Volume 1

Capítulo 8: Noite Infeliz

 

Era noite de véspera de Natal. A casa dos pais de Frederico estava em festa, recebendo a visita de parentes distantes, que nem mesmo nosso protagonista fazia ideia de quem eram.

Quando surgi lá, no mundo humano, o padre se encontrava na cozinha, ajudando a sua mãe a preparar o peru da ceia.

— Droga, Narrador, o que você está fazendo aqui?! — cochichou ao me ver.

— Ora, é assim que você recebe um velho amigo depois de muito tempo sem se encontrarem? Você sabe muito bem  que eu só apareço nos momentos mais oportunos…  — para mim!

— Não é isso, é só que… Espera. — Ele olhou para os lados, procurando por uma porta. E a achou. — Venha. 

Frederico largou os utensílios que utilizava para preparar o alimento, e eu o segui até um canto mais afastado de todos ali presentes: o quintal localizado aos fundos de sua casa. 

— Eu não tenho mais nada para te pedir — soltou assim que ele se certificou de que não havia alguém por perto. — Não acho que vou precisar mais de seus serviços, inclusive.

— Hmpf. Era só isso que tinha para me dizer?

… O que foi? Pensavam que eu iria lamentar pelo dinheiro que nunca mais iria receber ou implorar por mais serviços? Bom, acharam errado. Já tive inúmeros contratos antes de Frederico, e todos eles sempre me diziam a mesma coisa. Mas no fim… 

— Aliás, por que me trouxe aqui? Ninguém pode me ver mesmo — desconversei.

— É, mas todo mundo pode me ver falando “sozinho”! — O padre apertou o naso. Então, respirou fundo e se acalmou. — Olha, o que estou tentando dizer é que, desde que saí do confinamento do seminário, sou um homem livre para fazer o que quiser, agora. Não estou mais restrito a informações e tecnologia, como era antes.

— Ah, sim, fiquei sabendo que você virou padre. Meus parabéns.

— Besteira, não precisa me parabenizar. Isso ainda não acabou.

— O que exatamente…?

— O meu objetivo, oras. Ele está apenas começando! Virar padre é apenas o primeiro passo. Ele só acaba mesmo quando eu virar Papa e ditar como as coisas irão funcionar!

— Kikiki, entendo… — Maravilha! Teria um longo caminho para escrever, pelo visto! — E então? Vamos fazer o que esta noite?

— “Vamos”? Como assim? EU vou voltar lá para a cozinha, ajudar a minha mãe a terminar a ceia de Natal e aproveitar o feriado com a minha família. VOCÊ, não sei o que vai fazer.

Sem essa, protagonista! Tinha um capítulo urgente para escrever e não achava que o Rei Demônio — nem ninguém — gostaria de ver uma reunião feliz em família, onde nada aconteceria.

Algo deveria ocorrer esta noite, nem que eu mesmo tenha que provocar isso! 

— Hm. Pareces bem relaxado para alguém que ainda possui obstáculos pelo caminho. Cantas vitória, mas devo lembrar-te que, dos dois policiais, apenas matei um. Rose ainda está por aí, em algum lugar… — instiguei Frederico.

— Ora, e o que tem? Não acho que ela vá me fazer qualquer mal.

— Tens certeza? Não temes que a policial tente, de alguma forma, se vingar pela morte de seu parceiro?

— Creio que ela deva ter arquivado o caso em que me investigava e seguido com sua vida depois do que viu, se você executou com perfeição aquilo que te pedi para fazer. 

“Pois, desde aquele incidente, ela não me chamou mais para a delegacia, não me interrogou mais, não me proibiu mais de sair da cidade, não me falou mais que eu era suspeito de alguma investigação, não me seguiu mais, não me vigiou mais e, principalmente, não me prendeu.

“Então, sim, não há o que temer. Tenho certeza que ela não me fará mal algum.”

— Se você diz… Bom, podemos ter visões diferentes acerca do assunto, mas quero que saiba que é indiscutível o fato de que observei Rose mais tempo do que você. E posso dizer que, desde quando a vi pela primeira vez, pude notar algo de diferente nela. 

“Ela tinha um cheiro cítrico, uma fragrância que acariciava as narinas, como o beijo de uma mãe em seu recém-nascido. Não era perfume, não, nada neste mundo terrestre podia imitar um odor tão averso a mim.

“Nesse aroma, havia tudo que nós demônios não possuímos. Humildade, honestidade, lealdade, bondade e uma incrível sede por justiça.

“Pessoas assim não costumam ficar paradas perante o mal. Eu não duvidaria se ela tivesse montado uma força-tarefa especial só para capturar o culpado deste caso, o responsável por matar alguém que ela tanto amava.

“É apenas questão de tempo até que a onça saia de seu esconderijo… e ataque!”

— Hm… eu… eu não sabia disso. — Uma pontada de dúvida atingiu a sua mente. Isso! Era isso mesmo que eu queria! — De fato, é algo a se pensar…

— Frederico?! — De repente, um homem robusto, na casa dos cinquenta, mais ou menos, abriu a porta que dava acesso a onde nós estávamos e tirou a atenção de nosso protagonista em seus próprios pensamentos. — O que você está fazendo aí, cara!? Tu não ficou encarregado de ajudar a sua mãe na cozinha!? Pô, saiu de fininho e deixou sua mãe que nem louca te procurando. Quer matar ela do coração???

O padre ficou sem jeito. — Não, pai, é que…

— Amor, ‘tá tudo bem. — Logo, uma mulher de idade veio e com delicadeza colocou a mão no ombro do homem que até então dava uma bronca em nosso protagonista. — Conhece nosso filho, ‘cê sabe que ele jamais nos deixaria na mão, se não tivesse algo muito importante para fazer.

Seu marido virou o rosto, fechou a cara e soltou um suspiro: — Hmpf.

Frederico, por outro lado, emudeceu-se. Um sentimento de culpa preencheu o seu ser, e um cheiro doce de eucalipto pairou no ar e alcançou o meu nariz. 

Esse aroma não vinha dele, mas de sua mãe. Nele, paz e calmaria residiam, além da proteção de um ou mais anjos. 

Gente… que mulher era essa?! Conseguia até mesmo calar a boca de dois homens como aqueles! 

Havia horas que eu adoraria emudecer Frederico também… Poderias me ensinar teu segredo?

— Filho — chamou ela —, tia Clarice acabou de chegar, ‘tá lá no portão. Poderia atender? Ela queria muito te ver…

— Tia… Clarice?

— É, a que era prima da dona Nercy e sogra do seu João, lembra? — A confusão era nítida no rosto de Frederico. — A irmã da sua vó… Ela foi babá sua até os dois anos de idade.

— Ah, sim, a tia-avó Clarice! Como pude esquecer! — Ele ainda não fazia ideia de quem ela era… — Mas é claro que eu posso receber ela, mãe, é pra já.

— ‘Gradecida.

Frederico seguiu seu caminho, mas parou embaixo da porta por onde passamos e olhou para sua mãe. — Aliás… quando eu terminar isso, volto e te ajudo a terminar de montar a ceia. Sem pausas!

— Eu sei. Não precisava ter me dito isso.

Os dois trocaram sorrisos com os olhos, e então nosso protagonista foi até o portão de sua casa.

Ao abri-lo, uma idosa de cabelo branco o recebeu de braços abertos. — Didico! 

— Eu mesmo. Como vai a senhora, tia-avó Clarice? — O padre então a abraçou.

Espera… “Didico”?! Kikikikikiki! O apelido conseguia ser pior que o nome!

— Há quanto tempo! Já ‘tava com saudade… — Ao finalizarem o cumprimento afetuoso, ela olhou Frederico de cima a baixo. — Gente… como você cresceu! Por acaso, ainda continua com aquela mania feia de colocar escondido moedas na boca?

— Claro que não, tia-avó. Faz tempo que parei com essas manias de criança, hahaha. — “MANIA DE CRIANÇA” O CARAMBA! PARA SEU GOVERNO, MOEDAS TINHAM UM BOM GOSTO!

— Ainda bem, hihi… E a sua mãe, ela ‘tá bem?

— Está sim. Tadinha, agora está lá sozinha preparando a ceia para a família toda. Até então estava ajudando… mas vim aqui vê-la.

Claramente, isso foi uma indireta para encerrar a conversa logo. Mas Clarice parecia não ter lido as entrelinhas…

— Ainda bem, maravilha. E o seu pai? Soube que ele estava com prisão de ventre… Sua mãe comprou o laxante que eu falei?

— Ah, então foi você que recomendou. Sim, fui na farmácia e comprei ele. Meu pai tomou e uma hora depois ele já usou o banheiro. Aquele remédio é potente! Está lá guardado na cozinha, para caso ele volte a ter esse problema.

— Ai, que bom que deu certo. Meu falecido marido também costumava ter esse problema…

— A senhora veio sozinha? — mudou bruscamente de assunto.

— Não, não, vim com a minha filha. Ela me deixou aqui e ‘tá procurando algum lugar para estacionar o carro dela.

— Ah sim, nessa época do ano a rua aqui está sempre lotada de carros, mesmo.

— Pois é… Aliás, Didico, deixa te perguntar uma coisa. Por acaso você estaria interessado em namorar minha filha? Ela é loira, de cabelo curto, e tem olhos claros. — Hm, já vi essa descrição antes…

Inclusive, uma curiosidade para vocês. Em algumas cidades do interior do estado onde nosso protagonista morava, era comum idosas formarem casais de jovens solteiros à procura do amor.

Essa tradição de casamenteira no lugar onde Frederico habitava, porém, era diferente. Aqui, mães senhoras ofereciam suas filhas a bons rapazes, como uma forma de escolherem seus genros — e desencalharem suas filhas.

No entanto Clarice não contava com uma coisa… — Fico honrado com a proposta, mas terei que recusar. Pois agora sou um homem de Deus.

— Ai, minha nossa! Desculpa, agora que me lembrei. Sua mãe me disse que ‘cê tinha virado padre…

— Com Licen… — De repente, uma linda mulher pôs os pés na casa de Frederico e subitamente perdeu a voz enquanto falava.

Seu rosto ficou pálido, e o de Frederico também. O coração dele começou a bater mais rápido ao perceber que a pessoa a sua frente era ninguém mais, ninguém menos que a policial Rose.

— Ah, filha! Você chegou! Estacionou o carro em um lugar seguro?

— Sim, não muito longe daqui. — A linda mulher apontou para o padre. — O que ele ‘tá fazendo aqui?

— Mais respeito, garota! Ele é filho da dona Márcia.

— E por que você não me disse isso antes!? Se soubesse, nem teria vindo!

— Que isso! O que deu em você?! Não foi essa a educação que eu e seu pai te demos. Primeiramente que você não me perguntou. Aposto que você nem sabia que ela tinha filho!

— Aff, mãe… Se você soubesse as coisas que ele fez…

— Ora, ora, parece que nos encontramos novamente, Rose… — interrompeu Frederico. — Da primeira vez que te vi, jamais imaginaria que você seria minha prima-tia, sequer prima-tia de alguém. Parece tão jovem…

— Ah, mas não se deixe enganar por esse rostinho bonito que ela tem. Minha menina já é uma mulher madura!

— MÃE! — Rose soltou um grito que voltou todos os olhares da festa para ela. A policial, por um tempo, permaneceu calada, com um olhar de raiva direcionado a Frederico. Mas então deu meia-volta e disse: — Afff, deixa quieto. Ficarei no meu carro até a festa acabar. Me ligue quando…

— Nada disso! — gritou Clarice. — Natal é um dia para se estar com a família. Então você vai entrar lá na sala e ficar quietinha com a gente!

Rose parou no lugar, baixou a cabeça e murmurou: — Afff… Impressionante.

Logo, ela seguiu para dentro da casa de Frederico, sem fazer contato visual com ele.

— Ai, me desculpa, de verdade — pediu Clarice. — Ela tem agido tão estranho ultimamente…

— Sem problemas, percebi que ela parecia meio estressada… Aconteceu alguma coisa?

— Ah, isso aí é coisa do trabalho dela… Vem cá, vocês dois se conhecem.

— Sim, mas fomos apresentados sob más circunstâncias… Sabe, eu gostaria de me redimir, que ela me visse com outros olhos. Família é para se ter unida, então se tiver algo que eu possa fazer para ajudar nisso…

— Ah… que bom que você falou isso. Tenho andado muito preocupada com ela. Minha filha é policial, né, daí uma investigação que ela ‘tava trabalhando foi suspensa depois que um pretendente dela morreu.

— Entendo, deve ser difícil para você, achar que Rose poderá ser a próxima…

— Sim, ainda mais depois que ela retomou a investigação, com uma nova equipe.

— Como?! — Frederico deixou escapar. Mas que culpa ele tinha? Seu corpo inteiro havia entrado em estado de alerta.

— Pois é! Eu pedi para que ela não continuasse com o caso e até saísse da polícia. Lembro até hoje do dia que minha filha veio chorando até mim, dizendo que o diabo apareceu e levou o seu futuro marido para o inferno… Mas ela não me escuta. Fala que não deixaria a morte de seu amado ter sido em vão e que levaria o culpado até a Justiça.

— Compreendo, a senhora deve estar assustada… — Você também.

— Ai, muito. Tem noites que nem consigo dormir.

— E se eu orasse pela a sua filha, pedindo proteção a ela, a senhora se sentiria melhor?

— Bastante.

— Então… — Frederico tirou do bolso de sua roupa festiva um pedaço de papel e uma pluma. — Poderia me dizer o nome e sobrenome dela? Assim que eu chegar na Paróquia que for escolhido, ela será a primeira pessoa para quem irei orar.

— Claro, claro. É Rose dos Santos Aragão.

— Certo… — O padre escreveu o nome dela na folha de papel. — Pronto.

— Deus lhe pague, Didico. Olha… ‘cê realmente tem a vocação de ser padre. Me sinto até mais leve depois dessa conversa.

— Fico feliz em ouvir isso. — Em um gesto de mão, Frederico mostrou a Clarice a porta da sala da casa dele. — Vamos?

Sua tia-avó assentiu, e os dois adentraram. A senhora de idade se sentou em um sofá e puxou papo com alguns parentes. Nosso protagonista, por outro lado, retornou para a cozinha e voltou a ajudar a sua mãe.

Conforme preparava a comida, o padre observava discretamente, de canto de olho, Rose. Não demorou muito para ele notar que ela era uma mulher reclusa. 

Enquanto seus parentes conversavam e se divertiam, a policial se mantinha sentada em um sofá no canto da sala de estar, calada, evitando ao máximo o contato — e qualquer possível interação — com os demais parentes.

Apesar de estar usando um lindo vestido verde escuro e carregando consigo uma bolsa de marca, o foco de Frederico estava no celular que ela estava mexendo.

“Acredito eu que os dados daquele caso estejam na delegacia onde Rose trabalha ou em algum notebook ou computador, que não estão aqui no momento. Porém esse aparelho em suas mãos poderia me dizer muito sobre a policial e os envolvidos nessa investigação, através de contatos e troca de mensagens”, deduziu.

Nosso protagonista em momento algum se esqueceu dos dizeres de sua tia-avó Clarice. Na verdade, isso martelava a sua cabeça. Pensava que não conseguiria aproveitar a festa enquanto não resolvesse esse problema.

Primeiramente, cogitou em arrastar Rose para o inferno — tinha o nome completo e grau de parentesco dela, afinal —, mas descartou essa ideia, pois, no fim, de nada adiantaria. Se ela desaparecesse, os colegas empenhados dela apenas iriam continuar com a investigação.

Logo Frederico se ateve aos detalhes. Percebeu que o vestido que a policial usava não tinha bolsos, então, caso quisesse guardar seu celular, seria na bolsa que carregava consigo.

“Hm… Se conheço bem as tradições da minha família, não deixariam com que ela mexesse no celular enquanto comia. Assim ela pararia de mexer nele e o guardaria… mas como faria para pegar a bolsa dela sem que ela ou alguém perceba?...”

— Filho? ‘Tá tudo bem? — perguntou sua mãe, tirando-o de seu devaneio.

— Hã? Ah, sim, estou sim. Só fiquei um pouco distraído pensando no quão bom é ter a família reunida no dia de hoje~

— De fato. — Sua mãe o olhou com uma certa felicidade e orgulho nos olhos, e então continuou: — Filho, poderia temperar e pôr para assar o resto que ficou faltando? Preciso ir ao banheiro…

— Claro, fica à vontade.

Após um agradecimento, a mãe de Frederico saiu da cozinha, deixando-o sozinho e sem supervisão.

Logo, o padre se dirigiu até um armarinho e abriu sua porta. Esticou o braço para poder pegar os temperos, que ficavam na prateleira mais alta, e um frasco estranhamente familiar veio parar em suas mãos. Era laxante.

Ao perceber essa coincidência, no mesmo instante, soltou um sorriso malicioso. Uma ideia veio à mente.

Abriu o potinho e pegou uma colher. Aproveitando-se que o produto era em pó e solúvel, despejou-o todo nas comidas que ele e sua mãe tanto preparavam.

Jogou o que restou fora, lavou o utensílio, temperou de leve os quitutes, para esconder o gosto do pozinho, e os colocou para assar.

Nisso, sua mãe retornou, e juntos terminaram os preparativos para a ceia de Natal. Arrumaram a mesa, e todos os presentes se sentaram em volta dela.

“Como esperado, ela guardou o celular… e ainda deixou a bolsa no sofá?!”’, Frederico se surpreendeu ao ver o descuido de Rose.

Atendendo ao pedido de sua mãe, o padre realizou uma oração antes da refeição, e então todos atacaram o banquete.

No prato de nosso protagonista, havia muita pouca coisa. Nenhuma delas era a famosa salada de batatas de seu pai, o delicioso arroz com passas de sua mãe ou o peru que preparou o dia todo.

De repente, ouviu-se um peido — não dele, claro. E, então, uma orquestra de sons de estômagos se embrulhando um a um.

— Amor, vou no banheiro. 

O pai de Frederico foi o primeiro a dar largada e avisar que estava com dor de barriga. Após, foi os demais parentes. Alguns tentaram acompanhar o pai de Frederico, outros tentaram sair de casa, mais outros fizeram no quintal mesmo e… teve aqueles que simplesmente não se aguentaram.

Depois da tempestade, veio a bonança. Frederico se encontrava sozinho e em silêncio na sala.

Levantou-se e se dirigiu até a bolsa de Rose, que estava no sofá. Abriu-a e a vasculhou. Batom, absorvente, lenços umedecidos, carteira… até que enfim achou o celular e o pegou.

Quando ligou a tela, porém, uma surpresa: “O CELULAR PEDE SENHA?!?!?!?!”

Esquecendo-se do fato de que a maioria dos celulares hoje em dia possuíam isso, pela primeira vez Frederico ficou sem saber o que fazer. 

“Afff… eu cheguei até aqui para nada?! Anda, Frederico, pense!”

Ahhhhh~ Não estaria escrito nesta novel o quanto eu cobraria dele, caso me pedisse para descobrir a senha dela… Kikiki!

Porém, para minha infelicidade, Frederico notou algo no canto inferior esquerdo da tela do celular: Falha no reconhecimento facial. 

Percebendo que o aparelho possuía tal tecnologia, animou-se e se lembrou de um vídeo, que havia visto em seu computador, que ensinava a burlar esse tipo de sistema.

Primeiro, revirou a bolsa e de dentro pegou a carteira de Rose. Depois, abriu-a e pegou a identidade dela. Por fim, apontou a foto do documento para a câmera frontal do aparelho.

Tentou uma, duas, três vezes. Na quarta… sucesso! O celular havia sido desbloqueado.

Com olhos sedentos e com uma certa pressa, pois não sabia quando alguém iria voltar, revistou aplicativos de mensagens e contatos.

“Bingo!” Ao encontrar aquilo que procurava – os dados sobre o caso onde ele era suspeito e quem estava envolvido nessa investigação —, tirou fotos, prints, de mensagens e os enviou para o seu computador, acompanhado de alguns números de colegas da policial.

Tendo concluído isso, apagou seus rastros no celular de Rose, guardou o aparelho e os objetos dela na bolsa e, então, saiu da sala de estar.

Algum tempo depois, sem levantar suspeitas, retornou ao local do crime, fingindo ter tido dor de barriga como todos os outros. A cena que viu quando chegou, porém, foi de partir seu coração.

Todos os seus parentes, indignados, encurralavam a sua mãe e faziam acusações contra ela. Pareciam que iam a crucificar no Natal, tadinha.

— Alto lá! — Frederico elevou a voz. Todos o olharam e, como um divisor de águas, ele atravessou a multidão e ficou diante de sua mãe, voltando-se para o público. — Peço que se acalmem e me deem um minuto de sua atenção. Devo lembrá-los de que eu também ajudei na cozinha, então ouçam o que vou dizer… 

Logo, o padre começou a dar um sermão, um longo discurso que parecia ter surtido efeito nos convidados, pois estes já não estavam mais com raiva.

Ao terminar, foi até uma árvore de Natal — que ficava em um outro canto da sala — e pegou um dos vários presentes debaixo dela. Após, entregou-o para Rose.

Nosso protagonista pediu desculpas para a policial. Disse que não era uma pessoa ruim e que não era quem ela pensava que ele era. Por fim, pediu a todos que continuassem a festa com uma antiga tradição da família: o Amigo Secreto.

Rose, após um suspiro, aceitou a regalia e desejou o mesmo, assim indo até a árvore de Natal, pegando um presente debaixo dela e dizendo as características de seu sorteado. 

Pouco a pouco, os parentes iam participando, até que todos acabaram entrando nessa onda.

Sentado no sofá, com um sorriso falso estampado no rosto, o causador disso tudo se sentia aliviado. Afinal, estava com toda a equipe da operação na palma de sua mão.

“Poderia facilmente arrastar todos para o inferno aqui e agora… mas preciso bolar um plano antes. Por respeito, então, peço que aproveitem o Natal com a família, pois este será o último. Terei grandes planos para vocês e Rose…”

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