Hyouka Japonesa

Tradução: slag

Revisão: slag


Volume 2

Capítulo 4: Bloody Beast


Leia primeiro na Mahou Scan!


No dia seguinte.

Era outro dia bonito, com um clima agradável. Um bom dia para atividades de lazer. Assistindo um pouco de TV hoje de manhã, mostrava pessoas indo ao mar e às montanhas. Ahh, pele bronzeada, rostos sorridentes, isso que eu chamo de férias!

E aqui estávamos nós, reunidos em nossas mesas no canto da sala tendo uma reunião.

Mas, na verdade, eu não tinha preferência alguma. Ter uma reunião poderia até ser melhor para mim. Se eu tivesse que estar livre, então preferiria passar o tempo em um café com ar condicionado saboreando uma xícara quente de café. Em uma ocasião assim, apenas café preto com seu sabor amargo seria suficiente.

— Oreki, pare de devanear! Estamos pensando em uma solução aqui!

Minha consciência retornou à reunião. Mesmo sem ser dito, todos sabíamos que a pauta de hoje era a solução para o filme: Mistério (título provisório). Como estávamos apenas discutindo, não estávamos exatamente indo além de nossas responsabilidades como observadores. Estava apenas ouvindo em silêncio, já que era apenas o Satoshi resumindo a situação.

— Em outras palavras, o que Haba-senpai disse estava correto — o quarto lacrado era bastante rígido, já que não é fácil invadir um quarto lacrado duplo. Especialmente o quarto lacrado externo, que praticamente estava gritando — como se você pudesse invadir.

O quarto lacrado externo ao qual Satoshi se referia era o segundo quarto lacrado que Haba mencionou ontem. Como a entrada do corredor direito estava sendo vigiada por Sugimura, ninguém seria capaz de entrar furtivamente sem ser visto.

Chitanda inclinou a cabeça e disse timidamente.

— Então não pode ser invadido? Mas, como você pode ter tanta certeza?

— Bem, você vê, Chi-chan. — Ibara assumiu a explicação. — É sob o pretexto de que o segundo quarto lacrado de Haba-senpai existe. Se isso for invadido, então eles devem ter filmado algo sobre quando e como ele foi invadido. Se for esse o caso, então o elenco poderia ter tratado esses 30 segundos como um ponto cego onde eles mostrariam como o assassino entra. Mas não vimos nada desse tipo no filme. Como o filme era muito simples, simplesmente não há espaço para inserir nada extra.

— Oh, entendi. Então nunca foi mencionado se o assassino se infiltrou durante o breve momento em que Sugimura-san não estava vigiando o corredor, certo?

Ibara assentiu e continuou.

— Além disso, é a mesma coisa se fosse Sugimura-senpai tentando escapar das linhas de visão de Senouchi-senpai e os outros. Por isso, eu não havia pensado que Hongou-senpai consideraria a possibilidade de um segundo quarto lacrado. Aquilo foi apenas Haba-senpai pensando demais. Em vez disso, pensar a partir da premissa de quem entrou no corredor do lado direito seria melhor.

Desista, Ibara. Onde está a diversão se você tiver que fazer todo o pensamento? Embora Ibara tenha dado rapidamente um sorriso auto-depreciativo e acenado com a mão para dispensar o que acabara de dizer.

— Não, isso provavelmente também não funcionará. Já que eles já filmaram a parte em que Sugimura-senpai é mostrado de pé sobre o corredor, o que significa que ele estava observando o tempo todo.

Silêncio. 

A reunião chegara a um impasse. Reconhecendo o impasse, Chitanda de repente falou. 

— A propósito, quase esqueci. — Ela tirou algo da bolsa que estava carregando no ombro. — Aqui, peguem.

Eram alguns doces embrulhados em pequenas caixas elegantes com palavras em inglês escritas nelas. Pareciam bombons de uísque.

— O que é isso?

Diante da súbita aparição de tanto luxo, Ibara disse, olhando meio surpresa. Chitanda sorriu gentilmente.

— Esses são amostras de uma nova receita. Foi enviado para nós como presente pelos fabricantes de doces para o Festival Bon. Embora nós raramente comamos muitos doces, então...

Ao abrir as tampas, cada caixa pequena continha cerca de 20 bombons de uísque bastante grandes. 

— Como eu ganhei de presente, fiquem à vontade para comê-los.

Ela me entregou um. Tirei o embrulho de papel e coloquei o chocolate na boca. Eu podia sentir um forte sabor de amêndoa e uísque ao mordê-lo.

Chitanda perguntou

— Como está?

— Tem um gosto forte.

Ao ponto de ficar bêbado. Eu estava pensando em pegar outro, já que ela fez questão de nos dar, mas decidi não fazê-lo.

À medida que cada um de nós pegava sua parte dos doces, comecei a refletir.

O maior desafio que esse mistério apresentava era sua limitação de informações. Como Ibara havia colocado, como não foi realmente filmado meticulosamente, mal havia espaço para inserir algo extra. Para começar, seria possível resolver o mistério apenas assistindo ao filme? Realmente não quero assistir novamente apenas para confirmar. Além disso, o filme nem mostrou o fato de que a entrada do salão e as janelas voltadas para o norte estavam tapadas. Seria possível filmar o restante das cenas a tempo para depois de amanhã (Sim! Depois de amanhã!) apenas com nossas próprias observações...

Pensei a partir da perspectiva da roteirista aposentada Hongou Mayu, escrevendo um roteiro de mistério apesar de não ter conhecimento prévio de ficção policial, e trabalhando tão duro nisso que acabou desenvolvendo gastrite de tanto estresse. Eba estava certa em descrevê-la como uma pessoa sincera e atenta. Eu a compadeço, já que as pessoas da divisão de filmagem não foram capazes de obter o roteiro em que ela trabalhou tão arduamente. 

Eu me pergunto como ela se sentiria se ouvisse as pessoas lhe dizerem — Você realmente pode resolver isso apenas assistindo ao filme?

Bem, deixarei isso de lado por enquanto. 

— Ufa....

Um suspiro estranho foi ouvido. Uma visão surpreendente apareceu diante dos meus olhos. Eu tinha duas embalagens de bombom na minha frente. Satoshi também tinha duas, enquanto Ibara tinha uma. Mas seriam seis embalagens de bombom que Chitanda havia comido? E ela estava desembrulhando a sétima enquanto a observávamos. Eu a parei freneticamente.

— Acho que já é o bastante para você. Afinal, é alcoólico.

Ao ouvir isso, Chitanda olhou para o sétimo bombom em sua mão, então olhou para a embalagem ao lado. Justo quando eu estava me perguntando o que ela faria em seguida, ela prontamente colocou o bombom na boca.

Como ela estava se entregando tanto, ela disse.

— Oh, eu já comi tanto. Tem um gosto estranho, então fiquei curiosa e comi mais.

Comer mais só porque estava curiosa…

— Chi-chan! Você está bem?

Percebendo a seriedade da situação, Ibara chamou Chitanda, que meramente respondeu com um sorriso.

— Estou bem, por que pergunta?

 — Mas você parece estranha.

— Estou bem, estou bem... Hehehe...

Hmm, sua risada é bem diferente da sua normal.

Como o horário marcado havia chegado, Eba veio como de costume e ficou em pé junto à porta com sua expressão imperturbável, embora desta vez ela tenha arqueado as sobrancelhas.

— Esse cheiro... é álcool?

Satoshi prontamente respondeu.

— Não, são apenas bombons de uísque.

Como se Eba se importasse com a diferença. De qualquer forma, ela parecia perder o interesse no cheiro e me entregou um pacote de papel.

— Oreki-san.

Ah, sim. Eu me levantei para receber as cópias. Era o roteiro que eu havia solicitado a Eba outro dia. Com isso, eu seria capaz de descobrir o quanto Hongou pretendia colocar em seu roteiro.

— Teria sido melhor se eu tivesse isso ontem.

De fato, teria sido melhor se eu tivesse isso mais cedo. Então, sorri amargamente ao perceber meus pensamentos. Não decidi não me importar muito com esse problema? Talvez eu estivesse ficando animado depois de derrubar rapidamente as teorias de Nakajou e Haba.

Se eu não precisar fazer isso, não farei. Se tiver que fazer, faça rápido. Imediatamente, abri o roteiro e procurei a parte mencionada no dia anterior, para descobrir se havia alguma menção sobre os arredores da cena do crime. Sem nem procurar, a página para a qual virei acabou sendo a parte que eu estava procurando.

 

ROTEIRO:

Kounosu: "Há outro conjunto de chaves-mestras no escritório, alguém pode ir buscá-las?"

É recomendado fazer um corte aqui antes de filmar a porta sendo destrancada.

Após destrancar a porta, apenas os meninos devem entrar na sala. (As meninas devem ficar lado a lado na porta.)

Kaitou-kun deve ficar deitado no chão. Embora possa ser óbvio para o observador, peço que ele segure o braço para enfatizar a dor. Ele está inconsciente e incapaz de pedir ajuda.

Sugimura: "Kaitou!"

Os meninos devem correr em direção a ele.

A ordem de quem chega primeiro está tudo bem.

Ao ajudar Kaitou-kun a se levantar, Sugimura-kun deve descobrir o sangue no chão com a palma da mão.

Sugimura: "Sangue."

As meninas vão gritar juntas.

Katsuda: "Kaitou! Maldição! Alguém ajude!"

Katsuda-kun irá até a janela. (Por favor, tenha cuidado para não se ferir com o vidro.)

Por favor, tire alguns momentos para filmar do lado de fora da janela. Certifique-se de que não haja vestígios de pegadas do lado de fora.

Katsuda-kun deve ir em direção ao Palco Esquerdo, seja pelo palco ou pelo corredor dos bastidores, está tudo bem. Embora o palco esteja cheio de madeira podre, por favor, tenha muito cuidado ao atravessá-lo.

 

Estava escrito com bastante detalhe. Vejo, não é de se admirar que ela estivesse tão estressada se o todo fosse escrito nesse estilo. Da descrição — Certifique-se de que não haja vestígios de pegadas do lado de fora. — era como Nakajou havia dito, quando Hongou foi lá, a grama ainda não havia crescido completamente.

Com base nesse fato, Nakajou estava realmente certo.

Enquanto pensava nisso, Chitanda disse para mim.

— Isso é um roteiro?

— Sim.

Ela parecia bastante embriagada.

— Parece bom, muito bom. Eu quero ter isso.

...Ela está realmente bêbada. Normalmente, seria bom apenas entregar a ela, mas como estou bastante preocupado com ela agora, decidi não fazer isso. Em vez disso, chamei Satoshi.

— Satoshi, você tem uma encadernadora?

Satoshi me lançou um olhar indignado.

— Como se alguém carregasse isso por aí.

— Você tem um grampeador então?

— Eu tenho um; é pequeno, porém.

Ele colocou a mão dentro de sua bolsa de cordão e tirou um grampeador. Nem todos carregam essas coisas consigo. Rapidamente grampeei as páginas juntas.

— Eu me pergunto o que devemos fazer com isso?

— Perder isso seria ruim, então você fica com isso.

Conforme as instruções de Ibara, coloquei a cópia do roteiro em minha bolsa de ombro. Ao ver que havíamos terminado, Eba falou.

— Então, vamos. Iremos para a sala da Turma 2-C.

Ao sair da sala, uma música começou a tocar no momento certo. É o clube de música leve hoje, a música era... A Marcha da Rainha Negra. Eu fiquei pensando por que nos últimos dias a música tocava quando saíamos da sala. Acredito que provavelmente tenha algo a ver com o nosso compromisso às 13h, que seria o horário em que os clubes de música se revezariam em suas sessões de prática em dias diferentes, já que não ouço música de outros clubes de música.

Ibara perguntou a Eba, que caminhava à nossa frente.

— Com quem estamos nos encontrando hoje...

— Sawakiguchi. Sawakiguchi Misaki, da divisão de marketing, embora mal estivesse envolvida no processo de filmagem. Como as filmagens estão incompletas, a divulgação do filme também foi interrompida.

Então ela não deveria ser incluída como parte da equipe, não é um pouco enganoso? Uma pergunta tão direta foi respondida por Eba com uma resposta direta.

— Sawakiguchi estava profundamente envolvida nas etapas iniciais do planejamento do projeto, bem como na direção que tomaria. Então ela pode ter algumas boas ideias sobre o mistério. —Ela então acrescentou: — Pelo menos é isso que Irisu determinou.

Hmm, membro inicial da equipe, né? Embora Eba possa dizer que Sawakiguchi pode ter algumas boas ideias, para mim é apenas mais um membro de uma equipe heterogênea. Estar envolvido na decisão da direção de um projeto não era realmente muito. Como Irisu tinha mencionado, e com base em nossas conversas com Nakajou e Haba, o filme da Classe 2-F não tem outra direção além do gênero mistério. Como se alguém envolvido na decisão de tal direção fosse capaz de deduzir alguma coisa... 

Embora eu pensasse isso, não disse nada.

Chegamos ao corredor de ligação, quando de repente Chitanda levantou a voz. 

— Ah! Agora me lembro!

— O-O que é, Chi-chan?

Ibara cambaleou enquanto Chitanda praticamente gritava em seu ouvido, enquanto Chitanda parecia bastante feliz enquanto colocava as mãos diante do peito.

— Esta Sawakiguchi-san, ela é boa em desenhar, não é? Minha memória parece estar confusa hoje, não posso acreditar que não consegui lembrar quem ela era agora mesmo.

Hmm? Chitanda sabia quem era? Eba virou a cabeça e perguntou.

— Desenhos? Sawakiguchi ocasionalmente faz algumas ilustrações, mas como você soube disso?

Chitanda sorriu e disse.

— Na Sala de Preparação de Artes. Oreki-san, você deveria saber. E ainda assim você é bem cruel por ficar calado sobre isso!

Agora ela me envolveu nisso. Ela certamente é uma bebedora alegre. Graças a Deus ela é do tipo agradável. Hum, onde estávamos mesmo? Na Sala de Preparação de Artes?

Enquanto eu tentava lembrar, Ibara chegou lá antes de mim.

— Oh, ela é uma daquelas garotas que pegaram aquele estranho livro da biblioteca!

Esse livro estranho, uma maneira cruel de descrevê-lo, mas isso me lembrou. Nesta primavera, eu estava envolvido em um desafio de quiz envolvendo arte e os nomes de muitas meninas. E Sawakiguchi era uma dessas meninas.

Como se tentando lembrar, os olhos de Chitanda vaguearam de um lado para o outro.

— Sim, essa Sawakiguchi-san. Se eu me lembro corretamente, o desenho dela era meio estranho.

Embora eu não estivesse muito familiarizado com as memórias relacionadas ao trabalho artístico de outra pessoa, como membro do Clube de Estudos de Mangá com interesse em todas as coisas visuais, Ibara concordou com a cabeça.

— Você está certa, também me lembro. Se o desenho dela era terrível ou cheio de personalidade, sua arte parecia diferente do que seus colegas estavam desenhando para suas atribuições.

— Talvez ela estivesse desenhando de forma abstrata?

Embora não familiarizado com a situação, Satoshi decidiu dizer algo.

Ibara disse com um olhar preocupado.

— Algo como mangá que parece ruim à primeira vista, mas na verdade é bom?

Caminhando um pouco à nossa frente, Eba riu suavemente.

— Você já viu a arte de Sawakiguchi? Nesse caso, você provavelmente não achará estranho quando a encontrar pessoalmente.

Me pergunto o que ela quis dizer. O que ela está tentando insinuar? Eba parou quando chegamos à frente da sala de aula da Classe 2-C.

 

***

 

A garota ali tinha o cabelo preso em um coque. Em vez de um coque, chamá-lo de um coque chinês seria mais apropriado. Com dois coques chineses envoltos em panos adornados com padrões de dragão em ambos os lados da cabeça, ela usava uma regata e jeans. Sua pele estava ligeiramente bronzeada. Em sua mão estava uma revista... parecia ser uma revista de astronomia. A garota toda descombinada notou nossa presença e acenou com um dos braços, sorrindo para nós.

— Ciao!

E nos cumprimentou em italiano. Chitanda prontamente a cumprimentou de volta sem hesitar. 

— Boa tarde, Sawakiguchi-san.

Sawakiguchi deu um grande suspiro e balançou a cabeça de maneira exagerada, que me lembrou aquelas reações exageradas vistas em filmes americanos.

— Não, vocês não parecem entender. Quando eu digo ciao, vocês devem me cumprimentar de volta com ciao também! Senão não se conecta. Agora, vamos fazer isso de novo. Ciao!

Olhei com olhos preocupados para Chitanda, que levou isso de forma bastante calma. 

— Oh, me desculpe muito. Então, ciao.

Sim, ela está realmente bêbada. Normalmente, Chitanda já estaria em pânico depois de ser confrontada com respostas tão inesperadas.

Observando tudo isso, Satoshi sussurrou para mim.

— Ela é meio excêntrica, não é?

— Parece que sim.

— Então a Escola Secundária Kamiyama ainda tem pessoas estranhas que eu não conheço...

Ele parecia bastante arrependido, como se estivesse falando sobre um companheiro do seu próprio tipo. Como se ela nos ouvisse, Eba deu um sorriso constrangedor.

Enquanto isso, ao ouvir a resposta de Chitanda, Sawakiguchi ficou muito animada.

— Obrigada por virem até aqui. Meu nome é Sawakiguchi Misaki.

Por sua vez, Eba nos apresentou a ela.

— Estas são as pessoas do Clube de Clássicos. Vá com calma com eles, Misaki.

De fato, se ela não fosse fácil conosco, eu ficaria perdido. Como Eba não nos apresentou individualmente, tivemos que fazer isso nós mesmos. Sawakiguchi não parecia interessada em memorizar nossos nomes, ou talvez estivesse apenas ouvindo seletivamente.

Depois que Satoshi anunciou seu nome, ela disse.

— Entendi. De qualquer forma, sentem-se.

— Ok.

Enquanto nos acomodávamos, Eba se retirou. Assim que Eba fechou a porta, Sawakiguchi esticou os dedos tanto que pudemos ouvi-los rangendo.

— Então vocês são os que nos ajudaram em nosso projeto, certo? Bem, como vocês encontraram as deduções dos outros? Foram boas?

Satoshi disse francamente.

— Não muito.

— Elas foram rejeitadas?

— Sim.

Satisfeita com a resposta, Sawakiguchi assentiu muitas vezes.

— Isso não vai funcionar, se os alunos não suportarem dificuldades. Esses jovens de hoje em dia realmente não sabem nada sobre dificuldades.

Enquanto ela falava com um sotaque exótico, por um momento, eu quase não conseguia entender que ela estava dizendo "Jovens". Ela parecia ser do tipo que gosta de dizer coisas sem sentido, embora eu não tenha nada contra pessoas com tais interesses.

Por outro lado, Satoshi disse jubilantemente como se estivesse desenterrando algum tesouro.

— Bem, é um caso difícil afinal. Se alguém pretendia sentar e resolver isso, então não seria interessante se não digerissem os detalhes adequadamente.

O que você quer dizer com — Digerir os detalhes adequadamente? — Pelo que sei, Satoshi tem dois lemas. O primeiro era — As piadas devem ser feitas na hora, assim como os mal-entendidos devem ser dissipados imediatamente. — O outro era — Conclusões não podem ser tiradas apenas de bancos de dados. — E não é como se ele pudesse resolver o caso sozinho usando seu próprio banco de dados de qualquer maneira.

Sawakiguchi riu.

— Vocês parecem bastante confiáveis. Como esperado das pessoas que Irisu recomendou. Bem, se minhas suposições acabarem dispersas, estou contando com vocês para juntar os pedaços.

— Deixe isso conosco.

Se você vai fazer uma promessa verbal dessas, não venha chorar para mim se acabar exagerando. Embora, Sawakiguchi também estivesse exagerando.

— Tudo bem! Então estou contando completamente com vocês.

Satoshi falou de forma franca e relaxada.

— Sawakiguchi-senpai, você provavelmente deve ter tido dificuldades. A divisão de marketing está fazendo algum progresso? Deve ser difícil com o produto incompleto, não é mesmo?

— Verdade. — Sawakiguchi fez uma expressão emburrada e cruzou os braços. — É verdade que sem o produto, não pudemos fazer nenhum pôster de publicidade. Mas vamos pensar em algo.

— Então, qual parece ser o problema?

— Não é óbvio?

Ela suspirou profundamente.

— Ainda precisamos de um título. Não podemos fazer nada sem um título. Nem podemos decidir uma fonte adequada. Normalmente, um título seria adicionado quando um filme está terminado, mas o problema agora é que o filme não está concluído.

Isso é óbvio. Qualquer pessoa envolvida em publicidade durante o Festival Cultural teria que fazer banners ou pôsteres, mas parece extremamente solitário não poder fazer nada devido à falta de um título.

Sawakiguchi então sorriu para Satoshi.

— De qualquer forma, teremos que fazer algo com o roteiro. Antes de você ouvir minha teoria, responderei a qualquer pergunta que você tenha, então mande ver.

Mesmo quando ela nos pediu para mandar ver, acabei me retraindo diante de seu entusiasmo exagerado. No entanto, Chitanda não parecia se importar nem um pouco.

— Então vamos começar. Sawakiguchi-san, você esteve envolvida na escolha da direção que a classe tomaria para o festival, certo?

Sawakiguchi pareceu perplexa e disse.

— Bem, sim, eu estive envolvida.

— Vocês decidiram fazer um filme, com mistério como o gênero, e confiaram o roteiro a Hongou-san, certo?

— Sim.

Chitanda esticou o corpo sobre a mesa.

— Como vocês decidiram isso? Por favor, me conte.

O que ela está tentando perguntar? O que isso tem a ver com o assunto principal, afinal? Embora ela ainda fosse tão articulada como sempre, não parecia estar pensando direito. Imediatamente a repreendi.

— Chitanda, pare de dizer algo tão tolo.

Nesse ponto, Chitanda virou a cabeça para mim. 

— Mas estou curiosa sobre isso!

Ela então voltou-se para Sawakiguchi. Ela está além da ajuda. Ainda bem que Sawakiguchi não levou a mal, pois sorriu e acenou com a mão.

— Se houver uma relação, então você poderia dizer que todos estão envolvidos no processo de tomada de decisão. Não estou dizendo isso como uma figura de linguagem, também.

Satoshi perguntou perplexo:.

— O que você quer dizer com isso?

— Nada de especial. Quando um grupo tem muito poucos membros, a democracia direta é a melhor maneira de fazer as coisas.

— Então todos recebem questionários para preencher?

— Você pensa rápido.

Ela deu um tapinha leve nos ombros de Satoshi.

— Números são justiça, e acredito que a melhor felicidade deriva da maioria, ou algo assim. Como não discutimos através de debates, basicamente decidimos as coisas com questionários.

Ainda tenho dúvidas se a minoria ficaria convencida com o resultado, mas lembrando do que Irisu tinha dito, o objetivo da Classe 2-F era concluir seu projeto. Se pudessem decidir algo bom, então fariam isso. Portanto, decidir através de um questionário pode ser razoável, afinal.

Chitanda perguntou novamente.

— Hum, isso inclui escolher Hongou-san como roteirista?

Sawakiguchi pensou por um momento, antes de sorrir amargamente.

— Ah, isso é diferente. Como Hongou era a única capaz de fazer isso, nem nos preocupamos com uma votação de confiança para ela.

— Ela fez isso voluntariamente?

— Não, ela foi indicada para o papel. Embora eu não me lembre quem a indicou.

Ao ouvir isso, Chitanda levantou as sobrancelhas como se estivesse triste. Eu não tinha absolutamente nenhuma ideia do porquê, pois não sabia quais sentimentos Chitanda estava guardando quando fez essa pergunta.

Enquanto eu estava mergulhado em pensamentos, notei que Sawakiguchi pegou algo ao lado dos pés. Era um saco. Como uma bolsa com cordão, era a posse de pessoas estranhas. Sawakiguchi enfiou a mão dentro.

— Hmm? Pensei que você estivesse interessada em saber como tomamos as decisões? De qualquer forma... aqui.

Ela tirou um caderno.

— Não sei se você achará isso útil, mas trouxe de qualquer jeito.

Chitanda abriu o caderno que lhe foi entregue. Estava cheio de números e palavras, e demorei um pouco para compreender o significado deles.

 

Nº 4 - O que deveríamos fazer?

- Galeria de arte -- 1

- Peça de teatro -- 5

- Casa assombrada -- 8

- Filme -- 10

Filme decidido

Nº 5 - Que tipo de filme deveríamos fazer?

- Drama Taiga -- 1

- Comédia absurda -- 8

- Comédia pastelão -- 3

- Mistério -- 9

- Ficção noir -- 2

- Abstenção -- 1

Mistério decidido

Conforme virávamos as páginas, mais detalhes estavam escritos.

Nº 31 - Qual arma do crime deve ser usada?

- Faca (esfaqueamento) -- 10

- Martelo (espancamento) -- 3

- Corda (estrangulamento) -- 8

- Outros:

 - Queimadura por óleo -- 1

 - Jogar de grandes alturas -- 2

Faca recomendada (Hongou mantém o direito de veto)

Nº 32 - Quantas vítimas devem haver?

- 1 pessoa -- 6

- 2 pessoas -- 10

- 3 pessoas -- 3

- Outros:

  - 4 pessoas -- 1

  - Todos -- 2

  - Cerca de 100 -- 1

- Voto inválido -- 1

2 pessoas recomendadas (Hongou mantém o direito de veto)

 

Eu entendi depois de uma breve olhada. Era a coleção dos resultados dos questionários. Ibara, que também percebeu o que era, virou-se para perguntar a Sawakiguchi.

— Podemos pegar isso emprestado? Pode ser importante.

— Claro. Já está decidido, não é?

Então, se poderíamos pegar emprestado não era um problema, né? Visto que fomos escolhidos por Irisu para determinar a validade das deduções, ela deve ter considerado o empréstimo de tais coisas trivial. O que estava se passando na mente de Chitanda? ...Esse era o verdadeiro mistério.

Provavelmente ela está apenas bêbada.

Chitanda fechou o caderno e cuidadosamente o trouxe para o peito.

Ela então perguntou.

— Isso pode parecer estranho, mas posso perguntar outra coisa?

— Claro.

— Sawakiguchi-san, você é próxima de Hongou-san?

Essa pergunta soou familiar. Se me lembro corretamente, foi o que ela perguntou a Eba também. Sawakiguchi parecia um pouco incomodada ao responder.

— Hum, éramos apenas colegas de classe, só isso.

Com tais detalhes, poderia-se determinar que tipo de pessoa Hongou Mayu era. Não era difícil adivinhar que ela não era íntima de uma pessoa excêntrica (segundo Satoshi) como Sawakiguchi.

Chitanda não escondeu sua decepção ao baixar a cabeça.

— Entendo...

— Você tem mais alguma coisa a perguntar?

Sawakiguchi perguntou a Chitanda e ao resto de nós.

Eu não tinha nada em particular a perguntar, e os outros também não. Ao perceber que finalmente chegaríamos ao tópico principal, Sawakiguchi se inclinou um pouco para frente.

— Certo! Agora vocês vão ouvir minha teoria. Se você sugerir que não vai funcionar, então... sabe o que quero dizer?

Ela sorriu enquanto dizia isso em um tom travesso.

— Vocês sabem, quando ouvi que a busca pelo assassino começa logo após o que filmamos, me perguntei se eles realmente vão seguir por esse caminho.

Sawakiguchi começou com isso enquanto nos olhava perplexa. Nós estávamos tentando entender o que ela queria dizer.

Ibara perguntou.

— O que você quer dizer?

— Bem, se vamos fazer algo para o Festival Cultural, não seria melhor se fizéssemos com grande impacto? Seria bem sem graça se apenas uma pessoa morresse. Haba pode ficar todo empolgado como um idiota e declarar — Agora isso é um verdadeiro mistério sangrento! — Embora para mim, mesmo que você me diga que é um mistério, eu só consigo imaginar algo completamente diferente. Acho que Hongou deve estar pensando a mesma coisa. A verdadeira história começa depois de tudo isso.

Algo completamente diferente?

Como se procurasse algo, ou alguém, ela se virou e falou.

— Você, ali.

Ela estava falando comigo.

— O que você normalmente associa com a ideia de mistério?

Como eu poderia responder imediatamente quando perguntado assim? O que eu associo com mistério, é? Como os livros que eu li provavelmente não seriam conhecidos por Sawakiguchi, decidi listar alguns títulos mais famosos.

— Algo como o Assassinato no Expresso do Oriente?

No entanto, essa resposta não pareceu satisfazê-la, pois ela levantou as sobrancelhas.

— Você com certeza é um anorak.

(N/T: Anorak é uma gíria que se refere a uma pessoa que tem um interesse muito forte, talvez obsessivo, em assuntos específicos.)

Acabei respondendo instantaneamente.

— Mas pensei que fosse um título bastante famoso?

Sawakiguchi levantou o dedo e o acenou enquanto dizia.

— Tut, tut, tut. Por isso que eu disse que você é um anorak de ficção de detetive. Não percebe? Que títulos você normalmente encontra quando entra em uma locadora de vídeo na seção de mistério?

Eu não tinha ideia do que Sawakiguchi estava tentando dizer. Olhando ao meu redor, ninguém mais tinha.

Sawakiguchi aumentou a voz com irritação.

— No questionário, quando foi decidido que faríamos um mistério, ninguém disse nada sobre ficção de detetive. Por que você não entende? Quando se menciona mistério, normalmente se associa com títulos como Sexta-Feira 13 ou A Hora do Pesadelo, certo?

Entendi, acho que estava errado ao pensar de outra forma.

...Não, espere um minuto!

Isso não é mistério! Os títulos que Sawakiguchi mencionou eram mais como filmes slasher envolvendo assassinos seriais monstruosos e vítimas inocentes... Em outras palavras, isso é terror, não mistério.

Surpreendentemente, alguém concordou com Sawakiguchi. Foi Satoshi, que acenou com a cabeça como se estivesse comovido do fundo do coração.

— Ah, de fato, isso era um ponto cego.

Ele estava tentando brincar com ela? Parecia estar esperando o momento certo para fazer isso. Para impedi-lo de brincar mais, eu disse.

— Satoshi, você está falando sério?

Dizendo isso, Satoshi é garantido a seguir seu lema e parar na hora. Então fiquei surpreso com sua próxima resposta.

— Por que pergunta?

Ele realmente está falando sério?

— Você realmente está dizendo que Sexta-Feira 13 deveria ser contado como mistério?

— Eu não contaria. Mas também não seria estranho se fosse.

Sentada ao lado dele, Ibara exigiu.

— Explique-se, Fuku-chan.

Acenando com a cabeça e limpando a garganta, Satoshi respondeu.

— Certo. O problema está no uso semântico da palavra mistério. É verdade que mistério inclui ficção de detetive, basicamente uma história com um assassino e um detetive. Mas, por outro lado, elementos de suspense também seriam incluídos. Nesse caso, até títulos de terror seriam incluídos... como Sexta-Feira 13.

Ibara não parecia particularmente convencida. Satoshi relaxou um pouco a expressão. 

— Mayaka, você já foi a uma livraria?

— Sim, mas não com frequência.

— Vá procurar revistas na seção de mistério. Revistas em quadrinhos também servem. Você verá o que quero dizer. Ou você também pode procurar pelo Summer Mystery Fair. Você descobrirá que histórias de detetive não são os únicos livros listados sob mistério.

Hmm...

Como Ibara, eu não estava convencido, embora soubesse de onde ele vinha. É verdade que a maioria das obras de mídia contendo a palavra "mistério" seria impressa em um estilo manchado de sangue. Como a ficção de detetive raramente envolveria tal derramamento trágico de sangue, é apropriado que uma fonte "manchada de sangue" certamente não sugeriria ficção de detetive. No entanto, normalmente, ninguém pensaria em associar a palavra "mistério" dessa forma. Sawakiguchi Misaki era simplesmente muito original em seu modo de pensar.

Bem, o problema agora era como a conversa era relevante para o problema principal

Com o apoio de Satoshi, Sawakiguchi disse, estufando o peito.

— É isso que eu quis dizer. Pensando bem, vocês são especialistas em dedução, ouvi dizer — é por isso que foram enganados por seus instintos. Então tenho certeza de que sabem como este filme continuaria? Basicamente, ninguém mais entrou na sala onde Kaitou morreu, o que significa que há uma sétima pessoa no grupo. Além disso, Hongou estava procurando outra pessoa além dos outros seis para aparecer no filme.

Essa foi a primeira vez que ouvi isso. No entanto, da maneira como Sawakiguchi abordou, poderia ser... Logo, ela expressou minhas preocupações:

— À medida que todos começaram a suspeitar uns dos outros a ponto de perder a confiança, o assassino em série apareceria. Embora não saibamos quantos ele mataria, é provável que todos morram no final. Então, talvez possamos arranjar para que um casal sobreviva e mate o assassino. A última cena teria o casal vencendo o assassino e, em seguida, se beijando no brilho do nascer do sol. Quanto ao título... Que tal em inglês? ...'Bloody Beast', ou algo assim. Parece bem assustador, não é?

Minhas preocupações estavam completamente corretas. No entanto, Sawakiguchi não parecia estar brincando. Ela até acrescentou.

— Isso deve ser capaz de convencer a todos.

Ela estava agindo como se o terror fosse a resposta correta. Ela acreditava tanto em seus próprios valores que não conseguia aceitar qualquer outra explicação.

Incapaz de esconder seu olhar preocupado, Ibara rebateu.

— M-Mas Senpai, e o quarto trancado? A porta estava trancada.

Sawakiguchi respondeu de maneira factual.

— Realmente importa se está trancada?

…..!

— Como é um assassino com poderes sobrenaturais, ele simplesmente atravessaria a parede. Aha, então que tal isso? Um espírito amaldiçoado. Hmm, isso também seria bom, um filme de ocultismo.

Eu... eu entendo.

...Acho que tive uma ideia de quão impecável essa explicação era. Quem poderia imaginar que o problema do quarto trancado que nos preocupou por quatro dias inteiros poderia ser resolvido por uma solução tão simples?

— Isso realmente importa se está trancada? — Nunca palavras mais sábias foram ditas.

Ibara, Chitanda e Satoshi pareciam ter algo a dizer, embora eu não estivesse mais interessado em ouvi-los, já que Sawakiguchi havia maravilhosamente deduzido que era obra de um poltergeist.

Já que realmente não importa se a porta está trancada!

Retornamos à Sala de Geologia.

A primeira a se opor à proposta de Sawakiguchi foi Chitanda.

— Ela está errada, está definitivamente errada. A teoria de Sawakiguchi-san não reflete a verdadeira intenção de Hongou-san!

— Claro. Ela parecia bastante séria, no entanto. É difícil dizer se está brincando ou não.

Ibara também concordou com Chitanda.

Vendo as duas fervorosamente se opondo à proposta de Sawakiguchi, Satoshi provavelmente se sentiu travesso e disse.

— Então tentem provar que ela está errada. — Ele acrescentou com um sorriso gentil. — Teoricamente.

Puxa, Satoshi pode ser cruel às vezes. Ibara ficou em silêncio. Isso era esperado, já que Sawakiguchi mais ou menos desistiu de deduzir o caso. Seja a sala trancada, álibis ou a arma do crime... tudo pode ser explicado pelo fato de que — o assassino é um poltergeist com poderes sobrenaturais. — Simplesmente perfeito.

Diante de uma situação tão perfeita e desesperadora, Chitanda se recusou a ceder.

— Mas está errado.

— É por isso que eu disse para tentar refutá-la teoricamente.

— Está errado, está simplesmente errado, porque... Oh!

O que foi? Ela parecia ter pensado em algo.

Não, na verdade ela estava apenas tropeçando sem rumo enquanto seus olhos vagavam sonolentos.

— Ah, é como um caleidoscópio. — Murmurou ela. 

Um caleidoscópio? ...Antes que eu percebesse, o rosto de Chitanda ficou branco. Embora sua pele normalmente fosse bastante pálida, desta vez estava mais branca do que antes. Nem tive tempo de perguntar se ela estava bem antes que acontecesse.

O corpo de Chitanda começou a balançar de um lado para o outro, antes de finalmente cair sobre a mesa mais próxima com um baque.

— Chi-chan!

Ibara tentou ajudá-la a se levantar, mas foi inútil. Logo, pudemos ouvir seu leve ronco. Ela parecia ter desmaiado de embriaguez. Provavelmente não é bom ficar olhando para o rosto dela enquanto dorme. Pensar que ela conseguiu tomar sete bombons de uísque antes de desabar, apesar de cada um conter tanto álcool... Acho que vou deixá-la descansar por agora.

Ao encontrar o olhar de Satoshi, ele deu de ombros.

Embora eu não estivesse prestes a vingar a queda de Chitanda, ainda perguntei.

— E você, Satoshi? Aceita a teoria de Sawakiguchi?

Satoshi sorriu e balançou a cabeça gentilmente.

— É verdade que fiquei interessado na imaginação ousada dela, mas, na prática, acho difícil de acreditar. Embora eu não tenha base para refutá-la.

Então, Satoshi também se opõe a isso. 

Sorri.

— Bem, infelizmente, eu também estou interessado em tal imaginação.

— Faz sentido. Afinal, ela conseguiu resolver tudo com apenas uma explicação simples, resolvendo tudo de uma vez, por assim dizer. Então, não é irracional que você também esteja interessado nisso.

— Bem, não está exatamente livre de contradições.

Quando eu deixei isso escapar inconscientemente, o interesse de Ibara foi despertado.

— Então pode ser refutada?

Disse ela, levantando a voz. Contradição, ou algo do tipo. Embora não fosse exatamente uma explicação longa, ainda falei.

— Se você considerar as palavras de Haba ontem, então a teoria de Sawakiguchi não pode estar correta. No entanto, não é algo realmente complicado. Mesmo que Hongou tenha desmaiado no meio de fazer o roteiro, se fossem transformar a segunda metade do filme em um filme de splatter ou terror oculto, então vão precisar de muitos adereços, essa é a verdade. E não foi dito que eles faltavam o adereço mais importante para tudo isso?

— O mais importante...?

Ibara parecia confusa.

Satoshi se virou e disse a ela.

— Você sabe, quando Haba estava reclamando no final.

Ibara parecia lembrar graças a essa dica.

— Ahh! — Ela gritou e encontrou seu olhar — Eu sei... O sangue falso.

— Sim. A instrução de Hongou pediu sangue falso suficiente não apenas para Kaitou. Como Haba reclamou sobre a instrução de Hongou, de qualquer forma, isso significava que a instrução de Hongou não envolvia a filmagem de nenhuma cena com muitos assassinatos. Como Hongou não pretendia cenas com muito sangue, ela pediu apenas um pacote de sangue falso. Ela não pediu nenhuma outra arma ou maquiagem também. Como se isso fosse possível. De qualquer forma, Sawakiguchi disse isso ela mesma.

Satoshi tomou a palavra que eu estava prestes a dizer.

— Um filme de terror com apenas uma vítima é simplesmente muito solitário.

Eu assenti. Talvez Sawakiguchi estivesse realmente pensando assim. Ela pode ser um pouco autoritária a ponto de qualquer outra pessoa considerar suas ideias como um absurdo. Isso poderia funcionar se ela tivesse acertado algumas coisas. Mas, como ela trabalhava apenas na divisão de marketing, não estava ciente do trabalho feito pelas outras divisões, então acabou fazendo suposições erradas.

Sentindo-se entediada por algum motivo, Ibara murmurou.

— Hmph, as explicações são apenas complementares.

Uma maneira bastante esotérica de expressar isso, pensei. Nem Satoshi nem Ibara tinham objeções. E assim, a teoria de Sawakiguchi foi considerada e devidamente enterrada. Mas isso significava que todas as três teorias dos aspirantes a detetive haviam sido rejeitadas...

Tudo o que podíamos ouvir era alguém roncando. Parecia que Chitanda ainda não havia acordado.


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