu já tivesse tomado café da manhã, havia algo estranhamente atraente naquilo. Eu tinha uma nota de mil ienes comigo — podia comprar os takoyaki... A tentação começou a me dominar lentamente. Espere... calma. Controle-se. Se eu comprasse agora, onde eu me sentaria para comer? Consegui resistir por pouco, e senti que meu passo acelerava à medida que me afastava.
Depois de caminhar cerca de dez minutos, notei que o número de ruas desconhecidas aumentava. Embora eu nunca tivesse saído desta cidade em toda a minha vida, apenas dez minutos me trouxeram a áreas tão desconhecidas. Que vida econômica eu levei. Nunca pensei mal da minha noção de direção, então pude continuar por esse caminho inexplorado com uma certa confiança.
Por aqui, depois ali, e se eu virar por ali…
Entrei em uma área aberta. Isso estava feito de maneira esplêndida, se é que posso me gabar. Estava diante do próprio Santuário Arekusu.
— Agora então... — murmurei, olhando para o grande torii. Eu havia esquecido disso. O santuário ficava no lado de uma colina. O que significava que, para chegar ao pátio principal, eu teria que subir o longo lance de escadas que levava até lá. Não importava o quão bem eu me sentisse hoje, possuído por alguma estranha condição que me levava a um passeio ocioso — eu não tinha tanta certeza sobre encarar isso. Hesitei por um momento e então—
Ah, tudo bem. Acho que vai dar. Prossegui.
Subi e subi, contando cada degrau. Não demorou muito para que cedros crescendo abundantemente começassem a alinhar ambos os lados do caminho. A temperatura começou a cair suavemente. Depois de passar do trigésimo degrau, perdi a conta. Vinte e oito, vinte e nove, trinta, um monte... Nunca havia pensado muito sobre que tipo de trabalho eu queria no futuro, mas tenho quase certeza de que algo envolvendo contagem não seria o mais adequado para mim.
Minha respiração acelerou. Ler meu livro agora seria difícil também. Deveria simplesmente sentar nos degraus e começar a ler ali? Não, não... Já estava mais da metade do caminho. Só mais um pouco, só mais um pouquinho. Continuei a subir, o corpo inclinado para frente.
Devo ter subido mais de cem degraus — não que eu tenha contado, é claro. Finalmente cheguei ao topo e respirei fundo. Meus olhos caíram sobre uma pequena estrutura contendo uma bacia de água para lavagem cerimonial. Quis beber um gole, mas duvido que a água fosse para isso. Procurei uma máquina de bebidas... mas, como era de se esperar, não havia nenhuma à vista.
Meus olhos vagavam pela área quando encontrei alguém que acabara de sair do escritório administrativo do santuário. Ela vestia uma camiseta casual e shorts, parecendo como se não tivesse saído de casa naquele dia. Usava óculos de lentes pequenas, e o cabelo era longo.
— Ah!
Era Kaho Juumonji. Tecnicamente, ela não havia saído de casa naquele dia, considerando que também morava ali. Parecia que ela percebeu que era eu e começou a caminhar lentamente na minha direção.
— Bem-vindo.
Ela colocou as mãos à frente do corpo, com as palmas para baixo, e abaixou a cabeça educadamente. Normalmente, eu teria me sentido intimidado sendo saudado assim de surpresa, mas lembrei que já havia caído no mesmo truque antes.
— Obrigado — respondi, de qualquer forma. Ela fez um bico, provavelmente insatisfeita com minha reação calma, mas rapidamente sorriu.
— Veio visitar o santuário?
— Não exatamente, mas... na verdade, acho que eu poderia fazer isso também.
— Você é estranho.
— Estou dando uma caminhada.
Acho que seria um pouco difícil dizer que o santuário era apenas um lugar comum para mim, para alguém que realmente morava ali.
Juumonji se virou na direção do escritório administrativo de onde saíra.
— A Eru está aqui.
— O quê?
— A Eru está aqui.
Parece coisa que o Gennai Hiraga inventaria. Eru está aqui... Espere... Eru está aqui?!
(N/SLAG: Gennai Hiraga (1728–1780) foi um erudito e inventor excêntrico do período Edo, conhecido por engenhocas improváveis como o elekiteru (gerador elétrico). A menção sugere que a situação descrita é tão inusitada que parece saída de uma de suas invenções.)
— Qu-q-por quê?
Ela riu de leve.
— Ela só veio passar o tempo. Você também pode entrar se quiser. Vou te fazer um chá.
— Não, está tudo bem. Eu só…
— Não é como se você não tivesse nada a ver com o que estamos falando agora, sabe.
Eu? Com o quê?
— Não vou te obrigar — continuou ela — mas você sabe o que dizem: "Até encontros por acaso são predestinados."
— Isso é um ditado budista?
— É um princípio que vai além dos limites da religião.
— Não sei…
— Mesmo assim, devo dizer... Na verdade, deixa pra lá. Acho melhor você ver por si mesmo. Venha.
Antes que eu percebesse, já estava sendo acompanhado para dentro do escritório administrativo do santuário.
Não creio que tenha resistido muito.
Em uma seção do escritório havia um cômodo de seis tatames. A porta de correr tradicional era como o resto do prédio, mas ao entrar, percebi que era um quarto, cheio de pertences pessoais. Havia um armário e um despertador, uma estante com romances e revistas, um pequeno bule e, no centro de tudo, uma mesa baixa. Provavelmente ela tinha mais coisas em casa, mas parecia que essa área estava reservada para Juumonji ocupar.
Sem falar que...
— Umm? Oreki-san... Por que você...
Chitanda estava ali, atrapalhada. Olhava ao redor, passando as mãos pelos cabelos freneticamente, e então, como se tivesse se lembrado de algo de repente, começou a juntar tudo sobre a mesa baixa. Juumonji começou a falar, com uma ponta de riso na voz.
— Não precisa esconder, sabe.
— Ah, sim. Entendi. Agora que você mencionou, faz sentido.
Ela abaixou o rosto, provavelmente tentando se recompor um pouco, e finalmente se sentou direito.
— Boa tarde, Oreki-san. Que surpresa te encontrar aqui.
— É, fiquei surpreso.
— Mas você sabia que eu estava aqui, certo?
Do que diabos ela estava falando?
— Ah, é mesmo? — Perguntou Juumonji, virando-se para me olhar. Balancei a cabeça.
— Eu disse, não disse? — interveio Chitanda. — Eu prometi à Kaho-san que a visitaria no domingo.
— Quando e para quem você disse algo assim?
— Eu contei para a Mayaka-san depois da escola na sexta-feira.
Por que ela presumiria que eu saberia disso por ela ter contado para a Ibara? Bem quando eu ia perguntar isso, ela tomou a iniciativa.
— Você não estava sentado bem do lado dela?
Minha memória estava um pouco turva, mas sinto que visitei a sala do clube naquele dia, e, nesse caso, eu provavelmente estava sentado ao lado da Ibara. Mesmo assim…
— Eu não ouvi nada.
Minha negação não foi muito enfática, e eu tinha a sensação de que soava mais e mais como se eu tivesse escutado a conversa delas e depois ido propositalmente para o lugar onde Chitanda tinha planos. Repeti, desta vez com convicção.
— Eu não ouvi absolutamente nada.
Chitanda assentiu prontamente.
— Entendo. Você estava lendo na hora, Oreki-san.
Juumonji soltou um "hum" desconfiado ao lado. Fiquei um pouco preocupado, parecia que ela não acreditava em mim.
Ela então trouxe uma almofada de chão para eu me sentar e me serviu uma xícara de chá verde. Enquanto fazia isso, Chitanda começou a reorganizar os objetos que havia tentado esconder sobre a mesa baixa.
— Vim olhar isso aqui.
Eram fotos — fotos do festival das bonecas vivas que aconteceu em abril, perto da casa de Chitanda.
— É realmente muito constrangedor.
Ela começou a escondê-las de novo.
No festival das bonecas vivas, Chitanda interpretava uma dessas bonecas e usava um quimono intrincado de doze camadas. A pedido dela, eu fui o portador do guarda-chuva. Satoshi havia tirado fotos do festival e me mostrado também. As fotos sobre a mesa, porém, eram diferentes.
Eu também estava envergonhado e queria escondê-las o mais rápido possível. Meus olhos pousaram em uma foto específica. Atrás de Chitanda vestida como boneca, cujo olhar parecia inclinado para baixo com compostura elegante, lá estava eu com um chapéu tradicional… com a expressão mais idiota possível!
Minha boca estava aberta e meus olhos pareciam apagados e sem foco.
Subconscientemente, desvie o olhar.
— Essa foto é cruel.
— Ah, está aqui? — Chitanda puxou a foto em questão para mais perto. — Realmente não é a melhor.
Juumonji apoiou sua xícara na mesa baixa e começou a falar enquanto se sentava na almofada.
— Você bocejando, hein? Que timing milagroso.
— Mais para um pesadelo.
Essa minha expressão não era de bocejo. Se eu tivesse que adivinhar… a foto capturou um momento de fascínio. Eu não vi nada parecido nas fotos do Satoshi, então é claro que eu não fiz essa expressão o tempo todo. Pelo menos, era o que eu queria acreditar.
— Desculpem-me por ter trazido vocês para cá assim, mas não consegui evitar rir quando vi essa foto. Pensei que, se vocês não estivessem aqui, seria como rir de você pelas costas, e isso me deixou com um gosto ruim na boca.
Eu entendia de onde ela vinha, mas duvido que ela olhasse para a foto com a intenção de rir desde o começo. Que pessoa decente.
— A propósito, essa foto da Eru aqui também está terrível.
— Kaho-san! Isso é proibido!
As duas continuaram a conversar e rir enquanto comentavam as fotos, e eu fiquei quieto entre elas, bebendo lentamente meu chá. Embora Juumonji tenha me convidado para sentar, eu definitivamente estava no lugar errado. Em outras palavras, eu queria desesperadamente sair, embora minha garganta seca tenha agradecido pelo chá.
Tentei esperar por uma pausa na conversa para me despedir, mas era quase impossível encontrar uma. Enquanto fazia isso, terminei minha xícara. Acho que era definitivamente um sinal de que eu precisava ir, mas, enquanto pensava nisso, Juumonji de repente olhou para o relógio.
— Já está tão tarde? Você provavelmente deveria ir, Eru.
Chitanda sorriu.
— Sim, eu sei. Já terminou seus afazeres?
— Oh — disse Juumonji, congelando. — Droga. Eu ia fazer isso, mas vi o Oreki-kun e me distraí.
Eu não tinha certeza do que elas estavam falando, mas parecia que a culpa era minha. A testa de Juumonji se franziu levemente, e ela abaixou a cabeça.
— Sinto muito. Será que ainda dá tempo…?
— O que aconteceu? — Perguntei.
Chitanda respondeu.
— Hoje, eu planejava mostrar essas fotos para a Kaho-san e depois ajudá-la com algo.
Juumonji explicou o restante.
— Minha família também me pediu para fazer algumas compras. Saí porque o tempo estava curto, mas quando vi você, me surpreendi e acabei esquecendo.
Ela se surpreendeu? Nem um pouco disso apareceu em seu rosto.
— Nesse caso, eu cuidarei dos preparativos — disse Chitanda. — Você vai na frente, Kaho-san.
— Tem certeza?
— Sim. Não é a primeira vez que faço isso.
— Você é uma salvadora.
Enquanto Juumonji dizia isso, fechou os olhos e uniu as mãos em oração para Chitanda.
— Namu.
— Isso é budista, não é? — Perguntei antes de perceber. Juumonji abriu os olhos.
— É um princípio que vai além das fronteiras da religião. Mas, e agora, Oreki-kun? Não me importo se você ficar por aqui.
— Não, acho que vou me retirar. Obrigado pelo chá.
— Mesmo? Bem, de nada.
Quando estava prestes a me levantar, de repente pensei em algo.
— A propósito, com o que você vai ajudá-la?
Chitanda gesticulou com os dois braços como se estivesse fazendo algum tipo de dança.
— Limpeza!
Acho que ela estava imitando o movimento de varrer com a vassoura. Juumonji acrescentou algo.
— Temos um santuário em miniatura dedicado a Inari. Embora, na verdade, não precisasse ser limpo hoje.
— Não tem problema. Eu já pretendia vir aqui para fazer isso hoje, de qualquer forma.
Ou seja, basicamente, uma pessoa ia fazer um trabalho de limpeza para dois… Queria não ter ouvido isso. Como ouvi, não tinha como escapar. Só me restava uma opção.
— Eu vou ajudar.
Chitanda ficou surpresa no começo e disse imediatamente que não precisava. Depois disso, porém, ela não rejeitou mais minha oferta.
*
O santuário de Inari ficava à margem do salão principal de adoração, no final de um caminho longo e estreito.
Agora que penso nisso, havia uma bandeira tremulando em um canto do terreno do santuário, com os dizeres "Santuário de Alta Classificação". Eu não fazia ideia de por que ela não estava mais próxima do caminho.
— Isso não faz muito sentido. Algo assim atrairia fiéis?
— Não sei… embora eu não ache que o santuário tenha sido construído aqui para reunir seguidores.
Eu segurava duas vassouras, uma apoiada em cada ombro. Chitanda carregava um balde. Dentro dele havia panos úmidos, uma pá de lixo, alguns sacos de lixo e luvas de trabalho.
— Vamos.
O caminho estreito começou como uma pequena colina e rapidamente se transformou em escadaria. Senti que, se eu fosse na frente, acabaria cutucando-a constantemente com as vassouras, então deixei que ela subisse primeiro. Enquanto começávamos a subir, olhei para trás, sem pensar em nada em particular, e vi que o terreno do santuário já havia desaparecido entre as muitas árvores.
Tenho que dizer… era tudo tão tranquilo.
Exatamente quando pensei isso, comecei a me tornar consciente de todos os sons ao meu redor. As folhas farfalhando, os pássaros cantando, meus passos, os passos de Chitanda… Meu simples passeio havia se transformado em algo realmente estranho.
— Desculpe, Oreki-san. Isso tudo acabou se tornando algo realmente estranho.
Ouvir ela repetir meus pensamentos me assustou.
— É… bem, de qualquer forma, eu não tinha nada para fazer hoje.
Continuamos nossa subida sem trocar mais palavras. As escadas eram muito mais íngremes do que pareciam da base, e eu me concentrei apenas em onde colocava os pés. Quando comecei a esquecer do que estávamos falando, ela comentou.
— Que incomum.
Parecia uma grande jornada do ponto de vista físico, mas na realidade, provavelmente havia levado apenas uns cinco minutos. Essa parte da montanha começou a se nivelar, e finalmente vi um torii vermelho e um santuário em miniatura atrás dele. Havia um pequeno pedestal de pedra na frente do santuário, e sobre ele uma garrafa de saquê. Embora eu imaginasse que ninguém viesse a um lugar assim, havia latas de cerveja vazias e bitucas de cigarro espalhadas.
Entreguei uma das vassouras à Chitanda.
— Por onde começamos a limpeza?
— O sacerdote cuida do santuário em si, então só precisamos varrer as folhas e tal.
— E o pano úmido?
— É para limpar os dejetos de pássaros e outras sujeiras da estátua do fox guardião e do torii. Embora… — Chitanda fez uma pausa. Ela deu uma volta em forma de oito ao redor da estátua do fox guardião e sorriu para mim. — Parece que está tudo bem. Só precisamos limpar a garrafa de saquê.
Por que tem uma garrafa ali, afinal? Imagino que não seja porque alguém a esqueceu…
— Ok, então vamos começar.
Chitanda começou a rir baixinho.
— Vamos cumprimentá-lo primeiro.
Entendi. Encostamos as vassouras na estátua do fox guardião e ficamos diante de Inari, lado a lado. Juntei minhas mãos.
Namu.
Se bem me lembro, Inari abençoava o comércio. Acho que li uma vez que ele era originalmente um deus da agricultura. Ou talvez tenha sido Satoshi que me contou isso. De qualquer forma, naquele momento eu realmente não tinha nada a ver com nenhum dos dois. Então… certo. Por favor, perdoe a rapidez com que vou limpar seu santuário.
— Vamos começar, então — disse Chitanda.
Ela parecia pronta para começar a esfregar. Como eu já tinha feito todo o esforço de subir com as pesadas vassouras, resolvi começar varrendo. Embora estivéssemos fora da época certa para isso, uma quantidade surpreendente de folhas havia caído e se acumulado no chão por algum motivo. Provavelmente seria um trabalho bastante tedioso.
Comecei a varrer. Decidi limpar primeiro a área ao redor do torii.
O som rítmico das cerdas raspando no chão parecia estranhamente agradável aos meus ouvidos.
Agora que penso nisso, eu também havia feito limpeza naquela manhã. Por que estava fazendo algo assim novamente, em um lugar assim, especialmente depois de ter aproveitado o sol?
Hm, hm, hm… murmurei acompanhando cada movimento da vassoura.
— Você parece estar de bom humor, Oreki-san.
Ao ouvir isso, percebi de repente o quanto estava alto. Como era de se esperar, queria me enterrar de vergonha. Comecei a esquentar. Numa situação sem salvação como essa, ao menos queria evitar mostrar qualquer confusão.
— Não é bem isso — acabei respondendo.
Chitanda cobriu a boca com a mão e seus ombros começaram a tremer.
Ela terminou de limpar a garrafa de saquê e colocou as luvas. Depois de colocar todas as latas vazias no balde, pegou a vassoura e começou a varrer comigo. Não planejamos nada antes, mas acabei ficando do lado direito do santuário enquanto ela trabalhava no esquerdo.
Varri em silêncio, tomando cuidado para que meu canto acompanhasse o ritmo. Os sons de nossas vassouras se sincronizavam às vezes, e em outros momentos, ficavam levemente desencontrados.
— Fiquei um pouco surpresa — comentou Chitanda de repente. Ouvi sem olhar para cima.
— Sobre o quê?
— Que você tenha se oferecido para ajudar.
— Às vezes, só é preciso limpar.
— É mesmo?
Pensei por um instante.
— Bem, talvez exceto quando você tem uma prova ou outra coisa para fazer.
Ela respondeu, com a voz alegre.
— Eu também sou assim antes das provas. Não estou nada confiante.
Pude ouvir um pássaro cantando ao longe.
— Oreki-san, você não vive dizendo que, se algo pode se resolver sem você fazer nada, então você prefere não fazer nada? Por isso fiquei surpresa. Achei que você voltaria para casa na hora.
Bem, acho que, no fim, a limpeza não estava tão cansativa quanto pensei que seria. Eu não tinha nada a ver com isso desde o começo, e tenho certeza de que ela teria se virado bem se eu apenas a tivesse desejado boa sorte e ido embora ali mesmo. Na verdade, normalmente eu teria feito exatamente isso.
Comecei a falar sem parar os braços.
— Hoje estou me sentindo bem.
— O quê? Está doendo em algum lugar?
— Não é isso. É só que… como posso dizer… não estou me sentindo como de costume. Só estou com vontade de me movimentar. Se eu não estivesse ajudando você, provavelmente estaria correndo agora. É bom poder fazer algo produtivo.
Olhei para Chitanda e vi que ela inclinava a cabeça para a esquerda e para a direita, incerta. Finalmente, ela falou.
— Ah… muito obrigada.
Não tenho muita certeza pelo que ela estava me agradecendo.
Enquanto continuava a mover os braços, comecei a sentir o suor escorrer. Não havia vento na floresta. Talvez por causa da terra úmida da chuva prolongada, a sujeira não se mexia muito quando a vassoura passava sobre ela, e assim as folhas caídas eram difíceis de mover.
Naturalmente, tive que aplicar mais força. A vassoura parecia sofrer sob a pressão.
— Oreki-san.
— Hm?
— Posso te fazer uma pergunta?
— Mhm.
Que tipo de pergunta seria? Provavelmente cedo demais no ano para ser sobre a antologia do festival cultural. Houve uma pausa na conversa enquanto Chitanda parecia hesitar sobre algo. Ela não dizia nada. Ouvindo apenas o som de sua vassoura se movendo, olhei para cima e vi que ela varria o mesmo ponto continuamente.
Irritado, ia perguntar o que ela queria dizer quando finalmente abriu a boca e começou a falar.
— Hum… Por favor, não precisa responder se não quiser, mas—
— Se for sobre minhas notas, não vou dizer. As suas provavelmente são melhores de qualquer forma.
— Não, não é isso.
Houve uma pausa longa o suficiente para inspirar fundo.
— Por que você vive dizendo aquilo que diz?
— Aquilo que eu digo?
— Sabe… "Se não preciso fazer, não faço. Se preciso, faço rápido."
Ah.
Parei de me mover. O som rítmico da vassoura raspando no solo cessou. Parecendo interpretar mal algo que eu fiz, Chitanda rapidamente começou a mover a mão em sinal de desculpa.
— Hum, tudo bem não falar sobre isso. Saiu errado. Tá tudo bem se você não quiser comentar. Espera… falei certo?
Um leve sorriso surgiu no meu rosto antes que eu percebesse.
— Eu sei o que você quer dizer.
Suspirei.
— Eu só estava pensando no que deveria dizer, só isso. Não é uma história muito interessante, e não tem muito a dizer. Basicamente, é só que eu não quero me esforçar com nada.
— Sério?
Revivi algumas lembranças. Por uma fresta entre as árvores, espreitei o céu sem nuvens. Pensar que eu ia responder a uma pergunta assim… Hoje realmente estava estranho.
— Vamos ver… — murmurei, retomando minha varredura mais uma vez.
*
Agora, não estou dizendo que essa seja a razão exata, nem que valha a pena ouvir em primeiro lugar, mas provavelmente é melhor do que me ouvir cantarolar.
Isso aconteceu quando eu estava na sexta série. Na minha escola primária, todo mundo tinha algum tipo de tarefa para cuidar. Ah, na sua também? Então acho que não era tão estranho assim.
De qualquer forma, eu também fui designado para alguma função. No começo, eles deixavam a gente se candidatar ao trabalho que queria, mas se não desse certo, era decidido por votação. Não lembro exatamente como foi, mas acabei ficando com a função de "mudanças". Eu era basicamente como aquelas pessoas que trabalhavam em antigas companhias telefônicas. Hã? Você não entendeu? Hum, talvez algo como um operador de telefonia… Bom, é só pedir para o Satoshi te explicar depois.
Era mais ou menos só mais um trabalho do pátio da escola. Para funções como limpeza, havia coisas como o comitê de embelezamento e assim por diante. Basicamente, como dividiam a classe inteira em diferentes funções, tinha que haver uma função para qualquer tarefa que ainda não estivesse sendo cuidada. A que me foi atribuída era — não ria — regar o jardim de flores.
Agora, eu não sei muito sobre flores. Mesmo com os nomes, praticamente tudo o que consigo lembrar é a viola (pansy). Enfim, isso acabou sendo mais trabalhoso do que eu esperava. Pensei que tudo o que tinha que fazer era regá-las todos os dias, mas estava enganado.
Você provavelmente sabe do que estou falando. Eu também tinha que verificar a condição e a secura do solo para ver se deveria regar ou não.
Havia três turmas, e a rega ficava designada para uma turma diferente a cada semana. Então, basicamente, eu tinha que checar o solo todos os dias durante uma semana a cada três semanas e regar as flores se necessário. Havia muito a aprender. Diferente de fazer a mesma coisa todo dia, ter que mudar suas ações de acordo com o seu julgamento diário se torna um verdadeiro incômodo.
Eu não fazia isso sozinho. Fui colocado em uma dupla. O nome da outra pessoa era… não sei se posso dizer. Vamos chamá-la de Tanaka por enquanto. Hm? Era uma garota. Todo mundo era colocado em pares menino-menina.
Tanaka realmente não se destacava na classe. Tanto que até alguém como eu, que não se preocupava muito com a vida dos outros na sala, percebeu isso. Ela era muito retraída, e mesmo se você tentasse puxar conversa, acabava depois de poucas palavras. Definitivamente, podia haver algo melancólico nela. O cabelo? Acho que era comprido. Mas não tão comprido quanto o seu. Por quê? Tem algo importante sobre o cabelo?
De qualquer forma, Tanaka e eu éramos responsáveis por regar as flores. Nas primeiras semanas, não houve problemas. Quando era nossa semana, íamos até a cabana atrás da escola depois das aulas. Então verificávamos o estado do solo. Geralmente, era algo como eu insistindo em regar e Tanaka dizendo que ainda não era necessário. Ela me dizia que regar demais também fazia mal.
Ela era do tipo de garota que nunca se afirmava, independentemente da situação, então ouvir esse tipo de resistência firme dela, mesmo que de forma suave, realmente me surpreendeu no começo. Mesmo sendo apenas regar algumas flores, senti que era minha responsabilidade não deixá-las murchar.
Dito isso, essa troca entre nós durou apenas a primeira semana. Já estávamos acostumados com os fundamentos da rega, então não havia necessidade de os dois fazerem a tarefa ao mesmo tempo. Começamos a alternar turnos.
Achei que seria o melhor. Isso não durou, porém. Não sei quanto tempo passou até então. Em certo ponto, a situação mudou. Tanaka me pediu ajuda.
— Como minha casa está sendo reconstruída, vou ter que morar longe. Leva uma hora até a cidade de ônibus. Não passam muitos, e seria ruim se eu perdesse, então quero ir embora direto depois da escola — disse ela.
Não lembro de ter me sentido muito relutante, mas nosso professor acabou entrando na história também. Ele tentou me convencer.
— Tanaka também está em uma situação difícil, então tente entender de onde ela vem. Sua casa é bem perto, então chegar um pouco atrasado não deve ser tão ruim, certo?
Estava certo. Moro bem perto da escola primária. O ensino médio acabou ficando longe, mas deixarei isso para outra hora.
Esse professor era jovem e dava aulas há apenas três anos, se não me engano. Ele era bastante zeloso. Tentava sempre melhorar a sala de aula e fazia várias mudanças.
Tipo…
— Oreki, você poderia colocar uma fita no chão para facilitar o reposicionamento das mesas?
Ou…
— Oreki, quero aumentar o mural da classe, então poderia cortar este papel?
E…
— Oreki, acho que a luz do teto está um pouco fraca, poderia ter cuidado ao retirá-la?
Está surpresa? Não te culpo. Ele sempre me mandava fazer várias coisas. Pensando bem, isso podia ser um dos princípios de ensino dele. De qualquer forma, geralmente, depois que eu terminava o jardim e voltava à sala quase vazia, ele estava lá para me pedir algo. Sem dúvida, eu sempre dizia sim, sem questionar. Isso se tornou comum depois da sexta série. Acho que dependia da pessoa, porém.
Ele sabia das circunstâncias de Tanaka e me pediu para cuidar da parte dela do trabalho. Eu disse que sim. Na semana seguinte, eu cuidava dos jardins sozinho, todos os dias da semana. No começo, Tanaka dizia.
— Desculpe e obrigada.
Mas você se acostuma com tudo com o tempo, suponho. Depois de um tempo, ela começou a simplesmente ir embora sem avisar, embora eu não me sentisse mal por isso. Eu entendia pelo que ela passava. Ter que caminhar até o ponto de ônibus e depois aguentar uma hora de viagem seria realmente difícil.
Essa foi a primeira parte. Tem algo que você não entendeu até agora? Não estou acostumado a contar histórias assim.
Bom. Então continuarei.
Um dia, aconteceu.
Tanaka e eu estávamos indo para o jardim de flores durante o intervalo do almoço. Nosso professor havia pedido para plantar algumas sementes no canto. Não lembro que sementes eram. Era pouco antes do verão, então talvez fossem ipomeias. Não, sério, não lembro.
Ele também disse para colocarmos plaquinhas com os nomes das flores. Agora que me lembro, provavelmente foi ideia dele. Isso significava que os objetivos de "melhoria do ambiente educacional" dele não se limitavam à nossa classe. Havia muitas placas, e eram difíceis de carregar, mesmo para nós dois. Também tínhamos que levar as sementes, então houve um pequeno problema. Acabei colocando as sementes no meu bolso. Contanto que eu as envolvesse com papel, não haveria problema. Tanaka, por outro lado, tentava segurar as sementes entre os dedos enquanto carregava as placas e, como você pode imaginar, não deu certo.
— Coloque-as no bolso — disse eu, naturalmente. Funcionou para mim. Tanaka, porém, balançou a cabeça.
— Eu não tenho bolso.
Por um tempo depois que ela disse isso, fiquei com a impressão de que roupas femininas simplesmente não tinham bolsos. Na realidade, nunca tinha conferido por conta própria.
Não conversávamos muito. Embora compartilhássemos a mesma função, Tanaka não tinha feito quase nada para ajudar ultimamente, então não tínhamos muito o que falar. Primeiro plantamos as sementes, depois olhamos as plaquinhas e ficamos completamente perdidos. Nem Tanaka nem eu lembrávamos os nomes das flores. Digamos que nunca fomos ensinados. Por isso, não conseguimos terminar de colocar as placas, e nosso intervalo de almoço foi totalmente desperdiçado com isso.
E então chegou o momento depois da aula.
Aquela semana era a vez da nossa turma cuidar do jardim de flores. No entanto, como eu já tinha checado o solo enquanto plantávamos as sementes, decidi que não havia necessidade de regá-lo. Provavelmente eu deveria ter ido para casa mais cedo naquele ponto, mas, em vez disso, fiquei por ali, brincando. Tenho quase certeza de que estava conversando com meus amigos na sala. Foi quando Tanaka entrou. Ela parecia à beira das lágrimas.
— Minha mochila desapareceu — disse ela.
Era uma mochila. Como algo tão grande podia simplesmente sumir?, pensei, mas não era como se dizer isso fizesse a mochila aparecer magicamente. Procuramos rapidamente pela sala e, uma vez certos de que estava realmente desaparecida, sugeri que fôssemos pedir ajuda ao professor. Afinal, estávamos na sexta série. As crianças estavam começando a crescer. Havia crianças que odiavam conversar com o professor, não importando a situação, mas Tanaka concordou rapidamente.
Procuramos em todos os lugares que conseguimos pensar. Quem procurou? Tanaka, o professor e eu. Ah, sim, os amigos com quem eu estava conversando, né? Imagino o que aconteceu com eles. Não lembro deles estarem conosco, então provavelmente foram embora logo.
O professor parecia realmente desesperado. Na época, não percebi, mas pensando agora, ele provavelmente suspeitava de algo. Como assim, suspeitava de quê? Tenho certeza de que você sabe do que estou falando. Não sabe? Entendi. Que era bullying. Ele provavelmente não acreditava de verdade que ela estava sendo intimidada e que alguém tinha escondido a mochila. Eu tinha minha própria ideia do que estava acontecendo e estava procurando o mais rápido possível.
Não me olhe assim. No fim das contas, não era bullying. A mochila estava nos pilotis… Não sabe o que são? É tipo uma área recreativa, ou um espaço aberto, ou como você quiser chamar. De qualquer forma, tínhamos um desses na escola, e Tanaka estava brincando lá depois da aula quando deixou sua mochila no chão. O que aconteceu, aparentemente, foi que algum aluno da primeira ou segunda série passou por ali e levou a mochila para o achados e perdidos na sala dos professores, de bom coração. Só isso. Infelizmente, o diretor, que recebeu a mochila, precisou se ausentar por um tempo, então ninguém sabia que a mochila era um item perdido.
Foi tudo um simples mal-entendido.
Sinceramente, fiquei aliviado. Embora Tanaka e eu só tivéssemos conversado através do trabalho compartilhado, senti que absolutamente precisava ajudá-la a encontrar a mochila.
Quando o diretor finalmente voltou com a mochila, fiquei realmente feliz.
Ele não deixou de dar uma bronca também.
— É inaceitável deixar algo importante assim sozinho! — ou algo do tipo.
Eu também já havia tirado minha mochila para brincar inúmeras vezes antes, então achei que o problema era mais do aluno mais novo, que presumiu descuidadamente que era um item perdido. Claro, não disse nada disso.
Enquanto ele a repreendia, Tanaka sentou-se, inquieta o tempo todo. Eu conseguia entender o que ela sentia. Afinal, ela nem tinha conseguido verificar se o conteúdo estava seguro. Provavelmente queria olhar dentro o quanto antes.
Sobre isso, nosso professor foi um pouco mais atencioso. Ele esperou uma pausa na bronca do diretor e interveio rapidamente.
— O diretor está absolutamente certo. Mas você deve conferir se está tudo em ordem lá dentro.
Quando Tanaka recebeu a mochila, todo o seu silêncio habitual parecia ter ido embora, e ela se lançou para pegá-la. Girou o fecho para abrir o topo e puxou um estojo de lápis. Acho que era bem pequeno. O design era bem simples.
Ao avistar o lápis mecânico dentro dele, ela suspirou aliviada.
— Graças a Deus…!
Eu só consegui ver rapidamente, mas era daqueles lápis mecânicos com um pequeno personagem no topo. Qual personagem era mesmo...? Ela me contou mais tarde, mas era um daqueles prêmios de concursos de revista. Provavelmente barato, mas, sabe como é, beleza está nos olhos de quem vê. Provavelmente era o tesouro dela. Tanaka parecia realmente feliz.
Então perguntei.
— Está tudo certo dentro?
Ela segurou o lápis mecânico na mão e respondeu.
— Enquanto eu tiver isso, está tudo bem por enquanto. Vou checar o resto quando chegar em casa.
— Tem certeza?
— Sim, obrigada.
Não havia nada de errado em levar um lápis mecânico para a escola primária, claro. Naquele momento, nem se discutia ainda a proibição de lápis com personagens nas escolas. Infelizmente para Tanaka, porém, o diretor acabou percebendo.
— É inaceitável levar algo valioso assim para a escola — disse, irritado.
Se você pensar bem, livros didáticos eram muito mais valiosos. Pela lógica dele, você só deveria trazer coisas que não se importaria de perder… Estou discutindo só por discutir?
No dia seguinte, a escola enviou um aviso proibindo todo material escolar com personagens. Veio do nada. Cadernos, borrachas, tapetes de mesa… todos os itens com personagens foram afetados. Todos precisaram ser substituídos, e isso causou um grande alvoroço. De todos os alunos, provavelmente apenas Tanaka e eu sabíamos a verdade por trás do ocorrido.
Bem, é basicamente isso.
Também fiquei bastante surpreso com essa reviravolta. Acho que por volta dessa época comecei a dizer.
Se não preciso fazer, não farei.
*
— Hã?
Chitanda fez uma pausa. Impressionante. Ela nem sequer se mexeu.
Continuou parada, possivelmente tentando refazer a história em sua cabeça. Provavelmente cairia se eu a empurrasse, mas voltei ao trabalho. Avancei bastante durante aquela longa história. Tudo o que restava era recolher as folhas caídas com a pá e colocá-las nos sacos de lixo. Essa última etapa acabou sendo um pouco mais incômoda do que eu imaginava.
A pá ainda estava no balde que Chitanda trouxe. Quando dei um passo para pegá-la, ela finalmente falou.
— Hã?
— Não tem nada de "hã" nisso.
— Eu ouvi toda a história, né?
— Espero que sim.
— O final não ficou um pouco estranho?
Bem, acho que ficou um pouco.
— Oreki-san, você ajudou a Tanaka a procurar a mochila dela, certo? Você conseguiu encontrá-la, e o precioso lápis mecânico dela estava seguro dentro, e depois disso, itens com personagens foram proibidos na sua escola primária, certo?
Exatamente. Peguei a pá.
Ouvi um forte aplauso.
— Ah, entendi!
— Ah é?
— Você devia ter muitos itens com personagens, Oreki-san. Quando foram todos proibidos, deve ter sido um choque enorme pra você. Espera… mas o que isso tem a ver com "Se não tenho que fazer, não faço"?
Ela começou a inclinar a cabeça para os lados mais uma vez. Mexeu a vassoura como se estivesse pensando profundamente e, finalmente, seguiu timidamente sua teoria.
— Talvez… porque os itens com personagens acabaram sendo proibidos, você se arrependeu de ter ajudado ela desde o começo? Era isso que você estava pensando?
Nada mal. Se eu me esforçasse em qualquer coisa, no fim só acabaria me dando mais trabalho. É por aí que ela queria chegar, né?
Infelizmente…
— Isso está errado.
— Mas—!
— Não pare de limpar.
— O-Okay.
Chitanda também tinha praticamente terminado o lado dela do santuário. Embora não restassem muitas folhas, o monte ainda era considerável. Comecei a usar a pá primeiro. Enquanto recolhia as folhas, comecei a falar.
— Você sempre começa pelo fim da história. Eu só queria te dar um pouco do seu próprio remédio.
— Que horrível! Você realmente deixou de fora partes da história, Oreki-san!
— Pois é.
Ouvir aquilo foi música para meus ouvidos.
Hoje eu realmente não estava me sentindo muito bem. Mesmo havendo claramente uma maneira melhor de contar a história, por algum motivo, simplesmente não quis fazê-lo. Ver Chitanda aflita me fez perceber mais uma vez que fazer esse tipo de coisa de vez em quando não era tão ruim. Era uma forma completamente perfeita de passar o tempo. Graças a isso, até a limpeza parecia breve.
— Vamos ver… — Chitanda murmurou, levando o dedo aos lábios. Ficar em silêncio seria um pouco cruel demais, então dei uma pequena ajuda.
— Essa coisa toda dos itens com personagens proibidos foi meio que um detalhe extra. Não tem realmente nada a ver com o resto da história.
Ela me olhou com os olhos grandes e arregalados.
— Espera… você estava me provocando?
— Mais ou menos.
— O-Oreki-san!
Coloquei as folhas que recolhi no saco. Embora eu tivesse limpado uma área grande, depois de encher o saco, a quantidade parecia ridiculamente pequena. Parecia que eu estava apenas limpando sujeira.
— Não fique tão irritada. Meu eu da escola primária percebeu imediatamente que era estranho. Você não deveria ter tanta dificuldade em perceber também.
— Isso não me ajuda… — disse ela, abaixando a cabeça. — Você e eu somos diferentes, Oreki-san. Eu simplesmente não consigo raciocinar desse jeito. Não sei por quê.
Acho que ela também tinha consciência disso…
Não era minha intenção que isso virasse algum tipo de assédio. Além disso, talvez eu não tenha contado a história direito.
— Certo, primeiro, Tanaka e eu estávamos fazendo nosso trabalho de revezamento. Expliquei isso direitinho, né?
— Certo.
Chitanda começou a se inclinar para frente e assentiu. Sua expressão era seriíssima. Tive a sensação de que tinha feito algo terrível com ela.
— No meio do caminho, Tanaka não pôde ficar depois da aula. Por causa disso, eu tive que cuidar das plantas todos os dias durante uma semana, quando era a vez da nossa turma.
— Certo.
Como se quisesse reafirmar que tinha ouvido direito, ela acrescentou.
— Ela morava bem longe porque a casa dela estava sendo reconstruída. Levava uma hora.
— É essa a parte de que estou falando.
Chitanda tinha ótima memória. Embora eu não tenha mencionado o detalhe, definitivamente não o esqueci.
— Acredito que eu disse exatamente de onde e quanto tempo levava.
— Certo. Levava uma hora da estação de ônibus.
— Bom. Especificamente…
— Você disse "ônibus da cidade".
— Como ela planejava embarcar?
Parece que Chitanda finalmente entendeu sozinha. Sua expressão ficou surpresa, e ela levou as duas mãos à boca. A vassoura descansava debaixo do braço. Ela era bem habilidosa nisso.
— Ah, já entendi. A Tanaka-san não podia voltar para casa. As roupas que ela vestia naquele dia não tinham bolsos, afinal.
— Exato.
— Para pegar o ônibus, você precisa de dinheiro ou bilhete. Se não pudesse carregar nenhum dos dois, teria que colocar na mochila.
Assenti com firmeza.
— Isso mesmo. Achei meio estranho desde o começo. No início, pensei que o professor tinha me pedido para ajudar a encontrá-la para que ela pegasse o ônibus, mas por que ela estava brincando quando perdeu a mochila depois da aula? Achei que ela estava se divertindo enquanto deixava tempo suficiente para pegar o ônibus, então eu estava desesperado para encontrá-la a tempo.
— Quando ela a recuperou, no entanto, a única coisa importante para ela era o lápis mecânico com o personagem em cima. Perguntei se realmente era a única coisa importante que ela precisava checar, mas ela não conseguia pensar em mais nada.
— O que isso quer dizer?
Chegamos até aqui e ela ainda não conseguia entender?
Bem, acho que eu não poderia culpá-la. Nem eu queria acreditar nisso na época.
— A única conclusão que pude tirar foi que a Tanaka, na verdade, não precisava pegar o ônibus.
— Como…
Chitanda ficou sem palavras, com os olhos arregalados.
— Não acho que fosse assim no início. Quando ela inicialmente me pediu para cuidar da rega, talvez realmente tivesse que pegar o ônibus de uma hora de viagem. Mas, pelo menos naquele dia, a situação dela era diferente. Um simples lápis mecânico tinha mais importância do que o meio de ela voltar para casa. O motivo: Tanaka não precisava mais pegar o ônibus.
— O trabalho de construção da casa dela já tinha acabado? Então por que ela não…
— Não é óbvio?
Suspirei.
— Ela passou todo o trabalho para mim para poder fugir da obrigação.
Chitanda falou enquanto recolhia as folhas com a pá.
— Então foi isso que aconteceu. Você odiava ser enganado, então começou a dizer "Se não tenho que fazer, não faço".
Não era bem assim. Acho que minha narrativa realmente não era boa. Não era nada disso.
O que aconteceu depois não foi uma história bonita. Eu sabia que também não era algo que se contasse a qualquer pessoa.
Chitanda havia ido longe demais em suas suposições. Eu poderia permanecer em silêncio depois de a última parte da história ter sido mal interpretada assim?
— Não — interrompi. — Naquele dia, percebi que Tanaka não tinha dinheiro nem bilhete para o ônibus. Minha primeira reação foi olhar imediatamente para o professor. Afinal, ele foi quem me pediu para fazer todo aquele trabalho sozinho porque a casa de Tanaka estava sendo reconstruída. Ele perceberia se algo estivesse estranho naquela situação. Se descobrisse, começaria a repreendê-la imediatamente, certo? Mas não o fez.
Chitanda olhou para meu raciocínio com olhos cheios de suspeita.
— Isso não significa apenas que ele não tinha percebido?
Isso seria muito mais aceitável.
— Não, ele tinha uma expressão louca. Dava para ver claramente o "Droga, eu estraguei tudo". Por causa disso, pude confirmar que a construção da casa dela realmente já havia terminado naquele momento.
…
— Então por que ele não me contou? Por que tudo não voltou ao normal no primeiro dia da nossa função de revezamento?
— Pode ser que eu estivesse com algum tipo de complexo de perseguição. Ele poderia simplesmente ter esquecido, sei lá. Mas naquele dia, ao ver aquela expressão dele, uma coisa passou pela minha cabeça… Foi porque eu sempre fazia tudo que me pediam sem reclamar. Por eu ser tão conveniente, ele não se preocupou em impedir alguém de empurrar trabalho para mim.
Apoiei-me na vassoura, como se fosse uma bengala, e continuei.
— Pensei um pouco mais sobre isso. Sabe, a construção da casa da Tanaka nem tinha nada a ver comigo, certo? Talvez, por algum erro meu, acabei com a responsabilidade de fazer a parte dela do trabalho? Isso não está certo.
O assunto da Tanaka era só dela. Eu não tinha nada a ver com isso.
— Embora, tecnicamente, fôssemos colegas e parceiros de trabalho. Talvez fosse bom ajudarmos um ao outro. Quero dizer, apenas regar o jardim não era tanto trabalho. É verdade que minha casa ficava perto, então provavelmente não havia problema em ajudar alguém…
— Esses tipos de pensamentos, percebi, foram a razão de eu ter sido aproveitado.
Tudo o que Tanaka fez foi aproveitar a oportunidade.
Depois daquele incidente, comecei a perceber que existem dois tipos de pessoas: aquelas que sabem como o mundo funciona e empurram tudo que não querem fazer para os outros, e aquelas que aceitam de bom grado ser o alvo das ações das primeiras. Quando entrei no 6º ano — não, quando fiquei velho o suficiente para entender meu entorno — comecei a perceber que eu era do segundo tipo. E então, todas as minhas memórias começaram a voltar, uma a uma. Aquele momento, aquele outro, e aquele também… então era isso que estava acontecendo.
E quando me pediram para levar o pesado frasco de um litro de molho de salada na excursão da turma? Quando a escola parou temporariamente por causa de uma epidemia de gripe, havia mais alguém além de mim que teve que visitar várias casas para entregar o trabalho de casa dos alunos doentes? Quando quebramos uma janela jogando bola, fui sozinho ao diretor para pedir desculpas em nome de todos e, ainda assim, fui repreendido pelo professor por ser o líder? Não. Foi porque eu nunca reclamava.
Isso, por si só, estava bem. Nada do que eu fazia era impossível de lidar. Não considerava essas tarefas uma perda, e não as odiava por sempre facilitar as coisas para os outros.
O problema era imaginar a mim mesmo sendo usado como ferramenta conveniente. Isso me deixava triste.
Pensei na época.
Minha descoberta me deixou tão triste que ficou doloroso demais ficar em silêncio, então contei para minha irmã mais velha.
Mesmo que você acredite que os seres humanos devem ajudar uns aos outros, outros nem sempre pensarão que você vale a pena. Não é que eu quisesse que alguém me apreciasse. Eu simplesmente nunca imaginei que me considerassem tão idiota. Não vou ficar depois da escola nunca mais. Enquanto estiver perto dos outros, eles vão me pedir algo. Provavelmente me consideram idiota porque sempre faço o que pedem sem resistir. Não me importo com o que pensam. Só odeio ser usado. Claro, se eu tiver que fazer, farei. Não reclamarei. Mas, se não for necessário… Se for responsabilidade de outra pessoa… Se não tenho que fazer, não faço. Absolutamente não.
Minha irmã ouviu essa história vaga minha e colocou a mão sobre minha cabeça enquanto falava.
— Sim. Mesmo sendo tão desajeitado, você sempre quer ser útil. Mesmo sendo um idiota, uma parte estranha de você é tão esperta que desenvolveu essa visão prática. Está tudo bem então. Não vou te impedir. Não deveria haver nada de errado nisso, certo? Não acho que você esteja errado.
Fiquei imaginando o que ela disse depois. Parecia que disse mais um pouco. Isso mesmo. Se me lembro bem…
— A partir de agora, você deve tirar um longo descanso. Será o melhor para você. Vá com calma. Está tudo bem. Mesmo que, enquanto descansa, você não consiga mudar fundamentalmente…
— ki-san.
Devo ter me perdido em pensamentos. Não percebi que Chitanda estava me chamando.
— Ah, desculpe. O que você estava dizendo?
O rosto de Chitanda estava bem à minha frente. Seus enormes olhos me encaravam.
— Você ficou triste, não é, Oreki-san?
Virei-me e sorri.
— Não foi tão ruim. Foi apenas um garoto emburrado sem ter para onde ir.
Era um hábito tão enraizado que imaginei ser difícil adotar um novo lema como aquele. Se não tenho que fazer, não faço.
Pelo canto do olho, vi Chitanda segurando a vassoura com ambas as mãos. Sem desviar o olhar, disse algo completamente inesperado.
— Estive pensando, Oreki-san… Sobre o "você" da sua história e o "você" que está aqui agora… Achei que talvez não sejam tão diferentes assim.
Quis rir da afirmação dela. Mas nada saiu.
Chitanda deu um passo para trás. Curvou-se e pegou o saco de lixo cheio de folhas caídas.
— Muito obrigada. Graças a você, este lugar está realmente bonito agora.
— É.
— A Kaho-san provavelmente vai trazer chá e alguns petiscos para nós. Quer relaxar um pouco mais conosco?
Sorri suavemente e acenei com a mão, recusando. Por favor, me poupe de mais um momento sentado entre vocês duas.
— Não. Me passa essa vassoura. Vou levar de volta comigo.
Peguei a vassoura dela e apoiei cada uma em um ombro diferente. Virei-me para não acertá-la com a ponta e comecei a falar de costas.
— Dá meus cumprimentos à Juumonji. Já vou indo.
Comecei a descer as escadas, cercado pelas sombras da folhagem acima. O som das folhas farfalhando ao vento chegava suavemente aos meus ouvidos. Parecia que este dia raro e bonito ainda não havia desistido de mim. A roupa provavelmente já estará seca quando eu voltar.
Enquanto saía, ouvi a voz de Chitanda.
— Oreki-san! Obrigada por me contar sua história! Fico muito feliz que tenha feito isso!
Seria muito incômodo me virar com as vassouras pesadas nas costas, então apenas fingi que não a ouvi. Se não tenho que fazer, não faço. Olha só… mesmo sendo um dia tão estranho, vir aqui foi o suficiente para me trazer de volta ao normal.
Cocei a cabeça.
Então, de repente, lembrei-me. Lembrei-me do resto do que minha irmã disse naquele momento, enquanto bagunçava meu cabelo com força:
— Tenho certeza de que alguém vai acabar com suas férias.
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