Volume 3
Capítulo 11: A Cortina se Fecha
SATOSHI FUKUBE
A ATMOSFERA FESTIVA ESPECIAL DE TRÊS DIAS ESTÁ RAPIDAMENTE CHEGANDO ao fim. E chegou a hora de eu e a Comissão Geral nos prepararmos para a Cerimônia de Encerramento.
O ladrão fantasma "Juumoji" alcançou magnificamente seu objetivo final e fez o Clube dos Clássicos perder seu manuscrito revisado. O resultado foi divulgado pelo Clube do Jornal, enquanto os detalhes foram divulgados boca a boca. Com o último alvo sendo derrubado, o incidente "Juumoji" chegou ao fim. E como o evento final do Festival Cultural da Escola de Kamiyama tinha terminado, todos perceberam que o Festival Cultural também estava chegando ao fim.
À medida que a Cerimônia de Encerramento se aproximava, caminhei em direção a Mayaka, vestida com o seu traje de educação física. Eu nunca perguntei por que ela estava usando um agasalho assim durante quase todo o dia de hoje. Pensando bem, Houtarou ficou com um hematoma na sobrancelha por adivinhar algo corretamente. Mas não sou tão bom quanto ele e não consegui perguntar a ela direito.
No entanto, como se tivesse esquecido completamente do Clube de Mangá, Mayaka estava brava com algo completamente diferente.
— Eu não acredito nisso! Como ele conseguiu acender o fogo? Ele jogou fósforos? Mas não encontramos nenhum…
Ela estava assim há algum tempo. Ela deve ter pensado que atuar como guardas era apenas uma jogada de marketing para vender nossas antologias Hyouka , mas nunca pensamos que "Juumoji" iria realmente aparecer, então ela ficou bastante chocada. Tudo o que pude fazer foi encolher os ombros casualmente para dizer a ela que também não saberia a resposta para sua pergunta. Afinal, prefiro ver Mayaka tão nervosa do que desanimada.
Nós descemos as escadas para o primeiro andar.
— Ei, Fukube.
Alguém me chamou. Era o Tani-kun.
Eu dei um sorriso degradante, digno de um perdedor. Como eu realmente perdi, não foi uma expressão difícil de fazer. Embora não tenha sido para Tani-kun que eu perdi.
— E aí, Tani-kun. Como pode ver, nos divertimos. Você estava na Sala de Geologia, né?
— Claro.
No entanto, Tani-kun falou com menos confiança do que antes. Isso era de se esperar. Eu continuei perguntando.
— Então, Tani-kun, você conseguiu descobrir quem era 'Juumoji'?
Tani-kun franziu a testa por um momento. Ele provavelmente sentiu uma sensação de humilhação. No entanto, ele rapidamente voltou ao seu comportamento relaxado e disse de maneira graciosa.
— Não.
— Entendo.
— Bem, havia poucas pistas. Com tão pouca informação, nunca se poderia chegar a qualquer conclusão, não importa o quanto pensassem sobre isso.
Realmente, tinha muito poucas provas.
— Então, e você? Você descobriu alguma coisa?
Ele sorriu enquanto perguntava com olhos sérios, eu sorri amargamente e balancei a cabeça. Tani-kun rapidamente mostra um sinal de alívio.
— Entendo, entendo. Mesmo você não conseguiu resolver isso. E eu esperava algo de você.
— Desculpe decepcioná-lo.
— Não se preocupe com isso. Bem, foi um Festival Cultural divertido. Terei que retribuir pela pista do O Clube de Cozinha que você me deu naquele dia.
Pensando bem, eu disse a ele algo assim, mas já faz algum tempo.
Acenamos um para o outro e seguimos caminhos separados. Mayaka então perguntou.
— Seu amigo?
Hmm, eu me pergunto…
— Não exatamente.
— Então é o que?
— Hmm, vamos ver. Pode-se dizer que ele é um colega de classe — eu pensei um pouco.— Ele é ruim em linguagens.
— Então ele bomba nas provas com frequência?
— Na verdade não. Como devo dizer… é a maneira como ele usa as palavras que é estranha.
Mayaka ergueu as sobrancelhas, indicando que eu estava dizendo algo estranho novamente. Eu sorri e expliquei.
— Ele usa a palavra "expectativa" muito levianamente.
— E o que tem? Não é como se essa palavra fosse um tabu.
— Ahn-ahn — eu levantei o meu dedo indicador e balancei ele duas, três vezes. — Este é um assunto muito complexo. Explicarei para vocês assim que o Festival Cultural terminar.
— Hmm… Fuku-chan…
— Ninguém deveria usar a palavra "expectativa" enquanto se está confiante de si mesmo.
Interrompi Mayaka antes que ela pudesse continuar, o que era raro. Mayaka fechou a boca e conteve tudo o que queria dizer.
Olhando para o corredor decorado, sorri. Eu era muito bom em sorrir, a ponto de não saber fazer uma cara séria.
— Os dicionários geralmente têm uma definição predefinida para uma palavra. Eu não sou uma pessoa que cita dicionários. Então, Mayaka, embora eu não saiba como um dicionário definiria essa palavra, para mim, 'esperar' é algo que você diz só quando desiste.
…
Eu realmente esperava que ela tivesse dito algo em resposta, ou estaria apenas falando sozinho.
— Só se espera quando se está esgotado de tempo, recursos ou energia. A razão pela qual Nelson disse 'A Inglaterra espera que cada homem cumpra o seu dever' para os seus homens foi porque até o próprio Nelson não tinha tanta certeza se conseguiria derrotar a França. Alguém só 'espera' quando todas as outras opções estiverem esgotadas. Tani-kun não espera nada de mim, pois ele achava que era capaz de descobrir algo sozinho. É sobre como os jovens de hoje em dia usam mal suas palavras. Deveria haver uma reforma no ensino da língua japonesa. Use a palavra 'esperar' em ocasiões em que…
Como esperado de Mayaka. Justamente quando pensei que ela estava apenas ouvindo, ela falou com seu habitual tom irritado.
— Como quando o Oreki supera você ao descobrir alguma coisa?
Bravo. Eu bati uma palma.
— Uau, como você sabia? Eu não falei sobre isso com ninguém.
— Sendo você, eu consigo dizer só de olhar.
Eu era realmente do tipo que mostrava coisas no meu rosto?
Aproximando-se do ginásio, o corredor ainda estava cheio de estudantes sorridentes da Escola de Kami. Todos se sentiram totalmente satisfeitos ou queriam se divertir o máximo que pudessem nesses três dias. Atenuados por tantas risadas, mal podíamos ouvir um ao outro falar. E então, fingi não ouvir a resposta de Mayaka.
— Fuku-chan, você queria tanto assim vencer o Oreki?
No entanto, não fui capaz de ignorar isso. Não, não é isso, não era isso que eu pretendia, mas…
— Bem, é coisa de homem. Vocês não entenderiam mesmo se eu explicasse para vocês.
Olhando de revesgueio para mim, Mayaka murmurou algo sem emitir nenhum som. Consegui entender "Isso não é verdade" pelos movimentos dos lábios dela. É que Mayaka raramente faz uma expressão tão tranquila, e eu nunca a vi assim antes.
Então, em resposta, coloquei alegremente as mãos atrás da cabeça e disse.
— Eu deveria ter percebido desde o início, agora que penso nisso. Fui descuidado. Ele é do tipo que terminaria as coisas perfeitamente, sem fazer movimentos desnecessários nem por um momento.
Mayaka inclinou a cabeça para sinalizar que não entendia o que eu estava dizendo. Entrando no corredor de ligação, nos aproximamos do ginásio onde será realizada a Cerimônia de Encerramento. Com uma voz que os estudantes do ensino médio de Kami ao nosso redor podiam ouvir, falei claramente. Afinal, isso foi algo que não tive vergonha de dizer, pois tinha muita certeza disso.
— Eu não consigo chegar a conclusões só com o meu banco de dados.
Mayaka sorriu amargamente em resposta.
ERU CHITANDA
NO FINAL, IRISU-SAN CONSEGUIU VENDER TODAS AS 30 CÓPIAS DE HYOUKA que eu dei para ela. Isso representa 15% do total de cópias. Nunca pensei que conseguiríamos vendê-los por esse método, então não sabia como agradecê-la.
Me dando uma pequena bolsa de náilon contendo a receita, Irisu-san sorriu suavemente.
— Eu os venderia pelo preço cheio se pudesse.
— Não, isso é mais que o suficiente.
Essas 30 cópias foram vendidas com desconto de 50 ienes, mas 150 ienes ainda valem mais que nada. Afinal, é melhor vender esses 30 exemplares com desconto do que descartá-los completamente.
Embora eu não tenha ouvido os números exatos de Oreki-san, ouvi dizer que ele vendeu muitas cópias na Sala de Geologia. Pude finalmente sentir algum alívio depois de um Festival Cultural tão longo e corrido. Depois disso... sim, só falta investigar a pessoa conhecida como "Juumoji-san".
Eu farei isso. Não há nada que possa me impedir.
Depois de agradecer desajeitadamente, eu estava prestes a voltar quando Irisu-san me parou.
— Sim?
— Hmm… É melhor eu te dizer isso agora.
É raro que Irisu-san fique tão hesitante com suas palavras. Será que é algo importante? Eu me levantei e respondi.
— Sim, o que é?
Ela falou, escolhendo as suas palavras cautelosamente.
— Meu conselho… eu ouvi você usando ele na transmissão.
Ah, a transmissão da rádio da escola. Qualquer pessoa na escola ouviu aquela transmissão. Mesmo que eu já soubesse disso, ao ser informada desse fato, ainda me senti um pouco envergonhada.
Ainda assim, foi graças a Irisu-san que a minha entrevista na rádio correu bem. É isso mesmo, devo agradecê-la adequadamente por isso.
— É graças a você que eu consegui fazer isso direito…
— É sobre isso…
Irisu-san me interrompeu, com um tom enfático.
— Eu fui muito inocente. Eu nunca achei que você fosse pôr em prática o conselho que eu te dei.
— Eu sabia qual era sua intenção quando você concordou em aparecer naquele programa de rádio. Você provavelmente levou um bilhete quando foi, certo? Então eu vou te dizer claramente: você não serve pra esse tipo de coisa.
…
Sem perceber, eu concordei gentilmente com a cabeça.
Uma vez que ela começou a falar, Irisu-san não deu sinais de que iria parar.
— A não ser que eu esteja enganada, eu sempre soube que você não é do tipo que gosta de confiar nos outros. No entanto, não acho que você deva continuar manipulando as expectativas de outras pessoas dessa maneira. Da maneira como você falou e o comportamento que você assumiu, isso faz você parecer muito dependente. Embora seja uma maneira muito eficaz de dar a alguém a ilusão que eles são confiáveis, é arriscado continuar assim, não apenas no longo prazo, mas também no curto prazo.
Ela deu um conselho sério.
Ela estava certa. Percebi que estava muito desconfortável comigo mesma depois daquela transmissão de rádio. Durante esse tempo, ou melhor, durante estes três dias, perguntei-me se estava sendo meio dependente de outras pessoas.
Talvez eu estivesse muito consciente do meu relacionamento com Oreki-san. Ansiosa e consciente de que estava constantemente obrigando-o a explicar coisas que não entendia, sem nem mesmo tentar descobrir sozinha.
Apesar disso, confiar em tantas pessoas e conseguir algum acordo com elas era, como devo dizer isso? ...Sim, para citar Oreki-san, isso vai contra minha crença pessoal.
Acho que é problemático confiar em outra pessoa para resolver os próprios problemas. Embora seja verdade que o Clube dos Clássicos não conseguiu vender sozinho todas as antologias, não estou habituado a tal solução. Não consegui distinguir entre "expectativa" e "confiança". Poderia meu cansaço da noite passada estar relacionado a essas ansiedades?
Com uma certa relutância, eu perguntei.
— Eu realmente soei tão dependente assim?
Irisu-san colocou a mão do lado do rosto e levantou o seu dedo mindinho.
— Não, eu quero dizer que você soou tão dependente quanto a ponta do meu dedo. Se você continuar com essa prática, mais cedo ou mais tarde, o fingimento pode se transformar em sua realidade. É verdade que você nunca negociou assim antes... mas nesse caso, você deveria ter colocado suas expectativas nas pessoas que poderiam fazer a tarefa. O que estou tentando dizer é que você deveria parar com essas manobras desconcertadas e apenas dizer o que quer dizer. Embora ir direto ao ponto muitas vezes seja sua fraqueza, por outro lado, também pode ser sua maior arma... Você entende o que quero dizer?
Sim, eu entendo. Irisu-san estava preocupada comigo.
Se eu me desculpar, ela pode se preocupar demais. Então eu dei a ela um sorriso tranquilizador e disse.
— Sim, eu estava pensando a mesma coisa... eu simplesmente senti que não era adequada para tal coisa. Hmm, em outras palavras... estou cansada disso.
Irisu-san sorriu gentilmente em resposta.
MAYAKA IBARA
APÓS O TÉRMINO DA CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO, O FESTIVAL Cultural da Escola de Kamiyama chega oficialmente ao fim. Embora as aulas normais não sejam retomadas imediatamente, antes disso, todos os alunos são obrigados a limpar a escola antes de sair.
Pegando emprestado algo de Oreki, aproveitei esse momento para ir para a Primeira Sala de Preparação. Eu não estava com vontade de ir para o Clube de Mangá e não estava pensando em derrotar Kouchi-senpai agora, de todos os momentos. Ainda assim, eu queria pelo menos mostrar-lhe Cinzas ao Crepúsculo. Apesar da minha posição no Clube de Mangá e de sua política durante o Festival Cultural, eu simplesmente queria mostrar isso a ela como uma colega amante de mangá.
Por sorte, Kouchi-senpai estava fora da sala de aula conversando com o Presidente Yuasa. Eu a chamei de alguma distância.
— Senpai.
Ambas se viraram.
— Ah, Ibara…
Kouchi-senpai suspirou e perguntou com o seu comportamento de sempre.
— Sim, o que é?
— Eu sei que é um pouco tarde, mas, aqui — eu mostrei a cópia de Cinzas ao Crepúsculo para ela. — Eu trouxe o mangá que eu achava que se tornaria um clássico algum dia…
O olhar de Kouchi-senpai se aguçou como se fosse disparar no meu peito. Ela olhou para a cópia de Cinzas ao Crepúsculo com bastante amargura, antes de suspirar profundamente.
— Vamos a algum outro lugar.
O lugar que ela me levou foi o mesmo lugar onde falei com o Presidente Yuasa, o telhado do corredor de ligação. Apoiando-se no corrimão, Kouchi-senpai olhou para o pátio abaixo. Fiquei a alguns passos dela e observei as suas costas. Ao fundo, podíamos ouvir o som de pessoas limpando coisas, demolindo barracas improvisadas. A brisa que soprava no final da tarde estava um pouco fria.
Continuei atrás dela enquanto ela olhava para o pátio. Deste ângulo, sua figura parecia bem pequena. Ela falou, enquanto ainda estava de costas para mim.
— Então você realmente o trouxe com você?
— Sim. Apesar de não ser meu.
Eu percebi que os meus lábios estavam ficando secos, e os lambi antes de continuar.
— Senpai, você conhece esse mangá, não conhece?
— Yuasa te disse, né? Ela pode ser bem enxerida às vezes.
— Ela disse que você era amiga do autor desse mangá.
Embora eu não pudesse ver como ela estava de costas para mim, pude sentir como se ela estivesse sorrindo gentilmente.
— Amiga, hm? Eu me pergunto como Haruna está agora. Eu pedi o número dela, só para garantir. Não falo com ela há muito tempo.
— Você leu o mangá?
Não houve resposta.
Meus joelhos tremiam, mas não porque estava frio. Embora eu estivesse acostumada a intimidar o Fuku-chan, eu nunca havia feito uma pergunta a alguém assim antes...... Eu estava com medo, tanto que meu coração batia mais rápido e minhas pernas tremiam.
Apesar disso, como éramos apenas nós duas, ninguém notaria o quão assustada eu estava. Apertei ainda mais os punhos.
— Eu entendo o que você está tentando dizer. Se um mangá é interessante ou não, é puramente subjetivo, eu também entendo que cabe a cada indivíduo decidir se um mangá é adequado ou não. Mas eu ainda acho que isso está errado. Isso não seria um pouco fútil?
A voz da senpai estava extremamente calma.
— Bem, para Cinzas ao Crepúsculo… é muito sério, sabe. Se minha preferência fosse comédia, eu não me incomodaria em lê-la. Não é esse o caso?
— Não, não é. Só se pararia de ler depois de começar. Então, tenho certeza de que este mangá tem a capacidade de fazer você entender depois de lê-lo.
— Só para aqueles que conseguem perceber a diferença.
— Kouchi-senpai!
Senpai continuou olhando de costas para mim, sem se virar. Lentamente colocando a mão no bolso da camisa, ela tirou algo. Parecia uma caneta, pois pude ouvi-la removendo a tampa. Ela então começou a rabiscar algo no corrimão.
— Eu só estava zoando.
— Quê?
Eu achei que tinha ouvido errado, mas Kouchi-senpai repetiu.
— Eu só estava zoando. Claro que eu entendo. Você realmente acha que eu diria seriamente que o trabalho de todo mundo vale o mesmo, subjetivamente? Você com certeza não aguenta uma piada, garota boba.
…
Eu lentamente relaxei o aperto que eu tinha em meus punhos. Não foi aquilo que Ayako quis dizer. Essas palavras da Presidente Yuasa ecoaram na minha cabeça.
Eu conseguia sentir a brisa fria soprando o meu traje de educação física.
Sob tal brisa, eu mal conseguia ouvir a Kouchi-senpai limpando a garganta.
— Não poderia simplesmente me deixar em paz…
…
— Eu li, mas apenas até a metade. Embora não tenha tido coragem de jogá-lo fora. Mas ainda assim não vou ler, sabe por quê?
Eu balancei a minha cabeça.
Eu não conseguia ver a sua expressão, mas eu consegui ouvir ela rindo levemente.
— Você disse que eu entenderia, eu li, certo? Sim, eu entendi. Muito. Mas não consegui admitir. E você? E se uma amiga que nunca leu nenhum mangá antes decidisse escrever um e surgisse com algo assim... você normalmente pensaria que seria ridículo, certo?
…
E você?
Eu não conseguia entender por que ela nunca leria um mangá escrito por sua amiga.
…Não, é realmente isso que eu acho?
E se Chi-chan de repente decidisse desenhar um mangá?
E se ela acabasse criando uma obra-prima como Cinzas ao Crepúsculo?
Eu seria capaz de lê-lo sorrindo?
Kouchi-senpai parou de rabiscar. Suas palavras foram extraordinariamente calmas.
— Então, escondi-o em uma caixa e guardei-o bem dentro. A ponto de não conseguir vê-lo e dizer a mim mesma que tal obra-prima não existe. Mas ela simplesmente não podia me deixar em paz. Quem diria que uma cópia vendida no Festival de Kanya do ano passado acabaria reaparecendo nas mãos de uma primeiranista. E ainda por cima durante o Festival de Kanya? Deve ser o destino.
Senpai disse, enquanto colocava a tampa de volta na caneta. Como se estivesse saltando, ela se afastou do corrimão. Acenando com a mão, ela se dirigiu ao prédio da escola. Sem olhar para mim, ela disse.
— Sinto muito que você tenha se dado ao trabalho de me mostrar isso, mas não vou ler. Como não é seu, você terá que devolvê-lo ao dono. Porque… sabe? Se eu ler, terei que ligar para ela. E teria que dizer 'Eu li, foi incrível! Estou ansiosa pela sua próxima obra!' Isso não é algo que eu gostaria de dizer, sabe?
Não fui capaz de impedir Kouchi-senpai de sair. Caminhando levemente como se nada tivesse acontecido, ela desapareceu da minha vista. Todo esse tempo, ela nunca me olhou na cara.
Foi então que notei o rabisco que ela havia rabiscado no corrimão. Era um personagem semideformado, um gato antropomórfico. Ele não estava usando nada em particular, exceto um par de botas largas... Percebi que já tinha visto esse personagem antes e sussurrei.
— Isso é de… Conversa Corporal.
Entendo. É por isso.
Ambos os meus preciosos mangás Cinzas ao Crepúsculo e Conversa Corporal são incríveis. Mas se eu tivesse que escolher um desses dois, teria que escolher Cinzas ao Crepúsculo depois de alguma agonia.
E eu percebi que Kouchi-senpai também chegaria à mesma conclusão.
Eu…
Em comparação com Cinzas ao Crepúsculo e Conversa Corporal, lembrei-me de quão chato meu próprio mangá era, e de repente me vi chorando…