Volume 1 – Arco 2
Capítulo 7: Acumuladora
— Mas, oque?! — Kurumi indagou, estava no chão pasmo e seu corpo começou a suar, naquela situação com seus olhos fixos em Hibari.
— Merda... — a garota suspirou, suas pernas tremiam até que ela cedia e caia no chão sangrando após o corvo se afastar, e agora seus olhares iam olhando para o agente.
— Hibari! — Ele correu até ela, seus olhos analisavam a abertura no peito dela, e ele rangia os dentes. — Por que você fez isso?!
— Por que não começa a fazer algo útil invés de tagarelar? — Ela reclamou, tentando enfaixar seu machucado.
Ele ajudava ela a levantar, nisso ambos ouviam um som de disparo e logo se lançavam pra lados diferentes, com Hibari caindo no chão, com suas pernas trêmulas.
Eles teriam desviado de uma bala e Kurumi olhou na direção, vendo o agente de antes.
— Não queria atrapalhar o momento bonito, mas... — pronunciou, num tom seco, enquanto recarregou sua arma. — Em nome da Associação de Detetives Especiais do Governo, eu Muruko Torii irei prender os dois por tentativa de assassinato!
Kurumi seguiu um olhar fixo nele, seus dentes cerravam a cada palavra do homem.
— Vou cortar o seu pescoço! — bradou, logo de sua mão, surgiu Yanagiri, e ele se lançou na direção de Muruko num único salto.
O detetive usou sua pistola para defender a faca de Kurumi, ambos trocavam um olhar, a pistola teria sido cortada.
— Você é rápido, será que é tão rápido assim de morrer? — disse friamente e logo moveu seu joelho, acertando uma forte joelhada no estômago de Kurumi.
Por reação ele ficou levemente desnorteado abrindo a brecha para receber um soco fechado em seu maxilar, e caiu longe no chão.
— Essa faca aí deve ser seu fardo, mas você é tolo. — afirmou, o olhando de cima. — Num combate, ganha quem tiver o melhor fardo!
Kurumi rosnou com isso e se levantou, nisso o corvo veio de encontro a Kurumi, o garoto saltou pro ar e se posicionou encima do bico do corvo, levantou sua palma destra pronto para um corte, mas de forma repentina o corvo começou a girar.
Tal giro o fez perder o equilíbrio e cair de cima do corvo, o fardo moveu sua pata num deslize, acabando por fazer um corte no estômago de Kurumi.
Ele caia no chão e arfava, sua mão livre foi até seu estômago que estaria transbordando sangue.
"Merda, oque eu faço? Eu preciso chegar até aquele cara, mas duvido que aquele bicho vai deixar, e ainda tem a Hibari..."
Hibari seguiu no chão, seus olhos quase se fechavam mas seguiam fixos nele.
Na mente da machucada Hibari, veio a imagem dela criança.
Tinha com um longo e desgrenhado cabelo, suas roupas estavam por um fio e todo seu rosto era sujo, ela corria pelas ruas com um sorriso puro.
— Haha! — Ela riu passando por diversas pessoas.
Após isso as pessoas começavam a sentir algo estranho, e todos berravam, gerando um pequeno pânico.
— Minha carteira! — disse um homem com os bolsos vazios.
— Meu anel! — gritou uma mulher.
— A tampa da minha garrafa! — disse um homem, indignado. — Quem rouba uma tampa de garrafa?!
A pequena Hibari seguiu correndo, sua blusa estava cheia, como se fosse grávida.
— Cheguei! — Ela berrou com um sorriso, ao adentrar uma casa.
A voz dela ecoou, a casa estava cheia de teias de aranha, vidros quebrados e paredes arrombadas, além de estar totalmente vazia de pessoas.
Ela seguiu sorrindo e andou até uma parte onde havia grandes pilhas de objetos, ela abriu sua blusa soltando os vários objetos dentro de sua blusa para sua pilha.
— Haha! Minha coleção tá ficando incrível! — disse ela sorrindo.
“Minha mãe morreu quando eu era bebê e meu pai me abandonou, desde aquele dia eu vivi sozinha, então comecei a criar uma
“Coleção”, eu pegava o máximo de coisas possíveis, de castanhas de árvore até moedas velhas!”
Em meios aos pensamentos de Hibari a memória seguiu, a pequena estaria de joelhos com homens a segurando e estando diante aos vários objetos.
— Parem! Por favor, parem! — suplicou, enquanto lagrimas escorriam de seus olhos. — Minha coleção!
— Colecionadora? — indagou um homem, rangendo os dentes. — Tá mais pra ladra! Sua verme imunda! Acumuladora!
— Eu não sou! Não sou acumuladora! — Ela afirmou, arfando. — Minhas coisas, minhas coisas! Não peguem a minha coleção!
— Essas coisas são todas nossas, sua ladrazinha!
Os homens saíram de lá, deixaram a pequena Hibari no chão, chorando, estando sem nada ou ninguém em volta.
— Minhas coisas... Minhas coisas... — Ela no chão foi dizendo com seus lábios tremulando. — Eu... Tô sozinha... Vazia...
Ela seguiu no chão com aqueles sentimentos que a deram um peso maior que uma bigorna, nesse instante ela quebrou, com lágrimas começando a sair de seus olhos, com sua mente em cacos.
Saindo da mente da garota, ela no presente permaneceu no chão, refletindo.
“Eu sempre senti esse vazio... Eu era sozinha, não tinha amigos, família... Nada... As pessoas são não são confiáveis, elas te machucam, te traem, objetos são fiéis, eu achava que... Esses objetos, eles pudessem preencher esse vazio... Sem perceber virei uma acumuladora, só que negava...”Ela suspirou com as mãos na barriga em seu machucado, e ela arfava lutando pra seguir acordada.
“Aquele dia que eu perdi tudo, eu finalmente aceitei depois de tanto negar, eu enxerguei esse meu eu e despertei meu Fardo, virei uma assassina porque... Bem... Eu tinha meu sonho pra realizar... Você... É igual, não é?”
Ela olhou adiante com sua faca disputando contra o bico do corvo.
Os dente de Kurumi cerravam até que o corvo cessou, se afastando e ele arfou bem ofegante.
Hibari tremeu os lábios até que deu um largo sorriso.
— Ah, mas que merda! — gritou Hibari.
Com seu grito ela se levantou, e chamou a atenção de Kurumi, ele e Muruko a olhavam de olhos arregalados, com ela tendo seu livro em mãos.
— Você não consegue nem derrotar um simples Fardo?! — Ela indagou com um sorriso.
Ela abria o livro e arrancou três páginas as jogando pra longe, elas soltavam um forte brilho e iriam assumindo formas.
Uma delas se tornava uma grande raposa, de tamanho similar a um cavalo, uma enorme calda e afiadas garras, outra seria um ogro vermelho, segurava um porrete e era enorme com 3 metros, e o último seria um ser humanoide branco, com apenas um olho e linhas pretas em seu corpo.
Ela seguia firmemente com seus monstros atrás dela com Kurumi impressionado assim como Muruko.
Ela seguiu firme com os seres junto dela, aquela visão fez Kurumi e Muruko ficarem pasmos.
Colecionador: O Fardo de Hibari é um livro capaz de selar coisas, isso inclui outros Fardos, basta que toquem nas páginas, porém apenas tem dez páginas, podendo selar apenas dez coisas.
— E-esse livro... — Muruko gaguejou. — Esse fardo, você é... — Ele arfou com seus olhos arregalados.
— Número 333 dos Assassinos de Aluguel... — disse Hibari. — Rainha dos Demônios!
Ela seguiu com ambos trocando olhares.
A mão de Muruko tremeu de leve, com ele começando a suar.
— Isso é ruim, essa garota tem um poder de dar medo.
— Eu... Não sabia que ela podia ser tão forte. — disse Kurumi, boquiaberto.
— Vamos começar então. — Ela disse, sorrindo.
A raposa se lançou na direção do corvo, sua velocidade era enorme, ela girou deslizando suas garras em cortes profundos contra o corvo.
O corvo berrou de leve com o dano, e se lançou contra Hibari, abrindo seu bico, a raposa saltou com sua calda girando como uma hélice para que ela fosse ao céu e nisso acertava outro corte no corvo.
Ele não hesitou apesar da dor e seguiu contra ela, começou a girar como uma broca em grande velocidade indo na direção da garota, ela sequer piscou ou mudou sua postura.
O bico da criatura era parado pelo porrete que o ogro segurava, facilmente o ogro lançou o corvo pra longe e o humanoide surgiu numa velocidade enorme movendo seus punhos numa série surreal e muito rápida de socos, dando uma enxurrada de golpes nas costas da ave e apenas caia no chão gritando de dor.
Hibari apenas seguiu sorrindo, sua feição e postura estavam imutáveis, enquanto Muruko suava e arfava ofegante.
“Que merda... Número 333, o ranking de assassinos começa no 10.000, mas existem milhares de assassinos, então até o número 10.000 já é um assassino perigoso, ela... Tá entre os 500 melhores, não posso subestimar ela!”
— Corvo!! — berrou o homem, ofegante e com seus olhos quase saltando de seu rosto suado, sua mente estaria imersa num profundo desespero — Oque pensa que tá fazendo?! Levanta, mata ela!
Em meio ao seu desespero ele sentiu um arrepio em todo seu corpo, um som de corte ecoou em seus ouvidos e ao olhar pra trás, Kurumi havia deslizado sua faca em suas costas.
Ele berrou e caiu de joelhos, era um corte profundo e forte.
— Não devia ter esquecido de mim, filha da puta! — Ele disse, rangendo os dentes, seu rosto estaria pingando de bastante sangue com um leve sorriso.
O detetive num último ato movia seu punho para o rosto dele que seguiu firme e deslizou sua faca e cortou fora a mão de Muruko, um corte perfeito que fez o homem cair gritando e agonizando.
— Isso! Grita, grita! — O garoto detinha um largo e psicótico sorriso imerso em sangue. — Morra!!
Ele iniciou uma série de deslizes consecutivos com sua faca uma série enorme que mutilava todo o corpo do homem em pedaços.
— Não! Idiota! — berrou Hibari, perplexa.
Kurumi arfava e o corpo de Muruko caia em vários pedaços.
— Pronto. — disse Kurumi, sorrindo.
O corvo parou, o peito dele começou a inflar, ele gritava de leve.
— Agora Morra, corvo de merda!
— Oque?! Você não sabe sobre os três A’s?! — Ela indagou.
O corvo berrou bem alto e logo braços musculosos se formavam nele, suas asas duplicavam e seus olhos exalavam algo similar a um fogo azul.
— Mas oque é isso?! — indagou Kurumi, boquiaberto.
— Fardos seres vivos ou “Abominações”, são independentes do usuário! Se você mata o usuário primeiro, ele se torna um “zumbi” um fardo que recebe o espírito dele e fica mais forte!
— Mas oque?! — Ela indagou e viu o corvo enorme — Mas que merda!
O corvo passou reto por Kurumi apenas indo contra Hibari, a raposa vou contra ele e mordeu a asa com força, o corvo segurou a calda dela e a puxou a jogando em seu bico e a devorando.
— Rápido, ogro! — Ela disse, perplexa com aquela cena.
O Fardo logo ficou de frente a Hibari e moveu seu porrete contra o Corvo que simplesmente atravessou o ogro e seu porrete, o deixando aberto e sem arma.
O humanoide surgia e logo ele e o corvo começavam uma troca de socos em alta velocidade.
“Droga, eu tô muito fudida, esse machucado no estômago me limitou demais... Zumbis são absurdamente poderosos”
Os golpes dos Fardos seguiram até que os punhos do humanoide eram atravessados pelos do corvo que em seguida acertou bem na nuca do outro, a cabeça do humanoide explodiu no impacto.
O Fardo seguiu voando contra ela, a garota ficou paralisada apenas vendo o fardo se aproximar.
"Então... Esse é o meu fim?"
Ela fechava suas pálpebras até que um som de clash de metal ecoou a fazendo abrir os olhos.
— Haaaa! — Kurumi segurava sua faca com ambas as mãos, sua lâmina iria protegendo o golpe do bico e então usando toda sua força o empurrou o arremessando para o céu, ainda em sua força ele deslizou sua faca num corte bruto com o máximo de sua força, lançou uma pequena rajada de ar, que cortava a asa do corvo que berrava e caia no chão.
Hibari seguiu o olhando perplexa, surpresa com aquilo, estava boquiaberta enquanto sangue saia de sua boca.
— Se esse fardo só tá mais forte por culpa minha... — disse se ajeitando e ficando em posição de combate, suas mãos paralelas e os pés firmes. — Eu vou pessoalmente mandar ele pro inferno!
O corvo no chão iria se erguendo e dava um enorme grasno, ele olhava para Kurumi e ambos se encaravam com chamas em seus olhos.