Volume 1

Capítulo 6: Resolução

 

Após me explicar seu plano e fazer suas exigências, Frederico me entregou a maleta de dinheiro e um tanto considerável de cédulas e moedas que haviam dentro daquele cofre aberto.

— Entendeu o que você tem que fazer? — ele perguntou, e eu assenti com a cabeça. — Ótimo. Agora vai lá! — O seminarista abriu a janela do financeiro para que eu pudesse sair por ela. 

Subi no parapeito e olhei para baixo. A sala se localizava no terceiro andar de um predinho que ficava no seminário. Era uma queda feia para quem não sabia voar — não que esse fosse o meu caso.

Guardei nos bolsos de minhas vestes todo o dinheiro que carregava comigo — não me perguntem o quão grande eles eram, apenas aceitem o fato de que, nos trajes de um demônio da espécie Avaritia, sempre havia espaço para bens materiais, independente do tamanho e da quantidade! — e abri minhas asas. 

Voei pelos arredores das instalações, pois, se Frederico estivesse certo, a pessoa que eu deveria procurar estaria por ali, em um Honda Civic prata.

Levou um tempinho, mas, quando avistei um veículo com esse modelo, fui até ele e o adentrei através de uma janela aberta para o banco dos passageiros.

Sentei-me no meio, todo espremido por conta da minha altura, e observei o motorista que dirigia o automóvel. 

Cabelo castanho-escuro longo e encaracolado e bigodão de respeito. Certo, aquele era Raphael, o homem que eu estava buscando. Agora, restava apenas acompanhá-lo e esperar o momento certo, como Frederico havia me pedido.

Hm… ele falava ao telefone enquanto pilotava o veículo — combinação exótica para um oficial da lei. Sobre o que seria essa conversa?…

— E então? Conseguiu algo? — perguntou uma voz feminina. Talvez, eu já a tenha ouvido antes. Seria Rose, aquela outra policial?

— Nada ainda — respondeu com uma cara fechada.

— Aff, Rapha, eu já te falei, esquece essa merda. Não sei por que você insiste nisso, procurar por mais evidências seria uma forma mais útil de gastar o seu tempo.

— Eu entendo o que quer dizer, Rô. — “Rô”?! Bom, de qualquer forma, era ela mesmo. — Mas não há mais provas. Já pegamos tudo o que tinha que pegar, de evidências testemunhais até físicas. O que resta agora é esperar que ele cometa algum deslize para podermos pegá-lo no flagra!

— É inútil! Você mesmo disse que o suspeito te viu de tocaia uma vez. Duvido muito que ele vá fazer algo tão cedo.

— Pois eu acho o contrário. Caso estejamos certos e nosso suspeito for realmente um assassino em série, ele não vai se aguentar e acabará tentando fazer outra vítima. Quero que saiba também que revelei minha localização de propósito, para apressar esse processo de ele cometer algum deslize.

— Raphael, querido… VOCÊ ESTÁ AÍ HÁ DIAS!!! COMO ASSIM “APRESSAR O PROCESSO”???

— Peço um pouco de paciência, minha flô. Sabia que, nesses dias que fiquei aqui, vi nenhuma movimentação suspeita? Desde quando interrogamos ele, mais nada de incomum aconteceu, nada do que as testemunhas relataram aconteceu. Me diga, isso não é estranho?

— Hmpf! Eu… ainda acho que você deveria voltar para a delegacia e continuar a procurar provas aqui comigo.

— É mesmo? Pois eu acho que isso não passa de uma desculpa para que você possa passar um tempo comigo.

— Ha! Aí você ‘tá se achando, né? Além de demorar para se declarar para mim e me chamar para um encontro, fez tudo isso por telefone. Sabe, isso não foi nada cavalheiresco da sua parte… — provocou Rose.

— Queira me desculpar, mas foi difícil captar os sinais que você me dava… Além do mais, agradeço de verdade por ter aceito meus sentimentos, apesar de tantos empecilhos. Atualmente, a única coisa que penso dia e noite é onde irei te levar para sair, após tudo isso acabar.

— Espero que para um lugar chique, para compensar o tanto que você me fez esperar.

— Ah, sim! Vamos para o restaurante mais caro desta cidade, então! Comidas sofisticadas e champagne não faltarão!

— Ai, credo… Você sabe que não gosto dessas coisas requintadas.

— Ué? Então não estou ciente do que seria um “lugar chique” para você…

— Hm… Que tal a sua casa?

— O quê?! Bom… de fato, meu lar tem todas as qualidades que se enquadram nesse conceito, mas não acho que esse seja um lugar ideal para um primeiro encontro…

— Entenda, eu sou uma pessoa caseira. Prefiro mil vezes assistir um filme na casa de alguém que eu amo, comendo pipoca e tomando cervejinha, do que qualquer outra coisa.

— Bom… se é o que deseja, então será isso o que faremos!

— Oba! mal posso esperar. Já tô até vendo com que lingerie eu irei para esse encontro…

— … Roupa, você quis dizer… não é?

— Não, foi exatamente isso que você ouviu~

De repente, um rádio comunicador no painel do carro de Raphael interrompeu o flerte dos dois. 

Nele, a central da polícia comunicava sobre um roubo ao cofre do seminário de nosso protagonista, com um possível suspeito detido, e perguntava se havia a disponibilidade de alguma viatura passar no local para resolver essa situação.

— Rô, Rô, te ligo depois. Eu peguei, eu finalmente peguei ele!

Sem se despedir ou esperar por uma resposta, o homem elegante desligou o telefone e aceitou o chamado da central, notificando que, como estava por perto, iria lá ver o que estava acontecendo.

Após receber a autorização, Raphael esboçou uma expressão de “todas as peças haviam se encaixado” e sussurrou para si mesmo: — Então você não aguentou a pressão e decidiu tentar fugir com o dinheiro de seu seminário…

Dirigiu até a portaria do local. Estacionou o carro, saiu dele e em seguida foi até a recepção, para se apresentar ao porteiro.

Ao lado de onde estava, um homem eufórico conversava com uma linda mulher. 

Em meio às insanidades que dizia para ela — coisas como terem sido descobertos, fugirem para bem longe e pactos com o diabo —, suas orelhas acabaram ficando em pé, quando Raphael anunciou ser um policial.

— Com licença. — Ele pediu para a linda mulher esperá-lo por lá e aproximou-se do homem cortês. — Me chamo Rubens, sou diretor do seminário. Foi a meu pedido que Rita, a minha secretária ali, chamou a polícia.

— Ah, sim, eu me lembro de vocês. Já tive o prazer de conhecer os dois em uma outra ocasião aqui no seminário. Então, poderia me levar até o bandido e, no caminho, me explicar como as coisas acabaram desse jeito?

— Cla-claro! Por aqui.

Diretor e policial seguiram até a sala onde o suposto criminoso estava. Pelo trajeto, Rubens explicou ter passado pela sala do financeiro hoje ao meio-dia, quando ouviu um barulho estranho vindo dela.

Apesar do local estar sempre movimentado, naquele horário acontecia o intervalo do almoço, então não deveria haver alguém lá.

Curioso, aproximou-se da porta e a deixou entreaberta. Pela fresta, observou uma cena inusitada: um seminarista chamado Frederico pegando dinheiro do cofre do seminário e colocando em uma maleta.

— Por ser o diretor, tenho todas as chaves das salas e as carrego comigo sempre. Então, sem pensar duas vezes, tranquei ele ali dentro e pedi para a minha secretária chamar a polícia.

— Entendo… É nessa sala aqui que ele está?

— Isso. Deixe-me abrí-la para você. — Rubens se aproximou da porta do financeiro.

— Espera! — Antes que pudesse destrancá-la, Rubens foi impedido. — Ele pode estar nos esperando para tentar nos atacar. Por gentileza, destrave a porta e afaste-se.

O diretor com cautela fez o que lhe foi pedido, e o homem cortês sacou uma pistola de um coldre em sua cintura.

Em seguida, chutou a porta à sua frente, fazendo-a abrir, e, ao entrar no local, apontou constantemente sua arma para um lado e para o outro.

No fim, Raphael constatou algo que, pelas expressões dele e do diretor, deixou ambos surpresos: não havia alguém lá.

Tudo que restava era uma sala pequena, com um ventilador de teto, mesa e cadeira confortáveis à direita de um cofre aberto — quase vazio —, um armário cinza de metal no canto, mesas e cadeiras escolares enfileiradas à esquerda e uma enorme janela aberta, onde uma cortina tremulava ao vento.

— Droga, não pode ser! — Preocupado, Rubens foi até o parapeito da janela. — Ele pulou???

Enquanto olhava para baixo, à procura de um possível cadáver, Raphael parecia estar intrigado com outra coisa.

O único motivo, creio eu, do homem cortês não ter comprado a ideia do diretor — de que Frederico havia se suicidado — era porque ele havia encontrado uma mancha de sangue no chão.

E não demorou muito para perceber que ali havia uma trilha desse líquido carmesim que levava até o armário de metal no canto.

Com sua arma apontada para frente, a altura de sua cabeça, Raphael andou até ele.

Conforme se aproximava com passos largos e espaçados, foi possível ouvir sons vindo dele. Algo como uma folha sendo rasgada, um objeto de escrever rabiscando um pedaço de papel e um isqueiro sendo aceso.

Quando pôs a mão sobre a maçaneta, fumaça começou a sair pelas frestas do armário de metal. E então…

— Hã? Ah! AH! AHHHHHHHH!

Chamas surgiram de repente e passaram a rodear Rubens. Logo, da área de um círculo que se formou em volta do diretor, mãos esqueléticas, cadavéricas, saíram e começaram a puxar o homem de meia idade para dentro do chão.

Raphael virou-se e ficou estático perante a cena que presenciava.

— NÃO FICA AÍ PARADO! POR FAVOR, ME AJUDA!!!

Em um ato de desespero, o homem cortês atirou nas mãos esqueléticas, porém as balas não surtiram efeito — elas não as deram dano.

Mediante os gritos de horror de Rubens — abafados, pois sua boca já se encontrava submersa no chão —, o policial caiu de bunda no assoalho.

Depois, levantou-se e deixou o local, sem nem terminar de ver o diretor sendo arrastado para o inferno.

Correndo pelos corredores, assustado, Raphael guardou a arma de volta ao coldre e se dirigiu até a saída do seminário.

— Com licença, onde está… — Rita, que permanecia no mesmo lugar que lhe foi instruída ficar, até tentou lhe fazer uma pergunta, mas o policial passou reto por ela, ignorando-a.

Com as mãos tremendo, entrou em seu carro, deu partida nele e foi até uma delegacia de polícia — provavelmente a que ele trabalhava.

Ao entrar, passou pela recepção, pela secretária, e de sala em sala que passava, gritava: — Rose, Rose! Cadê você???

— Ei, ei! Mais respeito, por favor. Este é um ambiente de trabalho — impôs Rose, que se encontrava em um escritório espaçoso, com outros oito policiais. Ela arqueou a sobrancelha em dúvida quando viu o responsável por aquele escarcéu todo. — Raphael? O que foi? O que você está fazendo aqui? 

O homem cortês, em desespero, segurou os ombros de sua parceira. — Eu vi, eu vi tudo! Não foi ele que desapareceu com todas aquelas pessoas… não foi!

Ela arregalou os olhos. Afastou os braços dele e o tranquilizou: — Calma, calma, respira… — Olhou para trás, para seus colegas, e pediu: — Com licença…

Rose acompanhou Raphael até o lado de fora e, então, fechou a porta do lugar onde estava.

Nessa hora, uma muralha caiu. Aquela pose que carregava de mulher durona havia sido derrubada, dando lugar a uma garota frágil, preocupada com o seu amado.

— Rapha, me diga… o que aconteceu?…

— Foi tudo tão de repente… Eu… eu não acho que você irá acreditar em mim…

— Não seja assim, sabe que não é verdade… — Rose segurou com força a mão de seu homem.

Raphael olhou para ela e soltou um sorriso simpático. — Afff, certo…

Logo, contou toda a experiência que acabara de ter. Descreveu em detalhes a chegada ao seminário até o momento em que o diretor foi arrastado para o inferno.

Ao finalizar seu relato, Rose torceu o nariz e afastou a sua mão da de seu parceiro. — Entendo… — E a colocou na testa dele. — Por acaso… você está com febre ou então consumiu alguma droga ilícita?

— O quê?! Mas é claro que não! — Raphael afastou de si o toque dela. — Eu já deveria imaginar que você não acreditaria em mim… ninguém acreditaria…

— Não é isso, Rapha. — Ela levantou o queixo do homem cortês; seus olhos em direção aos dele. — Eu só… acho que deve haver uma explicação lógica para isso que você passou… Tipo, será que não te nocautearam, e você sonhou com tudo isso? Ou então te hipnotizaram?

— Besteira! Eu tenho plena convicção do que vi! Estava muito bem acordado na hora que isso tudo aconteceu… — Raphael bruscamente se ajoelhou no chão e juntou as mãos. — E por isso peço que arquivemos esse caso e o deixemos para lá. Por favor, Rose, eu estou com um mau pressentimento. Eu não quero que aconteça a mesma coisa que vi com os nossos colegas. Ainda mais com você…

Rose franziu as sobrancelhas. — Ora, deixa disso! Levante-se, cadê seu orgulho como homem? Sinto muito, mas eu não vou parar só porque você me pediu. Irei até o fim, até o culpado disso tudo ser preso!

Ela tentou erguer Raphael, tirar ele do chão, mas, nessa hora, a porta do escritório se abriu. Parado abaixo do portal, um homem surgiu carregando consigo um pedaço de papel.

— Policial Rose, chegou o resultado da análise que você pediu daquela lista que encontramos no quarto do suspeito. Todos os nomes que estavam nela eram de criminosos condenados pela Justiça. A princípio, acreditávamos que tais criminosos tinham alguma ligação com Frederico e as pessoas que entregavam jornais para ele. Mas, após constatarmos que não há ligação entre eles, acreditamos que talvez essa lista possa se tratar de algum código entre o suspeito e essas pessoas que o entregavam jornal.

Rose arregalou os olhos e sussurrou: — Aff… você chegou numa péssima hora… — Largou Raphael no chão e recompôs sua postura. Pensou por um momento e então sugeriu a seu colega: — Algumas testemunhas falaram uma vez terem visto uma pilha de jornais voando sozinhos para dentro do jardim do dormitório do suspeito. Nós descartamos isso, por acharmos fisicamente impossível, mas talvez seja interessante acreditar nesse testemunho. Um drone poderia ter levado a pilha de jornais, e as testemunhas não viram ele.

— Entendo… Nossa, mas por que Frederico recebe tanto jornal?

— Ei, ei, pera lá! Você… realmente vai continuar com isso? Mesmo depois de tudo que eu te falei? — perguntou Raphael.

Seu colega parecia não entender o que estava acontecendo. Rose, por outro lado, manteve-se em silêncio e de costas para ele. 

Mediante ao ato de frieza de sua amada, Raphael baixou a cabeça. — Eu… Eu entendo… — E bruscamente a levantou. — MAS NÃO POSSO DEIXAR QUE ISSO ACONTEÇA!

Com um olhar insano, o homem elegante saiu do chão e investiu contra o seu colega que estava embaixo do portal. Catou o papel das mãos dele e o empurrou.

Em seguida, rasgou o documento e entrou no escritório. Os demais policiais pareciam intrigados com a violência que acabara de ocorrer.

Raphael, então, em um surto psicótico, jogou ao chão pilhas de arquivos e computadores, que antes estavam em cima das mesas de seus colegas.

Os policiais ficaram alarmados, irritados, talvez. Tentaram o impedir, tentaram o imobilizar, mas o homem quase elegante os afastou ao sacar a sua pistola e a apontar para eles.

— Para trás ou eu atiro! — gritava.

Logo, Rose entrou na sala e ficou a uma distância razoável dele. — Raphael, por favor, abaixa isso, eu estou te pedindo. Não sei exatamente o que está acontecendo com você, mas podemos resolver isso juntos…

Todos os olhos fitavam o homem deselegante. Hmmm, esse era o momento certo para eu entrar em ação.

Então fui para trás do policial insano e comecei a vasculhar as suas vestes.

— Hã? — Ele provavelmente sentia os toques que eu dava em seu corpo. Mas isso não era problema, pois havia encontrado aquilo que procurava: a sua carteira.

Levantei-a e comecei a revirá-la. Quando enfim achei o documento de identidade dele, pude notar que todos olhavam apavorados para o documento em minhas mãos.

Para eles, ela parecia estar voando sozinha, não é? Bom… e se eu me revelasse para os policiais e mostrasse que isso não era verdade? 

Kikiki, dito e feito. Agora, todos olhavam horrorizados para mim. Alguns lacrimejavam parados no lugar, outros fugiam de medo e o demais… bom, esses sacaram suas pistolas e atiraram em mim.

– Humanos patéticos, acham mesmo que coisas deste plano conseguem causar dano em mim?! — disse a eles, conforme as balas atravessaram o meu corpo igual um pássaro ao vento.

Descartei a carteira de Raphael e, com a sua identidade em uma mão, chamas surgiram na outra. Quando se apagaram, apenas uma pluma e um pedaço de papel restaram.

Por fim, consultando o documento, escrevi na folha de papel o nome completo do homem enlouquecido à minha frente — eu estava atrás dele. 

Sim, meu poder não tinha a mesma restrição de Frederico — poderia arrastar para o inferno o humano que eu quisesse — e, sim, eu sabia exatamente o que estava fazendo, então não me julguem e me chamem de hipócrita. Pois, se todos vocês estivessem no meu lugar e tivessem recebido a mesma quantia em dinheiro que eu recebi por esse serviço, fariam a mesma coisa!

Enfim… Quando pus fogo no papel e na pluma, e eles se queimaram até virarem cinzas, um círculo de fogo surgiu ao redor de Raphael, e mãos esqueléticas saíram dela para arrastá-lo para o inferno.

Conforme o policial se afundava no chão, mais e mais pessoas fugiam da sala, com o rabo entre as pernas.

No fim, quando o processo havia terminado, apenas Rose restou.

Ela estava de joelhos no chão, parecendo incrédula com o que acabara de presenciar.

Aproximou-se do local onde Raphael havia sido arrastado para o inferno e murmurou: — Por… quê…?

— Ora, porque o meu protagonista assim quis — respondi.

Com os olhos em lágrimas, ela olhou para mim. E eu ri, conforme um vórtice roxo, que havia surgido abaixo de meus pés, sugava-me para dentro dele.

Agora, retornaria para o inferno e viveria como um rei — humano —, gastando todo o dinheiro que havia recebido!

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