Volume 2
Capítulo 2: O Assassinato na Aldeia Abandonada de Furuoka
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Ao retornar para a Sala de Geologia após a prévia, Satoshi falou.
— Irisu Fuyumi é bastante conhecida, sabia?
— Sério? Então ela tem três rostos diferentes ou algo assim?
— Bem, eu não sei sobre isso, mas não ficaria surpreso se tivesse. Já mencionei isso antes, mas Irisu pertence a um dos clãs que rivalizam com os quatro Clãs Exponenciais.
Os Clãs Exponenciais referem-se aos Juumonjis, Sarusuberis, Chitandas e Manninbashis, aparentemente quatro das famílias mais proeminentes da Cidade de Kamiyama. A propósito, esse termo peculiar parece ter sido inventado pelo próprio Satoshi, pois só o ouvi usar.
Satoshi apontou para as ruas fora da janela.
— Os Irisus administram o Hospital Rengou ali.
O prédio para o qual Satoshi estava apontando parecia ser o Hospital Rengou, de fato. É um hospital geral privado com instalações equivalentes às dos administrados pela Cruz Vermelha Japonesa. Como fica a apenas cinco minutos a pé da Escola Secundária Kamiyama, qualquer aluno que se machucasse ou adoecesse acabaria indo lá. Entendi, então é por isso que Irisu Fuyumi é famosa.
Embora eu estivesse começando a me convencer, Satoshi não parou por aí.
— Mas isso não é a única coisa pela qual Irisu Fuyumi é famosa. Ela tem outro apelido.
— Sério?
— E então, Houtarou? Quer adivinhar qual é?
Embora eu não tivesse intenção de participar de um programa de perguntas e respostas, decidi pensar a respeito. Se é Satoshi que está perguntando, apelidos ao estilo Ibara, como Iri-chan, estariam fora de questão. Como ela tem essa aura de graça fria, algo que faria seus colegas tremerem, então...
— Theresa.
Satoshi sorriu amplamente.
— Incrível! Você esteve muito perto. Na verdade, é a Imperatriz. Só pense, ser encarregado de resolver algo pela Imperatriz, não soa incrível?
A Imperatriz, mais um apelido exagerado. Para ser honrada com tal nome...
— Ela é sádica ou o quê?
Ibara, que estava conversando com Chitanda por algum motivo, agora se virou para intervir.
— Isso seria uma dominatrix, não uma imperatriz.
Ela então se virou novamente. Admiro sua capacidade de fazer observações rápidas.
— Entendi. Então, por que ela é chamada de a Imperatriz?
— Bem, ela é bonita e tudo mais, além de ser boa em fazer as pessoas fazerem o que ela quer com uma atitude fria. Sempre parecia que ela conseguia controlar as pessoas ao seu redor com facilidade.
— Sério?
— Pegue como exemplo o incidente com a reunião do Comitê do Conselho Estudantil com ela que mencionei antes. Irisu-senpai conseguiu identificar a raiz do problema entre os três membros debatendo e os direcionou a listar seus pontos um de cada vez, levando assim a uma resolução.
Parece incrível. Ela conseguiu deduzir um problema apenas ouvindo. Ela parecia ser uma pessoa do tipo comandante. No entanto, por causa disso, as coisas agora se desenvolveram de uma maneira que não me agrada. Eu não tinha intenção de fazer nada por ninguém, mas acabei fazendo um favor para ela.
Enquanto eu cruzava os braços, Satoshi batia os dedos na mesa. Assim que ele parou de bater ritmicamente, vi que ele estava sorrindo novamente.
— Além disso.
— Além do quê?
— Já que estamos falando da Imperatriz e de todas essas coisas, que tal designarmos um símbolo para nós também?
— Um símbolo?
Por um curto período, fui levado por Satoshi. Logo depois, ele continuou.
— Primeiro, Mayaka seria a Justiça.
A Imperatriz e a Justiça, sério?
Como uma pessoa racional que dificilmente acreditava em superstições, mesmo eu sabia que ele estava se referindo às cartas de Tarot. Satoshi falou em um tom que Ibara poderia ouvir, então fiquei quieto para ver como as coisas se desenrolaram.
Como esperado, Ibara respondeu do outro lado da sala.
— E por que eu seria uma guardiã da justiça, afinal?
Satoshi se virou para ela.
— Não uma guardiã da justiça. Você está confundindo com Julgamento. Pessoas do tipo Justiça tendem a ser rigorosas consigo mesmas, certo?
Ele parecia estar se divertindo. Embora eu não tivesse absolutamente nenhuma ideia do que a carta Justiça significava, a descrição de Satoshi combinava bastante com Ibara. Enquanto eu pensava nisso, Ibara virou-se para me encarar.
— O que é tão engraçado!?
— Ei! Você deveria reclamar com o Satoshi, não comigo.
— Mesmo se Fuku-chan estivesse falando sobre mim, você não estava exatamente ouvindo, então não deveria comentar também!
... Que maneira de justificar as coisas.
Seu interesse foi despertado, Ibara levantou-se de seu assento, e Chitanda também. As garotas então caminharam em nossa direção. Ibara inclinou seu peito magro em direção a Satoshi e perguntou.
— Então, o que Fuku-chan seria então?
— Eu? Hmm, eu seria o Louco, acho... Não, mais como o Mago. O Louco seria Chitanda-san.
Que falta de consideração chamá-la de louca. No entanto, Chitanda não pareceu levar a mal. Apenas para garantir, Satoshi acrescentou.
— Não quero desrespeitar, a propósito. Mas tenho certeza de que Chitanda-san entende o que estou dizendo.
Chitanda abriu a boca lentamente.
— Sim, eu entendo. Agora que você mencionou, eu combino com a descrição de o Louco, não acho que seja algo pejorativo, mas... Fukube-san, você realmente se encaixa na imagem de o Mago.
Parece que estavam falando do significado oculto de cada carta de Tarot. Enquanto Satoshi e Chitanda entendiam o que o outro estava dizendo sobre as cartas de Tarot, eu estava completamente por fora. Embora Ibara também estivesse envolvida na conversa, ela provavelmente também não entendia.
— E quanto ao Oreki-san?
Satoshi respondeu imediatamente.
— Isso seria fácil, Força.
— ? Por que isso? Eu pensei que ele seria mais como a Estrela… (*Chitanda)
— Não, ele é definitivamente Força, combina perfeitamente com ele.
Ele sorriu enquanto eu lentamente percebia que ele estava brincando comigo. Chitanda inclinou a cabeça, tentando entender, mas ainda não conseguiu compreender o que ele estava dizendo. Nem eu nem Ibara conseguimos dizer nada.
— Mas por que isso?
— Bem, não, a Estrela também combinaria com ele.
Satoshi de alguma forma evitou a pergunta dela. Chitanda agora inclinou a cabeça de um lado para o outro, mas felizmente, desta vez ela não disse — Estou realmente curiosa sobre isso. Eu me inclinei ainda mais para trás na cadeira enquanto franzia a testa.
— Hmph. Não é como se você estivesse me elogiando, de qualquer forma.
— Oh, não, não é isso!
Ele sorriu brevemente. Um sujeito irritante ele era.
O assunto então mudou para outra coisa. Embora o dia tenha se mostrado bastante improdutivo, em termos de eficiência, não foi gasta muita energia. Tenho certeza de que as coisas serão iguais amanhã.
(N/T: Vocês querem uma nota sobre as cartas de tarô? vou colocar no final do capítulo.)
***
No dia seguinte.
O Clube de Literatura Clássica se reuniu em peso na sala do clube — embora tenhamos apenas quatro membros no total. O objetivo hoje era matar o tempo... desculpe, quero dizer, revisar um mistério de assassinato. Pensar que eu tiraria um tempo dessas férias de verão sagradas só para vir à escola, fiquei meio ativo ultimamente, ou pelo menos brinquei comigo mesmo. No geral, tudo isso era culpa da Chitanda.
Para ser sincero, eu não queria vir, mas adivinhando minhas intenções, Satoshi me ligou e disse que, se eu não viesse, nossa senhora mais graciosa viria pessoalmente à minha casa para me buscar, com todo o seu vigor.
Por alguma razão, Chitanda parecia bastante satisfeita enquanto sorria, em contraste comigo, que suspirava ao seu lado. Por outro lado, Satoshi e Ibara começaram a discutir a agenda de hoje.
— Acho que teremos que visitar a cena do crime, afinal. (*Satoshi)
— Mas isso é lá na cidade de Furuoka. Estamos realmente indo para lá? Embora seja acessível de ônibus, ainda é uma longa viagem mesmo de trem. (*Ibara)
— Um detetive não faz seu trabalho a pé, huh? Dito isso, são apenas vinte quilômetros daqui, deve ser o suficiente se formos de bicicleta. (*Satoshi)
— Em vez de trabalhar a pé, isso parece mais uma investigação de campo padrão da polícia do que trabalho de detetive. (*Ibara)
Vinte quilômetros? Me dá um tempo. Pensei que só íamos ouvir o que os detetives da Classe 2-F têm a dizer.
Mas como exatamente vamos ouvi-los? Mal conhecemos alguém da Classe 2-F, então seria estranho para calouros como nós irmos de repente e pedir a opinião deles. Além disso, não temos a menor ideia de quem deveríamos ouvir primeiro. Enquanto eu pensava sobre o que deveríamos fazer, notei que Chitanda parecia bastante calma.
— Chitanda, algo vai acontecer hoje?
Ao ser questionada, ela assentiu.
— Sério? Então o que é?
— Irisu-san enviará um representante para nos guiar até a equipe de filmagem.
Um representante? Isso significa que tudo já foi resolvido. Pensando bem, isso fazia sentido.
— Quando você combinou isso com ela, afinal?
Chitanda falou como se estivesse revelando um segredo.
— Na verdade, eu estava usando um navegador.
Um navegador?
— Pare de dizer coisas de forma tão estranha. Apenas diga que você se comunicou via internet, isso não é tão estranho hoje em dia, não é?
— Espere um pouco, Houtarou. Tecnicamente, ela está usando a rede mundial de computadores, não a internet.
Ignorei os protestos de Satoshi e continuei.
— Então, o que você fez na internet?
— Eu estava em uma sala de bate-papo exclusiva para estudantes no site da Escola Secundária Kamiyama.
— Você usou a expressão errada, Chitanda-san. É acessar a sala de bate-papo através do site.
Chitanda também ignorou Satoshi e continuou.
— E eu me comuniquei com Irisu-san lá. Ela disse que talvez não possa vir pessoalmente, mas organizou um lugar para nos encontrarmos com seus colegas de classe e enviará um guia para nos levar até eles.
Hmm, ela estava bem preparada para isso. Embora possa ser um pouco incômodo, pelo menos para uma Imperatriz, ela não estava simplesmente sentada em seu trono com as pernas esticadas sem fazer nada.
Chitanda olhou para o relógio acima do quadro-negro. Era pouco mais de uma hora.
— Está quase na hora marcada. Ela deve chegar a qualquer momento.
Como se estivesse seguindo o roteiro, a porta se abriu silenciosamente.
A pessoa que entrou na Sala de Geologia era uma garota, que era mais baixa que Chitanda, mas mais alta que Ibara. Em outras palavras, ela tinha altura média. No geral, era de pequena estatura. Se houvesse algo especial em sua aparência, seria seu cabelo curto, que chegava até a nuca.
Embora eu não seja um especialista em moda, pelo menos sabia que um penteado tão maduro era bastante raro para garotas da sua idade.
Com seus lábios finos, ela me deu a impressão de ser uma pessoa educada. Ao entrar, ela nos fez uma profunda reverência.
— Esta é a sala do Clube de Literatura Clássica?
Chitanda respondeu imediatamente.
— Sim, é... Você é da Classe 2-F?
— Sim. Meu nome é Eba Kurako. Prazer em conhecê-los.
Ela se curvou cortesmente mais uma vez, e profundamente também, apesar de sermos seus calouros. A garota chamada Eba então levantou a cabeça para nos olhar e falou de maneira profissional.
— Hoje, fui encarregada por Irisu de guiá-los para conhecer um membro da divisão de filmagem do projeto da nossa classe... Posso conduzi-los se estiverem prontos?
Não temos nada para preparar de qualquer maneira. Levantei-me para indicar que poderia sair imediatamente, e os outros fizeram o mesmo.
Eba assentiu e disse.
— Então vamos.
Saímos prontamente da Sala de Geologia ao seu comando. Embora estivéssemos apenas indo ouvir as opiniões das pessoas, eu tinha uma sensação ruim sobre isso, como se estivéssemos apenas seguindo o fluxo.
O som da banda de metais tocando seus instrumentos foi ouvido no corredor. Enquanto me perguntava por que aquela melodia parecia tão familiar, percebi que era a música tema de Lupin III. Acompanhando a melodia com um assobio, Satoshi se aproximou de mim como se estivesse amplificando a música e disse,
— Ela parece uma governanta, não é?
Ele estava falando sobre Eba? Pensando bem, ela realmente combinava com a descrição.
(N/T: Para os desavisados, governanta é o mesmo que mordomo.)
A música diminuiu um pouco quando descemos as escadas. Eba então parou e se virou para nós.
— Sintam-se à vontade para fazer qualquer pergunta que quiserem.
Falando de maneira casual, Ibara foi a primeira a perguntar o que veio à sua mente.
— Com quem vamos falar hoje?
— O nome dele é Nakajou Junya.
Olhei para Satoshi para perguntar se ele conhecia esse cara, ao que ele balançou a cabeça. Não parecia alguém famoso, imagino.
— O que ele faz?
— Ele é o assistente de direção da divisão de filmagem, então ele é o mais familiarizado com as cenas que foram gravadas.
Chitanda então perguntou.
— Quando você diz divisão de filmagem, isso significa que há outras divisões envolvidas na produção do filme também?
Eba assentiu.
— O projeto é dividido em três divisões. A divisão de filmagem foi a que foi a Narakubo para filmar no local. As outras duas divisões são a divisão de adereços e a divisão de marketing.
— Então os atores vêm da...
— Da divisão de filmagem, pois é a maior divisão, com doze pessoas no total. Isso é seguido por sete da divisão de adereços e cinco na divisão de marketing.
São muitas pessoas. Para ser honesto, eu fiquei impressionado com eles. Chitanda então fez uma pergunta natural.
— E você, Eba-senpai?
Como antes, Eba respondeu sem demora.
— Eu não era membro do projeto... pois não estava particularmente interessada nele.
Sorri, pois essa também era minha resposta preferida.
***
Chegamos então ao corredor de ligação entre o Bloco Especial e o Bloco Geral. Como o nome sugere, o Bloco Geral contém salas de aula regulares. Havia menos atividades relacionadas ao Festival Cultural da Escola Secundária Kamiyama deste lado. Ao contrário do Bloco Especial, havia mais salas de aula vazias.
Eba parou bem na frente de uma dessas salas aparentemente vazias. Olhando para a placa, indicava a sala da 2-C. Mas Irisu deveria ser da 2-F.
Ao ver nossos rostos, Eba explicou,
— Seria melhor discutir em uma sala mais silenciosa, como me foi dito. Como a Classe 2-C não tem nenhuma exposição, ninguém os perturbará durante suas discussões.
Ela então abriu a porta.
Era uma sala de aula típica. Com as mesas, cadeiras, o púlpito do professor e o quadro-negro habituais, não havia nada mais.
Sentado na frente da sala, havia um cara com os braços cruzados. Ele parecia ser do tipo musculoso, com braços robustos. Ele também tinha sobrancelhas grossas e um queixo por fazer, embora parecesse que ele havia se barbeado um pouco... Este deve ser o assistente de direção, Nakajou Junya. Ao nos ver, ele se levantou com compostura e falou com uma voz desnecessariamente alta.
— Então vocês são os caras que entendem do mistério?
Eu me senti tentado a responder que não éramos exatamente familiarizados com nada, já que eu não estava particularmente interessado em fazer piada com as pessoas. Como permanecemos em silêncio, Eba falou em nosso nome.
— Sim. Estas são as pessoas capazes que Irisu conseguiu encontrar. Portanto, seja respeitoso.
Ela então se virou para nós e apresentou Nakajou.
— Este é Nakajou Junya.
Nakajou levantou o queixo. Parecia que ele estava nos cumprimentando. Chitanda deu um passo à frente para se apresentar.
— Sou Chitanda Eru, do Clube de Literatura Clássica.
Ela então nos apresentou um por um, comigo sendo o último a ser nomeado.
Eba nos levou a sentar em frente a Nakajou. Quando todos nos sentamos, Eba disse.
— Retirar-me-ei. Deixo o assunto nas suas mãos.
E saiu da sala.
Ela não vai ficar? Então ela realmente estava desempenhando o papel de governanta da Irisu.
Agora estávamos de frente para Nakajou. Vamos começar então.
Nakajou cruzou os braços enquanto começava lentamente.
— Desculpem por envolvê-los em tudo isso. Como este é um projeto iniciado por interesse, seria uma pena se não pudéssemos terminá-lo. Então tivemos que pedir ajuda.
Entendi, por interesse, huh?
— Tenho certeza de que vocês ouviram tudo de Irisu. Tudo é como ela disse.
Um sujeito bem direto. Antes, eu estava um pouco preocupado sobre como um veterano lidaria com um calouro criticando suas teorias, mas vendo como Eba e Nakajou se comportaram, eles não são difíceis de lidar.
Sentado ao meu lado, Satoshi colocou a mão dentro de sua bolsa de cordão, tirou um caderno encapado em couro e uma caneta tinteiro, e abriu o caderno como se estivesse se declarando o escriba oficial.
Embora fosse bom para Nakajou começar imediatamente, a maioria de nós ainda não parecia ter compreendido a situação. Em primeiro lugar, Ibara decidiu começar com algumas gentilezas formais.
— Deve ser terrível, Senpai, o roteiro não estar concluído. Fiquei surpresa quando soube disso.
Nakajou assentiu de forma exagerada.
— Exatamente. Chegamos até aqui. Nunca pensamos que algo assim poderia ter acontecido.
— É difícil filmar?
— Passamos pelas partes de atuação com algumas improvisações, já que estamos nos divertindo de qualquer maneira. A parte difícil é realmente a viagem, pois leva uma hora para chegar lá de trem e ônibus, e só podemos filmar lá aos domingos. Ainda me pergunto por que escolhemos esse lugar como locação.
Notei que Ibara estava apertando os olhos.
— Então, por que vocês escolheram?
— Hmm? A locação? Bem, alguém sugeriu que o lugar era interessante para dar uma olhada. É verdade que filmamos algumas paisagens incríveis lá que não encontraríamos em nenhum outro lugar, e isso é bom e tudo mais, mas ainda acho que é muito longe.
Então Irisu estava certa quando disse que não estava envolvida nas etapas de planejamento do filme. Se eu tivesse que votar se deveríamos ir a um lugar onde a viagem de ida e volta leva duas horas, eu definitivamente seria contra.
Provavelmente percebendo que não estávamos chegando perto do assunto principal, Satoshi levantou o olhar de seu caderno e perguntou.
— Ouvi dizer que a área de Narakubo é uma vila abandonada. É acessível de ônibus?
— Bem, viajamos de micro-ônibus. É um ônibus fretado alugado de um hotel onde um parente meu trabalha.
— Então o lugar não é restrito a estranhos?
— Tivemos que mexer alguns pauzinhos para conseguir entrar, pois o lugar ainda é administrado pela empresa de mineração. Tivemos pessoas que conheciam alguém da empresa, embora tudo o que ele fez foi perguntar se podíamos entrar no local.
— Vocês só podiam ir lá aos domingos?
— Embora Narakubo seja uma vila abandonada, as instalações de mineração ainda estão operando. O barulho gerado pela mineração atrapalharia as filmagens. Sem mencionar que os carros ocasionalmente passam em alta velocidade, então não há garantia de nossa segurança, e tudo mais... Isso tem algo a ver com seu caso?
Satoshi sorriu.
— Oh não, só estava curioso. Aprendi algo novo.
Não se importe com ele, Nakajou-senpai, esse é apenas o tipo de pessoa que Satoshi é. Eu disse em minha mente.
A próxima foi Chitanda.
— Como está a roteirista, Hongou-san, agora?
— Hongou? Embora eu não saiba os detalhes, ouvi dizer que ela não está se sentindo muito bem. Não posso culpá-la, não é?
Nakajou respondeu e levantou a sobrancelha. Supondo que Irisu estivesse certa, Hongou provavelmente estava sob tanta pressão de todos na Classe 2-F que adoeceu por causa disso. Provavelmente é difícil para eles até mesmo contemplar culpá-la ou exigir um pedido de desculpas dela, que foi o que Nakajou expressou em seu comportamento.
Provavelmente não percebendo tais sentimentos, Chitanda manteve sua disposição gentil.
— Hongou-san é uma pessoa muito delicada?
Nakajou moveu as sobrancelhas rapidamente e gemeu profundamente.
— Nunca a vi desse jeito, porém. Em vez de ser delicada mentalmente, ela é mais delicada fisicamente.
— Então ela tem um físico frágil?
Que tipo de descrição é essa? Eu falei instantaneamente sem pensar.
— Ele quer dizer que ela fica doente com frequência.
— Exatamente. Ela já se ausentou da escola muitas vezes, e nem conseguiu ir à locação das filmagens.
Nakajou mostrou algum arrependimento ao dizer isso. Logicamente falando, você realmente não precisa da presença do roteirista para filmar algo. Se as coisas não saírem conforme o roteiro, eles podem apenas se adaptar, e todos saberiam o que fazer mesmo sem a Hongou por perto... já que o roteiro já estaria escrito desde o início.
Levando isso em consideração, perguntei.
— O roteiro de Hongou-senpai está sendo mal recebido por alguém da classe?
Nakajou fez uma expressão indignada.
— Ninguém pensou assim. Como eu disse, ninguém a culpou pelo que aconteceu.
— Então você quer dizer o que disse?
— Não seja ridículo. O que você está tentando dizer? Todo mundo, inclusive eu, é claro, reconhece o papel de Hongou e sabe o quão importante é a participação dela.
No entanto, Hongou desmaiou antes de conseguir completar seu trabalho. Se for esse o caso, então seria como Chitanda disse, Hongou provavelmente era um pouco delicada demais.
Para mudar o foco da atmosfera desagradável, Ibara pigarreou e disse.
— A propósito, Senpai,
— Sim?
— Embora saibamos que o roteiro não menciona quem é o assassino, e se for na verdade uma espécie de truque de filmagem, onde alguém já foi designado para o papel sem que isso seja mencionado no roteiro?
Uma sugestão ousada. Mas se isso for verdade, tornará as coisas muito mais fáceis e nosso papel como observadores seria obsoleto. Nakajou cruzou os braços mais uma vez enquanto tentava recordar de sua memória.
— Hmm (*Pensando)
— E então?
— Não me lembro de algo assim... Não, espere... Agora que penso nisso, Kounosu estava dizendo algo como — vamos dar o nosso melhor — ou algo assim...
Qualquer um poderia ter dito — vamos dar o nosso melhor. Ibara deve ter pensado a mesma coisa, pois sua decepção apareceu no rosto por um breve momento, embora ela rapidamente suprimisse isso e perguntasse.
— Então, vocês perguntaram aos próprios atores? Sobre se eles foram designados para o papel ou não?
— Sim, e todos disseram que não ouviram nada sobre isso.
Ela mordeu os lábios.
— E quanto ao papel do detetive?
— Isso também.
Suspiro.
Vamos lá, você consegue, Ibara. Ela então perguntou.
— E quanto a isso então? Alguma vez foi mencionado se esse truque de filmagem é físico ou psicológico?
Nakajou parecia perplexo com essa pergunta.
— Qual é a diferença?
Enquanto eu me perguntava qual seria a reação de Ibara, nossos olhos se encontraram. Ela lentamente balançou a cabeça com uma mistura de irritação e resignação no rosto. Se Nakajou não estivesse lá, ela provavelmente teria ignorado a etiqueta completamente e suspirado alto também.
Então, fizemos uma série de perguntas, mas no final, não parecia que Nakajou possuía qualquer informação vital. Por outro lado, se ele tivesse, não haveria problema desde o início. Além disso, estávamos mal preparados e não conseguimos formular perguntas que pudessem direcionar a atenção para algo. Como um poupador de energia, isso foi um erro colossal para mim. Se eu tenho que fazer algo, que seja rápido. Eu deveria ter começado fazendo as perguntas certas na sequência apropriada.
No entanto, Nakajou falou como se estivesse satisfeito.
— Isso é tudo?
Ibara respondeu com um sorriso.
— Se você quer dizer se terminamos com nossas perguntas, sim, isso é tudo.
Por que tive a sensação de que seu sarcasmo era dirigido a ambos os lados?
Como já coletamos nossas informações, Satoshi fechou sua caneta tinteiro. Com esse sinal, Chitanda perguntou calmamente.
— É Nakajou-san, certo? O que você acha que Hongou Mayu-san pretendia fazer com seu roteiro?
Percebendo que havíamos entrado no tópico principal, Nakajou deu um sorriso largo.
— Tudo bem, sejam gentis e me ouçam.
— Por favor, comece.
Eu estava me perguntando se Nakajou deveria estar feliz em um momento como este. Enquanto ele lambia os lábios e começava a falar, percebi que ele realmente podia falar bastante.
— Se você pensar bem, uma técnica de filmagem assim pode causar algum alvoroço, mas não acho que o público deva prestar muita atenção a isso e apenas tratar como um dispositivo de enredo. Afinal, um bom drama deve sempre ter o detetive identificando o assassino antes de todos, forçando o assassino a confessar como e por que ele fez isso. Embora eu não possa assumir o que Hongou está fazendo, se você me perguntar, achei que ela era um tanto fraca quando se tratava de escrever uma história emocionante. Nós nem sabemos quem é o personagem principal.
Seria bom se Kaitou fosse o que morresse. Vocês podem não saber disso, mas Kaitou é bastante querido. O pessoal da divisão de adereços disse que ficou bastante impressionado com o quão morto ele parecia naquela cena. Como esperado de uma pessoa popular para dar tal performance. Embora não seja exatamente uma boa ideia ter o protagonista como o assassino, não é impossível também. Então acho que o assassino é Yamanishi, já que ela também tem muitos amigos.
......
— De um modo geral, nossos colegas de classe podem ser bastante obsessivos quando se trata de algumas coisas. Isso inclui escrever uma história de mistério, onde eles discutiriam sobre como essa parte não é exatamente um mistério, ou como aquela parte não parece certa. Mas o filme duraria apenas uma hora. Se eles fossem incluir todos os aspectos da ficção de mistério, não conseguiríamos filmar tudo a tempo. E tenho certeza de que todos vocês perceberam, mal se pode ver qualquer detalhe claro em uma tela tão pequena. Então acho que isso é mais uma história de drama. Ainda poderíamos manter um título como 'O Assassinato na Vila Abandonada de Furuoka' ou algo assim, apenas para atrair o público. Tenho certeza de que é isso que Hongou pensaria também.
Como posso dizer isso.
Eu estava atordoado por metade do tempo em que Nakajou estava falando. Não sou muito fã de ficção de detetive. Eu geralmente compro romances de bolso para ler no meu tempo livre, e ocasionalmente há algum mistério entre eles, mas é só isso. Além disso, acho algo estranho Nakajou declarar que o público não se importaria com tais técnicas de filmagem.
... Mas pensando um pouco mais, que tipo de pessoa estaria vindo assistir a um filme produzido pela Classe 2-F?
Provavelmente haveria pessoas do Clube de Estudos de Ficção de Detetive, sem dúvida, mas quantas dessas pessoas teriam lido ficção de detetive? Isso não era uma especulação sem fundamento, pois houve uma vez um questionário bobo realizado pelo Kami High Monthly que investigou a Alfabetização dos Alunos de Kami High.
Lembrando como Satoshi estava lendo com entusiasmo sobre isso, lembro que os resultados diziam que cerca de 40% dos alunos leram pelo menos um romance. E desses 40%, quantos deles teriam lido ficção de detetive para saber como notar tal truque de filmagem desde o início?
Pensando nessas linhas, a teoria de Nakajou pode ter algum fundamento afinal.
Cruzando as pernas e os braços, Nakajou continuou.
— Ainda assim, não parece emocionante não mostrar como o assassino matou Kaitou. E pensar que Irisu fez questão de fazer esse pedido a vocês... Já que vocês estão interessados em mistérios e tudo mais, certo? Sem ofensa pessoal, mas acho que encontrei uma maneira de apimentar o filme, eu mesmo.
Como eu disse, você está completamente enganado. Somos o Clube de Literatura Clássica, não o Clube de Estudos de Ficção de Detetive...
De qualquer forma, se acabarmos não conseguindo resolver isso, então esclareceríamos o mal-entendido. Nakajou começou a se tornar mais apaixonado em seu discurso.
— O roteiro continha um elemento vital — um quarto selado. Kaitou morreu em um quarto sem outras saídas. Então o problema seria: como o assassino o matou? A resposta é simples: o assassino entrou pela única entrada disponível para ele.
Levantando a sobrancelha, Ibara perguntou.
— Como?
Nakajou riu.
— Não seja tão densa. Ele entrou pela janela, é claro.
... A janela?
Eu me lembrei do filme que vimos ontem. Apenas fragmentos do filme ainda permaneciam na minha cabeça. Embora a cena mencionada por Nakajou fosse dramática em si, eu nem conseguia lembrar do layout da cena do crime.
Sem outra escolha, falei.
— Satoshi, me dê o mapa.
Parecendo contente, ele saudou.
— Sim senhor! Só um momento.
E colocou a mão em sua bolsa de cordão para pegar um pedaço de papel — um esboço do mapa do teatro.
Com base na história, Kaitou teria morrido na área do Palco Direito. Os outros personagens teriam entrado pelo corredor à direita. Também me lembro de alguém correndo de volta para pegar a outra chave mestra para abrir a porta. Então, da perspectiva das pessoas no corredor direito, o Palco Direito era um quarto selado.
Depois, Katsuda tentou entrar no Palco Esquerdo pelo backstage, acreditando que o Palco Direito era acessível pelo corredor esquerdo daquela maneira. No entanto, ele descobriu que o caminho estava fechado, se bem me lembro.
......
Para começar, era estranho Nakajou chamar isso de quarto selado.
Não pode ser chamado de quarto selado no sentido mais puro, pois ninguém pode entrar ou sair de um quarto selado para fazer qualquer assassinato. Embora fosse difícil de ver no visual do filme, as coisas ficam mais claras com o mapa.
Não havia outra saída além da janela?
Apontei para a porta que levava ao salão principal e perguntei.
— E essa entrada?
Nakajou rapidamente respondeu.
— Não pode ser aberta.
— ?
— A porta está firmemente trancada com pregos, então não acho que haja algo lá.
Eu fiquei pasmo. Então percebi que Ibara estava com uma expressão de desgosto, talvez ela estivesse mostrando essa expressão para mim. Ei, não é minha culpa que ninguém me contou nada sobre essa entrada!
Irisu prometeu ontem que o roteiro de Hongou daria ao público uma chance justa de resolver o mistério. No entanto, se bem me lembro, a divisão de filmagem provavelmente não foi informada sobre a filmagem de qualquer pista vital. Então eles não foram informados de nada... Enquanto me sentia exausto, Satoshi sorriu enquanto prontamente riscava a entrada que levava ao salão.
De qualquer forma, com a entrada do salão fora de questão, restam apenas quatro saídas para o quarto selado. As portas e janelas do Palco Direito e do Palco Esquerdo. As portas de ambos os quartos estão bloqueadas, então restam as janelas.
— Quando você disse janela, qual você estava se referindo?
Nakajou zombou da pergunta de Ibara.
— Esta, é claro.
— A janela do Palco Direito, certo? Mas por que isso?
— É óbvio, já que a janela do Palco Esquerdo está bloqueada por um armário de fantasias.
Então é por isso. Satoshi continuou a sorrir enquanto riscava a janela do Palco Esquerdo também.
É um desperdício de esforço continuarmos neste ritmo. Como um poupador de energia, eu não gosto de tal desperdício de esforço, então juntei tudo e perguntei.
Senpai, há muitos fatores obscuros no filme em si. Claro, isso pode ter algo a ver com a qualidade da própria tela. Então, poderia nos dizer se há outros quartos além dos dois que discutimos que também são inacessíveis? Não importa se são quartos selados ou não.
— É mesmo? Deixe-me pensar.
Nakajou começou a pensar um pouco ao ser perguntado.
— ...Ah, sim, a sala de controle interna no corredor esquerdo não podia ser acessada, pois a maçaneta estava quebrada e não conseguimos inserir a chave... E todos os quartos voltados para o Norte, isto é, todos os quartos além do corredor esquerdo no mapa, têm suas janelas bloqueadas por madeira para bloquear a neve durante o inverno, então não podem ser removidas.
— Você tem certeza de que isso é tudo?
— Sim, isso é tudo.
Nakajou afirmou claramente.
Embora eu ainda estivesse desconfiado, a credibilidade era algo valioso, afinal de contas, então acho que vou ter que confiar nisso. Foi nesse momento que Chitanda, que esteve quieta o tempo todo, perguntou.
— Hongou-san também sabe desses fatos? Já que ela não foi com a equipe de filmagem...
Ela está certa, isso é realmente importante. Se Hongou escreveu seu roteiro apenas com base em seu conhecimento do mapa, sem saber as condições da cena em si, ela pode acabar planejando uma dessas rotas inacessíveis como uma saída.
A resposta de Nakajou dissipou essas preocupações imediatamente.
— Uma vez que Narakubo foi escolhido como o cenário com Hongou como escritora, ela foi lá uma vez para dar uma olhada.
— Quando foi isso?
— Hmm, ela provavelmente foi em junho... não, no final de maio.
— Desculpe interromper você. Por favor, continue.
Nakajou assentiu e retomou o que estava dizendo, que era o tópico principal.
— Em outras palavras, o assassino entrou e saiu pela janela no Palco Direito. Nesse caso, poderíamos filmar a cena em que o assassinato de Kaitou ocorreria enquanto a porta estava trancada. O que acha disso?
O que acha do quê? Você quer dizer a parte em que o assassino não entra pela porta, mas pela janela?
— Oh, entendi!
Chitanda foi a única que bateu no joelho em realização.
Eu não conseguia me obrigar a discordar de Nakajou, que estava ficando apaixonado. Em tais momentos, eu contaria com Ibara para fazer isso por mim.
— Mas Nakajou-senpai, não seria um bom mistério se fosse esse o caso.
Enquanto Nakajou não expressou nenhuma decepção por ser repreendido tão diretamente assim, ele baixou consideravelmente a voz.
— Você pode ver dessa forma e pensar que deve haver alguma outra rota. Além disso... ah, sim, vocês provavelmente não conhecem bem Hongou. Ela não é exatamente uma profissional em histórias de mistério, então ela pode estar empregando alguma outra técnica maravilhosa.
Dizer que não conhecemos bem Hongou dificilmente era uma maneira convincente de nos persuadir. Eu estava pretendendo apenas ficar quieto e ver o que ele tinha a dizer, mas não pude deixar de ser levado pelo momento e disse.
— Então, Senpai, é possível identificar o assassino então?
— Identificar?
— Se Hongou-senpai estivesse empregando tal técnica, é possível deduzir quem é o assassino?
Nakajou não parecia estar preparado para tal pergunta, cruzando os braços e entrando em pensamento. Sentindo-se encorajada, Ibara foi direto ao ponto.
— Além disso, depois da cena em que todos os outros entraram na cena do crime, a câmera não mostrou a janela também?
— Sim.
— No entanto, se virmos essa cena, a janela deveria ter mostrado claramente sinais de alguém rastejando por ela. Com base na sua teoria, isso seria impossível.
Do lado de fora da janela da cena do crime...
Agora me lembro, havia uma cena mostrando uma camada espessa de grama selvagem até a altura de uma pessoa do lado de fora da janela.
Entendi.
Se alguém tivesse rastejado pela janela, a grama teria mostrado sinais de ter sido cortada e dobrada.
Como Nakajou parecia um pouco confuso, Ibara teve que explicar mais para ele. Embora Nakajou fosse inflexível.
— Isso não seria um problema.
Sério?
Assumi o lugar de Ibara ao ouvir sua réplica.
— Como assim? Achamos que era bastante óbvio.
— Pode ser que Hongou tenha mencionado isso em seu caderno, mas esqueceu de incluir no roteiro.
— Se for o caso, então está tudo acabado. O que Ibara estava dizendo é que não havia traços do assassino, e você está dizendo que isso se deve à negligência de Hongou. Isso não é um pouco exagerado?
Nakajou gemeu.
No entanto, ele era surpreendentemente teimoso. Ele levantou a cabeça como se estivesse pensando em algo e levantou a voz, dizendo.
— É isso, a grama!
— O que tem a grama?
Com sua confiança de volta, ele falou com arrogância.
— Quando você disse que a janela não podia ser usada, era porque a grama do lado de fora não mostrava sinais de estar cortada ou dobrada, certo?
Ibara assentiu cautelosamente.
— Então, você deve ter se enganado. Como eu disse antes, Hongou foi a Narakubo em maio. A grama provavelmente ainda não tinha crescido completamente, então Hongou deve ter planejado que a janela fosse utilizável quando ela viu.
Oh, Satoshi foi ouvido exclamando maravilhado. Se havia alguém com quem Nakajou poderia se dar bem, provavelmente era Satoshi, já que ele provavelmente diria algo como — Isso é a primeira coisa sensata que você disse o dia todo.
Ibara parecia querer responder, mas não conseguia encontrar as palavras. Eu ri internamente e pensei, Ele é bom. Considerar a época da visita de Hongou para deduzir que ela pode ter planejado que o assassino escapasse pela janela, mas depois a rota acabou se tornando inutilizável durante a filmagem.
Ele pode ser bom, no entanto...
Vendo que permanecemos em silêncio e aparentemente convencidos, Nakajou continuou.
— Então, na nossa próxima filmagem, só precisaremos aparar a grama e refazer a cena onde o corpo foi encontrado. Agora, por que não percebi isso antes? Podemos fazer isso!
Do ponto de vista de um estranho, Nakajou parecia estar decolando... Decidi não refutá-lo, pois seria um desperdício de energia.
Vendo que a conversa estava terminada, Chitanda sorriu para Nakajou e disse.
— Obrigada por nos contar sua teoria. Devemos ser capazes de dar a Irisu-san uma revisão adequada dela.
Nakajou assentiu satisfeito. Ele parecia tão empolgado como se estivesse pronto para escrever um roteiro agora mesmo.
***
Alguns minutos depois, estávamos na Sala de Geologia.
Grr...
Ibara fez uma expressão que não precisava de muita descrição.
— Estamos bem com isso? Isso vai mesmo funcionar?
Parecia que a réplica de Nakajou a pegara desprevenida. Era difícil convencer com essa técnica, ou qualquer coisa que se adequasse a essa técnica. Dito isso, o raciocínio de Nakajou sobre a grama fazia sentido. Para Ibara, essa vedação do buraco restante no argumento de Nakajou a deixou muito frustrada.
— Bem, fisicamente é possível.
Satoshi também parecia insatisfeito enquanto sussurrava.
Quanto a Chitanda.
……
Ela estava me observando intermitentemente há algum tempo. Como isso estava me incomodando, eu a chamei.
— O que foi, Chitanda?
— Ah, sim.
Chitanda parecia incerta a princípio, mas decidiu falar.
— Oreki-san, você acha que a verdadeira intenção de Hongou-san era o que Nakajou-san descreveu?
— Antes de responder a isso, o que você acha?
Ao devolver essa pergunta a ela, ela parecia hesitante em falar. Era bastante raro ver alguém cujas atitudes e sentimentos são tão fáceis de ler. Embora sua compostura não tenha desmoronado dramaticamente, sua boca e olhos estavam falando por ela. Então eu disse a ela.
— Você não gosta?
— Não é que eu não goste! Mas acho pouco convincente.
Não é outra maneira de dizer que você não gosta?
A atitude de Nakajou era, como eu poderia dizer, imponente. Ele insistia em manter seu ponto de vista e não estava disposto a ceder, além de vedar qualquer chance de refutarmos. Por mais apaixonado que ele estivesse, se seu argumento era pouco convincente, então era pouco convincente. Se não gostávamos, não gostávamos.
Embora eu não tivesse intenção de imitar Nakajou, ainda cruzei os braços e disse.
— Bem, não é impossível. Embora a teoria de Nakajou provavelmente não se sustente. Talvez isso explique por que sentimos subconscientemente que estava fora de lugar.
Em vez de Chitanda, a primeira pessoa a reagir foi Ibara, que rosnou.
— A teoria não se sustenta? Você não está se contradizendo!?
Ela me pressionou por uma resposta.
Ela estava tão desesperada para derrubar a teoria de Nakajou?
Fiz um gesto para Satoshi. Sem nem perguntar, ele entendeu o que eu quis dizer e jogou o mapa para mim. Eu o abri sobre a mesa para que as garotas pudessem ver.
Então falei em um tom regular.
— Embora a teoria de Nakajou seja simples, ao ver o filme você perceberá que é bastante boba. A razão é simples, fisicamente é difícil de executar. Ibara, se você tivesse dito que era fisicamente impossível, ele não teria conseguido dizer nada.
Seu olhar amargo confirmou o que eu disse.
Por outro lado, Chitanda, que agora transbordava de interesse, inclinou-se para mim, fazendo-me recuar um pouco a cadeira.
— Então você quer dizer que é impossível de outras formas?
— Eu não diria que é impossível... Você se lembra do que Ibara perguntou a Nakajou? Sobre se Hongou alguma vez mencionou usar algum truque de filmagem.
Chitanda assentiu claramente.
— Sim, eu lembro. Ela perguntou — Foi mencionado se esse truque de filmagem é físico ou psicológico?
— Exatamente. Em outras palavras, se tudo isso pudesse ser resolvido fisicamente, não haveria necessidade de nenhum truque psicológico.
Satoshi riu de repente ao ouvir isso.
— Hahaha, que maneira indireta de dizer, Houtarou. Como esperado do Detetive Designado!
Ele era um sujeito maldoso, apesar de já saber que eu não queria desempenhar esse papel. Embora fosse realmente uma maneira indireta de dizer. Refleti sobre isso e disse diretamente desta vez.
— Em outras palavras, se nos colocarmos no lugar do assassino, perceberemos que não há como usar a janela.
Apontei para a cena do crime no mapa, ou mais precisamente, para a janela.
— Para qualquer um do elenco entrar por aquela janela, eles teriam que fazê-lo do lado de fora do teatro. No entanto… Não é possível para alguém sair sorrateiramente em plena luz do dia após se separar dos outros no teatro. Você só precisa ver para entender, não importa quem tenha ido em direção à cena do crime, teria que entrar no campo de visão de outra pessoa enquanto fazia isso. Sem mencionar que fariam ruídos de passos que poderiam ser ouvidos. Eu não correria esse risco.
— Hmm.
Satoshi esfregou o queixo.
— Entendo. Se eu quisesse matar alguém de maneira prática, não me exporia na presença de tantas pessoas, tornando a proposta de Nakajou inviável. Pode funcionar à noite, mas a cena era durante o dia. Fisicamente, seria esticar demais.
— Bem, esse é o ponto.
Ao responder, Chitanda suspirou.
— Entendi agora. Acho que o motivo pelo qual a teoria de Nakajou não funcionou foi porque ele confundiu a cena que vimos no filme com a forma como ele a imaginou, na qual baseou sua teoria. Acho estranho que ele conclua que o assassino entrou por uma saída alternativa só porque alguém pode ter estado dentro do quarto com Kaitou.
Dito isso, alguém ainda parecia muito insatisfeito. Era ninguém menos que Ibara.
— Pode ser verdade que o que Oreki disse está certo, mas não sabemos se Hongou-senpai percebe isso.
Ela tinha razão. Se pudéssemos apenas perguntar a Hongou, tudo seria resolvido... Mas não podíamos fazer isso, ou não estaríamos aqui tentando usar nossa inteligência. Ainda assim, não podia deixar essa pergunta sem resposta.
— Não temos como saber quanto Hongou sabe, mas podemos descobrir indiretamente.
Foi nesse momento que uma convidada chegou à Sala de Geologia. Era nossa Guia Eba, que ficou parada do lado de fora da porta sem intenção de entrar.
— Qual é a sua conclusão?
Satoshi respondeu com um sorriso sarcástico.
— Chegamos a algo.
— Em outras palavras?
— Decidimos rejeitar a proposta de Nakajou-senpai.
Enquanto Eba murmurava — Entendo — sem parecer muito incomodada, Chitanda inclinou a cabeça profundamente.
— Desculpe-nos.
— Não se desculpem. Não foi culpa de vocês... Então, amanhã eu os levarei para conhecer a segunda pessoa.
Amanhã? Vamos fazer isso amanhã também? ...E minhas férias de verão?
Depois de perguntar o que queria e ouvir o que queria ouvir, Eba saiu prontamente.
Eu a chamei.
Ela parou e se virou, intrigada.
— Sim?
Sua resposta parecia de alguma forma fria. Ignorei isso e perguntei.
— Será que podemos ver o roteiro? O roteiro real usado na filmagem.
Eba me olhou como se estivesse avaliando algo e disse.
— O roteiro é o que vocês viram no filme. Vocês realmente precisam disso?
— Sim. Bem... precisamos entender quanto Hongou-senpai se dedicou ao seu roteiro.
Ela deu um pequeno aceno e disse que seria feito.
Depois disso, embora continuássemos falando sobre Nakajou, o tópico gradualmente se afastou da solução do caso em si. Acabamos falando sem parar sobre nossas impressões de Nakajou e sua empolgação, com o resultado da observação de hoje ficando em segundo plano.
Se você me perguntar qual foi minha impressão dele, eu diria que a citação de Irisu — somente aqueles com as habilidades necessárias podem fazer o trabalho exigido — se encaixa perfeitamente nele.
Notas do tradutor/slag
- The Empress (Tarot card): A Imperatriz é a terceira carta dos Arcanos Maiores no tarot. Ela simboliza a feminilidade, a maternidade, a abundância e a natureza. Representa crescimento, fertilidade e a energia criativa que nutre e protege.
- Justice (Tarot card): A Justiça é a oitava ou décima primeira carta dos Arcanos Maiores, dependendo do baralho. Ela representa equilíbrio, verdade, imparcialidade e responsabilidade. Sugere a necessidade de decisões justas e o reconhecimento das consequências de nossas ações.
- Judgement (Tarot card): O Julgamento é a vigésima carta dos Arcanos Maiores. Significa transformação, renascimento e avaliação. Representa um momento de reflexão, onde somos chamados a reavaliar nossas vidas e a tomar decisões que levam à renovação e ao progresso espiritual.
- The Fool (Tarot card): O Louco é a primeira carta dos Arcanos Maiores, numerada como 0. Ele simboliza novos começos, espontaneidade e potencial ilimitado. Representa a liberdade, a inocência e a disposição para explorar novas possibilidades sem medo do desconhecido.
- The Magician (Tarot card): O Mago é a primeira carta numerada dos Arcanos Maiores (I). Ele simboliza a habilidade, a vontade e o poder de manifestar desejos. Representa o uso consciente de habilidades e recursos para criar mudanças no mundo.
- Strength (Tarot card): A Força é a oitava ou décima primeira carta dos Arcanos Maiores, dependendo do baralho. Ela representa coragem, paciência, compaixão e controle interno. Sugere a necessidade de força moral e física para superar desafios.
- The Star (Tarot card): A Estrela é a décima sétima carta dos Arcanos Maiores. Ela simboliza esperança, inspiração e renovação. Representa um momento de calma e cura, onde se olha para o futuro com otimismo e confiança.
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