Volume 1

Capítulo 3: Confronto

 

Após alguns dias, retornei ao mundo humano, para poder me encontrar com Frederico.

Ele já havia escrito todos os nomes dos criminosos presentes nas pilhas de jornais que havia lhe entregue, e apenas alguns foram efetivamente arrastados para o inferno.

Precisava de mais jornal, então me deu o mesmo valor que havia me pago anteriormente, mais 50 reais para que eu fosse discreto na hora de entregar a mercadoria.

Eu aceitei a proposta e, logo, um vórtice roxo surgiu abaixo de meus pés, sugando-me para dentro dele.

Apesar de ter sido uma ação que deixara Frederico surpreso — passando uma má formulada ideia na sua cabeça, de que eu era caloteiro —, foi um movimento friamente planejado por mim, minutos antes de surgir ao seu lado.

Por ter comentado anteriormente sobre essa possibilidade de pedido, quando retornei para o inferno, bolei uma estratégia para poder executá-la com maestria.

Primeiramente, surgi no mundo humano novamente, mas, desta vez, ao lado de um outro contratante meu, um que mora beeeeem longe de Frederico.

Em seguida, realizei uma possessão. Entrei no corpo dele e passei a controlá-lo. Juntei o máximo de jornais que pude e os enviei para o seminarista, via Sedex.

Um plano brilhante, de fato, mas… quando retornei para Frederico, dias após a execução do plano, recebi tudo, menos elogios.

— Poderia me dizer que ideia de jerico foi essa que você teve!? — bufou o seminarista, seu rosto estava levemente vermelho de raiva.

— Não entendo. Fiz exatamente o que tu me pedistes e considero meu plano magnífico. Poderias me dizer exatamente, caso realmente haja um, o erro que existe nele?

— Ora! Mas isso é tão óbvio! — Frederico então me mostrou um papel, que normalmente vem pregado com fita adesiva nos pacotes enviados, com os detalhes da entrega. — Veja o dia que você me enviou isso.

— 6 de novembro.

— Exato. Agora, sabe que dia recebi isso? 12 DE NOVEMBRO!

— Tá, e daí?

— “E daí”!? DAÍ QUE, NO FIM, OS JORNAIS QUE VOCÊ ME ENVIOU DEIXARAM DE SER ATUAIS!!!

— Olha, primeiramente, abaixa o tom quando for falar comigo. Não sou obrigado a ouvir o chilique de ninguém, ainda mais de um mero humano patético como você. Segundo é que, no momento que enviei o pacote para ti, eu, de fato, entreguei jornais atuais para você. Logo meu plano segue sendo perfeito, sem falhas.

— Affff, mas você… — Frederico apertou o nariz e se acalmou. Respirou fundo e continuou: — Certo, certo, vamos tentar de novo. Mantenha a mesma cautela, mas, dessa vez, seja mais rápido!

— Discreto e veloz. Hmmm… Creio que isso irá custar mais caro…

— Sei, sei, aqui. — Frederico me entregou o mesmo valor de anteriormente e mais 50 reais. — Agora, vá!

— É pra já. Sabe, meu plano anterior foi tão perfeito que acho poderei reutilizá-lo agora…

Soltei um sorriso maligno, e um vórtice roxo surgiu abaixo de meus pés. Quando fui sugado por ele, o seminarista soltou um longo suspiro e perdeu as esperanças em mim — kikiki, que figura!

Agora, ao surgir no mundo humano mais uma vez, fui para próximo de um outro contratante meu, um que mora próximo de Frederico, e possuí ele.

Se o problema era outra pessoa entregar os jornais para o seminarista, então eu os entregaria pessoalmente!

Vestí óculos, chapéu e roupas mais discretas e me dirigi até a área onde o dormitório de Frederico ficava.

Fui até um lugar mais afastado, sem movimento, e por entre as barras de ferro do local pude ver Frederico sentado em um banco no jardim.

— Psiu, psiu! — chamei-o. Ele olhou desconfiado para mim, não sabia do que se tratava.

Logo, peguei um jornal da pilha que carregava, balancei-o para o seminarista e o joguei dentro do recinto.

Frederico, então, olhou para os dois lados, aproximou-se e começou a pegar os jornais que eu jogava dentro.

Ao finalizarmos esse processo, disse: — A partir de agora, sempre que me fizer esse mesmo pedido, deixarei aqui os jornais que me pediu. — E fui embora.

Desde então, nunca mais recebi reclamações. Muito pelo contrário, fui recebendo cada vez mais pedidos! 

Frederico havia iniciado a sua onda de punir criminosos. De um a um, assassinos, ladrões e todo tipo de escória da sociedade iam sendo arrastados para o inferno.

Apesar do número de vítimas não ter sido gigantesco, foi grande o suficiente para que a polícia ficasse alerta e avisasse alguns poucos veículos de comunicação sobre o misterioso aumento de foragidos da lei no país. 

Nada que preocupasse o público, virasse notícia nacional ou algo do tipo.

No entanto, um dia, quando Frederico escrevia nomes, alguém bateu à porta de seu quarto.

— Já vai, já vai! — respondeu o seminarista enquanto escondia a lista que acabara de escrever. Ao atendê-la, surpreendeu-se com quem o esperava do lado de fora. — Diretor?!

— A paz de Cristo, irmão.

— A paz de Cristo… O que faz aqui?

— Nada demais, apenas venho lhe comunicar que dois policiais te esperam em minha sala para poder conversar com o senhor.

O coração de Frederico passou a bater mais rápido. — Ué, de novo? Tudo bem, poderia pedir que eles me esperassem no refeitório, igual da última vez?

— Afff… Creio que dessa vez não seja possível, meu jovem… 

O diretor tirou seus óculos e limpou as lentes em sua camisa polo branca. Em seu rosto, uma expressão cética, ao mesmo tempo desconfiada, transparecia.

— Devido aos últimos escândalos que ocorreram em meu seminário, acredito que a presença da polícia iria alarmar ainda mais os demais seminaristas. Essa “conversa” terá que ser em meu escritório mesmo, lamento.

— Não precisa se preocupar, diretor. Eu entendo perfeitamente. Para mim, será uma honra ter tamanho diálogo importante no local onde o senhor conduz todo o seminário. — Puxa saco!

O homem de meia idade soltou um sorriso de canto — de escárnio, talvez? — e colocou os óculos mais uma vez. 

Levantando o braço, como que quem segura uma porta para alguém passar, convidou: — Vamos! Te acompanho até lá.

Os dois caminharam em silêncio e chegaram em uma sala razoavelmente ampla. Nela, havia ar-condicionado, móveis modestos, quadros de figuras religiosas, a cruz cristã e duas pessoas que os observaram assim que entraram lá.

— Muito bem, agora deixarei vocês a sós — comunicou o diretor do Seminário.

Frederico assentiu, e o homem de meia idade se retirou do local.

— Por favor, aproxime-se — pediu um exótico cavalheiro em pé, de longo cabelo castanho-escuro e encaracolado. Em seu rosto, havia um bigodão de respeito, que dava um toque a mais de sofisticação ao sujeito. Sua imagem se assemelhava bastante a de um nobre europeu. Austríaco, talvez.

O seminarista fez o que lhe foi pedido e ficou de frente a uma mesa de escritório. Do outro dela, havia uma linda mulher loira, de cabelo curto e olhos claros, sentada na cadeira do diretor.

Sua postura ereta lhe dava um ar de imponência, ao mesmo tempo que seu olhar frio transmitia rigidez e dureza. Quem a via, podia dizer que uniram o útil ao agradável, pois era uma mulher forte, mas que não abandonou a sua feminilidade. Uma mistura rara que não se via muito por aí.

— Não tenha medo. Sente-se — pediu ela enquanto apontava para uma cadeira próxima a Frederico.

— Claro. — O seminarista mais uma vez fez o que lhe foi pedido. — A que devo o prazer da visita de vocês?

Os dois se entreolharam. — ‘Cê começa? — perguntou a mulher.

— Não, não, eu insisto. Pode iniciar o interrogatório. — respondeu o homem cortês.

— Então tá. — Ela pigarreou e se virou para o seminarista. — Me chamo Rose e este ao meu lado é meu parceiro, Raphael. Somos da polícia daqui do município e gostaríamos de fazer algumas perguntas para o senhor… — A mulher revirou uma pasta aberta que segurava. — Frederico.

— Entendo. Queiram me desculpar, mas é a respeito do caso de abuso feito pelo ex-coordenador do meu seminário? Porque, se for, já contei tudo que sei para o policial que veio conversar comigo meses atrás.

— Não seja precipitado, meu caro — declarou o homem elegante. — Viemos aqui não por causa desse evento, mas pelo sumiço de alguns membros daquela rede interna que nós da polícia estávamos investigando.

— Certo… Bom, creio que não poderei ajudar muito vocês. Nunca fui próximo ou sequer ouvi falar dessas pessoas que… fugiram, não?

— Hahaha! — Soltou uma risada formosa e delicada. — Que bela atuação, devo admitir, mas acreditamos que você pode sim nos ajudar, e muito, nessa investigação. Pois suspeitamos que você tenha algum envolvimento com esses desaparecimentos.

— O quê?! — Frederico se levantou em espanto da cadeira onde se sentava. Por um momento, seu mundo inteiro caiu, mas se forçou a não deixar isso transparecer em sua face. — Mas que absurdo é esse!!!???

— Senhor, peço que se controle e que por gentileza volte a se sentar na cadeira — ordenou Rose em um tom hostil.

Apesar do nervosismo, Frederico sentiu uma pontada de vergonha pela sua atitude. Então recuperou sua postura e obedeceu à ordem da mulher.

— Desculpem-me o meu comportamento, é que essa notícia me pegou desprevenido… Por acaso, vocês têm alguma prova que sustente essa desconfiança toda em mim?

— “Algumas”, você quis dizer, né? — Ela colocou a pasta aberta sobre a mesa e mostrou a Frederico um documento escrito. — Nossa suspeita inicial de que os desaparecimentos dentro do seminário não sejam coincidências, mas um crime premeditado, foi graças a esse depoimento que você deu a respeito do caso de abuso envolvendo um coroinha e um ex-coordenador seu.

— Certo. O que há de errado com ele? O policial que conversou comigo não me questionou em nada.

— Muito provavelmente ele deve ter deixado alguns detalhes passar, para poder pegar um peixe maior, ou então ele não leu direito isso aqui. — Um novo documento foi mostrado para Frederico. — O depoimento que o coroinha nos deu difere em algumas partes do depoimento que você forneceu.

— Como assim?

— Até o momento em que você nega ajuda, e vítima e acusado vão até a biblioteca, ambos depoimentos batem — respondeu Raphael. — Mas, quando os dois entram naquela sala, as coisas começam a diferir…

“De acordo com o coroinha, você começou a falar sozinho razoavelmente alto, e irritado o acusado foi até você para reclamar do barulho.

“Nisso, o coroinha conseguiu ouvir o acusado gritar com você, depois soltar um grito abafado e, então, nunca mais o ouviu.

“Após, ele escutou você soltar uma risada espalhafatosa e falar sozinho novamente. Daí, você veio ao resgate dele, e o acusado não foi mais visto pela vítima.

“Tendo isso dito, não concorda ser um tanto suspeito você ter sido a última pessoa a vê-lo, antes do desaparecimento dele?”

— Eu… eu nem sei o que dizer…

Os olhos de Frederico estavam arregalados, em choque. Suor frio escorria de sua testa. Imerso em seus pensamentos, buscava uma forma de sair dessa…

— Pode começar nos dizendo a verdade. A princípio, com quem estava falando? — perguntou Rose.

E ele decidiu entregar uma atuação digna de Oscar. — Com Deus.

— “Deus”...?

— Veja bem, moça, sou um religioso devoto. Meu sonho é ser padre e espalhar a palavra do Senhor às pessoas. Falta apenas alguns dias para isso se concretizar, mas, como disse em meu depoimento, o único motivo de eu, a princípio, ter negado ajuda foi porque o meu ex-coordenador me ameaçou de expulsão.

“Não poderia deixar que todo meu esforço fosse em vão, mas, ao mesmo tempo, não conseguiria viver com o peso na consciência de não poder ajudar uma pobre criança.

“Então orei à Deus por uma luz, e Ele me deu coragem para enfrentar o mal.”

— Certo… e quanto ao grito abafado do acusado?

— Bom… fico com vergonha de admitir, mas… de fato eu não falei a verdade nessa parte.

— Ora! e por quê?

— É… só para ter certeza, tudo que eu disser aqui não será dito a mais ninguém, além da polícia, certo? O que fiz não foi digno de um padre…

— Correto, não precisa se preocupar — tranquilizou Raphael. 

Mas Frederico sabia que era mentira. A polícia poderia usar o que foi dito no tribunal e até em outro suspeito, caso isso o fizesse confessar algo. Ele apenas perguntou isso para fingir desentendimento ou até mesmo inocência.

— Pois bem. Foi um ato ambíguo de minha parte. Considero covarde, mas penso ter sido necessário naquela hora. Eu dei um soco no rosto de meu ex-coordenador. Evitei dizer isso, pois tinha medo da coordenação descobrir isso e acabar me expulsando…

— Eu compreendo… Mas como ele reagiu ao soco?

— Ele ficou em choque, creio que ninguém nunca o confrontou dessa maneira, suas ameaças deviam ser o suficiente. Parecia que ele não estava acreditando no que acabou de lhe acontecer. Após, ele olhou com medo para mim e correu para longe.

“Passei mal em seguida, e então ri em desespero. Estava horrorizado, nunca havia experimentado a violência antes e tive medo do meu ex-coordenador pôr em prática as suas ameaças.

“Logo, fiquei repetindo ‘O Senhor é meu pastor e nada me faltará’ até me acalmar e o resto… Bom, o resto vocês já sabem. É literalmente o que eu disse em meu depoimento.”

— Hm… — Rose soltou um suspiro de decepção e olhou para seu parceiro. 

Os dois estavam de mãos atadas. Não havia provas que dissessem que o que Frederico disse era verdade. Mas também não havia provas de que o que foi dito era mentira.

E pensar que eles até então estavam confiantes de que o haviam pego… O seminarista ria e vibrava internamente pela incompetência dos policiais diante dele.

— Sinto-me até mais leve agora que Deus me concedeu a possibilidade de me redimir e falar a verdade para vocês. Enfim, posso lhes ajudar com mais alguma coisa?

— Mas é claro! Não se lembra que eu disse que tínhamos mais provas contra você!? — Rose saiu fora do tom. — Essa não foi a única coisa suspeita que encontramos.

— Após nossa suspeita inicial — começou Raphael —, interrogamos algumas pessoas e descobrimos que você já recebeu um pacote pesado de um coach, suspeito de criar uma seita e realizar tortura psicológica, e testemunhas viram vez ou outra você pegar os jornais que um homem jogava no jardim do dormitório dos seminaristas. As descrições dessa pessoa batem com um alguém que acreditamos ser o líder da maior facção criminosa do país.

— No-nossa! Eu não fazia ideia…

Kikiki, nessa hora, Frederico me xingou por causa das pessoas que arranjei para cumprir com o serviço que ele me pediu. Bom, quem sabe, na próxima eu o cobre a mais para que haja pessoas inocentes envolvidas no esquema do jornal…

— Ah, não? — ironizou Rose. — E como você explica isso? Pois eu te direi o que nós achamos: o ex-coordenador foi sua primeira vítima. Você gostou tanto disso que, encorajado pelo coach, procurou pedir armas para a facção daquele homem e usá-las nos acusados por integrarem a rede interna de abuso, uma vez que, por ser algo interno, você sabia quem eram, por causa de fofoca. Estamos certos?

Não, mas foi quase isso. Era impressionante como eles quase acertaram o que havia ocorrido. Se eles soubessem da minha existência, da existência de demônios, me pergunto se já não teriam pego Frederico…

— Mas que absurdo! É claro que não! Vejam só… sobre o coach… eu admito que tive a oportunidade de conversar com ele um dia. O papo usufruiu tão bem que ele até me enviou alguns livros dele para mim. Mas nada além disso, nunca mais voltei a falar com ele.

“E quanto àquele homem… Bom, eu não sabia quem era ele, só o via jogando jornais no jardim do dormitório.

“Um dia, fui ver do que se tratava e acabei encontrando uma ave embrulhada dentro do jornal.

“Com medo de ser algum trabalho, alguma macumba, orei para que Deus desfizesse qualquer mal presente naquilo. Depois, levei-o para dentro, coloquei-o em uma lixeira e o queimei, assim quebrando a maldição.

“Aquele homem continuava fazendo isso, então eu continuava orando. Confesso, deveria ter falado sobre isso com alguém da coordenação…”

— Sei…

Nessa hora, alguém bateu à porta. — Se me dão licença, irei atendê-la. — Raphael se voluntariou e assim o fez. Ficou um tempo conversando com quem quer que estivesse do outro lado e, então, fechou-a, retornando para ao lado de Rose.

— Muito bem, Frederico. Creio que, por enquanto, lhe devo desculpas. Enquanto nós três conversávamos aqui, uma equipe nossa revistava o seu quarto à procura de algo… comprometedor, por assim dizer. 

O tempo pareceu parar para Frederico. Um leve vislumbre daquela lista de nomes que ele escondeu passou por sua mente e causou um embrulho em seu estômago.

— Oh, então aquele com quem você estava conversando era alguém da nossa equipe? — perguntou Rose.

— Correto — afirmou Raphael.

— E então?

— Nada de suspeito foi encontrado, a não ser uma lixeira repleta de penas e pedaços de jornal.

— Ah! Sério? Que pena… Creio que isso confirme a história que o nosso amigão aqui acabou de nos contar…

Frederico se sentiu extremamente ofendido com a naturalidade do diálogo que aqueles dois tiveram na sua frente. Falavam como se ele fosse o culpado e que já o tivessem capturado.

No entanto ele não tinha tempo para protestar sobre. Estava péssimo, queria sair dali o mais rápido possível para poder verificar as suas coisas, ver se aquela lista ainda estava lá.

— Se já acabaram… eu poderia ir embora?

— Hm… — Rose olhou para Raphael, indecisa, como quem tem uma decisão difícil a tomar, e então continuou: — Claro, porque não. — Ela pegou os documentos e os guardou na pasta. — Mas isso ainda não acabou.

— Você ainda é o principal suspeito da nossa investigação, então peço por gentileza que não saia da cidade até ela ser concluída — completou Raphael.

— Sem problemas, não posso sair do seminário mesmo…

— Pois bem, liberado. Mas lembre-se: estamos de olho em você.

Frederico engoliu em seco. — Ce-certo… orarei a Deus para que vocês peguem o verdadeiro culpado…

— Hmpf. — Rose revirou os olhos. — Vai lá, vai…

O seminarista assentiu com a cabeça e, ansioso, saiu da sala. Apressando o passo, dirigiu-se até o seu quarto. A cada passada, sentia-se mais asfixiado, chegando a puxar a gola da camisa para ver se a sensação diminuía.

Ao chegar no local, notou que sua porta não havia sido arrombada, mas que estava entreaberta. Ao entrar, viu todos os seus móveis revirados do avesso.

Organização era a última de suas preocupações. Frederico foi direto para o local onde havia escondido a sua lista de nomes. Ele mexeu, remexeu, e para sua infelicidade… ela não estava lá.

Pânico preencheu todo o seu ser. Tudo o que podia fazer era se sentir culpado e se chamar de fraco.

— EU DEVERIA TER IMPEDIDO AQUELE GAROTO DE FALAR SOBRE MIM NAQUELA NOITE!!! — gritou aos berros, repetidamente, enquanto batia em si mesmo.

Ele era assim mesmo, achava que exibir emoções era sinal de fraqueza. Culpava-se tanto, porque chegou a pensar em fazer isso, porém não o fez.

Pensou que falaria a mesma coisa que aquele “padre” falou inúmeras vezes para aquele garoto. O nojo de ser comparado com aquele verme e a pena que sentiu daquela pobre criatura o fizeram tomar a decisão da qual Frederico tanto se arrependia.

— Eu preciso sair dessa, eu preciso sair dessa…

Com lágrimas em seus olhos e em posição fetal no chão de seu quarto, buscou se acalmar e bolar algum plano. Foi então que algo veio à sua mente.

— É isso! Não há outra alternativa… — o seminarista enxugou as lágrimas e levantou-se do chão. — Se eu quiser continuar punindo criminosos e pecadores para poder alcançar o meu objetivo, eu preciso me livrar dos policiais que estão atrás de mim!

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