Hitman Brasileira

Autor(a): Ryan VC


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 12: Filhos do Amanhecer

Em um pequeno quarto do hotel onde o grupo estava, Kurumi se deitou na cama e pegou uma revista, folheou-a enquanto seus olhos passeavam calmamente por ela, com uma feição totalmente neutra, inescrutável.

— Ei, Kurumi — disse Hibari, entrando.

Ela via o'que Kurumi fazia e sua feição ficou de aversão.

— Você tá lendo hentai? — indagou.

— Ei! Hentais são obras primas! — bradou. — A maioria dos autores são covardes e no máximo deixam o sexo implícito, já hentais tem coragem suficiente pra mostrar essas partes!

Ela apenas se aproximou, pegou a revista das mãos dele e lançou pela janela, junto dos outros.

— Minhas obras! — exclamou em desespero tentando pegar algumas com sua mão.

— Deus, o que tem de errado com você?

Rangendo os dentes ela pegou o garoto pela gola e veio o arrastando.

— Me solta! — bradou, se debatendo.

— Tá na hora do café — falou, calmamente. — Além disso, a gente vai discutir nosso plano.

Kurumi seguiu se debatendo até ouvir essa parte e parar, ele se levantou animado.

— Por que não falou antes que era hora do café? Vamos logo!

Logo, os quatro estavam juntos em uma mesa, com Kurumi com uma torre enorme de Waffles com diversos outros doces.

Ele comia numa velocidade enorme mastigando e já colocando outro na boca.

— Hihihi, você tá mesmo com fome, né, Kuri-kun? — Muno indagou, rindo de leve.

— Ae! Mas é "Kuni" não "Kuri" — respondeu, sorrindo. — Uma montanha de Waffles com sorvete, jujuba, calda de caramelo, geleia e…

— É nojento — cortou Shizuki, sério. — Tenha um pouco de decência, se comer tanto no café vai ficar sem estômago pro almoço.

Ele seguiu mastigando e deu um olhar feio para o outro.

— Tá, tá, de novo isso? — bradou. — Você é ainda mais chata que a Hibari, pelo menos ela não é uma certinha seguidora de regras!

— As regras existem por um motivo! — exclamou. — Preservar a paz e impedir que idiotas como você façam coisas estúpidas!

— ...  Foda-se?

Shizuki ouviu isso e sua veia saltou, ele rangeu os dentes e se levantou indo até Kurumi.

— Eu vou matar esse cara! — exclamou, rosnando.

Ele partiu na direção dele e Hibari o segurou com uma mão enquanto a outra segurava um pão.

— Relaxa aí, Shizuki — falou, calmamente. — Você não é o único que quer matar ele, mas ficar agindo assim não é nada profissional.

Ele ouviu isso e suspirou e voltou ao seu lugar.

— E Kurumi — Ela prosseguiu, agora olhando para ele. — Estamos em trabalho, será que você ao menos tentar levar a sério?

— Tá bom… — murmurou. — Não só por que só falam assim comigo, não sou em quem tá chapado de drogas no meio de uma reunião importante — seguiu murmurando, olhando para Muno quando falou essa parte.

Dado um tempo, os quatro terminavam seu café e Hibari ia mostrando alguns papéis.

— Então, o avião deve chegar em torno das 5 da manhã de amanhã — explicou.

— Ei, uma dúvida — disse Kurumi, levantando a mão.

— Não precisa levantar a mão, só fala.

— Por que estamos protegendo esse cara mesmo? — indagou. — Nós somos Assassinos de Aluguel, não deveríamos estar também tentando matar esse Ministro estrangeiro? Por que impedir uma morte?

— Você não sabe de nada — cortou Shizuki.

Kurumi olhou para ele que estava sentado numa posição bem formal e o olhando.

— A nossa missão como Assassinos de Aluguel é limpar o país — falou, calmamente.

Essas palavras confundiram a mente de Kurumi, ele esfregou sua nuca.

— Mas, isso não era pra ser o dever dos Detetives? — indagou.

— Há uns… 22 anos atrás, houve um incidente conhecido como "Os 7 dias cinzas", após ele foi feito um tratado onde se tornou proibido qualquer tipo de homicídio ou morte, por parte do governo ou qualquer um. — explicou, de forma calma.

Shizuki ia pensando com uma feição séria, com suas palavras atraindo a atenção de Kurumi.

— Desde então o Governo não possui nenhum tipo de permissão para matar.

— Ahh, agora que você falou… — Ele pensou com algumas memórias vindo. — Aquele primeiro Detetive o do corvo, ele teve chance de nos matar, mas não fez, mas aquele segundo eu tenho certeza que tentou me matar.

— Se todo mundo seguisse as leis não precisaríamos de punições — exclamou. — Ele devia ser um corrupto que mata por debaixo dos panos.

— Mas, peraí, você não disse que eles eram "Assassinos Públicos"?

Ele olhou confuso para Hibari que estava sentada de pernas cruzadas, com seu braço apoiado nela e a mão apoiando a cabeça, sua feição era bem serena e calma.

— É só uma forma de dizer — respondeu. — Eles agem de forma similar a nossa, com missões pra eliminar alvos desejados, porém o "eliminar" é a única coisa que muda.

Ela ficou com uma feição séria e seus olhos foram para a luva que ela tinha em mãos.

— Apesar de não matarem, eles fazem coisas… Muito piores do que a morte — prosseguiu, com palavras cada vez mais frias.

Kurumi ficou levemente chocado com a aura da garota, deixando uma gota de suor pingar.

— Mas, isso não é meio besta? — indagou. — E os criminosos mais perigosos?

— É pra isso que nós estamos aqui — disse Shizuki. — Vindo do mesmo pensamento que você, um membro do governo conhecido como "Major" criou a Ordem dos Assassinos de Aluguel, na intenção de limpar o país dos bandidos, corruptos e todo o resto que suja o país.

Na mente de Shizuki vinha a imagem de um vulto de uma pessoa imponente.

Todo o ar da sala mudou com a citação daquele nome, e em meio a esse diálogo, Muno estava mais ao lado, se girando numa cadeira de balanço.

— Nós fazemos o bem, porém um bem diferente dos Detetives, às vezes prender não basta para alguns criminosos — prosseguiu, Shizuki, sério.

— Nós somos os bonzinhos então? — indagou.

— Eu prefiro ver assim, quem mata o vilão é o herói, né? Por isso eu prefiro seguir as regras, prefiro acreditar que estou do lado certo — respondeu, calmo.

— Bem e Mal… Isso tudo é ponto de vista — disse Hibari, cortando os dois. — Sinceramente pra mim não existe isso, uma dica pra você Kurumi, se quer se tornar um grande assassino, não se prenda a algo de "Certo ou errado", apenas faça oque te mandaram e cumpra sua missão.

— Nossos pontos de vista realmente são bem distintos, Hibari-san — disse Shizuki.

Muno seguiu girando até que ela caia longe, caindo de bunda em um controle que ligava a televisão.

Nisso os três olhavam para a tela, vendo que estava nas notícias, com uma repórter em frente a uma casa destruída com um muro com um desenho de sol.

— A organização terrorista auto-intitulada como "Filhos do Amanhecer", estão causando um caos por toda Tokaido. 

Em meio a isso diversas gravações de casas e lugares destruídos com em todos o mesmo desenho de sol.

— Taxados como extremistas, eles são contra qualquer coisa além do país, destruindo restaurantes que vendem comida estrangeira e assassinando cruelmente famílias imigrantes, o líder da organização ainda não foi identificado mas o Governo e os Detetives garantem que estão perto, até mesmo conseguiram apreender alguns suspeitos membros.

Os quatro ouviam isso, Muno ia esfregando a bunda após a queda com algumas lágrimas.

Shizuki e Hibari se olhavam sérios com ambos tendo algo em mente.

— Um grupo extremista, é? — indagou Kurumi. — Ahhh, será que o cabeça do grupo é quem quer matar o Ministro?

— Se até você deduziu isso então é bem mais óbvio do que eu pensava — respondeu, Hibari. — Se ele é tão perigoso e o governo não achou ele ainda, ele deve ser bom de se esconder, mas como o jornal disse, alguns membros foram pegos pela polícia, se formos atrás deles podemos pegar um endereço ou algo assim.

Shizuki ia ajudando Muno a levantar e ao ouvir isso olhou para Hibari, com uma feição séria.

— Acha mesmo que alguns deles possuem o endereço do líder? — Ele indagou.

— Duvido, mas eles devem ter endereços pra bases — respondeu. — A gente pode tentar bater em alguma base e vê se acha alguém importante.

— Ieeeeeee! Isso é muito bom! — disse Muno, com um largo e brilhante sorriso, com os braços levantados.

— Mas o ministro chega amanhã de manhã, não temos muito tempo — disse Hibari.

— Ohhhhhh! Isso é muito ruim! — disse Muno, desfazendo seu sorriso e abaixando os braços.

Shizuki se levantou, seguiu com a feição séria.

— Deixa comigo — falou. — Se o assunto é ser rápido, quem melhor que o Assassino Silencioso? 

— Nossa, o número 1.090 tá realmente bem orgulhoso, né? — disse Hibari, com um pequeno sorriso debochado.

Shizuki ficou vermelho com isso e Kurumi caiu na gargalhada.

— Cara, hahaha! Toda aquela postura de machão e não tá nem no top 100? Nem mesmo no 1.000? — Ele seguiu gargalhando caindo no chão com tanta risada.

— Quieto! — exclamou, rangendo os dentes e com a veia saltando. — Tá nessa posição já é incrível! O ranking começa no 10.000, eu comecei com 19, só tô no trabalho faz 4 anos!

— Eu era mais nova que você quando comecei, e entrei no top 1.000 em dois anos. — respondeu Hibari, cética.

Shizuki abaixou a cabeça e perdeu a postura e Kurumi seguiu gargalhando.

— Vamos lá! — disse Muno, sorrindo. — Kuri-kun, é hora de você soltar os presos!

— Ele não vai soltar nenhum preso! — disse Hibari. — Além do mais ele não vai sozinho, Kurumi e Shizuki vão até lá e tentem achar o endereço, eu e a Muno vamos pensar em um plano B e preparar as coisas pra chegada do Ministro.

— O'Que?! — Os dois exclamavam, furiosos.

— Por que eu tenho que ir com esse virjão?! — indagou Kurumi.

— Hibari-san, deixa eu ficar com a Muno, você vai com esse garoto sem classe! Por que não?!

Hibari chutou o estômago dos dois os fazendo ficarem quietos.

— Eu estou no comando da missão, e eu mandei vocês irem. — Ela respondeu, furiosa. — Se ficarem reclamando ou indo contra as minhas regras, vou contar pro Shizan-San e fazer com que ele pese essa inconveniência nos pagamentos dos dois!

Os dois se tremiam vendo a feição demoníaca da garota e apenas concordavam com a cabeça.

— Agora, fora! Vão trabalhar! — exclamou apontando pra porta.

Os dois trocavam olhares de desprezo um com o outro e iam andando para fora.



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