Volume 1 – Arco 4
Capítulo 22: Outra Direção
Olhares de reprovação, era apenas isso que Kurumi adquiriu após sua luta, os demais o olhavam assim, não que ele estivesse ligando ou nem mesmo havia reparado.
— Karma? O que é isso?
— Não sabemos, mas eu tenho um contato que deve saber — disse o homem calmo pegando um celular em seu bolso. — Ainda bem que tínhamos alguém pra averiguar, não é Kurumi?
— Ei! Eu já pedi desculpas por ter matado ela!
— Você não sabia que tínhamos capturado alguém, mesmo assim matou, em outra situação isso poderia ser ruim, significa que não podemos contar com você.
O garoto rosnou colocando as mãos no bolso, o loiro se afastou pegando o telefone e Kurumi foi andando se sentando longe.
Os olhos dele iam para a lua, se mente se perdia naquela paz, livre de zero pensamentos, algo que era comum para ele.
Em meio a isso ele sentiu algo em seu ombro, sendo uma toalha, olhando pro lado ele viu Towa, estava com uma feição bem mais calma, seu cabelo ainda bagunçado devido ao ataque de antes.
— Pro seu machucado… Você se cortou feio aquela hora — disse calma, fez o garoto se chocar e se sentou ao lado dele o ajudando a enfaixar o machucado.
Ele seguiu com uma feição séria, mas ela seguiu estendendo a toalha até que ele cedeu já que realmente estava doendo.
— Eu precisei me cortar, aquela teia era viscosa, mas quando a minha faca ficou maior foi moleza de cortar.
— Acho que seu fardo ficou superior ao dela, quando um fardo é superior a outro, ele se torna capaz de anular ele, pelo menos na maioria dos casos.
— Ah, entendi.
Disse o garoto calmo, ele na verdade não havia entendido, esse mundo complexo era cheio de coisas difíceis de aprender, então ele preferia se focar em aprender apenas o básico.
A garota ficou alisando as mãos com alguns pensamentos, tentava tomar coragem até que enfim suspirou e o olhou.
— Por que você fez aquilo? Mesmo que eu seja sua missão, se você me odeia então por que me salvou?
O garoto suspirou, sinceramente nem ele mesmo sabia direito, com isso ele retirou de seu bolso um pequeno urso de pelúcia roxo, aquela visão fez Towa se chocar.
— Aquele seu mordomo… — suspirou.
A mente dele mergulhos nas memorias do dia anterior, em uma conversa com o mordomo, “Os pais da senhorita Towa morreram quando ela era jovem, eu a criei sozinha e a conheço bem, embora ela esteja se fazendo de forte, sei que ela está com grande medo dessa situação”. Essas eram as palavras que a mente dele o forçou a lembrar, que tanto perturbaram sua mente o enchendo de dúvidas.
— Ele se preocupa com você, ele disse que esse urso era importante… Já que é o único brinquedo que você ainda tem dos seus pais.
— O Kawata… É mesmo incrível… — Ela suspirou se encolhendo meio desanimada. — Mesmo sem receber nada, mesmo sem obrigações, ele cuidou de uma inútil que nem eu a vida inteira.
O garoto acabou se aproximando dela e nisso ambos ficavam lado a lado.
— Acho que é isso que família faz — disse calmo, tais palavras afetaram a garota, que acabou olhando para ele. — Por que você tá fazendo isso? Não preferem só ficar com o Kawata?
— Eu… Eu não posso… — Ela se fechou, como se estivesse reconstruindo aquele muro entre eles.
O garoto pode sentir essa distância novamente, embora não entendesse o porquê, ele sentia esse estranho sentimento.
— Sabe, eu… Também perdi a minha família — disse Kurumi, meio sério, tal fala atraiu a atenção de Towa e a mente do garoto voltou para seus calmos dias no orfanato. — Era tudo calmo, assim como você e o mordomo, nós não éramos de sangue, mas isso não importou nunca, podia não ser perfeito e termos nossos problemas, mas… Eu gostava deles, e se pudesse escolher, eu iria querer ter eles de volta, então, por que você quer deixar ele?
A garota ouviu isso pensativa tendo sua postura quebrada, as frases do garoto foram como um martelo que novamente quebrou o muro entre eles, o próprio Kurumi não entendia, por que estava falando isso? Esses sentimentos ele nunca havia contado nem mesmo para Hibari ou Shizan, então por que para essa garota? Ele não sabia, mas apenas sentia que era certo.
— Eu… Tenho uma doença — disse Towa. — Essa doença é bem rara e me fez nascer bem fraca, meus pais faleceram quando eu era pequena e desde então o Kawata cuidou de mim, como a filha dele, eu nunca nem sequer sai de casa.
Ela ficou meio encolhida com lembranças, a vista de seu quarto no qual ela havia passado tanto tempo trancada.
— Eu tive que fazer tantas cirurgias, comprar tantos remédios que o dinheiro da minha família acabou, o próprio Kawata pagou, ele tá cheio de dívidas, mas ai… O Kaga falou comigo, ele disse que se eu fizesse isso, ele iria cuidar do Kawata e pagar todas as dívidas.
Kurumi a olhou com um certo pesar, um leve arrependimento por suas palavras de antes.
— Depois de tudo que ele fez… Pra cuidar de uma garota inútil como eu… Eu achei que seria justo, né?
— Talvez — ele respondeu pensativo.
Ambos começaram a ver o céu juntos com uma leve brisa no cabelo de ambos, ao longe, Shizan estava vendo tudo com um calmo sorriso no rosto.
Kurumi seguiu pensativo com diversos pensamentos batendo em sua mente como um martelo, mas ele logo esboçou um sorriso puro no rosto.
Em seguida víamos todo o grupo reunido, ele ainda tinha a mesma feição de antes e agora bateu as palmas.
— Beleza, vamo lá!
— Ah?! — o resto do grupo indagou.
— Ainda temos muito tempo até a entrega da Towa, até lá, e já que esses são os últimos dias dela, vamos fazer eles serem os mais incríveis possíveis, curtindo até dizer chega!
Os demais ficaram chocados com aquilo, Muno ficou animada seguindo a onda, já Towa realmente espantada, enquanto Shizuki e Hibari ficaram levemente irritados se aproximando dele.
— Tá ficando maluco por acaso?!
— Já esqueceu da organização criminosa caçando a gente?!
Os dois estavam encima dele até sentirem uma mão em seus ombros e olhando para trás era Shizan sorrindo.
— Na verdade, eu acho que o Kurumi teve uma ótima ideia.
Todos se chocaram, nunca imaginaram que tais palavras pudessem ser ditas.
— Towa-san está prestes a deixar esse mundo, então acho justo darmos para ela um pouco de diversão.
— Mas, Shizan-san, e a Karma?
— Relaxem, se eles vierem, eu mesmo cuido deles — disse num tom calmo, nem sequer se preocupava, a afirmação dele junto com aquela postura relaxada fez os demais realmente ficarem confusos sobre ele. — Não ligar pra essas coisas, são o que fazem os mais fortes serem os mais fortes.
O grupo ficou o olhando com certo espanto, a confiança daquele homem chegava a de fato ser assustadora.
— Mas bem, a escolha é toda sua, Towa-san.
Ele olhou sorridente para a garota que estava incrédula.
Ela ficou levemente tremula, não sabia ao certo o que fazer, aquela chance era tão tentadora, mas será que merecia? Será que era o certo, toda sua mente ficou dividida entre seu enorme desejo de viajar e os deveres que tinha.
Entre seu corpo tremendo ela acabou olhando seu ursinho de pelúcia e o olhou com certo espanto, lembrando de Kawata, ela mordeu os lábios e ao olhar pra frente viu Kurumi sorrir pra ela e fazer um gesto de positivo com a cabeça
Ela se remoeu internamente até esboçar um sorriso largo, deixando seus sentimentos e animação vazarem.
— Vamos!
Kurumi se animou assim como Muno enquanto Shizan seguiu calmo e os outros dois levemente aborrecidos com a preocupação.
Longe dali, em escuras e sombrias ruas, cuja única iluminação era a da brilhante lua, Yami passava, saindo daquelas sombras.
Estava com um sorriso calmo e com as mãos nos bolsos.
— E então, vocês entenderam?
Das sombras logo saíram outras pessoas, da direita saiu uma mulher alta, com um cabelo vermelho curto, piercings nas sobrancelhas e dois brincos em formato de golfinhos nas orelhas, olhos castanhos e uma roupa que era um top vermelho onde nos seios tinham um coração e um losango pretos, já a parte de baixo sendo uma calça preta larga com nos joelhos um trevo e uma espada vermelhos.
Na esquerda saiu um homem velho, já de certa idade com um cabelo grisalho, uma barba mal feita, olhos verdes brilhantes e um sorriso, usando um kimono.
Atrás do velho saia uma garota, de idade aparente não muito distante de Kurumi ou os outros, possuía uma pele muito clara, um cabelo preto curto com uma mecha que cobria seus olhos, um batom preto, unhas pretas longas e um kimono preto com desenho de corvos e uma faixa branca.
Já atrás da ruiva estava um homem gordo, uma barba mal feita e um cabelo castanho bagunçado, estava bocejando e usando um pijama.
— Entenderam? Quem matar a garota ganha 300 milhões, quem trouxer ela viva, 3 bilhões.