Hyouka Japonesa

Tradução: slag

Revisão: slag


Volume 2

Capítulo 1: Vamos Assistir ao Trailer de um Filme!

Diálogos entre aspas (") são pessoas do filme conversando.
Travessão () indica falas normais.


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Chat de bate-papo qualquer.

Log No. 100205

Anonymous: Você tem certeza de que está bem?

Mayuko: Desculpe-me.

Anonymous: Todos iriam culpá-la, você tem certeza de que está bem com isso?

Mayuko: Vou pedir desculpas a eles.

Mayuko: Não tenho outra escolha.

Anonymous: Pedir desculpas não é o problema aqui.

Anonymous: Você ainda será culpada.

Anonymous: Eles vão dizer que o problema ainda não foi resolvido.

Mayuko: Eu sei.

Mayuko: Mas já estou sem ideias.

Mayuko: Eu...

Mayuko: Sinto muito.

Anonymous: Ok, entendo.

Anonymous: É verdade que não havia material adequado para começar.

Anonymous: Então, bom trabalho por aguentar até agora.

Mayuko: Desculpe-me.

Anonymous: Não precisa se desculpar.

Anonymous: Eu cuidarei do resto.

Mayuko: Você vai fazer isso?

Anonymous: Eu começaria do zero se fosse eu.

Anonymous: Eu não posso fazer isso, mas vou pensar em algo.

Mayuko: ?

Anonymous: Mas provavelmente não será tão bom quanto você espera.

***

Log No. 100209

A.ta.shi♪: Desculpe~.

Anonymous: Não se preocupe.

Anonymous: Não tínhamos escolha, já que as coisas acabaram assim.

A.ta.shi♪: Como uma caloura fofa me pediu ajuda, tenho que fazer algo.

A.ta.shi♪: Você passou por todo esse problema afinal...

A.ta.shi♪: Mas como estou tão longe, provavelmente não chegarei a tempo.

Anonymous: Humm.

Anonymous: Então, há mais alguém que você poderia sugerir?

Anonymous: Alguém que poderia fazer isso.

A.ta.shi♪: Sugerir, né?

A.ta.shi♪: Hmm.

A.ta.shi♪: ...

Anonymous: Senpai?

A.ta.shi♪: ZZZ...

Anonymous: Senpai.

A.ta.shi♪: Brincadeira.

A.ta.shi♪: Eu não diria que ele pode fazer isso, mas você poderia fazer com que ele fizesse mandados para você.

A.ta.shi♪: Você poderia até fazê-lo dançar.

***

Log No. 100214

Anonymous: E sobre isso?

L: Sim, definitivamente irei!

L: Sem dúvidas.

Anonymous: Fico feliz em ouvir isso.

Anonymous: Te avisarei sobre a hora e o local depois.

L: Estou ansiosa por isso.

L: Looling (Looling não faz sentido. Talvez quis dizer "Looking".)

L: Looking(Olhando)

Anonymous: Você talvez não saiba disso.

Anonymous: Mas se você apenas digitar as primeiras letras e esperar um pouco.

Anonymous: Ele sugerirá a palavra correta para você.

L: Sério?

L: Ah, entendi.

Anonymous: De qualquer forma, estou contando com você.

Anonymous: A propósito.

L: Sim?

Anonymous: Você pode convidar seus amigos. Aqueles 3 serviriam.

L: Isso está bem para você?

Anonymous: Eles são do Clube de Clássicos, certo?

Anonymous: Eu ficaria feliz se você pudesse trazer seus membros do clube junto.


 

Vamos Assistir ao Trailer de um Filme!

 

Havia um ditado que dizia que todos os homens são criados iguais. Ao mesmo tempo, também se dizia que ninguém nasce perfeito. Se ambas essas frases fossem verdadeiras, então a ordem celestial seria inexequível

Como o valor de uma pessoa mudaria dependendo da região de onde ela vem, não se pode simplesmente descartar completamente seus valores. Nem mesmo nascer perfeito, apenas nascer com um talento já é difícil o suficiente. Enquanto pessoas comuns podem sentir inveja ou ciúmes dos gênios ao seu redor, para mim, seus talentos são apenas parte do nosso cotidiano, então eu não entendo qual é o alvoroço.

Era o fim das férias de verão. Eu estava tendo uma conversa desse tipo com meu velho amigo Fukube Satoshi, que concordava com meus pensamentos.

— Exatamente. Nos últimos 15 anos da minha vida, eu não parecia ser do tipo que possui algum talento. Dizem que grandes talentos amadurecem tarde, mas isso parece mais como trabalhar duro através do cultivo do que talento. Então, acho que desejar alguns talentos é um sonho distante para nós.

— Bem, os gênios são gênios por um motivo. Se nós, pessoas comuns, pudéssemos obter seus talentos, então não precisaríamos sentir inveja deles.

— Meu, agora você está desejando a vida das pessoas comuns, não está, Houtarou? ... se é você, então...

Satoshi casualmente comentou.

— Acho que você é realmente talentoso.

Eu não tinha ideia do que ele estava falando. Enquanto eu olhava confuso, Satoshi riu e disse.

— Eu sei muito bem que não sou do tipo talentoso, mas o mesmo não pode ser dito sobre você, Houtarou.

— O quê?

Como ele costumava fazer piadas com tudo, pensei um pouco em aceitar as partes boas do que ele acabara de dizer literalmente. Eu tinha duas refutações a fazer, em primeiro lugar.

— Se eu tivesse que dizer, acho que é prematuro de sua parte se chamar de uma pessoa normal. Você não é bastante bom em acumular vastas quantidades de conhecimento?

Satoshi deu de ombros.

— Bem, eu acho que sim, mesmo que pareça que estou me gabando. Embora eu não diria que sou bom o suficiente para ganhar competições de conhecimento. O conhecimento que aprendi não é tão vasto.

Mesmo?

De qualquer forma, a segunda refutação.

— Se eu não fosse uma pessoa normal, não haveria como eu observar as pessoas.

— Então, não direi mais nada. Embora eu ainda tenha minhas dúvidas sobre você não ter nenhum talento.

— Onde você já me viu usando meus talentos de qualquer forma?

— Hmm, onde, é?

Após fingir pensar, ele apontou o dedo para a Escola Secundária Kamiyama.

— Lá.

— A escola?

— Não, a Sala de Geologia, também conhecida como sala do Clube de Clássicos... Você foi simplesmente incrível ao resolver o incidente 'Hyouka'. Sinceramente, eu nunca esperava que você fosse tão bom. Por isso, eu disse que tenho minhas dúvidas sobre você não ter talento com base nisso.

Satoshi disse enquanto sorria. Em contraste, eu parecia amargo.

O incidente "Hyouka". Não foi um incidente criminoso, nem civil. "Hyouka" era o nome de uma série de antologias de ensaios publicadas pelo Clube de Clássicos, uma organização misteriosa à qual Satoshi e eu pertencemos. A razão pela qual as antologias foram nomeadas assim não pode ser explicada em poucas palavras, e por um motivo muito bom também. 

Graças a esse motivo, eu estava envolvido em todo tipo de eventos problemáticos. E Satoshi estava comentando sobre meu papel nesses eventos.

Ele continuou.

— O único que resolveu tudo isso foi você.

— Agora você está exagerando. Eu apenas tive sorte.

— Sorte, huh? Eu não estava falando sobre como você se vê, mas sobre como eu te vejo.

Ele pode dizer coisas tão arrogantes com um tom tão calmo. Como eu estava acostumado com seu modo de falar, nem fiquei chateado.

Além de ser um velho amigo, Fukube Satoshi também é um bom rival. Como rapaz, ele era baixo de estatura, e sua aparência frágil poderia facilmente ser confundida com a de uma garota que era vista de longe. 

No entanto, ele é bastante animado, especialmente quando está perseguindo coisas que o interessam. Tanto que ele priorizaria isso em relação a outras coisas consideradas "necessárias" por todos os outros. Ele está sempre sorrindo e carregava uma bolsa de cordão. Enquanto ele balançava a bolsa de cordão, perguntou.

— Aliás, que horas são agora?

— Cheque seu próprio relógio.

Ele bateu em sua bolsa.

— Está dentro da minha bolsa, é muito chato tirá-lo.

Satoshi considerava carregar um relógio de pulso algo muito trabalhoso e preferia verificar o tempo pelo celular.

— Sou eu quem está sendo incomodado aqui.

— 'Se eu não tenho que fazer, não faço. Se eu tenho que fazer, faça rápido.' Certo?

Satoshi sorriu, brincando com meu lema. 

Eu olhei a hora no meu relógio de pulso e o corrigi.

— É 'Se eu tenho que fazer, faça rápido.'... De qualquer forma, acabou de passar das dez."

— Você realmente tem que memorizar cada palavra disso? Não é como se fosse um lema grandioso ou algo assim. Nossa, já são dez? É melhor a gente se apressar. Chitanda-san pode nos perdoar por chegarmos atrasados, mas é da Mayaka que eu tenho medo.

Eu concordo com isso. Ibara Mayaka pode ser muito assustadora quando está brava. Eu não sei se o Satoshi sabe disso ou não, mas tenho a sensação de que Chitanda Eru é igual. Enquanto Satoshi aumentava a velocidade, eu fazia o mesmo.

Ao atravessarmos a faixa de pedestres, chegamos aos portões da escola. Era um dia típico na Kamiyama High, onde havia estudantes por toda parte, apesar de ser um feriado escolar.

O pátio estava cheio de estudantes usando uniformes ou roupas casuais. A música dos clubes musicais podia ser ouvida tocando. Além do pátio, algum tipo de grande monumento estava sendo erguido, provavelmente alguma atração elaborada por algum clube. Mesmo durante as férias de verão, a Kamiyama High School estava cheia de estudantes cheios de energia, todos se preparando para o Festival Cultural.

O número total de estudantes na Kamiyama High School era de cerca de mil. A escola oferecia currículos para exames de ingresso na universidade, além de ter uma cena de atividades de clubes animada. Se excluíssemos o exaltado Festival Cultural, a Kamiyama High era apenas uma escola normal como qualquer outra. 

O campus continha três prédios: o Bloco Geral, que abrigava as salas de aula regulares, o Bloco Especial com suas salas de aula de propósitos especiais, e o Ginásio. A sala do Clube de Clássicos estava localizada na Sala de Geologia no quarto andar do Bloco Especial.

Enquanto o Coral Club e o A Capella Club cantavam no pátio, apressamos nosso passo. Como Satoshi disse, meu lema era "Se eu não tenho que fazer, não faço. Se eu tenho que fazer, faça rápido." Para simplificar, eu era um "economizador de energia". Esse estilo de vida era totalmente diferente daqueles que se dedicavam intensamente às atividades estudantis como o Festival Cultural. Embora eu não estivesse com vontade de pensar sobre essas coisas agora.

Da entrada, nos dirigimos ao corredor que levava ao Bloco Especial. Uma longa pintura de algum clube podia ser vista ao lado da escada, secando enquanto subíamos, quatro degraus por vez, o que era bastante exaustivo. Como era fim do verão, tirei meu lenço para enxugar o suor quando entramos na Sala de Geologia.

Imediatamente fomos recebidos por alguém gritando. 

— Vocês estão atrasados!

De pé firmemente no centro da sala como um deus guardião estava nada menos que Ibara, a pessoa responsável por supervisionar a publicação da antologia do Clube de Clássicos "Hyouka", com quem tenho uma longa amizade.

Ibara Mayaka. Embora não fossemos exatamente íntimos, por alguma razão não conseguíamos evitar nos ver o tempo todo. Embora ela tenha crescido desde o ensino fundamental, ela ainda tinha um rosto infantil apesar de ser estudante do ensino médio. Apesar de sua aparência, ela era na verdade bastante rigorosa. Além de ser implacável com os erros dos outros, ela era ainda mais exigente consigo mesma. A razão para sua ira era simples, pois foi acordado que deveríamos nos encontrar aqui às dez da manhã.

Mantendo sua postura de deusa guardiã, Ibara falou.

— Fuku-chan, explique-se.

O sorriso de Satoshi ficou tenso enquanto ele dizia.

— Bem, não podíamos usar nossas bicicletas hoje...

— Você já deveria saber disso!

A propósito, durante as férias de verão, as pessoas podiam vir para a Kamiyama High School de bicicleta, já que o bicicletário estava atualmente em manutenção e não podia ser usado.

— Se controle, Fuku-chan! Você ainda não entregou seus manuscritos!

Satoshi abriu as mãos enquanto lutava para protestar.

— E-Espera aí, Mayaka! O Oreki não está atrasado também?

Ibara virou-se para me olhar e, ao encontrar meu olhar, voltou-se para Satoshi.

— Quem se importa com o Oreki?

... Duplo padrão, huh?

A razão pela qual Ibara prestava tanta atenção a Satoshi era porque ela estava apaixonada por ele. E ela mesma não fazia tentativas de esconder isso. Por outro lado, Satoshi tinha evitado suas investidas até hoje. Quanto à quando eles começaram tudo isso, eu não tinha ideia.

De qualquer forma, o Clube de Clássicos era composto por quatro membros: eu, Satoshi e Ibara, além da Presidente, Chitanda Eru. Embora agora Chitanda não estivesse em lugar nenhum.

— Isso é um duplo padrão!

— Do que você está falando? Não tem duplo padrão nenhum.

Interrompi a troca de palavras sem sentido deles e disse.

— Ei, Ibara, a Chitanda também está ausente.

— Como posso ter duplo padrão... Huh? Chi-chan? É verdade, ela ainda não chegou. Isso me preocupa.

— Entendi, na verdade não é duplo padrão.

Murmurou Satoshi.

— Sim, é triplo padrão.

Incomumente, Ibara respondeu sorrindo.

Como se estivesse combinado, uma silhueta foi vista abrindo silenciosamente a porta e entrando na sala. 

Era a Chitanda.

Chitanda Eru. Com seus longos cabelos escuros e figura frágil, ela dava a aparência de uma dama elegante. E esse era um fato, já que ela era filha do Clã Chitanda, que possuía vastas extensões de terras agrícolas em um canto da cidade de Kamiyama. 

No entanto, em contraste com sua natureza graciosa, seus olhos grandes. Para mim, esses eram os que a representavam mais. Se Ibara era uma criança na aparência, então Chitanda era uma criança devido à sua incrível curiosidade por cada mistério que encontrava. Apesar de sua natureza infantil, ela era inteligente, o que tornava ainda mais difícil lidar com ela.

O relógio marcava meia hora depois das dez. Chitanda se curvou profundamente e disse.

— Sinto muito por estar atrasada.

Chitanda quase nunca parecia tão desarrumada. Embora não fosse estritamente pontual, era raro vê-la atrasada. Ibara deve ter pensado a mesma coisa, pois perguntou a Chitanda sem culpá-la.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim. Um pouco. Eu estava tendo uma conversa longa agora mesmo.

Que conversa? Não saberemos se você não explicar. Dito isso, Chitanda continuou antes que eu pudesse perguntar.

— Explicarei depois sobre qual conversa eu estava tendo.

O que ela está tramando? Tenho um pressentimento ruim sobre isso.

— Hmm... Bem, vamos começar então.

O motivo pelo qual o Clube de Clássicos estava reunido aqui hoje era realizar uma reunião sobre a publicação da antologia do clube "Hyouka", que incluía que design e fontes usar, como organizar os artigos e em que papel imprimir. Embora fosse melhor se eu tivesse sugerido que deixássemos tudo com a Ibara, ela provavelmente não permitiria, já que argumentava que, como todos contribuímos com nosso dinheiro e manuscritos, era justo que participássemos da compilação da antologia também. 

Eu realmente não queria fazer isso, mas não tenho nada melhor para fazer durante as férias de verão de qualquer maneira.

Ibara tirou alguns exemplos de papel de sua bolsa e começou a falar.

— Este é o papel de melhor qualidade que nosso orçamento permitiu, enquanto este é o mais barato. Eles são muito diferentes, e não apenas na aparência, mas como a tinta aparece neles...

Enquanto ela começava a explicar, tanto Satoshi quanto Chitanda ouviam com entusiasmo. Enquanto eu me sentia como um pedaço de madeira podre na montanha, eu ainda fazia um esforço para ouvir, para que Ibara não ficasse brava.

***

A reunião editorial terminou mais cedo do que o esperado, um pouco menos de uma hora depois de começar. Ibara tinha anotado os itens que foram aprovados em seu caderno, que ela então transmitiria aos editores. Ser um supervisor de edição certamente parecia difícil, então coloquei minhas mãos juntas em gratidão pelo trabalho árduo dela.

Agora já era tarde da tarde. Embora pudéssemos ir para casa, decidimos ficar e almoçar tendo acabado de comprar algumas marmitas na loja de conveniência. Enquanto tirava minha marmita que custava menos de 400 ienes de minha bolsa, os outros três fizeram o mesmo.

Enquanto retirava o filme que envolvia seu onigiri, Satoshi falou sem se dirigir a ninguém especificamente.

— Então, quando a antologia será publicada?

A pessoa que deveria ter uma ideia de como responder a essa pergunta era, é claro, Ibara, que resmungou como se dissesse "Como se eu pudesse me lembrar exatamente quando" e disse.

— Deveríamos ter o exemplar de prova até o início de outubro, mas não receberemos as cópias reais até pouco antes do Festival Cultural.

Agora era o final de agosto, uma semana antes do final das férias de verão. Seria incômodo continuar escrevendo quando as aulas recomeçarem em setembro. Como economizador de energia, não gosto de deixar o trabalho incompleto, pois é ineficiente. É claro que é melhor terminá-lo o mais rápido possível. De qualquer forma, ainda temos muito tempo.

O som de Chitanda abrindo a tampa de sua marmita podia ser ouvido. Para as garotas de sua idade, as marmitas geralmente seriam pequenas e conteriam comida tão simples quanto pequenos lanches. 

Embora sua marmita fosse tão pequena, a comida que ela continha parecia bastante recheada: Gobou cozido, omeletes doces e carne moída. Antes de pegar seus hashis, ela perguntou casualmente.

— A propósito, algum de vocês está ocupado esta tarde?

Como eu nunca fui o tipo com algo melhor para fazer de qualquer maneira, tenho tempo livre. Naturalmente, eu balancei a cabeça. Ibara também o fez.

— Eu tenho que levar essas notas para o editor, mas só vou poder fazer isso esta noite.

Satoshi pensou por um momento,

— Eu estava pensando em ir ao Clube de Artesanato para ver se posso ajudar. Não mexo com equipamentos de costura há um tempo. Além disso, faz um tempo desde que saí com o comitê do Conselho Estudantil. Mas por que não?

Como todos nós concordamos, Chitanda parecia estar radiante de felicidade. Ao vê-la sorrir, tive de repente um pressentimento ruim. Embora eu não fosse tão longe a ponto de dizer que isso era baseado em experiência, eu apenas estava apreensivo com problemas, só isso.

Enquanto colocava seus hashis de lado, ela disse com vigor.

— Então, vamos assistir a um trailer!

Trailer?

Eu não fazia ideia do que ela estava falando. Será que algo aconteceu do qual eu não tenho conhecimento? Sem pensar, virei-me para olhar Satoshi, que apenas balançou a cabeça para indicar que ele também não sabia de nada. O mesmo para Ibara, que parecia confusa.

— Chi-chan, que trailer é esse? Um filme?

— Sim... Umm, não é realmente um filme, mas mais como um filme gravado em vídeo.

Filme gravado em vídeo? Certamente ela quer dizer um filme caseiro.

— É com o Clube de Estudos Cinematográficos?

Chitanda balançou a cabeça.

— Não exatamente.

— Então, o Clube de Estudos de Filmes Caseiros?

Pare de ser estúpido, Satoshi. 

Tanto eu quanto Ibara o encaramos com frieza, embora ele continuasse sorrindo como sempre e disse.

— Tenho certeza de que existe! Se existe um Clube de Clássicos, certamente existiria também um Clube de Estudos de Filmes Caseiros.

Satoshi dissipou sua piada imediatamente, fiel ao seu lema de "Piadas devem ser feitas na hora, assim como os mal-entendidos devem ser dissipados imediatamente". Se ele diz que existe, então provavelmente existe. Isso não era algo para se surpreender, já que a Escola Secundária Kamiyama tem uma enorme variedade de clubes relacionados às artes.

Mas ainda assim, Chitanda balançou a cabeça.

— Também não é isso. É um filme de exibição feito pela Turma 2-F.

— Uau, uma exibição de classe.

Ibara concordou admirada.

— Não acho que minha turma teria energia para organizar sua própria exposição, já que todos estão ocupados com seus próprios clubes.

De fato. Mesmo para minha turma 1-B, ninguém fez propostas para organizar algo em nome da turma para o Festival Cultural, já que todos estavam cansados com suas próprias atividades de clube. Além disso, realizar uma exposição seria uma tarefa bastante grande. Pensando bem, isso tornaria Satoshi bastante incrível, já que ele está ocupado com o Clube de Clássicos, o Clube de Artesanato e o Conselho Estudantil.

— Alguns alunos da Turma 2-F que fazem parte de várias equipes esportivas decidiram também participar do Festival Cultural. Como conheço alguém da Turma 2-F, fui convidada para a prévia do filme deles para pedir minha opinião sobre ele. O que acham? Estão interessados?

— Sim, vou lá!

Satoshi concordou sem pestanejar. Novamente, qualquer coisa que o interesse provocaria tal reação nele.

Ibara levantou as sobrancelhas ligeiramente e perguntou.

— Que tipo de filme é esse?

— Umm, ouvi dizer que é um filme de mistério.

Essa resposta foi suficiente para satisfazer Ibara.

— Parece divertido. Claro, vou também.

— Pensei que você odiasse filmes artísticos, Mayaka.

— Não gosto deles... Este é feito por pessoas interessadas em filmes, afinal de contas.

De fato, ninguém pensaria em assistir a um filme feito por pessoas que apenas "querem participar do Festival Cultural".

E agora, e quanto a mim?

Para ser honesto, eu não sou exatamente interessado em filmes. Nunca senti vontade de assistir a qualquer filme, fossem eles filmes de arte ou blockbusters. Quanto ao motivo disso, eu mesmo não tenho muita certeza. Provavelmente tem a ver com o fato de que assistir a filmes é algo que consome muito tempo, me disseram que estou perdendo metade da diversão da minha vida como resultado. 

Não é que eu odeie assistir a eles, e havia alguns filmes dos quais eu gostava...

De qualquer forma, acho que vou para casa.

Antes que eu pudesse falar, Chitanda abriu a boca animadamente.

— Então está decidido! Todos nós vamos então!

— Não, eu...

— Na verdade, além de mim mesma, foi-me dito para trazer mais três pessoas comigo. Estava pensando que aqui no Clube de Clássicos temos três pessoas; o número é perfeito.

Ela nem está ouvindo.

Sorrindo maliciosamente, Satoshi apontou o polegar para mim e disse.

— Chitanda-san, o Houtarou parece ter algo a dizer.

— Oreki-san, você vai, não vai?

Ah.

— Não vai?

Ah.

Por que eu nunca conseguia descobrir como lidar com Chitanda toda vez? Não importava que tipo de respostas eu pensasse antecipadamente, ela sempre conseguia me fazer ir. Claro, eu poderia ter escolhido simplesmente recusar sem me sentir culpado, mas o problema era que eu não conseguia encontrar motivo para recusá-la.

Eu dei de ombros em resignação. De qualquer forma, não havia nada para eu fazer mesmo se fosse para casa agora de qualquer maneira.

***

A Sala de Audiovisual tinha suas cortinas fechadas, bloqueando a luz do sol que se punha lá fora, transformando a sala em escuridão.

Dentro dessa escuridão, uma estudante do sexo feminino emergiu de repente. A razão para tal ilusão provavelmente tinha algo a ver com o vestido azul-marinho que ela estava usando, que se misturava bem com a escuridão.

Chitanda a chamou.

— Eu vim como você me pediu.

Ela se aproximou de nós, e só então consegui distinguir seus traços.

Sua altura era semelhante à de Chitanda, talvez um pouco mais alta, enquanto sua figura era esguia. Seus olhos eram ligeiramente levantados e pequenos, e seu rosto parecia refinado. Não seria exagero descrevê-la como bonita, embora para mim ela parecesse mais séria do que bonita. 

Embora fosse difícil determinar se ela era um ano mais velha que nós, havia uma sensação de majestosa solenidade emanando dela. Mais do que uma estudante do ensino médio, ela parecia mais com uma policial ou professora estereotipada... não, mais como um oficial feminino das Forças de Autodefesa, com uma patente não inferior a Major. Falando com uma voz suavemente calma, ela disse.

(N/T: Estereotipado: que não pode ser verdadeiro; que não é original; desprovido de autenticidade.)

— Ah, então vocês vieram.

Ela olhou para cada um de nós e continuou.

— Bem-vindos. Agradeço por tirarem um tempo para vir.

Chitanda introduziu cada um de nós lentamente.

— Esta é Ibara Mayaka-san, Fukube Satoshi-san e Oreki Houtarou-san. Assim como eu, eles são membros do Clube de Clássicos.

A garota parecia dar uma expressão bastante ambígua enquanto éramos apresentados. Não consegui dizer se ela estava sorrindo ou parecendo depressiva. Mas ela logo voltou à sua expressão anterior e se curvou para nós.

— Prazer em conhecê-los... Meu nome é Irisu Fuyumi.

Enquanto ela se apresentava, Satoshi reagiu imediatamente e levantou a voz em exaltação.

— Ah, como eu pensei, você é a senpai Irisu! Eu sabia que já tinha visto você em algum lugar antes.

— Seu nome é Fukube Satoshi-kun, não é? Desculpe, mas já nos encontramos antes?

— Você participou da reunião do Comitê Organizador do Festival Cultural no final de junho, certo?

— Não consigo lembrar direito, aconteceu algo?

Independentemente de ela realmente ter esquecido ou estar fingindo, Irisu respondeu assim. Satoshi continuou alegremente.

— Eu vi como você resolveu o conflito entre os clubes musicais e os clubes de teatro. Para ser sincero, fiquei impressionado! Desde então, sempre quis encontrá-la pelo menos uma vez!

— Ah, agora eu me lembro —, ela respondeu secamente. — Naquela época, eu não fiz nada de especial.

— Não, sério, você foi ótima. Eu ainda lembro; três vezes você instigou o presidente a restaurar a ordem imediatamente para que os membros pudessem expressar suas opiniões sem interrupções. O conflito foi resolvido em menos de cinco minutos como resultado. Eu praticamente dei uma salva de palmas em pé no fundo do meu coração, porque a Irisu-senpai parecia mais com a presidente naquela época.

Se Ibara não era do tipo de dar elogios, então também era raro para Satoshi elogiar alguém de uma maneira tão exagerada. Agora vem a parte interessante, como Irisu Fuyumi reagiria a tal elogio? Eu ouvi atentamente enquanto pensava nisso.

No entanto, apesar do olhar de admiração de Satoshi, ela mal reagiu e disse.

— É mesmo?

— Irisu-san, você disse que não estava muito interessada no que acontece na escola, certo?

Chitanda perguntou, e Irisu assentiu.

— Fukube-kun estava no Comitê em meu lugar como presidente do clube, então essa reunião provavelmente aconteceu. Então, por favor, não fique muito surpresa com as palavras dele.

— Entendi. Na verdade, eu nem fiquei surpresa.

Satoshi parecia deprimido ao ouvir isso. Ibara então perguntou a Chitanda.

— Chi-chan, como você a conhece?

— Irisu-san? ...nossas famílias são bem próximas uma da outra. Irisu-san costumava cuidar de mim quando eu era mais nova.

Então, o Clã Chitanda tem pessoas para sair como amigos de infância, isso com certeza é um luxo que o Clã Oreki não poderia pagar. Eles certamente são um clã proeminente. Pensando bem, o clã de Irisu também é tão famoso? Eu não tenho muita certeza. De qualquer forma, provavelmente não diz respeito a Irisu Fuyumi em si.

— De qualquer forma —, Irisu voltou ao assunto em questão e nos mostrou o objeto que segurava na mão. O objeto retangular parecia ser uma fita de vídeo. — Vocês foram convidados hoje para assistir a esta fita. Como estou certa de que ouviram da Chitanda, este vídeo é um filme feito pela minha turma. Meu desejo é que vocês assistam ao filme e nos deem sua opinião honesta.

— Estamos ansiosos para fazer isso.

Foi o que Chitanda disse.

Parecia uma verdadeira prévia de filme, tudo bem. Mas para quê? Enquanto a pergunta surgia em minha cabeça, perguntei.

— É só isso que temos que fazer?

Irisu me olhou diretamente com seu olhar sério. Sentindo a pressão de seu olhar, continuei.

— Apenas assistir e depois fornecer feedback?

— Isso é tão estranho assim?

— Até mesmo se realmente dermos nossa crítica, vocês não vão corrigir o filme, vão? Certamente, uma prévia é principalmente para fins de publicidade, onde você pede às pessoas para espalhar a palavra sobre o seu filme, não é mesmo?

Por alguma razão, Irisu assentiu como se estivesse satisfeita.

— Uma boa pergunta. De fato, não há sentido em apenas assistir a este filme. Vou responder à sua pergunta, mas seria melhor se vocês assistissem ao filme primeiro. Que tal?

Hmm, algo não parecia certo. Mas devido à sua resposta eficiente, eu não disse mais nada.

Ao ver minha concordância, Irisu continuou.

— Ainda não decidimos o nome deste filme. Por enquanto, ele vai apenas pelo título provisório 'Mistério'. Quando o vídeo terminar, há algo que gostaríamos de perguntar a vocês, para esse propósito, desejamos que vocês assistam primeiro.

Desta vez foi a vez de Ibara falar.

— Se é chamado 'Mistério', então é um filme de detetive?

— Não estaria errado chamar assim.

— Então podemos fazer anotações durante o filme?

— Claro. Anotem todos os detalhes que virem.

Dito isso, deixamos todas as nossas coisas na Sala de Geologia. Quando Ibara estava prestes a perguntar se poderíamos voltar para pegar nossas mochilas, Satoshi falou.

— Eu vou fazer as anotações então.

E tirou um caderno da mochila com cordão que ele sempre carrega... Eu não sabia que ele tinha trazido isso também.

Irisu olhou para seu relógio de pulso prateado de design simples e disse.

— Agora, vamos começar. Por favor, sentem-se.

Conforme sugerido, ocupamos os assentos mais próximos de nós. Satoshi abriu seu caderno enquanto Irisu se dirigia para a sala de controle. Antes de entrar na porta de ferro, ela se virou para nós e disse.

— Divirtam-se com o filme.

Ao fechar a porta, um som mecânico pôde ser ouvido. Uma tela branca desceu lentamente diante de nós. Nós nos sentamos devidamente eretos e nos inclinamos o máximo possível para trás.

A propósito, Irisu com certeza não se preparou o suficiente para esta prévia. Ela poderia pelo menos ter nos proporcionado um pouco de pipoca.

Um filme cujo título nem sequer tinha sido decidido normalmente não deveria existir. No entanto, uma imagem apareceu diante de nós. Não era nada menos que a Kamiyama High School, que todos nós estávamos acostumados a ver. Mostrava uma sala de aula com mesas e cadeiras alinhadas cuidadosamente. Uma olhada pela janela mostrava que era durante o pôr do sol.

Um narrador começou a falar com uma voz masculina rouca.

"Tudo começou quando um grupo de estudantes determinados da Classe 2-F decidiu participar do Festival Kanya para deixar memórias de sua vida escolar. Então, eles realizaram uma reunião um dia após a escola para decidir o que fazer."

A propósito, "Festival Kanya" é o apelido para o Festival Cultural da Kamiyama High School, embora nós, do Clube de Clássicos, não o chamemos assim. Quanto ao motivo, essa é outra história longa.

Um grupo de estudantes então apareceu na tela. Seis deles no total, sentados ao redor de mesas dispostas frente a frente. Isso deve ser a cena da reunião que o narrador acabou de mencionar. A câmera então mostrou cada pessoa enquanto o narrador os apresentava com seus nomes.

Em primeiro lugar, havia "Kaitou Takeo", um estudante masculino musculoso que parecia pertencer a algum time de artes marciais. Com um corte de cabelo estilo militar, ele era o mais alto dos seis estudantes.

Em segundo lugar, "Sugimura Jirou", um estudante magro e o único estudante do sexo masculino de óculos. Talvez devido à câmera estar apontada para ele, ele não conseguia se manter parado.

Em terceiro lugar, "Yamanishi Midori", uma garota de pele bronzeada e cabelos tingidos de marrom que desciam até os ombros. Embora tenham se passado alguns segundos entre várias cenas dela, seu cabelo parecia ter crescido um pouco.

A seguir, "Senoue Mamiko", uma garota baixa com uma circunferência um pouco larga. Em vez de gordinha, talvez tenha algo mais a ver com seu rosto redondo.

Depois dela veio "Katsuda Takeo", um cara com boa aparência. Embora seu cabelo fosse tingido de vermelho, ele parecia mais do tipo sério.

Finalmente, "Kounosu Yuri", uma garota vestida de forma simples que parecia bastante relaxada apesar de ter a câmera voltada para ela. Ela era a mais baixa de todas as garotas.

Enquanto seus nomes eram apresentados, Satoshi rapidamente os anotou em seu caderno. A maioria das grafias dos nomes foram supostas, já que não estavam escritos na tela.

Após as apresentações, a próxima cena mostrou o estudante de óculos, Sugimura, falando.

"E se nós visitássemos a área de Narakubo?"

Ah, Ibara podia ser ouvida resmungando. Eu sabia como ela se sentia, já que o cara estava lendo suas falas de maneira monótona.

"A área de Narakubo?" Perguntou Yamanishi, cujo comprimento do cabelo variava dependendo da cena. 

O ruivo Katsuda respondeu.

"Acho que já ouvi falar dessa área, é em Furuoka Town, se me lembro bem."

"Exatamente, é uma vila de mineração abandonada. Nasceu durante o boom da mineração, embora quase não haja mais ninguém lá agora."

Era diálogo sem emoção o tempo todo, mas isso era de se esperar. Chitanda disse que essas eram pessoas de times esportivos que queriam participar do Festival Cultural, afinal. Não dá para esperar que eles atuem como o Clube de Drama.

O bem construído Kaitou levantou o braço para falar.

"Pesquisa em uma vila abandonada, huh? Parece bom para mim."

"Seria bom ir lá uma vez, já que tem um apelo que vale a pena visitar. Uma vila com uma história que vale uma vida, isso parece interessante."

A fala de Yamanishi aqui foi um pouco melhor, pois ela a imbuiu com alguma emoção. Provavelmente era seu sentimento genuíno sobre o lugar. Enquanto isso, a redonda Senouchi respondeu com uma atuação igualmente boa.

"O material pode parecer interessante, mas é uma ruína abandonada, não é? Não é exatamente o meu tipo de lugar."

Kounosu, que usava um olhar abatido o tempo todo, interveio.

"Eu sei como chegar a Narakubo... É bem no meio das montanhas. Se caminharmos desde o ponto de ônibus mais próximo, chegaremos lá em cerca de uma hora."

"Eh~."

Yamanishi não parecia muito satisfeita. Ela provavelmente é uma personagem que reclama muito. Por outro lado, Kaitou parecia bastante relaxado. 

"Deveríamos conseguir lidar se for apenas uma hora. Podemos ir de bicicleta e até fazer um piquenique enquanto estivermos lá." 

"Então está decidido. Nossa exposição para o Festival Cultural será uma pesquisa sobre a história da área de Narakubo." 

Sugimura então deu uma opinião discordante, argumentando que apenas cobrir uma vila abandonada não é interessante o suficiente. 

Ele foi apoiado por Yamanishi, que preferia ir a outro lugar. Senoue sugeriu que poderia ser consertado apresentando a história de um ângulo interessante. Quando perguntado como poderia ser feito, Sugimura sugeriu cobri-lo como uma história de aventura, mas foi rejeitado por ser muito tradicional. 

Kounosu então sugeriu cobrir o aspecto oculto da área, o que foi aprovado por ser interessante. 

Embora Sugimura tenha contestado que mais pesquisa seria necessária, já que praticamente não havia histórias de fantasmas daquela área. O que se seguiu foi uma série desconfortável de idas e vindas entre os colegas de classe enquanto debatiam calorosamente entre si sobre quais ideias adotar e quais rejeitar. Essa foi a principal linha desta cena inicial. Quando a cena escureceu, o narrador falou novamente.

"Uma semana depois, o grupo partiu em direção à área de Narakubo em Furuoka Town."

Ao retornar à tela, a paisagem da escola foi substituída por uma floresta montanhosa em meio ao calor do verão. Isso, sem dúvida, era a área de Narakubo.

Eu sabia onde ficava Furuoka Town. Fica a cerca de 20 quilômetros ao norte da cidade de Kamiyama. Costumava ser uma cidade próspera devido a um rico depósito de chumbo ou outro metal nas minas próximas, mas como qualquer outra cidade que depende apenas de uma indústria para prosperar, caiu em tempos difíceis quando a mina foi esgotada. 

Mas e a área de Narakubo?

Era o tema sobre o qual Ibara e Satoshi estavam discutindo.

— Fuku-chan, você já ouviu falar de Narakubo?

Como era de se esperar, Satoshi, é claro, sabia.

— Sim, costumava ser a principal área de mineração das Minas de Furuoka. Embora chegar lá seja inconveniente, em seu auge, era bastante próspero.

Ele então passou a listar alguns cantores enka famosos.

(N/T: Enka é um gênero musical japonês que tem raízes profundas na tradição e na música popular do Japão, muitas vezes refletindo sentimentos de tristeza, amor não correspondido e nostalgia. Vou listar alguns cantores no final do capítulo….)

— Estes eram os tipos de celebridades que eles conseguiram convidar para se apresentar na área.

Ibara parecia um pouco surpresa. Eu também, pois os nomes que Satoshi listou eram bastante proeminentes.

— No entanto—

Enquanto Satoshi estava prestes a continuar, Chitanda o interrompeu.

— Está prestes a começar.

À medida que a imagem se movia pela densa floresta, mostrava-se um grupo de estudantes. Naturalmente, eles estavam vestidos adequadamente para o clima quente. Cada um carregava sua própria mochila, embora não soubéssemos o que havia dentro delas.

Yamanishi ficou em pé e disse.

"Está fazendo muito calor. Estamos andando há algum tempo, já chegamos?"

Sugimura respondeu.

"Quase. Cerca de cinco minutos, eu acho."

"Foi o que você disse há um tempo atrás. Droga, está tão quente, estou cansada."

"Bem, você não é a única que está com calor, então, apresse-se e continue andando."

Foi o que Kaitou disse. E todos começaram a andar novamente, com a câmera os seguindo.

A área de Narakubo parecia estar realmente situada no meio das montanhas. Embora houvesse sinais de atividade humana ao longo da estrada, eles estavam em grande parte encobertos pela floresta. 

Entre os arbustos, era possível ocasionalmente vislumbrar as ruas de Furuoka Town abaixo das montanhas. Embora a estrada fosse pavimentada, dava para ver sinais de danos. O asfalto na calçada parecia prestes a se soltar em pedaços do tamanho de punhos. 

Se era devido a condições tão ruins para caminhar, a câmera constantemente tremia enquanto se movia. Se os atores eram amadores, então o mesmo acontecia com o cameraman. Até um leigo como eu podia dizer que o trabalho da câmera parecia incomum, resultando em uma visualização difícil.

A cena então mudou para outro ângulo de trás do grupo. Em breve, Sugimura, que liderava o grupo, ajustou os óculos e apontou para frente.

"Chegamos. Isso é Narakubo!"

Todos seguiram o olhar de Sugimura, incluindo a câmera, e uma bacia dentro da montanha foi mostrada. No topo da bacia, havia uma ruína.

Para alguém que vive em uma cidade moderna, pensar que tal ruína poderia existir a 20 quilômetros de onde eu morava parecia surreal. 

Havia muitas casas isoladas com janelas quebradas e telhados em mau estado. Algumas estavam praticamente desabando. Se este lugar era a mina de minério, então essas casas seriam as casas dos mineiros. Desconsiderando qualquer sinal de presença humana, essas casas estavam agora cercadas por uma espessa camada de hera. 

Uma placa de esmalte podia ser vista abaixo do que costumava ser uma loja, enfatizando ainda mais a solidão da paisagem urbana deserta. Entendo, as palavras de Sugimura não foram inventadas, este lugar realmente valia a pena visitar.

A câmera passou rapidamente por essas cenas. Talvez tenha a ver com a inexperiência do cinegrafista, ou talvez tenha sido feito para esconder as atuações ruins dos atores. De qualquer forma, a próxima cena mostrada foi bastante intensa.

Até mesmo os atores pareciam atordoados com a paisagem. À medida que a câmera se voltava para o que eles estavam vendo, alguém podia ser ouvido sussurrando "Uau". Tive a sensação de que essa linha não estava no roteiro.

Mas então, o diálogo roteirizado recomeçou novamente.

"Entendo. Este é um bom lugar para coletar material." Katsuda disse, enquanto tirava uma câmera instantânea do bolso e começou a tirar fotos. 

Senoue pegou um caderno e começou a escrever. Após uma breve pausa, Kaitou começou a dar instruções em voz alta.

"De qualquer forma, precisamos encontrar um lugar para passar a noite. Começaremos a pesquisa depois disso."

"Que tal ali então?"

Kounosu apontou para uma das ruínas em Narakubo. Enquanto a câmera se movia na direção que ela estava apontando, um grande prédio podia ser visto, aparentemente um teatro.

"Devemos estar protegidos da chuva se estivermos lá."

"Entendi. Então vamos."

Os seis começaram a descer a encosta, e a cena desapareceu.

Ao retornar, a tela agora mostrava a entrada do teatro. O grupo ficou diante das duas portas de vidro e olhou para o prédio. A câmera subiu pelas paredes sujas. Olhando diagonalmente para cima, o teatro parecia surreal.

A câmera então voltou para o grupo, onde Kaitou abriu a porta de vidro, e cada um deles o seguiu para dentro do teatro. O último a entrar foi Kounosu, com os olhos baixos. Ela murmurou.

"Por algum motivo, tenho um pressentimento ruim sobre isso."

Ela então entrou no teatro, e, à medida que os seis entravam na escuridão, a cena terminava.

Tanto Satoshi quanto Ibara levantaram suas vozes inesperadamente. Satoshi parecia encantado, enquanto Ibara parecia descontente.

— Aha, um mistério de mansão, né?

— Hmph, apenas um mistério de mansão?

A próxima cena se passou dentro da mansão... desculpe, quis dizer teatro. Como não havia eletricidade em um vilarejo abandonado, estava escuro dentro do prédio. Comparado com as silhuetas dos edifícios do lado de fora, que podiam ser claramente vistos sob a luz do sol de verão, o interior era difícil de enxergar, embora não a ponto de não conseguirmos distinguir os rostos dos atores. O chão era de pedra, e seus passos podiam ser ouvidos ecoando enquanto caminhavam.

"Está cheio de poeira..." 

Murmurou Yamanishi enquanto limpava a poeira de suas roupas e mexia em seu cabelo. 

A visão embaçada provavelmente tinha algo a ver com o fato de estar realmente empoeirado. Caminhando ao lado dela, Katsuda olhou para cima e disse.

"Parece que o prédio ainda é resistente o suficiente".

Senouchi, ainda segurando o caderno na mão, virou-se e perguntou a Sugimura.

"Eles construíram mesmo um teatro desses nas montanhas, não é?"

"A mina de minério era lucrativa, afinal. No passado, é claro. E é exatamente porque a mina está tão fundo nas montanhas que decidiram construir algo assim para se entreterem".

— Ah…, — sussurrou Satoshi, que tinha interesse por essas curiosidades, e disse para mim. — Agora estão dizendo algo interessante.

Não é como se estivéssemos esperando um diálogo interessante para começar de qualquer forma.

Kaitou então bateu o pé no chão, criando um barulho alto que ecoou pelo salão. Enquanto eu me perguntava o que estava acontecendo, a câmera deu zoom em algo além de seus pés, que parecia refletir a pouca luz que havia. Parecia ser algum vidro quebrado.

"Se vamos ficar essa noite...", Kaitou ergueu a sobrancelha e continuou, "Não é seguro aqui, com todos esses pedaços de vidro pelo chão".

A câmera então se moveu. Embora fosse difícil de ver, se realmente estivéssemos no teatro, estaríamos no saguão de entrada. De lá, podia-se ver o segundo andar, assim como duas escadas e uma sala. Mais uma vez, a câmera subiu para mostrar o segundo andar. Parecia que o saguão era cercado por um átrio. Sugimura e Katsuda falaram, respectivamente.

"Acho que teremos que encontrar um lugar adequado para dormir então".

"Você está certo, antes que escureça".

Concordando com a cabeça, Kaitou olhou ao redor.

"Vamos nos separar para procurar então. Tem algum mapa que podemos usar?"

"E que tal esse?" 

Kounosu os chamou para o lado da entrada, e o filme cortou para a próxima cena.

A cena seguinte mostra um mapa do teatro que Kounosu estava olhando. Como estava escuro e difícil de ver, alguém deveria ter iluminado com uma lanterna.

— Aha, um mapa!

Exclamou Satoshi grato e começou a copiar aquele mapa em seu caderno. Embora os detalhes fossem difíceis de ler, já que a tela era grande, as palavras ainda eram legíveis. Como o mapa foi exibido por cerca de 30 segundos, Satoshi conseguiu terminar de copiar a tempo.

Como mostrado no mapa, o teatro era composto por dois andares. Na frente da entrada estava o saguão de entrada, onde o grupo estava. Ao lado do saguão estava o escritório. Mais adiante, havia uma parede com um conjunto de portas, que levava a um corredor e, naturalmente, a um palco ao seu final. 

Nos dois lados do corredor havia dois corredores, com duas salas de controle de cada lado. No final desses dois corredores estavam as áreas dos bastidores. No lado direito do auditório estava o "Palco Direito" e à esquerda, o "Palco Esquerdo".

Duas escadas em cada lado do saguão levavam ao segundo andar. As escadas do lado direito levavam à sala de iluminação, com equipamentos de iluminação do lado para brilhar no palco. Acima do escritório estava a sala de equipamentos, e em frente à sala de iluminação estava a sala de áudio. 

Como ambos os lances de escadas levavam ao mesmo lugar, era possível chegar à sala de equipamentos pelos dois lados.

O mapa era o que o grupo deveria ter visto. A tela então se moveu na direção de Kaitou enquanto ele falava.

"Então vamos nos separar e dar uma olhada lá dentro."

"Isso não será perigoso?" Perguntou Katsuda.

"Aqui não há nada além de ruínas, o que há de perigoso nisso?" Perguntou Kaitou.

Senoue então perguntou.

"Mas, se vamos entrar nos quartos, não precisaremos das chave?"

Kounosu respondeu no lugar de Kaitou.

"Isso não será um problema. Deve haver uma..."

Ela então entrou no escritório ao lado do saguão. Surpreendentemente, a porta do escritório não estava trancada. A câmera seguiu Kounosu até o escritório, onde ela olhou ao redor duas ou três vezes antes de notar uma caixa de chaves pendurada na parede.

"Aqui está."

Ela então saiu do escritório com um conjunto de chaves, deixando o outro conjunto dentro da caixa, na qual a câmera permaneceu fixa. Embora a iluminação fosse fraca, no chaveiro estava claramente escrito "Chave Mestra".

"Com isso, deveríamos conseguir explorar o prédio."

Kounosu voltou ao corredor e mostrou o conjunto de chaves para Kaitou, que assentiu e tirou uma chave do conjunto.

"Então, cada um pegue uma e veja se consegue encontrar algum quarto em que possamos ficar. Não importa se acabarmos em quartos separados. Também procurem por quartos onde seja seguro acender um fogo ou livres de qualquer outro perigo."

Todos então pegaram uma chave do conjunto segurado por Kounosu, e em pouco tempo, todas as chaves foram retiradas.

— Sabe, — disse Satoshi enquanto sorria, — Realisticamente, quem pensaria em todos se separando e indo por conta própria em uma situação dessas?

— Entrar em uma casa abandonada em ruínas já é irreal o suficiente, então o que há de errado com esta cena?

Satoshi sorriu ainda mais. 

— Não, nada está especialmente errado. Afinal, se eles não se separassem, não teríamos mistério. com isso, está garantido, afinal.

— Em outras palavras….

— Algo está prestes a acontecer. Aposto um cachorro-quente de que, quando se reunirem, estará faltando uma pessoa.

Sentada ao lado de Satoshi, Ibara olhou para mim com um olhar sério. Provavelmente estava dizendo — Pare de falar sobre coisas irrelevantes e assista ao filme logo! — Mesmo que eu não tenha sido o responsável por iniciar a conversa.

A tela então mostrou cada membro verificando o mapa para encontrar o quarto correspondente à sua chave e desaparecendo na escuridão do prédio um por um. Primeiro foi Kaitou, seguido por Sugimura, Yamanishi, Senoue, Katsuda e Kounosu. Ninguém ficou dentro do saguão. A tela continuou mostrando o saguão vazio por um tempo antes de cortar.

Na escuridão, o narrador falou novamente.

"Foi aí que o incidente aconteceu."

— Claro. 

Satoshi disse.

Cala a boca! — Ibara nos encarou novamente.

A próxima cena abriu no saguão de entrada. Novamente não havia ninguém. Kounosu foi a primeira a retornar das escadas à direita.

Ela foi seguida por Yamanishi, que saiu do corredor à esquerda.

Katsuda também emergiu do corredor à esquerda e perguntou aos dois que chegaram antes dele.

"E então? Como foi?"

Yamanishi respondeu com uma expressão emburrada.

"Estava cheio de pedaços de espelho quebrados. Não dá para usar sem algo para limpá-los."

Kounosu também balançou a cabeça.

"Entendi. É o mesmo aqui."

Senoue então desceu das escadas à esquerda. Conforme ela se aproximava deles, ela fez um 'X' com as mãos para indicar que sua busca também foi sem sucesso.

Katsuda olhou para cima, e a câmera seguiu seu olhar. Em seguida, os equipamentos podiam ser vistos através do átrio. Depois de mostrar a janela daquela sala por um tempo excepcionalmente longo, podia-se ouvir Katsuda gritando para cima.

"Sugimura, como estão as coisas aí em cima?"

Sugimura colocou a cabeça para fora da janela e gritou.

"Embora seja surpreendentemente agradável lá dentro, não há muito que possamos usar para fazer fogo."

"Entendi. De qualquer forma, desça primeiro."

"Ok."

Sugimura desceu rapidamente. Agora havia cinco pessoas no saguão. Parecia que todos, exceto um deles, tinham retornado. Entendi, então a "vítima" foi decidida. 

Yamanishi falou.

"Onde está Kaitou-kun?"

Katsuda balançou a cabeça.

"Já que estamos todos aqui, vamos procurá-lo. Acho que ele foi para aquele lado, certo?"

Ele apontou para o corredor à direita. Os outros todos assentiram em seguida. Com Katsuda na liderança, o grupo entrou no corredor à direita, com a câmera os seguindo. À medida que avançavam, a luz ficava mais fraca e, em pouco tempo, nada podia ser visto.

Alguém ligou uma lanterna de mão e iluminou uma porta à frente do corredor, que Katsuda abriu. Era uma sala de controle, com uma fileira de espelhos e um monte de figurinos abandonados espalhados ao redor. Não havia ninguém lá dentro.

"Isso é estranho."

"Ele poderia estar na área dos bastidores?"

Seguindo essa sugestão, todos avançaram mais pelo corredor, que estava ainda mais escuro.

A lanterna de mão foi acesa novamente, onde uma porta que levava ao Palco Direito estava mostrada com um aviso que dizia "Acesso Somente para Funcionários". Katsuda tentou girar a maçaneta, mas ela não abria.

"O que está acontecendo?"

"Não abre. Talvez esteja trancada."

"O que faremos?"

"... Há outro conjunto de chaves mestras no escritório, alguém pode ir buscá-las?"

Sem saber quem estava sendo chamado, alguém saiu correndo. O som de passos sobrepostos podia ser ouvido; parecia que duas pessoas tinham saído para pegar a chave. No próximo corte, mostrou-se a fechadura da porta sendo aberta pela chave, e o grupo entrou ao abrir a porta.

Dentro do Palco Esquerdo havia uma janela. Quando a cortina foi aberta, a luz do sol lá fora brilhou. E no centro da sala iluminada pelo sol, alguém estava deitado no chão. Naturalmente, era Kaitou.

"Kaitou!"

Sugimura correu em sua direção, seguido por Katsuda. Sugimura se ajoelhou diante de Kaitou e tentou levantá-lo, quando sentiu algo em suas mãos. A câmera se moveu para mostrar o que estava em suas mãos. Embora fosse difícil ver com tão pouca luz, parecia que as mãos de Sugimura estavam bastante manchadas. Ele murmurou.

"Sangue..."

Alguém gritou. A câmera se virou para as três garotas paradas perto da porta. Yamanishi estava sem palavras enquanto cobria a boca, Senoue segurava as mãos juntas, enquanto Kounosu cerrava os punhos. Manchas de sangue estavam fluindo do abdômen do Kaitou caído, cujos olhos estavam fechados. 

Era melhor assim, já que sua péssima atuação teria sido exposta se ele tivesse escolhido manter os olhos abertos. A câmera então se moveu em direção ao lado de Kaitou, que mostrava seu braço sendo cortado. Provavelmente algum adereço. A iluminação escura ajudou a aumentar a tensão enquanto a câmera revelava lentamente dentro do braço cortado a chave que Kaitou tinha levado consigo.

— Ah...

Alguém suspirou enquanto assistia à cena. Era Chitanda.

De volta ao filme, Katsuda gritou.

"Kaitou! Maldição! Alguém ajude!"

Ele rapidamente se levantou e correu em direção à janela para tentar abri-la, que era projetada para ser aberta ao ser puxada para cima. Mas como a janela não era usada há muitos anos, parecia que ela não conseguia abrir. Katsuda pressionou as mãos contra a moldura da janela e usou toda a sua força para puxá-la para cima, o que produziu um ruído estridente. 

Finalmente, ao abrir a janela, ele esticou o corpo para fora e olhou para fora. A câmera mostrou o que havia do lado de fora da janela — nada além de uma espessa camada de capim selvagem.

Katsuda voltou para dentro e foi em direção ao palco. A tela de repente ficou escura enquanto ia do ambiente iluminado para o palco escuro; ficou claro que estava seguindo Katsuda, que correu diretamente para o Palco Esquerdo, onde parou. A porta que ligava o Palco Esquerdo e o corredor à esquerda estava bloqueada por algumas tábuas de madeira quadradas.

— Não pode ser...

A tela desapareceu para o preto.

E então, o filme parecia ter terminado ali mesmo.

— (*Silêncio)

Esperamos um pouco mais, mas a tela não voltou.

— Huh, acabou? 

Ibara sussurrou em um tom irritado.

— Parece que sim. (*Hesitante)

Como se fosse um sinal, após a resposta de Satoshi, um som mecânico foi ouvido, seguido pelo movimento da tela para cima. Como se estivesse tentando impedir a tela de subir, Chitanda esticou os braços para frente, de forma piedosa.

— É? É? Mas ainda não acabou! (*Chitanda)

— Talvez eles estejam enfrentando algumas dificuldades técnicas? (*Oreki)

Eu disse a ela, embora uma voz vinda de trás tenha respondido imediatamente.

— Não, isso está incorreto. (*Irisu)

Ao nos virarmos, Irisu já havia saído da sala de controle e estava parada atrás de nós, segurando a fita de vídeo na mão.

— A fita realmente termina aqui.

Ela disse em um tom calmo. Claro que ela saberia exatamente quando a fita termina. 

— Então, é o final da história, se é aí que você pretendia terminar? (*Satoshi)

— Claro que não.

Então significa que essa fita estava incompleta. Eu nunca ouvi falar de uma prévia de filme em que as pessoas são convidadas a assistir a um filme que ainda não foi concluído.

Murmurando baixinho, perguntei.

— Você se importaria de explicar o que está acontecendo? Essa 'prévia' não vai terminar aqui, vai?

Irisu estava constantemente me olhando enquanto assentia.

— Claro que não. Mas antes disso, gostaria de ouvir algo de todos vocês... O que vocês acharam do filme que acabaram de ver? Em termos de cinematografia?

Nós trocamos olhares entre nós. Eu não sabia sobre Chitanda, mas tenho certeza de que o resto de nós estava de acordo. Ibara respondeu por nós.

— Para ser bem honesta, achamos que foi feito de forma grosseira.

Essa resposta era esperada.

— Foi o que eu pensei também... Vocês provavelmente já devem saber disso, mas o Festival Kanya é um festival principalmente para os clubes relacionados às artes. Não havia lugar para atividades das classes individuais. No entanto, nossa classe não ficou satisfeita com isso. Não pudemos contar com a ajuda de pessoas com as habilidades necessárias, pois elas já estavam ocupadas com suas próprias atividades do clube, mas mesmo assim, decidimos fazer algo por conta própria. Nós só queríamos mostrar às pessoas o resultado de nossa paixão e trabalho duro.

Ela descreveu uma realidade tão amarga de maneira simples, sem qualquer emoção.

No entanto, eles estavam satisfeitos apenas com isso? 

Enquanto eu pensava nisso, Irisu falou novamente.

— Eu achei que isso era bom o suficiente, já que todos estão aproveitando o que estão fazendo e criando algo próprio. Mesmo que o produto final acabe sendo motivo de risos, eles não ficariam muito preocupados, pois estão facilmente satisfeitos. Eu sei que é bastante bobo, então eu peço que ignorem como eles fizeram o filme de forma grosseira.

— Então, não importa se foi feito de forma grosseira ou não?

Irisu assentiu em resposta à pergunta de Ibara.

— Não é realmente pedir muito, não é? Se for bem feito, eles também ficariam satisfeitos em um nível diferente. Mas a essência de seu objetivo permanece a mesma... Agora, o que vocês acham que aconteceria se algo calamitoso ocorresse durante a produção do filme?

Depois de pensar por um tempo, Satoshi respondeu.

— O filme não seria concluído.

— Exatamente. E nós não estamos satisfeitos com isso. No entanto, não podemos concluir o filme. Como vocês viram, o local para o filme é bastante único e só poderíamos ir lá para filmar durante as férias de verão.

— Vocês estão enfrentando problemas com a cinematografia?

Chitanda perguntou ansiosamente.

— Embora isso também seja um problema, tenho certeza de que eles podem resolver isso eventualmente. Levando em consideração nosso orçamento de viagem e progresso do roteiro, nossa programação era filmar no local duas vezes. De acordo com nossos planos, deveríamos ir novamente neste domingo para concluir o filme.

— Mas aconteceu algo mais?

Diante do meu comentário frio, Irisu respondeu honestamente.

— Sim, nunca esperávamos que atribuir trabalho a um amador inexperiente criaria tal pressão. Quando todos decidimos fazer um filme, concordamos que seria um filme de mistério. No entanto, não tínhamos ninguém capaz de escrever tal roteiro. Apenas uma pessoa entre nós tinha alguma experiência em escrever histórias; o nome dela é Hongou Mayu. Ela tinha alguma experiência em escrever mangás, então a encarregamos de criar um roteiro para um filme de uma hora.

Para alguém que nunca escreveu histórias antes, eu não tinha ideia de como era difícil uma tarefa dessas, embora tenha notado Ibara levantando a sobrancelha. Ela também tinha experiência em escrever mangás, então ela provavelmente estava se solidarizando com Hongou.

— Hongou foi incrível. Ela conseguiu criar um roteiro apesar de não ter contato com romances de mistério antes. No entanto, ela estava no limite e, quando escreveu até a parte que vocês viram no filme, ela desmaiou.

Desmaiou, significando que ela não está bem. 

Chitanda deu um suspiro e perguntou.

— O que aconteceu com ela?

— Gastrite por estresse, uma forma de depressão. Embora não seja grave, não é possível para ela continuar sua tarefa, então estamos procurando um substituto para escrever.

Parece uma substituição no campo de batalha.

— Vocês não estão realmente nos pedindo para fazer isso, estão?

Assumir o papel de roteirista para eles?

Irisu riu suavemente e disse.

— Oh, não. Não imporíamos tanto a vocês. Eu apenas os convidei para uma prévia e gostaria de fazer uma pergunta... Quem vocês acham que é o assassino?

Pensando bem, o filme não parecia ter ninguém parecido com um personagem detetive, apesar de ser um filme de mistério. Esse provavelmente era um dos motivos pelos quais o filme não conseguia progredir. A segunda razão provavelmente era porque todos os atores tinham tempo de tela semelhante, fazendo com que o público não conseguisse determinar quem interpretaria o detetive. 

No entanto... Enquanto eu ainda estava longe de estar convencido, Ibara foi a primeira a responder.

— Mas, senpai, com certeza o filme deve incluir cenas para que possamos deduzir quem é o assassino antes de podermos adivinhar?

Irisu balançou a cabeça e disse.

— Vocês não precisam se preocupar com isso. Hongou disse que já havia escrito o esboço da resolução antes de desmaiar, e deveríamos conseguir filmar essa parte a tempo.

Satoshi perguntou mais detalhes.

— Mas se é um roteiro escrito por um iniciante em ficção de detetive, com certeza ela teria deixado pistas antes de chegar à resolução, ou pareceria bastante estranho.

Isso também foi cuidado. Ela conseguiu colocar tudo o que sua inteligência tinha a oferecer. Ela disse que fez algumas pesquisas sobre ficção de detetive afinal. Acredito que ela seguiu tanto os Dez Mandamentos de Knox e Chandler quanto as Vinte Regras de Van Dine. (*Final do capítulo)

Chitanda pareceu confusa com a menção aos Dez Mandamentos; provavelmente eu também estava.

— Dez Mandamentos? Como 'Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão'?

Por que ela teve que citar o menor mandamento de todos os mandamentos? Satoshi respondeu confiantemente à pergunta de Chitanda.

— Não, esses são os Dez Mandamentos de Moisés. Estamos falando dos Dez Mandamentos da Ficção Policial de Ronald Knox, regras como 'Nenhum chinês deve figurar na história'. Hongou-san deve ter estudado essas regras para garantir um jogo limpo — dando ao público uma chance justa de resolver o mistério.

Por que um chinês não pode aparecer em uma história de qualquer maneira? Será que a aparência deles, não importa o quanto seja divertida, tem algo a ver com política ou algum outro problema? 

De qualquer forma, essas regras também são vistas frequentemente na ficção científica... Embora eu não ache que tenha algo a ver com um jogo limpo. Eu me pergunto se poderia encontrar a resposta se pesquisasse sobre Knox?

Enquanto eu ponderava sobre essas questões, Irisu concluiu.

— Em outras palavras, todas as pistas foram mostradas... então quem vocês acham que é o assassino?

Nos pedir para descobrir quem era o assassino em uma vila abandonada nas montanhas, huh? Isso parece ridículo.

Satoshi, Ibara e Chitanda trocaram olhares entre si.

— Quem, você está me perguntando? Isso é meio difícil. Conclusões não podem ser tiradas do banco de dados.

— Você está certo, não estou confiante de que conseguirei resolver isso sozinha... Embora eu suspeite de algumas coisas.

— Um, o Kaitou-san já está confirmado como morto no filme?

Ao fazer todas as perguntas que queriam fazer, eles se viraram para me olhar ao mesmo tempo. Pude sentir minhas costas se curvando um pouco enquanto seus olhares estavam fixos em mim. Tentei desviar meus olhos do olhar deles e disse.

— O quê? (*Hesitante)

— Nada, eu só estava pensando que isso talvez seja um trabalho para Houtarou.

Satoshi sorriu impudentemente como sempre.

— Que trabalho é esse?

— O detetive, é claro.

Consegui imaginar completamente que tipo de expressão eu estava fazendo naquele momento, que Satoshi descreveu rapidamente.

— Parece que você não gostou muito disso.

Concordei silenciosamente. Como um estudante comum do ensino médio e fervoroso economizador de energia, não há como eu me envolver em algo fora do comum. Me sinto incomodado por ser tão superestimado. Em resposta à minha expressão—

— Provavelmente significa que você não estava prestando atenção ao filme —, Chitanda interrompeu com a voz elevada, — Então por que não assistimos mais uma vez?

Ela está falando sério?

Como se percebesse meus pensamentos, Irisu interveio e disse.

— Eu só estou pedindo uma opinião. Vocês não precisam levar isso muito a sério.

— É mesmo? Então eu acho que Yamanishi é a assassina.

Chitanda virou a cabeça para mim e perguntou.

— Por quê?

— Porque ela tinha uma atitude terrível?

— Oreki!

Ibara me repreendeu com voz afiada, embora eu não estivesse exatamente intimidado. Ibara só é assustadora quando você realmente comete um erro sério, mas eu não estava exatamente errado com meu palpite aqui.

— Então, o Katsuda, ele parecia bem musculoso. (*Oreki)

Satoshi suspirou e cruzou os braços.

— Hmm, você não parece estar muito animado com isso? Até eu sinto vontade de dizer 'Pare de dizer coisas estranhas'. (*Satoshi)

Não é exatamente estranho, mas isso por si só não vai funcionar, já que eles não parecem convencidos. Decidi confirmar algo com Irisu.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Claro.

— Por que você está perguntando a estranhos como nós? Se essa pergunta foi concebida pela Turma 2-F, certamente deveria ser resolvida por alguém da Turma 2-F também, não é mesmo?

Como antes, Irisu assentiu e respondeu.

— Discutimos essa pergunta entre nós, embora desejemos receber mais sugestões de fora. Não importa que teorias propusemos, ainda estávamos sem pistas para respondê-la. Como eu disse antes, apenas aqueles com as habilidades necessárias podem fazer o trabalho requerido.

— Você mesma não poderia fazer isso?

— Infelizmente, não. Mais do que ninguém, eu também gostaria de descobrir quem é o assassino. Além disso, tenho que cuidar da operação de filmagem, então estou um pouco sem tempo aqui.

— Nesse caso, por que não começar algo novo que não seja um mistério então?

Estava começando a se parecer com um interrogatório. Pela primeira vez, Irisu baixou os olhos, embora ainda mantivesse sua voz severa.

— Eu não estava presente nas etapas de planejamento originais, já que acabei estando em Hokkaido nas últimas três semanas. Só soube do problema pelo diretor ao retornar para Kamiyama, e foi apenas anteontem que concordei em tentar resolver esse problema. Se eu tivesse estado envolvida desde o início, não teria concordado em fazer um filme de mistério.

Então isso não tem nada a ver com você, não é mesmo? Você está fazendo isso por piedade por seus colegas de classe. 

... Embora tenha pensado isso, naturalmente, não podia dizer isso em voz alta.

Então, modifiquei um pouco minha pergunta.

— Em segundo lugar, por que nós? Sei que você conhece pessoalmente a Chitanda, mas parecia que você tinha a intenção de nos chamar desde o início. Há cerca de mil estudantes em Kami High, por que você escolheu especificamente o Clube de Clássicos?

— Bem, é óbvio que eu conhecia pessoalmente a Chitanda.

Provavelmente viemos por causa disso, já que ela sabia que Chitanda provavelmente ficaria interessada. Irisu então encontrou meu olhar e continuou.

— Além disso, você está presente. (*Irisu)

— Eu?

Essa foi uma resposta surpreendente. Pude sentir Chitanda, Satoshi e Ibara olhando para mim. Embora fosse principalmente sorte, aqueles envolvidos na investigação do incidente "Hyouka" pareciam todos surpresos com como ele foi resolvido. Mas como uma forasteira como Irisu descobriu sobre isso?

Irisu explicou lentamente o motivo.

— Ouvi muito sobre você de três pessoas: A primeira é a Chitanda aqui, a segunda é alguém de fora da escola, enquanto a terceira é o Toogaito Shouji. Tenho certeza de que você já o encontrou antes.

— Quem?

— Oreki! Como você pode esquecer!? Ele é o Presidente do Clube de Jornal da Parede!

Ah! Ele. 

Agora me lembro. Ao mencionar seu nome, de repente me senti amedrontado.

Toogaito era um aluno do terceiro ano com quem cruzei caminho antes. Para resumir, consegui obter conhecimento de um segredo sujo dele e usei a meu favor para chantageá-lo. Não é algo que eu gostaria de lembrar muito. Irisu parecia conseguir ler meus pensamentos, pois disse.

— Não se preocupe. Toogaito não pensa mal de você de jeito nenhum.

Bem então, por favor, diga a ele que eu abençoo sua boa alma.

— Quando percebi que não havia mais ninguém com as habilidades para terminar a história, imediatamente pensei em você. Se fosse você, talvez conseguisse desempenhar o papel de 'detetive'.

— (*Silêncio)

— Isso é incrível, Houtarou! Seus talentos estão sendo reconhecidos!

Encarei Satoshi por suas provocações antes de voltar meu olhar para Irisu e suspirar. 

Eu? Um detetive? Dei minha resposta honesta.

— Me sinto bastante desconfortável em ter essas expectativas colocadas sobre mim.

Surpreendentemente, Irisu rapidamente abandonou sua postura.

— Você está certo.

Ela suspirou e continuou.

— Eu estava apenas arriscando ao decidir convidá-los para assistir à prévia, na esperança de que o problema pudesse ser resolvido o mais rápido possível. Mas eu estava sendo ingênua... Peço desculpas por causar tanto desconforto.

Ela se curvou ao dizer isso.

— Há algo mais que você gostaria de perguntar? (*Irisu)

Impressionado com sua determinação, mesmo se eu tivesse mais perguntas, fiquei sem palavras.

Ao confirmar que não havia mais perguntas, Irisu rapidamente encerrou a conversa.

— Então isso encerra a prévia. Obrigada por virem.

No entanto, a história não terminou ali. Eu havia totalmente esquecido a presença de uma pessoa em particular. Na verdade, era ninguém menos que Chitanda Eru, a própria encarnação da Curiosidade, que faria de tudo para resolver todos os mistérios que o universo tinha a oferecer.

Enquanto Irisu estava prestes a se afastar, Chitanda a chamou.

— Por favor, espere!

— ... Algum problema?

— Um, então como a história vai terminar? O que vai acontecer a seguir?

Irisu disse enquanto se virava.

— Não sabemos, ainda estamos trabalhando nisso. Mas você deve estar preparada para aceitar que talvez nunca seja terminada.

— Isso seria terrível.

Terrível?... Bem, Irisu também deve estar se sentindo terrível. Chitanda então aumentou seu raciocínio.

— Irisu-san, se o que você disse é verdade, seria uma pena se o filme não pudesse ser concluído. Eu não quero que isso aconteça.

Bem, Irisu também não quer, mas mesmo que você diga isso...

— Além disso, além disso…..

Comecei a levantar as sobrancelhas preocupado. Isso era ruim, algo estava prestes a acontecer. Irisu provavelmente fez a escolha certa ao escolher Chitanda para resolver seu problema.

— Por que a roteirista Hongou Mayu-san, ao ser encarregada do papel, decidiu que o papel era tão importante a ponto de trabalhar até desmaiar?... Estou realmente curiosa sobre isso.

Ao meu lado, Satoshi falou.

— Houtarou, seja como 'detetive' ou qualquer coisa, você não acha que temos dados insuficientes para resolver isso?

— De fato.

— Isso significa que teremos que reunir as pistas por nós mesmos, certo?

Não é tão fácil quanto parece.

Ainda assim, ao ouvir isso, e esse provavelmente era o plano de Satoshi o tempo todo, Chitanda se voltou rapidamente para nós com grande vigor e disse.

— Oreki-san, vamos fazer isso! Precisamos descobrir qual foi o legado de Hongou-san!

— Hongou ainda está viva.

Irisu corrigiu calmamente, embora eu não soubesse se nossa amiga ouviu isso.

Satoshi falou mais uma vez.

— Mayaka, como está o progresso para a antologia? Você acha que poderíamos tirar uma semana de folga para resolver isso?

Ibara respondeu com uma expressão azeda.

— O único que não está progredindo é você, Fuku-chan. Eu já terminei praticamente meu segmento designado.

— A-Ainda, não se preocupe com pequenos detalhes.

Ibara então acrescentou como se estivesse murmurando.

— Eu também gostaria de ver esse filme concluído. Apesar da má cinematografia, nunca pensei que imagens de vilarejos abandonados pudessem parecer tão impressionantes.

Quanto a mim...

Realmente não era bom lidar com Chitanda. Já que tinha chegado a esse ponto, mesmo que eu recusasse, não conseguiria escapar dela. Se tentasse fugir, acabaria apenas gastando muita energia, o que seria um desperdício. E eu odeio desperdiçar energia.

Mas, desta vez...

Eu simplesmente não estava com vontade de aceitar a oferta de Irisu para desempenhar o papel de "detetive". Apesar do meu lema de economia de energia, desta vez minha razão era completamente diferente. Não sabia se os outros três percebiam ou não, mas mesmo que percebessem, decidi ignorá-los enquanto dizia friamente.

— Vamos dizer que aceitamos esse desafio. E se falharmos? Devemos nos curvar em desculpas aos membros insatisfeitos da Turma 2-F?

Para começar, nós não éramos membros do Clube de Estudos de Ficção Detetivesca. Éramos membros do Clube de Clássicos, cujas atividades ainda eram desconhecidas. Para mim, eu acreditava firmemente que resolver o incidente "Hyouka" se devia principalmente à sorte. Como a oferta de Irisu prometia pouco em troca, por que deveríamos assumir o fardo de cuidar do projeto da Turma 2-F?

Chitanda pareceu como se tivesse levado um balde de água ao ouvir essas palavras duras. Ibara parecia prestes a rebater e estava prestes a abrir a boca.

Foi exatamente nesse momento perfeito que Irisu decidiu oferecer um compromisso.

— Então, não pediremos que você desempenhe o papel de 'detetive'. Já que há pessoas na minha turma que gostariam de assumir esse papel. Em vez disso, o que acha de nos ajudar como 'observador' e decidir se as deduções deles fazem sentido?

Um observador, huh? 

Se for para determinar se alguém é o assassino ou não, esse papel seria como juiz e júri. Se for esse o caso, nosso fardo seria consideravelmente mais leve.

Como um economizador de energia, minha vontade de recusar essa oferta aumentou, embora provavelmente não fosse o suficiente para convencer Chitanda, cujos olhos começaram a lacrimejar.

Então eu disse relutantemente.

— Podemos fazer isso, eu acho.

Ao ouvir isso, Chitanda sorriu novamente, enquanto Ibara cruzou os braços, Satoshi me deu um polegar para cima, e Irisu abaixou a cabeça em admiração. Droga, fui novamente arrastado para algo incômodo. Bem, suspirei no meu coração e pensei, se tudo o que tivéssemos que fazer fosse sentar e ouvir, então eu poderia fazer isso.

... A propósito, por um instante, ao levantar a cabeça, Irisu parecia como se tivesse acabado de realizar algo com sucesso. 

Será que foi imaginação minha?

 

 

 

 

 

 


Notas do slag/tradutor.

Alguns cantores Enka famosos:

Hibari Misora - Considerada a rainha do enka, Misora teve uma carreira extensa e influente, com muitas canções que se tornaram clássicos do gênero.

Saburo Kitajima - Outro ícone do enka, conhecido por suas performances poderosas e emotivas.

Fuyumi Sakamoto - Uma das cantoras enka mais populares e respeitadas da era moderna, com uma voz distinta e uma presença de palco cativante.

Kiyoshi Hikawa - Conhecido como o "Príncipe do Enka", Hikawa tem ajudado a popularizar o enka entre as gerações mais jovens, trazendo uma nova energia ao gênero.

Aki Yashiro - Outra grande estrela do enka, conhecida por suas baladas emocionantes e performances carismáticas.

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Dez Mandamentos de Knox:

Criados por Ronald Knox em 1929, eles são diretrizes para garantir que os romances policiais sejam justos e lógicos:

  • O criminoso deve ser mencionado no início da história.
  • Nenhum elemento sobrenatural é permitido.
  • Não mais que um quarto secreto ou passagem oculta.
  • Não são permitidos venenos desconhecidos ou complicados dispositivos científicos.
  • Nenhum personagem chinês deve aparecer (reflete preconceito da época, hoje considerado obsoleto e racista).
  • O detetive não deve ser ajudado por sorte ou intuição inexplicável.
  • O detetive não deve ser o criminoso.
  • O detetive deve resolver o caso usando habilidades racionais e lógicas.
  • O ajudante do detetive (como Watson) não deve ocultar seus pensamentos.
  • Gêmeos ou duplos não devem aparecer, a menos que bem preparados para a revelação.

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Vinte Regras de Van Dine:

Criadas por S. S. Van Dine em 1928, são mais detalhadas e abrangentes:

  • O leitor deve ter as mesmas chances que o detetive de resolver o mistério.
  • Nenhum truque ou enganação deve ser usado.
  • O enredo não deve conter um romance dominante.
  • O crime deve ser resolvido pelo detetive ou pela polícia por meios lógicos.
  • O criminoso deve ser uma pessoa que desempenha um papel importante na história.
  • O crime deve ser um assassinato.
  • O detetive não deve ser o criminoso.
  • O crime não deve ser acidental ou suicídio.
  • Não deve haver mais de um detetive.
  • O criminoso deve ser alguém que se destaca na história.

Essas diretrizes foram criadas para proporcionar mistérios envolventes e justos, onde o leitor pode, potencialmente, resolver o caso junto com o detetive.



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