Volume 2
Capítulo 6: O Ponto Cego de 10.000 Pessoas
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Na manhã seguinte, após me certificar de que a fita de vídeo estava na minha bolsa de ombro, saí de casa. Depois de prometer revisar o filme ontem no Hifumi tea house, Irisu entregou uma fita de vídeo que ela havia preparado antecipadamente e disse.
— Não temos muito tempo. Eu vou encontrá-lo em um lugar designado por você amanhã às 13h e ouvir sua conclusão sobre este assunto.
Depois de considerar minha própria casa ou o Café Sanduíche de Abacaxi, que frequento tanto, decidi encontrá-la na Sala de Geologia.
Neste momento, eu estava indo em direção à Sala de Geologia. Era quase dez horas quando saí das ruas residenciais e segui para a rua principal. Pelos próximos quinze minutos, enquanto passava por vários carros e pessoas, minha mente estava em branco, exceto por uma canção folclórica favorita que constantemente tocava enquanto eu movia minhas pernas. Eu tinha mais ou menos esquecido os detalhes do filme. Era ineficiente pensar em tal estado.
No final da rua principal, pude avistar a Kamiyama High School. Ao chegar lá, uma voz me chamou por trás.
— Hmm, Houtarou?
Cidade pequena essa. Virei para encontrar Satoshi, usando seu uniforme de verão padrão da Kamiyama High School e carregando uma mochila de cordão, descendo de sua bicicleta com um sorriso. Acenei com a mão em vez de cumprimentá-lo.
— Você também está indo para a escola hoje?
Ele assentiu e arqueou as sobrancelhas.
— Que raro Houtarou vir à escola por vontade própria durante as férias. Tem algum negócio?
— Não posso vir à escola se não tiver algum?
— Claro que pode. É só que é tão fora do seu habitual que algo deve estar acontecendo.
Mordi a língua. Nunca pensei nisso, mas parecia que meu comportamento de economia de energia era tão fácil de ler quanto o comportamento impulsionado pela curiosidade de Chitanda.
Não tinha motivo para esconder. Não, eu estava pensando em deixá-los saber, por isso escolhi encontrá-los na Sala de Geologia em primeiro lugar. Então eu disse.
— Estou em missão oficial imperial da Irisu. Ela me ordenou que designasse um assassino para a morte de Kaitou.
Se foi intencional ou não, Satoshi ficou rígido por três segundos inteiros ao ouvir isso. Por alguma razão, então ele revelou um rosto muito alegre enquanto dizia com a voz elevada.
— Uau! Quem poderia imaginar? Você foi a última pessoa em minha mente que aceitaria uma missão assim.
— A retidão e a compaixão de Oreki Houtarou não têm limites.
— Ótima tirada, Houtarou.
— Estou com pressa.
Satoshi começou a andar ao meu lado enquanto empurrava sua bicicleta. Como a estrada não era larga, acabei me inclinando para o lado da estrada.
— Que mudança de coração a sua. Eu me pergunto se poderia ter algo a ver com isso? Quer que eu te conte o que é 'isso'?
Ele cutucou, ao que eu permaneci em silêncio.
— É pelo bem da Chitanda-san, não é?
Ele disse algo com ares de fato. Para começar, era uma conclusão feita à luz dos resultados dos últimos meses. Quase todos os incidentes problemáticos nos quais o Clube de Clássicos se envolveu foram iniciados pela Chitanda. Desenvolveu-se um padrão onde ela me coagia a me envolver profundamente. Embora houvesse uma exceção.
Esta era a segunda exceção. Eu balancei a cabeça e disse.
— Não, não é.
Embora tenha sido de fato Chitanda quem trouxe o caso à tona, não foi por causa de seu pedido que eu vim para a escola hoje.
Satoshi arqueou as sobrancelhas com minha resposta inesperada.
— Não foi a Chitanda-san? Então foi um capricho? Ou você está fazendo isso por caridade... não, não pode ser. Embora você não tenha dito, isso também está de acordo com seu lema 'Se eu não precisar fazer, não farei. Se eu tiver que fazer, faça rápido', certo?
Claro, essa era minha intenção original. Como resultado de Satoshi ser completamente franco sobre isso, fiquei ainda mais descontente. Eu disse abruptamente.
— Preciso explicar até isso para você?
Ele encolheu os ombros.
— Não realmente. Mas eu não queria fingir que não estava interessado em saber o porquê. Devo pedir desculpas?
Sorri e deixei o assunto de lado.
Caminhamos juntos em silêncio por um breve momento. Como não havia mais nada a dizer, Satoshi moveu-se para pegar sua bicicleta na tentativa de seguir em frente. Embora não achasse necessário impedi-lo, ainda o chamei.
— Satoshi.
— Hmm?
Embora o chamasse, não tinha nada em particular para dizer. Percebendo isso, tentei ser franco sobre o dilema em que estava.
— Você acha que há coisas que apenas você poderia fazer?
Era uma pergunta ambígua. Ele inclinou a cabeça e respondeu cautelosamente.
— Não tenho certeza por que você está perguntando, mas... entre todas as pessoas que já viveram neste mundo, passado, presente e futuro, eu acho que há uma coisa que apenas eu poderia fazer.
Mesmo nessas condições?
— E isso é?
— Não é óbvio? É 'passar os genes de Fukube Satoshi'.
Ele disse e sorriu. Ele não parecia estar brincando. Era sua maneira de zombar de suas próprias inadequações como Joe Médio.
— Me desculpe. Permita-me reformular. — Pensei por um momento. — Dentro da Kamiyama High School, há algum talento no qual você se considere sem igual?
Ele respondeu imediatamente.
— Não. — Fiquei sem palavras com a rapidez e precisão de sua resposta. Satoshi disse com um tom despreocupado — Eu te disse antes, Fukube Satoshi não possui talentos nenhuns. Pegue minha paixão por me tornar um Sherlock Holmes, por exemplo: não há como eu me tornar um. Eu não tenho o que é necessário para entrar num labirinto infinito de conhecimento apenas para persegui-lo. Se a Mayaka se interessasse por Sherlock Holmes, posso garantir que ela superaria meu conhecimento em três meses. Eu sou o tipo que só dá uma espiada nas entradas e pega um ou dois panfletos para ler. Eu não me consideraria sem igual em nada.
Nunca pensei que ouviria Satoshi dizer essas coisas. No entanto, Satoshi as disse calmamente como se estivesse falando sobre o clima. Enquanto eu permanecia sem palavras, ele sorriu maliciosamente.
— Agora entendi, o motivo pelo qual Houtarou quer tentar resolver o mistério do filme.
......
— Irisu-senpai reconheceu suas habilidades como detetive, não é? Ela deve ter dito que você era o único que poderia resolver isso, e você acabou concordando, certo?
Damn, será que ele era um telepata ou o quê? Então eu assenti.
— Mas isso é um negócio arriscado, confiar suas habilidades baseado nas palavras da 'Imperatriz' sobre seu conhecimento.
— Mas você mesmo não está suspeitando disso.
— Talvez... De qualquer forma, vou adiantar e preparar o vídeo.
Satoshi subiu em sua bicicleta de montanha e saiu pedalando. Quando ele estava prestes a pedalar, percebi que tinha algo que queria dizer. Seria ruim se eu acabasse não dizendo nada.
— Satoshi.
— Sim?
— Não sei o que você vai pensar disso, mas acho que você vale mais do que isso. Acho que chegará o dia em que você será um dos melhores Holmesianos do Japão.
Satoshi piscou os olhos, mas logo voltou à sua expressão padrão sorridente.
Ele deu de ombros e se virou para me dizer.
— Mais do que ser um Holmesiano, sou apenas muito fascinado por Sherlock Holmes, é só isso. Além disso...
— ?
— Além disso, agora sinto que valeu a pena para mim dar essa resposta a você agora mesmo.
***
O filme estava chegando ao seu clímax. Os seis membros pegaram cada um uma chave e seguiram caminhos separados. Aguardávamos a tragédia que estava por vir, onde o corpo mutilado de Kaitou seria descoberto.
Usando a televisão empoeirada na Sala de Geologia, assisti ao filme ainda sem nome. A tela mostrava o corpo de Kaitou sendo descoberto.
Sentada a certa distância de mim, Ibara disse admirada.
— Eles fizeram um ótimo trabalho com o braço do Kaitou-senpai. Aproveitaram bem a iluminação fraca para convencer o público de que é um braço real.
Quando ela descobriu que eu tinha vindo para a escola sem motivo particular, sua reação foi de surpresa. Quando ouviu minha declaração de desafiar o mistério deixado por Hongou, seus olhos se arregalaram.
Falando nisso, ela veio porque não suportava a ideia de ser deixada de lado por Irisu-senpai e decidiu tentar descobrir a verdade de uma vez por todas. Ela também podia ser uma pessoa formidável para lidar.
Satoshi acrescentou com um sorriso.
— Agora, se ao menos a atuação deles fosse um pouco melhor. No final das contas, foi a divisão de adereços que se saiu melhor.
E assim acabei assistindo ao vídeo pela segunda vez. Embora tenha ouvido dizer que uma cena de crime deve ser visitada pelo menos cem vezes, não pretendia assistir a essa coisa tantas vezes. Nem Satoshi nem Ibara, que vieram apenas para assistir ao filme, fariam isso. E ainda bem por isso.
Enquanto Katsuta corria em direção ao Palco Esquerdo, apenas para descobrir que o caminho estava completamente bloqueado, ele ficou pasmo e disse.
"De jeito nenhum..."
A cena desapareceu para o preto.
E o vídeo acabou.
Sem nunca se cansar de tarefas insignificantes, Ibara se levantou imediatamente para rebobinar o vídeo e desligar a TV também.
Para ser honesto, pensei que Chitanda também teria vindo antes de eu terminar de assistir ao vídeo, pois ela tem poderes surpreendentes de observação e uma boa memória. Embora realmente ela não tenha conseguido usar sua observação e memória para uma boa análise, eu estava pensando em usar esses talentos dela hoje.
No entanto, ela nunca veio, então perguntei a Ibara.
— Ibara, o que aconteceu com a Chitanda?
Ao ser perguntada, ela fez uma expressão difícil. Era um sorriso misturado com algum arrependimento.
— A Chi-chan ainda está dormindo.
— Como assim? Ela pegou um resfriado de verão de novo?
— Não — Ela pausou por um momento. — Ressaca.
— Isso é... raro...
Concordei com o excelente comentário de Satoshi.
— De qualquer forma. — Tentando voltar ao assunto, Satoshi mudou de posição. — Ao assistir isso novamente, ainda não vejo nada complicado nisso. E isso mais ou menos derruba os restos das teorias dessas três pessoas.
Concordei totalmente. Depois de três dias de revisão, percebi que o mistério deixado por Hongou não era fácil de resolver, mas ao assistir a este vídeo, tive apenas uma impressão leve disso.
— É difícil encontrar algo fácil em algo difícil.
Murmurei sozinho. Embora tenha me ouvido, Ibara olhou para mim como se visse um tolo, estufou o peito e disse:
— Você está errado, o mistério foi filmado de maneira fácil demais.
— É mesmo? Como assim?
— Aqui está o que eu acho: como filme, foi filmado de maneira bastante entediante que torna difícil empolgar o público, o que torna o mistério desinteressante. Pensei que se eles se esforçassem na atuação e na cinematografia, poderiam ter transformado isso em um mistério de quarto fechado mais interessante.
Será que era isso? Não achei que a impressão de alguém sobre uma obra literária mudaria dependendo de suas questões técnicas. Assim como eu discordava, Satoshi de repente sorriu como se tivesse encontrado uma alma gêmea.
— Uma observação sábia. É verdade que quando assisti a isso pela primeira vez e descobri que era um mistério de quarto fechado, não pareceu ser um. Se ao menos eles pudessem colocar mais esforço em sua atuação... Mas será que a cinematografia realmente foi tão ruim?
Ibara assentiu.
— Foi ruim.
— Como você teria filmado então?
— Eu? Vamos ver... Pegue a primeira cena mostrando a área de Narakubo, por exemplo. Se o cinegrafista tivesse se posicionado mais longe, ele poderia filmar os atores junto com as ruínas para um efeito melhor. Além disso, hmm, embora não tenha pensado nisso inicialmente, na parte em que os outros membros se reuniram depois de se separarem, o rosto do Sugimura-senpai podia ser visto da sala de equipamentos, certo? Acho que seria mais fácil para o público entender se essa cena fosse filmada do ponto de vista do Sugimura-senpai olhando para o saguão. Ah sim, e se isso fosse feito, poderíamos ver o Sugimura-senpai observar para onde os dois membros no segundo andar foram também, e então mudar o ponto de vista para um desses dois. Além disso...
Ela continuou. Ibara realmente gosta de assistir a filmes de detetive, então era tão apropriado quanto Satoshi a interromper com um sorriso. Se ele não tivesse feito isso, provavelmente não teríamos ouvido o fim dela.
Suspirei e disse.
— Não chegaremos a lugar nenhum se só ficarmos reclamando de como o filme foi mal feito.
— Verdade. No final das contas, o problema está nos métodos. Que tal darmos uma olhada nisso? Talvez nem todas as possibilidades tenham sido descartadas. Embora possamos ter um limite de tempo, isso deve ser divertido.
Assim que Satoshi terminou, um intruso havia chegado.
A porta da Sala de Geologia foi aberta com força por alguém que eu não conhecia. A marca em seu colarinho indicava que ele era um calouro.
Desviando os olhos de mim, ele encontrou a pessoa que procurava e gritou.
— Aí está você, Fukube!
Ao vê-lo, uma expressão amarga apareceu no rosto de Satoshi. Embora eu pudesse ouvi-lo clicar a língua, ele rapidamente voltou ao seu rosto sorridente.
— Olá, se não é Yamauchi-kun? Veio se juntar ao Clube de Clássicos?
O sujeito chamado Yamauchi ignorou o discurso sábio de Satoshi e se aproximou dele, agarrando-o pelo colarinho.
— Ei! Não precisa ser tão violento!
— Ah, não me venha com isso! Estou fazendo isso por seu próprio bem! O Omichi está levando a sério! E o que você vai fazer se acabar repetindo o ano?
O nome Omichi me trouxe à mente. Ele era o rigoroso professor de matemática. Agora entendi. Cruzei os braços e sorri para Satoshi.
— Satoshi, você realmente deveria frequentar suas aulas de revisão, sabia? Não disse que estaria ocupado estudando para seus exames?
Yamauchi, que eu presumi ser um dos amigos de Satoshi, agarrou-o instantaneamente pela cadeira. Mesmo assim, Satoshi não perdeu a compostura enquanto implorava.
— É isso aí, Houtarou! Continue assim e logo estará resolvendo o mistério da Hongou-senpai!
Vendo que ele não estava ciente da situação em que se encontrava, Yamauchi gritou.
— A aula de revisão está prestes a começar, idiota! Vai logo!
— Nããããoooo~~!!! E o quarto selado? O quarto selaaaaaado~~!!!
Satoshi desapareceu, deixando para trás um rastro de gritos.
Suspiro. Como devo comentar sobre isso? Se eu tivesse que resumir em uma frase: ele era um idiota? ...Justo quando eu estava pensando isso, ele voltou aqui. Tirando seu caderno de sua mochila, ele o empurrou na minha direção.
— Infelizmente, as coisas estão fora do meu controle. Como chegou a isso, deixo o resto nas suas mãos... Até mais!
Ele saiu correndo novamente. Bem, boa sorte. Que Satoshi seja promovido para o segundo ano.
Assim que o evento tempestuoso passou, Ibara também se levantou.
— Bem, eu também devo ir.
— Mesmo?
— Qual é, com esses olhos? A Irisu-senpai não me pediu para te ajudar, afinal... Estou de plantão na biblioteca às onze. Se soubesse o que você estava fazendo hoje, teria mudado meu turno com antecedência, então é culpa sua por decidir em cima da hora.
Ela disse severamente enquanto pegava sua bolsa e saía da Sala de Geologia.
Parada perto da porta, ela se virou e disse de forma habitualmente apologética.
— Mas... Desculpe, Oreki.
Acenei com a mão para ela se despedir.
Agora eu estava sozinho na sala de aula. Suspirei, estiquei as costas, cocei a cabeça, cruzei os braços, fechei os olhos e comecei a pensar.
Se eu lembrasse lentamente do filme que acabara de assistir novamente e dos fatos que deduzi nos últimos três dias... Tentei conectá-los. Se fosse eu, eu...
...E finalmente cheguei a uma conclusão.
Como era uma conclusão difícil de acreditar, a revisei muitas vezes. Ainda assim, não encontrei falhas. Então tinha que ser esta.
Murmurei.
— Este é o verdadeiro objetivo de Hongou.
Olhei para o meu relógio de pulso. O tempo havia passado das doze e estava se aproximando rapidamente da uma sem que eu percebesse. Rapidamente tirei um onigiri da minha bolsa para encher meu estômago vazio.
Depois de terminar, tomei um gole de chá verde em lata, que não se comparava nem de longe ao copo de chá gelado que tomei ontem, quando alguém bateu na porta.
— Entre.
Quem entrou não era ninguém menos que a Imperatriz, Irisu Fuyumi, que estava com o uniforme escolar hoje. Seja casual ou com uniforme, ela nunca deixava brechas. Levantei-me por cortesia e fiz sinal para que ela se sentasse na cadeira à minha frente. Ao se sentar, eu também me sentei.
Irisu pulou as formalidades e foi direto ao assunto principal.
— Primeiro, gostaria de saber se você chegou a uma conclusão ou não.
Engoli em seco e assenti em vez de responder. Irisu arqueou ligeiramente a sobrancelha.
— Entendo.
Ela disse sem revelar muita emoção, como era de se esperar dela.
—Então, vamos ouvir.
— Ok.
Meus lábios ainda estavam molhados do chá verde em lata que agora estava sobre a mesa. Já havia decidido por onde começar, então fui direto para a resposta final.
— A chave para este mistério é, sem dúvida, um quarto selado, o quarto onde Kaitou... desculpe, o senpai Kaitou morreu. Ninguém é capaz de entrar ou sair daquele quarto.
Talvez fosse minha imaginação, mas vi Irisu relaxar a boca. Percebendo isso, ela disse, tentando suavizar as coisas.
— Oh, você pode falar normalmente e dispensar os honoríficos.
Uma permissão muito bem-vinda. Era bastante incômodo ter que falar de maneira formal e adicionar honoríficos a tudo conscientemente. Assenti com a cabeça e fui direto ao cerne do assunto.
— Como discuti a composição deste quarto selado ontem, posso estar repetindo algumas coisas, então por favor me aguente.
Como o quarto selado está no Palco Direito e considerando que a janela não foi filmada sendo aberta do lado de fora sem danificá-la, a única maneira do assassino entrar foi pela porta. Mas como? O filme não revelou se houve algum truque físico usado para abrir aquela porta. Então devemos presumir que o assassino simplesmente usou a chave mestra obtida no escritório do teatro. Acho que Satoshi chama isso de navalha de Occam.
— Entretanto, o assassino não foi capaz de entrar no corredor direito, que era a única maneira de chegar ao Palco Direito. Isso porque Sugimura estava constantemente observando de cima. Se alguém obtivesse a chave mestra e entrasse pelo corredor direito, então não poderia ter sido uma das seis pessoas lá.
— Nesse caso, o que tudo isso significa?
Parei por aí. Não diria que o seguinte não era interessante, pois eu não pensava assim. Era apenas um desperdício ser tão direto sobre isso, é só isso.
— Se o assassino não estava entre os seis, então só pode haver uma explicação... Havia uma sétima pessoa presente.
Essa foi minha conclusão.
Irisu me lançou um olhar severo, como se eu tivesse acabado de espalhar uma fofoca trivial.
— Uma sétima pessoa? Como o que Sawakiguchi sugeriu?
— Sob certas condições, sim. Pareceu bastante ridículo quando pensei sobre isso pela primeira vez, já que foi Sawakiguchi que disse que Hongou estava procurando um sétimo ator. Quando pensei nisso, fiquei certo de que havia uma sétima pessoa presente.
Sem dizer uma palavra, Irisu me instigou a continuar. Mesmo que ela tivesse objeções, provavelmente estava esperando eu terminar primeiro. Isso facilitava as coisas para mim.
— No entanto, você me disse que Hongou pretende dar ao público uma chance justa de resolver o mistério. Então não direi que isso foi obra de algum assassino que aparece do nada. Aliás, eu só percebi isso ao reassistir ao vídeo, mas observei muitas coisas estranhas. Felizmente, Satoshi as tinha todas escritas neste caderno; deixe-me ler para você.
— Kounosu vê o mapa, uma luz foi acesa. Provavelmente uma lanterna de mão… Eles foram ao quarto restante para procurar Kaitou. O corredor estava escuro e mal iluminado. A lanterna foi acesa...
— Você notou algo?
Irisu respondeu instantaneamente.
— A lanterna?
— Exatamente. — Passei a língua pelos lábios, pois isso era muito importante. — Como resultado, nunca foi revelado quem estava usando a lanterna. Deveria ser possível descobrir quem era nas cenas logo após a lanterna ser acesa; por exemplo, quando a cena do crime foi descoberta. Embora possa ter havido tempo para a pessoa esconder a lanterna, seria muito irracional que isso acontecesse.
Irisu deu um olhar suspeito. Como eu sabia que ela não estava satisfeita depois de pensar sobre isso, expressei suas reservas.
— Entendo que você está pensando que isso é apenas a iluminação. Mas vamos deixar isso de lado por enquanto. — Não pude dizer se ela estava convencida ou não. Continuei de qualquer maneira. — Sem ofensa para aqueles que amam fazer filmes, mas este foi bem chato, quer fosse pela atuação ou pela cinematografia. Ainda assim, havia uma pista. Não assisto a muitos filmes, mas mesmo assim pude dizer que era chato. Especialmente a cinematografia; você pode não perceber, mas é como se não estivesse sendo feito muito esforço. Mas e se houvesse realmente uma razão para isso?
— O que eu quis dizer quando disse que não foi feito esforço na cinematografia? Para colocar de forma simples, você não achou a posição do cinegrafista estranha na maioria das cenas? Na maior parte do filme, o cinegrafista estava basicamente seguindo os seis membros... Agora você entende o que estou dizendo?
Embora sua postura ainda estivesse calma, percebi os olhos de Irisu se abrirem lentamente. Como era de se esperar da "Imperatriz", ela percebeu rapidamente. No entanto, mesmo Irisu Fuyumi não seria capaz de antecipar essa dedução. A sétima pessoa que sugeri era...
— Você está dizendo que a sétima pessoa é na verdade o cinegrafista?
Assenti. Percebi que estava ficando ousado sobre isso.
— Havia sete pessoas no total. Foram essas sete que decidiram e foram a Narakubo. A tela mostrava apenas seis pessoas, enquanto a sétima era quem segurava a câmera. Os outros seis apenas falaram apropriadamente ao serem instruídos a olhar para a câmera para dar seus pensamentos, o que significa que estavam conscientes da presença de um cinegrafista. Em vez de chamá-lo de 'cinegrafista', deveríamos chamá-lo de 'a sétima pessoa'.
— Esta sétima pessoa também foi quem ligou e desligou a lanterna. Não importa como você veja, a maneira como a lanterna foi ligada e desligada parecia ser muito deliberada. Mas se você pensar do ponto de vista de alguém carregando a lanterna, não foi nada anormal. A cinematografia descuidada ocorreu porque ele estava seguindo todos os outros; faria mais sentido considerar o cinegrafista como um personagem.
Enquanto eu continuava, percebi que Irisu estava ficando cada vez mais interessada.
— E então, esta é a parte mais importante, depois que todos se separaram, a câmera foi deixada no saguão sem que ninguém a segurasse. A cena então ficou escura; em outras palavras, a câmera foi momentaneamente desligada, antes de ser ligada novamente por um dos membros que voltou ao saguão.
— Assim foi fácil deduzir como o crime foi cometido. A sétima pessoa esperou até que todos estivessem dispersos pelo teatro, colocou sua câmera no chão e pegou a chave mestra no escritório do teatro. Depois de matar Kaitou, ele trancou a porta atrás de si e voltou ao saguão para esperar que todos os outros retornassem.
— Isso resume minha dedução. Se Hongou ainda não encontrou um sétimo ator, sugiro que se apresse e o faça.
Terminei tudo de uma vez e continuei a tomar meu chá verde em lata.
Essa foi minha dedução.
Irisu avaliou silenciosamente meu caso antes de perguntar.
— Duas perguntas. Primeiro, se o que você disse for verdade, não seria muito estranho ninguém interagir e falar com ele?
Eu já tinha preparado uma resposta para isso.
— Talvez Hongou tenha planejado isso. Em outras palavras, como a sétima pessoa foi totalmente ignorada pelos outros seis, não houve espaço para ele falar.
— Segundo, se isso for verdade, então os próprios personagens teriam deduzido, pois a pessoa mais suspeita seria aquela que deixou por último o saguão e retornou primeiro. Além disso, essa sétima pessoa não contornou o 'segundo quarto selado' que você mencionou, já que seu movimento também deveria ser notado pelas outras pessoas. Nesse caso, não haveria mistério a ser discutido.
Sorri propositalmente.
— Bem, para citar Sawakiguchi... Realmente importa se é um mistério?
........
— O principal objetivo deste filme era satisfazer os próprios cineastas, em vez do público. Não é algo com que os personagens devam se preocupar. Como Nakajou já havia observado antes, está tudo bem desde que o público considere um mistério; não importava se os personagens pensassem de outra forma... Pense bem, não foi por isso que ninguém foi designado como o detetive deste filme? Porque os personagens já haviam deduzido quem era o assassino sem nem ao menos deduzir.
Seguiu-se um minuto de silêncio. Irisu permaneceu quieta e olhou para baixo sem me olhar. Estaria ela perturbada por uma sugestão tão audaciosa?
No entanto, eu não estava em pânico, pois essa dedução estava correta. Não importa o quanto Irisu a avaliasse, o resultado era inevitável.
E finalmente, Irisu sussurrou.
— Parabéns.
— Hmm?
Ela levantou a cabeça e, ao contrário de sua expressão habitual escassa, deu um sorriso muito alegre ao dizer: — Parabéns, Oreki Houtarou. Você resolveu o mistério de Hongou. Foi uma dedução surpreendente e audaciosa, mas todos os fatos se encaixam, então tem que ser a verdade. Obrigada também, pois agora podemos concluir o filme.
Ela estendeu a mão direita.
Corei.
E apertei sua mão.
Foi um aperto de mão firme. Irisu então bateu no meu ombro com sua mão esquerda.
— Minha avaliação estava correta. Você tem habilidades que ninguém mais possui e que jamais poderiam ser substituídas.
...Entendi.
Irisu continuou com sua expressão alegre.
— Que tal isso? Para comemorar seu trabalho árduo, vou deixar você escolher o título do filme.
Um título, é? Não havia pensado nisso. No entanto, não era ruim deixar um nome para comemorar a rara ocasião em que acreditei em minhas habilidades.
Pensei por um tempo e disse o que me veio à mente.
— Certo, considerando o conteúdo... Que tal 'O Ponto Cego de 10.000 Pessoas'?
— Hmm. — Irisu assentiu muitas vezes. — Um bom título. Está decidido então.
Com o título do filme sem nome decidido, este negócio problemático que ocupou quatro dias inteiros das minhas férias de verão finalmente foi resolvido. Embora eu não tenha ganho nada material em troca, não me senti nem um pouco para baixo.
O fato de eu ter desempenhado o papel de "detetive" me deu uma sensação de realização.
Este capítulo foi traduzido pela Mahou Scan. Entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!