Hitman Brasileira

Autor(a): Ryan VC


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 5: Hibari

— Essa é Hibari Natsuko, sua nova dupla. Mas... Você disse que não quer uma dupla?

— Foda-se pro que eu disse, caralho! Foda-se tudo! — O garoto se aproximou de Hibari e estendeu a mão, estava com uma feição eufórica no rosto. — Prazer senpai, espero que a gente se de bem!

A garota não mostrou nenhum tipo de reação, apenas seguiu o silêncio, nem mesmo moveu a mão de, apenas seguiu com uma postura fria.

— Então, esse é o tal novato? — ela indagou, finalmente falando algo, olhou para Kurumi com um olhar antipático que lixava o garoto.

— Pois é, eu ponho ele em suas capacitadas mãos, Natsuko-chan.

— Por que eu? E quanto ao Shizuki e a Muno?

— Eles estão ocupados numa missão bem longe, então você é a única que sobrou, oque é bom, afinal. — O homem olhou para ela com um sorriso. — Dos três você é sem duvida a melhor para essa tarefa, já que é a minha mais forte endividada.

— Ah? Ela também tem uma dívida com você? — disse Kurumi.

— Eu já tive um total de 22 endividados que se tornaram assassinos. — disse ele de forma calma com um sorriso. — Embora atualmente apenas três ainda estão vivos, tirando a Natsu-chan tem também o Shizuki e a Muno, você irá conhecê-los quando voltarem da missão, mas, saiba... A Natsu-chan aí, é a mais forte de todos.

— Para de me chamar de "Natsu-chan" — repreendeu ela, o olhando.

Os olhos azuis daquele homem trocavam olhares com os roxos da garota que permaneceu com sua postura quieta e logo rangeu. Ela suspirou, enquanto um olhar descrente olhou Kurumi de cima abaixo.

— Aí Novato! Qual é a sua?

— Meu nome é Kurumi Kuni, 18 anos, solteiro, meus hobbies são... Hmm, cozinhar e... Matar?

Suas palavras despertaram um leve sorriso em Shizan, enquanto a garota não mudou sua posição, para com ele.

— Shizan-san, tá falando sério?! — Ela resmungou, mirou seu olhar para o loiro novamente, enquanto repousava as mãos na cintura. — Esse garoto é um completo amador. Ele é fraco, magricela, tampinha e tem cara de boco, ele ao menos possui um fardo?

— É claro que possui, mostra para ela, Nikkun. — Ele disse colocando a mão no ombro dela e agora olhando para ele.

— Fardo? — Ele alisou sua nuca com a mão destra, tentava entender o que os dois falavam, nisso, a veia de Hibari saltou e seus dentes rangiam, quando num instante a mente do garoto foi como um estalo. — Ahhh, vocês tão falando disso aqui?

O jovem moveu sua palma, a deixou aberta no ar, assim se manifestou sua Yanagiri, Hibari ficou levemente surpresa, o garoto seguiu calmo, enquanto Shizan permaneceu inalterado.

— Eu disse, acha mesmo que eu iria contratar um qualquer que nem possui Fardo? — Shizan sorria, ele olhava para Hibari com uma feição relaxada, oque fazia a garota suspirar.

— Mas perai, o que é um Fardo?! — indagou Kurumi, se aproximando dos dois.

— Nem isso você sabe?!

— Nem ideia. — respondeu com um sorriso curto.

A ignorância dele perante aquele assunto, saltou a veia dela novamente. Com isso, Shizan pós a mão no ombro dela, a fazendo relaxar e logo o olhou de forma calma, se sentou enquanto seus olhos passavam pelo café de sua xícara.

— Fardos, são os seus demônios internos. — diria ele profundamente, enquanto mexia seu café.

— Ahh? — Kurumi apenas moveu a cabeça e abriu a boca, Hibari ardia em chamas com aquilo.

—As pessoas são mentirosas, elas mentem tanto que as vezes nem percebem que estão mentindo, elas escondem seus desejos e gostos dentro de si, com o único objetivo de serem aceitados na sociedade, isso é deprimente, porém compreensível...

Ele balançava sua xícara, olhando profundamente para a bebida, enquanto nela, podia ver a imagem de uma pessoa com atrás dela um vulto de monstro.

— Quando você retira essa máscara e aceita esse seu lado, você libera esse demônio interno da prisão que você tanto tentou o manter, um "Fardo" é a manifestação desse seu lado, a prova de que você o aceitou o demônio e agora está pronto pra revelar ele pra sociedade. — O ar ao redor dele ficou pesado, emanava uma certa seriedade.

Ele seguiu a balançar seu café, agora o monstro sumia e virava uma espada que o humano empunhava.

— ... — Após a explicação, os olhos de Kurumi passearam por sua faca, ele via seu rosto refletido na lâmina, com uma face séria, memorias de sua infância invadiam sua mente, perante isso, seus lábios se formavam num sorriso largo. — Entendi... É... Com certeza é isso.

— Tá bom, vamos logo novato, eu quem vou julgar se você tá apto ou não a ser um assassino. — E com suas frias palavras, a garota se retirou do local, acompanhada agora de sua nova dupla.

— Boa viagem pros dois, Nikkun... Essa é sua primeira missão! — disse com um sorriso, olhando para o garoto.

Aquilo fez o garoto sorrir, olhando de volta pro loiro e agora os dois saiam pelas portas da mansão.

Passando se um tempo, a dupla de adolescentes andava lado a lado por entre as ruas de uma cidade, com a senpai trazendo consigo uma maleta.

— O alvo é Naoto Hiro, é um político corrupto. Vive desviando várias ações pra benefício próprio, fomos contratados pra assassinar ele. — Ela diria mostrando uma foto do homem para ele, um homem ligeiramente gordo e com uma barba grisalha.

— Saquei! Bora lá! Tô animado, o primeiro passo pra vida dos sonhos! — Ele levantava seus braços, seus lábios estavam num sorriso largo com seus olhos brilhando como estrelas.

— “Vida dos sonhos”. — A garota detinha uma expressão com aquilo, olhos vazios e seus lábios firmes. — Então você é mais um deles.

Ambos os dois seguiam andando, Hibari liderava, até que ela estendia seu indicador para a parte traseira do trajeto.

— Olha, uma gostosa pagando peitinho.

— OQUE?!! ONDE?!! — berrou e se virou, seus olhos quase saltavam da cabeça e passavam por toda a procura.

No segundo que se virou, ele era abatido, recebeu um chute direto por parte de Hibari, e ele caia no chão, apagado.

Um tempo após isso, Kurumi piscava acordando, estava jogado em meio ao lixo.

— Hmmm... Oque? Pei... Peitinho... Cadê o peitinho? — seguiu levemente atordoado devido a pancada, mas logo olhava Hibari em sua frente, o olhando. — Senpai, o que você...

— Pede pra sair. — diria encostada na parede, enquanto estaria com um cigarro na boca.

— Ah? O que? — Ele indagou, a olhando.

— Você acha que tudo isso é divertido, que é só uma brincadeira? — Ela retirou o cigarro da boca e soltou a fumaça. — Escuta aqui, ser um assassino não é isso... O Shizan-san pode até ter visto algo em você, mas pra mim... Você é só um puro e completo merda.

As palavras frias da garota, deixavam o quieto, enquanto ele ouvia tudo em meio ao lixo.

— Você... — Ela o encarou com uma feição ainda mais gélida. — Já morreu alguma vez?

— Ah? Claro que não, como eu pod...

— Já teve que arrancar o coração de alguém com as mãos? Já teve que ver aqueles que considera seus amigos na sua frente mortos, ou então segurando uma arma pra sua cabeça? Já teve que... Chorar até vomitar, pensando se você realmente ainda pode se chamar de humano? — Ela fazia aquela serie de perguntas tão pessoais, enquanto seu olhar estava profundo e aterrorizante, capaz de causar pesadelos.

Aquelas palavras afetavam o garoto, trazendo um turbilhão de pensamentos em sua mente.

— Esse é o dia a dia de um assassino. Pra sobreviver tem que se prender a convicções e razões fortes, você só virou porque quer uma vidinha boa? Não vai durar nem mesmo 2 dias, entendeu? Eu não quero perder meu tempo com você, agora vai embora e foge!

— Mesmo se eu quisesse... — respondeu, cortando as palavras dela. — Eu ainda tenho uma dívida com aquele loiro babaca, como eu posso fugir?

— Eu vou dizer que você morreu na sua primeira missão como um verdadeiro amador, então eu vou pegar a sua dívida pra mim e correr atrás de acertar, eu já tô quase zerando a minha atual mesmo. — A garota seguiu com sua postura, não demonstrando um pingo de afeição.

— Sua atual?

— Atualmente a minha dívida com o Shizan-san é de 30 milhões de ienes. Toda vez que algum amador aparece, ou ele morre ou ele foge em menos de 2 dias, eu pego a dívida dele, se formos contar todas as dívidas que já peguei, a minha total seria de... — Ela parava por um segundo, colocando a mão no queixo enquanto calculava. — 50 bilhões de ienes.

— 50 bilhões?! — Seus olhos quase saltavam do rosto, perante tal afirmação.

— Então vai logo, nem precisa agradecer.

Kurumi seguiu em meio ao lixo, quando Hibari se virava indo embora com calmos passos.

— Ei, senpai... Ou melhor, Hibari.

— Você perguntou se eu já matei alguém, não é? — Ele finalmente se levantava do lixo, apesar disso, Hibari não parou de andar ou sequer se virou. — Na verdade, a resposta é sim, mas, eu tentei ao máximo sempre evitar matar mulheres. Só que pra você... Acho que eu abro uma exceção! — Ele balançava sua mão, lançando sua faca que girava indo na direção da garota, em uma velocidade surpreendente.

Hibari seguiu calma, se abaixou para fazer a faca passar reto, ela se chocou ao sentir algo em suas costas, era a mão de Kurumi, ele usava ela de apoio para com sua mão livre pegar sua Yanagiri no ar e a descer num corte forte contra ela.

O golpe era parado, com ela segurando o pulso do garoto e realizou um giro, chutando a face dele e o mandando pra longe. Kurumi não mostrava tanto abalo e não perdia tempo, agora partiu contra ela, ambos saltavam davam joelhadas que se chocavam, ficavam numa disputa de força. E trocavam olhares furiosos.

— É idiota demais pra entender o quanto tô sendo boazinha?! Pessoas com motivos bestas assim, não vão durar nada! — disse, com aquilo aumentando ainda mais o ranger dos dentes de Kurumi.

— Eu já sei... Oque é estar morto... — resmungou, chocando-a, enquanto ele começou a se sobressair na disputa de força. — Eu já senti isso na pele, aquele inferno, eu vejo como tô agora e vejo como isso é melhor! Por isso eu não ligo em dar minha vida por isso! Meus motivos pra estar aqui são piores que os seus?! Os outros tem motivos nobres?! Eu tô pouco me fudendo! — Ele dizia numa feição que ardia em chamas, seu olhar queimava em determinação.

Aquela determinação chocou a garota que acabou relutando, e com isso ele se sobressaiu na disputa acabando por desarma-la e na sequência a acertou um soco no estômago.

— Você... — Ela remoia, pondo a mão no estômago e olhando para ele.

— Se prepara vadia... — Ele passava seu dedo no rosto, tirando o sangue e dava um sorriso largo e sádico — Agora o pau vai torar!

Ele se firmou no chão e se lançou contra ela em alta velocidade. Hibari notando aquilo, apenas suspirou ajeitando sua postura. Ele ao chegar perto dela começava uma série de deslizes com sua faca, os quais ela desviava sem suar ou mudar sua feição.

— Eu disse... — Ela acabava por agarrar o pulso de Kurumi, o neutralizando. — Eu tava sendo boazinha. — Ela realizava um salto, prendendo suas pernas no pescoço dele.

 Em seguida realizou um giro, revelando uma força enorme. Assim, ele acabou caindo no chão, ela o prendia com suas pernas e segurava seu pulso o impedindo de usar seu fardo.

— Bom, se quer tanto assim morrer, quem sou eu pra impedir. — Ela suspirou e sua feição relaxou e o garoto ia ficando sem ar. — Ae, quase esqueci. — Nesse instante ela moveu sua mão livre num soco com uma força tremenda, acertando em cheio os países baixos de Kurumi.

Aquele golpe pegava em cheio, o fazendo desmaiar de dor, seu fardo sumia e ela apenas o soltava, levantou e se ajeitou.

— Isso é por me chamar de vadia. — Seus olhos passavam por ele de cima abaixo, memorias daquele olhar determinado, e ela refletia pensando, até que por fim suspirou e pegou Kurumi em suas costas. — Deus, aquele oxigenado só me arruma confusão.



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