Volume 1 – Arco 4
Capítulo 25: Fera Solta
O leve brilho do sol da manhã, renovador capaz de tirar todas as dores do dia anterior, tal brilho iluminava os olhos de Shizuki, o ajudando a acordar.
Ele piscou levemente seus olhos, lutando contra uma preguiça e ao enfim abri-los totalmente, ele pode reparar no lugar que estava, em que ele realmente ficou confuso, olhando a decoração e todo o resto do cômodo, sendo extremamente arrumado de forma organizada.
— Eu tô no… Meu antigo quarto?
Ele andou suave realmente confuso, ao mexer pelo quarto ele pode notar que era uma cópia perfeita, todas as coisas de seu quarto realmente estavam ali nos locais exatos.
— Irmãozão!
Uma voz ao longe proferiu.
O garoto se arrepiou ao ouvir tal voz, reconheceu no mesmo segundo, arregalando os olhos e tremendo em descrença, ele olhou para a direção da voz, caçando a pessoa com certo desespero e correu de encontro a ela.
— Hayato! — Shizuki exclamou, ele seguiu correndo pela casa com desespero, até que ele congelou.
Ele congelou com na sua frente estando um garoto parecido com Shizuki, porém com sardas, bem mais novo e um cabelo preso em rabo de cavalo.
Tal visão foi um espanto completo para o assassino, seus lábios tremeram e sem nem mesmo conseguir pensar em segurar, seus olhos começaram a soltar diversas lagrimas, olhando para o garoto.
— Hayato… Hayato… Irmãozinho, você…
Ele não conseguiu conter seu choro, abaixando a cabeça e colocando a mão na boca e a mordendo enquanto as lagrimas seguiam cada vez mais.
— Irmãozão, o que houve?
— E-eu achei que você… Você tivesse morrido…
— Mas eu estou morto.
Shizuki estranhou tal fala e enfim levantou a cabeça, ficando com um frio no corpo, uma cena aterrorizante em sua frente.
— Eu tô morto… Por sua culpa, irmãozão… — O garoto foi se aproximando de Shizuki, sua pele foi caindo até ele se tornar um esqueleto que ia seguindo com seus passos até ele.
— Ha-Hayato?
O esqueleto foi rastejando até pegar o pé do garoto e tentar o morder, o assassino berrou se soltando e começou a correr com o esqueleto indo atrás.
— Você sempre foi bom de correr, né irmãozão? Talvez se não fosse assim eu pudesse estar vivo!
Ele seguiu correndo, ele pulou por alguns moveis os quais o esqueleto passou direto, o garoto entrou numa porta de banheiro e começou a segurar enquanto batidas intensas vinham na porta por parte do esqueleto.
— Irmãozão! Abre! Você vai me abandonar de novo?!
Ele seguiu batendo com uma intensidade enquanto Shizuki segurava a porta um palmo de quebrar, seus olhos não paravam as lagrimas, assim como um tremor em todo seu corpo.
Todos os sentimentos dele vinham a tona em sua mente, memórias que ele havia enterrado, era como se seus demônios do passado tivessem voltado para o assombrar, a cada batida da porta prestes a quebrar mais o medo dele aumentava.
Até que ele ouviu um som saindo da privada do banheiro, olhando para ela, logo saltou um ser, era um ser levemente humanoide, com grandes orelhas e uma tromba assim como presas e garras afiadas.
Ele sorria se aproximando aumentando ainda mais o medo naquele cômodo.
— Quem é você? O que tá acontecendo!
Ele seguiu persistindo até que fechou os olhos e de repente ele os abriu arfando.
Ao abrir, ele estava em um pequeno campo, ele não conseguia ver muito por ter algo tampando sua visão e ao olhar pra cima… Eram os seios de Muno, ele estava deitado no colo dela.
Ele berrou saindo de lá vermelho e ela olhou aquilo chocada.
— Sacchan! Você tá bem? Você caiu num sono profundo, eu tentei te acordar, mas não tava dando.
Ele seguiu arfando e colocou a mão no peito, sentindo seu coração a mil, estava a um passo de ter um ataque de pânico.
Muno viu aquilo realmente preocupada, ele seguiu arfando até que ao reparar os olhares de preocupação da parceira ele começou a relaxar, não querendo a deixar mal.
Ele alisou os cabelos e suspirou voltando a ficar bem mais calmo.
— Tudo bem, eu só tive um pesadelo.
— Uhhh, eu odeio pesadelos! Bom… Eu acho, eu não tenho sonhos faz anos, hahaha!
Ele se aproximou dela e eles seguiram andando.
— É verdade, né? Você usa tantas drogas que já perdeu a capacidade de ter sonhos ou pesadelos.
Ela afirmou com a cabeça com um sorriso bobo.
— Que triste…
— Hey! Sacchan! Vamos ver outro castelo!
Ela o segurou pelo braço e puxou ele, ao tocar ele sentiu um ardor e se soltou, ele caiu no chão com isso e ao abaixar a manga ele via um corte bem feio em seu braço, uma marca clara de garras bem profundas.
Ele viu aquilo confuso, sem entender já que não tinha memorias de nenhum momento que tal machucado havia ocorrido.
— Nossa, que corte feio! — disse Muno se aproximando. — Como você se machucou?
— E-eu não sei…
Ele sentiu uma sensação estranha e teve uma memória nova, uma memória que não possuía antes, do monstro anterior de seu sonho o agarrando e o cortando, ele tinha essa imagem que repercutiu em sua mente.
Ele saiu de seu transe após ouvir um sonho estranho, a dupla correu até o som que havia acontecido ao lado deles em arbustos, porém ao chegar lá não tinha nada.
Eles apenas desistiram saído, mas atras de um tronco ali perto, estava Riki, caído num sono profundo.
Ele estava imerso, parecia que nem mesmo uma bomba poderia o tirar de seu sono, e ao lado dele estava o mesmo monstro dos sonhos de Shizuki, rindo com uma feição sádica.
Os dois voltaram a andar juntos com ele meio encolhido e ela ia comendo uma barra de chocolate.
— Ei, ei, Sacchan, não fica assim!
— Foi mal, eu acho melhor a gente encontrar com o pessoal, eu… Não to com uma boa sensação.
— Faz que nem eu — ela disse sorrindo, voltando a abocanhar seu chocolate e mastigar sorrindo.
— Me encher de chocolate?
— Não, se encher de chocolate… Com MUITA erva, hahaha!
Ela seguiu rindo e ele riu de leve indo junto dela, aquele jeitinho infantil realmente o acalmou, aquela garota tinha esse efeito de calmaria tão reconfortante, ainda mais para ele.
— Você deveria parar de usar tantas drogas, Muno-san.
— Você sabe que eu não posso, você já me viu sóbria antes, já viu o que acontece!
— É você tá certa…
Ele sorriu de leve embora tivesse certas preocupações, ele foi andando e fechou os olhos até que sentiu uma sensação estranha e ao abri-los ele estava no meio de uma cidade grande, porém ninguém em volta.
Ele ficou olhando ao redor confuso, apenas achando aquilo estranho.
“É igual ao meu sonho, mas… Tô começando a achar que isso não é um sonho.”
Ele foi andando pela cidade, olhava ao redor, era realmente estranho uma cidade daquelas estar tão vazia.
Como uma ironia a tal pensamento, ele ouviu passos virando a esquina e já se preparou indo até lá e arregalou os olhos.
Bem na frente dele estava uma mulher com um cabelo preto longo todo bagunçado que cobria quase todo seu rosto, uma pele bem pálida e um corpo bem magro com olhos vazios e um rosto magro, parecia estar extremamente doente.
Ele se desarmou totalmente, ficou incrédulo com tal vista ficando paralisado a olhando.
— Mamãe…
Ela se aproximou dele com aqueles passos e ao chegar ela o deu um tapa no rosto bem forte o fazendo cair no chão, e antes que pudesse sequer pensar a mulher estava encima dele, segurando seus pulsos e mostrando presas afiadas na boca pronta para o morder.
— Seu inútil! Por que não salvou eles, Sato! Por que não me salvou?!
Ela berrou e nisso mordeu o braço dele soltando bastante sangue, ele abalado a lançou pra longe e logo viu de todas as ruas várias copias dela surgindo, todas falando a mesma coisa “Inútil, inútil, inútil”.
Ele se tremeu com aquilo e todas vieram para o ataque, partiam pra cima dele com ele se tremendo, foi desviando e tentando fugir, ele correu com aquela enorme multidão e pra onde quer que fosse haviam mais e mais copias.
Ele foi correndo até que teve uma ideia, ele ficou parado as deixando virem e quando saltaram até ele, ele saltou as fazendo cair num rio, ele nisso saltou e foi correndo novamente, ele arfava.
“Merda, eu tô ficando cansado de tanto correr, meu físico não é tão bom assim.”
Ele entrou em uma casa e se trancou ali, ficou caído no chão calado focando no som dos passos das mulheres que aos poucos iam diminuindo, até pararem totalmente e ele poder suspirar aliviado.
Porém ele logo ouviu um som e desviou de uma mão que socou quebrando a porta, ele correu pra trás e a porta quebrou entrando o mesmo monstro de antes, olhando para ele com um largo sorriso.
— Não acha que já fugiu demais nessa vida?
— É você, de novo, eu sabia… Isso não são sonhos, não é?!
— Acertou, você é bem inteligente! Hahaha! Eu sou Baku, um fardo abominação, haha!
Ele se chocou com tal fala, ficou totalmente paralisado e pensativo.
— Uma abominação, mas isso é impossível! Abominações não possuem tanta inteligência, você tá conseguindo conversar abertamente comigo!
— Nunca ouviu falar? Em um sonho não existe isso de impossível!
Ele foi se aproximando e ficando maior com suas garras ficando gigantescas, Shizuki foi indo para trás com passos.
— Com o meu poder, enquanto meu usuário estiver dormindo, eu fico com a inteligência dele, eu posso invadir qualquer mente e transformar em pesadelo, e sabe a melhor parte? Danos aqui, também doem lá fora!
Ele foi se aproximando, a cada passo dele Shizuki dava um pra trás, o monstro estava enorme com presas gigantes e um sorriso extremamente assustador.
O monstro berrou movendo sua garra até ele que desviou, ele abriu a mão e ficou tentando invocar seu fardo.
— Merda, por que não tá indo?
Ele acabou levando um tapa no rosto que o jogou para fora da casa, ele caiu no chão e o monstro saiu pela janela, agora de um tamanho maior que a própria casa que estava.
— Pra alguém tão inteligente, você está sendo muito burro! Esse pode até ser o seu sonho, mas quem possui o controle sou eu! Nesse mundo… Eu sou Deus!
Ao dizer aquilo o céu ficou escuro e diversas copias de Baku se formavam cercando o garoto, todas do mesmo tamanho do original.
Elas iam rindo enquanto começavam a acerta-lo, ele conseguia desviar de alguns, mas caia longe no chão, sangrando bastante e caído.
— Como eu posso tá tendo essa crise de sonos?
— Hahaha, acho que você tomou um chá forte demais, não é?
Disse Baku sorrindo.
Ao ouvir isso, instantaneamente Shizuki ligou os pontos com aquele homem que o deu o chá na torre, ele rosnou com isso se tocando que provavelmente deveria ser o usuário daquela abominação.
Ele se levantou e sem muito tempo levou um corte na bochecha, ele voltou a correr arfando, até que simplesmente caiu no chão de joelhos, arfando com extrema dificuldade.
— Eu tô muito cansado, e esses machucados não ajudam nenhum pouco!
Ele tentava levantar com seu máximo de força, sentindo seu corpo tão pesado quanto uma pedra, era seu instinto natural de luta ficar correndo, mas sem seu fardo, ele apenas gastou uma grande quantidade de energia.
Ele forçou bastante até levantar só pra em seguida ser acertado nas costas por um forte corte que o fez cair no chão.
Era um corte bem feio que o fez ficar caído ali, sentindo uma dor intensa, se remoendo e arfando.
— Sabe, eu possuo acesso a toda a sua memória, sonhos são isso afinal, memorias, e me pergunto, se não estou te fazendo um favor ao te matar, mas você pode ficar calmo, não precisa nem agradecer!
Ele levou a garra com força total até o garoto, porém no último segundo o garoto sumiu.
A abominação se chocou e rosnou com isso.
— Droga! Ele tinha que acordar justo agora?!
O mundo começou a se desfazer virando um preto e logo Baku saltou dali, saindo daquele sonho.
— Se eu ficasse lá, seria apagado com aquele mundo, que bom que deu tempo.
Ele ficou ao lado de Riki e olhando pra frente, Shizuki arfava em completo desespero.
— Muno-san, a gente tem que fugir! Tem um fardo muito poderoso caçando a gente!
Ele pegou a mão dela e a puxou com ambos correndo, com ela sem entender muito bem aquela ação repentina dele.
— Obrigado por me acordar.
— Não foi nada, você parecia tá num sono problemático! Hihihi! Mas, sabe… Eu acho que ficar te vendo dormir… Me deu um soninho — disse começando a piscar lentamente.
Ele ficou abalado com isso tentando a segurar, ela foi piscando, sentindo seu corpo pesado como uma pedra e embora Shizuki fosse a balançando e falando algo, ela nem sequer ouvia, apenas piscando sonolenta até cair num sono.
Baku riu ao ouvir aquilo e logo saltou foi parar num lugar totalmente preto e vazio, um verdadeiro vácuo.
— Ah? Eu entrei na mente da garota, onde está o sonho dela?
Ele foi andando por ali, vendo que era realmente um vazio sem fim, até ele congelar.
Uma vibração extremamente forte invadiu seu corpo, uma sensação sinistra e perturbadora, ao olhar pra trás, ele via Muno, estava de joelhos com os olhos e boca totalmente pretos.
— Saia!
Uma voz sinistra disse de dentro da garota, a abominação se tremeu, sentindo o peso de uma rocha.
— Quem disse isso?!
O preto dos olhos e boca dela ia fluindo assumindo o formato de uma garra espectral.
— Saia!!
Ele logo foi andando para trás se assustando com isso e logo tentou crescer, mas não conseguia.
— O que? Onde estão meus poderes?!
A garra foi até ele, o erguendo bem alto e começando a o apertar.
— Ahhh!! Piedade!
Baku berrou imerso em medo até que de repente ele simplesmente explodia, virando uma esfera de luz que foi voando até a boca de Muno.
— Acorda, Muno-san! — disse Shizuki do lado de fora tentando acorda-la.
A garota estava dormindo com um sorriso bem fofinha, ele seguiu preocupado quando ouviu um som estranho, olhando pra trás ele chegou e viu Riki sufocando engasgado.
— O cara do chá, mas… O que tá havendo.
Shizuki invocou sua espada e antes de poder sequer agir o homem explodiu, uma explosão que havia resultado em não restar nenhuma carne, apenas uma quantidade surreal de sangue que havia sujado o garoto por completo.
— Gaaaahh! Qual é eu tava de boca aberta!
Ele rosnou irritado e atrás Muno seguia dormindo encolhida e sorrindo, similar a um bebê.